28 agosto, 2010

Estratégias de manipulação - 1 (O que nos fazem a todos nós faço eu ao meu neto, coitadinho)


A imprensa escrita, eixo central do 4º poder, tem papel determinante na aplicação
de estratégias e técnicas para a manipulação da opinião pública e da sociedade

Espreito sempre o trabalho dos meus amigos e dei por um texto, escrito para que se saiba como é que se consegue, anos a fio, manter uma sociedade condicionada e a comer aquilo que outros querem que se coma… Este meu post inspira-se nesse trabalho e por estar devidamente avinagrado, não dispensa a leitura do texto original editado no “Largo das Calhandreiras”.
1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção que consiste fazer ao pagode aquilo que eu faço ao meu neto para ele comer a papa de que não gosta (a fruta, essa come-a bem). Faço trinta por uma linha para o distrair: simulo a queda de aviões, torço o pescoço ao peluche e faço a derrocada dos legos… Quando dá por ele, a papa está aviada. Claro que distrair o pagode, carece de macacadas mais sofisticadas e aproveitamentos mais subtis que não me lembraria a mim, como por exemplo: aumentar os decibéis da gritaria politica simulando zangas zangadas, deixar pirómanos a pirómanomar pondo lbaredas a abrir telejornais ou a linchar o Carlos Queiroz. Estes são alguns exemplos de como desviar a atenção dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas. Assim, os portugueses, à semelhança do meu neto, comem a papinha que não gostam distraídos por poderosas e bem montadas macacadas…
-2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES
Este método também é chamado “problema-reacção-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reacção. Por exemplo: fazer o meu neto trocar a papa amada por papa que não gosta. A malta simula que deixa estorricar a maizena, o que deixa o puto de nariz nauseado por causa do queimado. Explica-se a inevitabilidade da sopa e… é canja. Isto mais a sério faz lembrar as propostas de alteração constitucional apresentadas com grande dramatismo, para depois, como se verá, aparecerem com um cozinhado que, no final, irá saber menos mal e sem que os portugueses sintam o cheiro a esturro de tudo isto....
3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO
Para fazer aceitar uma colher de óleo de fígado de bacalhau até se podia apertar o nariz e enfiá-la goela abaixo. Existem outras soluções pedagogicamente aceitáveis e que o progresso recomenda. As pílulas ou drageias, levam mais tempo a fazer efeito mas resultam sem qualquer agonia. A realidade é pior, muito pior, pois contrariamente àquele óleo, as medidas inaceitáveis, aplicadas gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos, não fazem bem à saúde do povo: estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa e salários baixos são pilulas dadas e engolidas com algumas caretas mas que já teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez, à colherada...
4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO
È o caso de “tens de levar uma pica”. Mentalizamos o neto. Simulamos com a boneca e pronto, se a boneca sobreviveu à dor a injecção será suportável atendendo ao facto de se evitar a doença, também ela encenada. É pouco mais ou menos assim que se fazem aceitar decisões impopulares, apresentando-as como sendo “dolorosas e necessárias”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. Os sucessivos PECs são injecções enganosas com a agravante de só doerem na peida dos mesmos...
5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE TENRA IDADE
Não vale a pena dissertar sobre este ponto, pois este texto é, ele próprio, o exemplo de como as coisas acontecem quando se fala a alguém cuja idade mental se pretende o mais próxima possível dos 12 anos, a diferença é que eu espero uma leitura inteligente de todo este meu texto avinagrado...

15 comentários:

  1. Leitura sim, mas leitura inteligente é pedir demais, meu caro Rogério!

    Não se zangue comigo, meu amigo, mas a minha inteligência anda nas horas da amargura.

    Seja tolerante e venha tomar uma chávena de chá SEM açúcar ao "ematejoca azul".

    ResponderEliminar
  2. Claro e cristalino Rogério, e quem não está a ver o melhor é fazer um exame aos olhos.

    ResponderEliminar
  3. Concordo com a sua visão. Nada é feito ao acaso...
    O que é facto é que estas estratégias, por mais repetidas que sejam, vão surtindo sempre os efeitos pretendidos.
    E o "miúdo" é que se trama.

    Gostei muito das palavras que deixou nas "searas" Obrigada!

    Um beijo

    ResponderEliminar
  4. Cara Teresa

    Não acha que convidar-me impondo-me o chá e ainda por cima com um impositivo SEM açúcar é oferecer-me de menos?

    Mas tá bem, eu passo por lá...
    (só porque gosto de Teresas)

    ResponderEliminar
  5. Ariel, querida Ariel
    Exame aos olhos? E que fazer a um olfato que não detecta o esturro? E que fazer ao paladar que não destingue o que lhe é dado a comer? E o tacto?
    Haverá esse sentido?
    Mas nenhum caso é um caso perdido...

