17 abril, 2010

Querem divertir-se? Claro que podem (mas preparem-se para pagar a factura)


Eu, que tenho como compromisso mudar o mundo, tenho de desenvolver este texto, digo eu:

Com as anunciadas privatizações perderá o Governo condições para contrariar a avalanche de especulação dos preços, fenómeno que frequentemente acompanha este tipo de conjunturas. Que jeito daria agora se o Estado pudesse dispor da Siderurgia Nacional para poder contrariar os cambalachos que se avizinham em torno do comércio do aço, que regista um aumento de 50% num só dia. Mas não é apenas a perda de instrumentos sobre sectores estratégicos do desenvolvimento. É, também, perder enormes fontes de receita com o falso argumento de a posse das Empresas Públicas serem o grande factor de endividamento do país…
Sobre este tema, dou uma vez mais a um economista o espaço que os semanários lhe negam, diz ele:

"No passado, os governos do PSD e do PS utilizaram diversas razões para justificar, perante a opinião pública, a privatização de empresas públicas. A experiência depois mostrou que essas razões não eram válidas. Neste momento, o governo defende a privatização de mais empresas públicas, com o argumento de que isso é necessário para reduzir a divida pública. No entanto, a experiência e a análise objectiva mostram que não é com a venda de empresas públicas que se consegue reduzir a divida. Muito contrário, até se agrava como se prova neste estudo.

Entre 1987 e 2008, os governo de Cavaco Silva, Guterres, Durão Barroso e Sócrates, procederam à privatização maciça de inúmeras empresas públicas, obtendo uma receita de 28.039,6 milhões de euros a preços nominais. No entanto, no mesmo período, a Divida Pública passou de 19.049,4 milhões de euros para 110.346,6 milhões de euros, ou seja, aumentou 5,8 vezes (+ 91.297,2 milhões de euros). Até 2013, o actual governo tenciona privatizar totalmente cinco empresas (INAPA, Edisoft, EID, Empordef, Sociedade Portuguesa de Empreendimentos) e parcialmente sete empresas (GALP, EDP, TAP, CTT, ANA, Companhia de Seguros Fidelidade-Mundial e Império- Bonança, e EMEF), e arrecadar desta forma cerca de 6.000 milhões de euros. No entanto, em 2013, o governo prevê no PEC:2010-2013 que a Divida Pública atinja 89,8% do PIB o que corresponde a cerca de 163.860 milhões de euros, ou seja, mais 53.513,5 milhões de euros do que em 2008, e mais 144.811 milhões de euros do que em 1987. É claro o fracasso desta politica de venda de empresas públicas para resolver o problema do aumento rápido da divida pública."

Para ler na integra este estudo do economista Eugénio Rosa, ver aqui

4 comentários:

  1. Estamos meeeessssmo tramados, mas também já estávamos, agora eles arranjam mais uma desculpa.

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  2. Siderurgia Nacional? Que poderiamos fazer pois o aumento incide sobre os minérios de ferro? O que eu percebo é que há aqui um dedo tendencioso nestes alertas.

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  3. Isa, o que vem aí é tremendo...

    Anónimo, tem razão. Trata-se de aumentos de matéria-prima. Contudo, deixe que lhe diga algo sobre a SN que talvez não saiba. Nas sua duas fábricas Seixal e Ermezinde produzia-se ferro a partir da sucata (aciarias electricas) . Isto é, sem importar um milimetro de minério (para utilizar uma escala muito querida do Engº Sócrates) produzia-se varão para a construção cívil... A partir da SUCATA!!! Negócio que agora é chorudo e objecto de grandes negociatas (Face Oculta)e que em 1991 "não tinha" qq valor...

    Sobre o que uma SN do Estado poderia fazer agora, neste contexto, espero em breve dizer algo sobre isso.

    Isto é escrito, sobre o meu teclado, com o meu dedo mais tendencioso

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  4. Rogério,
    Por muitos, seremos acusados de pessimismo, mas concordo consigo ao antever um futuro próximo tremendo! Ou seja, as erupções tóxicas, mais ou menos, naturais desencadear-se-ão sem termos capacidade de resposta rápida e eficaz. Aliás, a capacidade de nos prepararmos para essas "erupções tóxicas" estão praticamente desfeitas pelas recentes orientações políticas, e não só... Muitos desses responsáveis vivem toldados por uma realidade ilusória e tentam toldar a restante populaça. Fado d'um ladrão!

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