28 fevereiro, 2011

Regionalizar, sim claro. Mais tarde, com menos riscos... Até lá as clientelas terão...o costume e o país continuará o processo de desertificação.

Ana Paula Fitas, amiga que muito prezo, editou um post reagindo aliviada pelo anúncio, por parte de José Sócrates, da retirada da regionalização da agenda política. Lá explicou as razões. Eu comentei, a quente, que as entendia como um cartão vermelho mostrado à… nossa Democracia. Comentário puxa comentário, chegámos ao fim mantendo posições sem nenhum de nós dizer, do que disse, o seu contrário. Repito, agora a frio, que concluir que a regionalização transporta o risco da multiplicação de clientelas é, de facto, mostrar um cartão vermelho, não a quem as incentiva e mantém, mas ao próprio sistema democrático com a convicção de que, desenvolvendo-se, será incapaz de lhe limitar a acção. Diz Ana Paula Fitas “neste momento, conhecendo a dinâmica dos poderes locais e centrais e as suas lógicas de recrutamento, gestão e decisão, considero mais útil ao interesse público o seu adiamento... infelizmente, claro! “ e no comentário em que me responde, acrescenta: “a existência (de) clientelas está de tal forma instituída no nosso país que não podemos deixar de prever que a criação de estruturas deste género as não tenda a multiplicar”. Há aqui, pelo menos, um equívoco. Na situação actual, e que se irá manter (PS e PSD, tem entendimentos, diferentes mas que convergem), as tais lógicas de recrutamento incidem sobre “um batalhão” de boys, tais como: Governadores Civis, seus vices e staffs; Presidentes das CCDR, seus vices e staffs; Directores Regionais , seus vices e staffs (Agricultura, Pescas, Economia, Cultura, Emprego, Educação) e outras (muitas) estruturas “descentralizadas”, como as Direcções Distritais da Segurança Social. Um enorme batalhão. Mas esse recrutamento poderia passar a ser feito… pelo cidadão? Porque não? Se os cidadãos são vulneráveis à "isaltinação" do país, dada a permissiva composição "sociopolíticocultural da Lusitânia", paciência: é a Democracia. Com receio dela, meter a regionalização na gaveta e perpetuar o estado de coisas denunciado por João Cravinho, é mostrar um cartão vermelho… à Democracia e ao cidadão eleitor. Entretanto, espero que alguém no PS (Fonseca Ferreira?) tenha o discernimento de colocar as questões no sitio certo o que não significa que seja no sitio certo que elas irão ficar…

Talvez, lá mais para a frente seja mais fácil regionalizar, como o mapa que editei pode mostrar... É que a desertificação não pára...

27 fevereiro, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 29

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A nacionalização do petróleo da Líbia permitiu
o desenvolvimento da sua economia e às condições de vida do povo
distanciar-se, significativamente, dos restantes países da região

HOMILIA DOMINICAL

"Nem a história chegou ao fim, nem acabaram as revoluções. O meu optimismo contenta-se com estas certezas. O resto são dúvidas. Como? Quando? Onde? Isso não o sei, mas sucederá."

José Saramago, in Outros Cadernos de Saramago

Os acontecimentos recentes no norte de África mostram a certeza de Saramago e, tudo leva a crer, respondem a algumas das dúvidas que colocou. No caso da Líbia, a situação é complexa mas as pessoas progressistas terão certamente simpatia com o que entendem ser um movimento popular. Podemos estar solidários com tal movimento, principalmente pelo apoio às suas exigências justas mas rejeitando uma intervenção externa que conduza à situação anterior a 1969. É o povo da Líbia que deve decidir o seu futuro. Entretanto, há quem admita vários cenários (ver aqui)
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26 fevereiro, 2011

Juca Chaves não perdoaria...

Isto faz lembrar coisas há muito passadas (1958), no "irmão" Brasil.
Só que não é para rir... Se quiser, pode ouvir:

Agora a sério, lembro que PS e PSD viabilizaram um orçamento que, segundo algumas vozes afectas ao partido do Governo, consideram "Primeiro, poder-se-ia cortar menos no Estado social, cortando mais no Estado belicista: segundo o Stockholm International Peace Research Institute (http://www.sipri.org/), com 2 por cento de despesas militares face ao PIB, em 2008, Portugal gasta mais do que o conjunto dos países europeus (UE 26 + 3: Islândia, Noruega e Suíça): média de 1,59 por cento; esta posição portuguesa é recorrente, 1989-2008. Porém, em plena crise, o Governo não só avança com a compra de dois submarinos (caríssimos!), apesar de o vendedor estar a falhar redondamente em matéria de contrapartidas, como, além disso, não parece disposto a pô-los já à venda"(ler texto integral, aqui)

25 fevereiro, 2011

Estou de ressaca. Isto de fazer anos...