    Gostei que tivesse gostado!

    À nossa
    (digo eu erguendo o copo)

    ResponderEliminar
  6. Lídia,
    Sentiu a minha réplica...
    Só me transformo em réplicas quando da leitura de algo, sinto que a terra já tremeu primeiro que eu. A réplica é isso mesmo... e quase sempre de intensidade bem menor ao facto que a produziu. Isto é: o seu poema é mesmo um bom poema...

    Beijo

    ResponderEliminar
  7. Excelente, meu caro amigo... excelente! É fundamental dizer bem alto que as estratégias de manipulação começam a ser descodificadas e o seu conteúdo relativizado... para que a informação as substitua...
    Obrigado.
    Um grande abraço.

    ResponderEliminar
  8. Caro Rogério Pereira

    Agradecemos a referência e a publicação do texto que nos foi enviado por um dos frequentadores do "Largo".
    Renovamos tambem os nossos agradecimentos pelas suas visitas e os comentários sempre oportunos que nos vai deixando.
    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  9. Cara Ana Paula Fitas,

    Não escolhi este tema. Ele foi-me sugerido pelo "Largo das Calhandreiras". Tinha em mente referir as técnicas de manipulação mais tarde, mais perto do inicio da campanha para as "presidenciais" altura em que não faltarão exemplos de distorsões, omissões e casos para cada um dos 10 estratégias de manipulação da opinião pública... Só editei 5 delas, guardo as restantes para essa oportunidade...

    Aproveito para agradecer as suas palavras que, sinto, não serem (só) de simpatia mas sim de solidariedade...

    Abraço Amigo

    ResponderEliminar
  10. Cara Comissão de Moradores,

    Sinto-me honrado pela visita. Nada justifica este agradecimento. Se há obrigados esse será o meu, pelo V. post, ao qual devo a inspiração...

    Nem todos os dias se recebe um colectivo. Assinalarei tal facto como um momento relevante da memória deste meu blogue.

    Abraço

    ResponderEliminar
  11. Vou tentar, Rogério, vou tentar.
    Já tenho aqui o escadote. Por ele subirei, até onde as pernas me doam, à procura de me pôr à altura de uma leitura inteligente.Aguardarei pelo post que se seguirá, esperando poder chegar ao pódio, e de si receber a venera merecida.:)
    Abraço

    ResponderEliminar
  12. Upss,
    Parece que "meti o pé na argola" quando disse esperar uma leitura inteligente...

    Se meti, esqueçam o ponto 5 das estratégias. Esqueçam que a imprensa se vos dirige como se fossem crianças de pouco mais de 12anos.
    Esqueçam.
    Se conseguirem...

    Abraço

    ResponderEliminar
  13. Amigo Rogério!

    Demorei mais do que o normal porque desta vez fiz tudo como sugeres.

    Primeiro fui ler e comentar o original...

    O teu prefácio diz tudo, é o comentário prometido ao Blogue "Largo das Calhandreiras".
    Perfeito!
    "Com papas e bolos se enganam os tolos", excluindo o teu netinho...claro!

    Fico à espera do resto do vinagre, para melhor avaliar o tempero.

    Beijos
    Ná - Na casa do Rau

    ResponderEliminar
  14. Absolutamente brilhantes suas comparações. Cá no Brasil, o controle das instituições e do governo, começa por dar ao povo uma educação de péssima qualidade que jamais formará cidadãos capazes de fazer escolhas, reinvidicar direitos, entender deveres. Muitas vezes sinto-me sendo tratada como uma imbecil que não tem neurônios suficientes para distinguir sentidos e valores. Por ex., em nossos noticiários, revela-se algo que deveria mobilizar os cidadões em torno de uma revolta justificada e, justo no momento seguinte, noticiam sobre futebol, o ópio desse povo, para desviar a atenção de quem já não a tem, normalmente, onde deveria. Pão e circo! Estamos em plena campanha eleitoral e assistimos a escabrosos absurdos que beiram o surreal.
    Manipulação, sim!
    Meu caro, espero a continuação do texto.
    Beijos.

    ResponderEliminar
  15. Isto, por aqui, para me pôr em dia, com o vinagre, ainda demorou, mas valeu a pena.
    Quanto a manipulações, só sei que há, por aí, especialistas aos montes e cada vez, aparecem mais.
    E hoje, nem quero pensar nisso senão entro, novamente, de quarentena, tenho andado deprimida com a tragédia deste país.

    Bjos

    ResponderEliminar