Não deixo de confessar que estou em ressaca. É natural, foram muitas as emoções. A filha João que veio de Alvega aqui, com a tão pequenina Maria. Veio e foi no próprio dia. Ao jantar, o resto da família, a falar, falar, falar. Não pensem que fui o centro da animada conversa. Até podia ser, mas não. Por iniciativa própria, falou-se de outra geração. Falou-se de educação e da agressividade e de outras coisas próprias da tenra idade, um dos meus assuntos de eleição. Assim, o tema foi o neto Diogo e o tanto que já fala, que já diz. A fim de orientar o que havia para dizer, resolvi comentar o vídeo que a filha-mai-nova me acabara de oferecer.
(Foi tão bonito de receber e… ver):


(claro que a realidade é um pouco mais complexa...)

24 fevereiro, 2011

Sessenta e seis

--
--"Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci."

"Fala do homem nascido" - António Gedeão - 1958
--
A passarola (tirada daqui)
--
Assumi que o sonho me levará até onde for preciso que vá (se a vida me deixar)...
... pois "Quero eu e a natureza/que a natureza sou eu/ e as forças da natureza/nunca ninguém as venceu"

23 fevereiro, 2011

24 anos depois da sua morte, é assim que o lembro



Vejam Bem

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de de febre a arder

Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer

Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão

E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vem levantá-lo do chão
ninguém vem levantá-lo do chão

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

-----------------------------José Afonso

Ela, filha de ninguém. Eu, pai de gente ausente...

Sugiro uma reflexão ao texto seguinte e aos comentários respectivos:
SHE: "Geração à rasca": "Sinto-me filha de ninguém.Cria de geração sem nome, sem referência, sem causa, sem mote.Por alturas de Maio de 68 ainda não sabia ler nem e..."

(clique no link, para continuar a ler)

22 fevereiro, 2011

Interregno (sem se intervalar nada)

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Achei que valia a pena roubar isto na "carraça", um sítio que pode visitar.
Um sítio de imagens e ternas, fortes ou duras, de palavras chocantes, amargas
ou belas. Um sitio para ir sem preconceito, de qualquer jeito...Se tem, não vá!

21 fevereiro, 2011

Inicio do fim da globalização? Porque não?

A situação agrava-se na Líbia, quarto produtor africano de petróleo. A BP já fêz evaquar parcialmente os seus funcionários e é muito provável que o preço do petróleo dispare e se mantenha nos tais três digitos por tempo indeterminado...
Pode muito bem acontecer isto... Não assim, claro

20 fevereiro, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 28


Hoje tive uma certeza e uma dúvida. A certeza é que a memória, a minha, é um longo rio com margens por vezes diluídas. A dúvida é se sou eu, ou não, o mar onde a memória vem desaguar. Gostaria mais que desaguasse em quem me lê. Se de isso tivesse a certeza, à memória passaria a chamar testemunho.
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(Por vezes acho que gostaria de escrever como Saramago. Contudo, basta-me a alegria de saber que ele escreveu com as palavras que eu uso...)
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HOMILIA DE HOJE

“Do novelo emaranhado da memória, da escuridão dos nós cegos, puxo um fio que me aparece solto.
Devagar o liberto, de medo que se desfaça entre os dedos.
É um fio longo, verde e azul, com cheiro de limos, e tem a macieza quente do lodo vivo.
É um rio.
Corre-me nas mãos agora molhadas.
Toda a água me passa entre as palmas abertas, e de repente não sei se as águas nascem de mim ou para mim fluem.
Continuo a puxar, não já memória apenas, mas o próprio corpo do rio.
Sobre a minha pele navegam barcos, e sou também os barcos e o céu que os cobre, e os altos choupos que vagarosamente deslizam sobre a película luminosa dos olhos.
Nadam os peixes no sangue e oscilam entre duas águas como os apelos imprecisos da memória.
Sinto a força dos braços e a vara que os prolonga. Ao fundo do rio e de mim, desce um lento e firme pulsar do coração.
Agora o céu está mais perto e mudou de cor.
É todo ele verde e sonoro porque de ramo em ramo acorda o canto das aves.
E quando num largo espaço o barco se detém, o meu corpo despido brilha debaixo do sol, entre o esplendor maior que acende a superfície das águas.
Aí se fundem numa só verdade as lembranças confusas da memória e o vulto subitamente anunciado do futuro.
Uma ave sem nome desce donde não sei e vai pousar calada sobre a proa vigorosa do barco.
Imóvel, espero que toda a água banhe de azul e que as aves digam nos ramos porque são tão altos os choupos e rumorosas as sua folhas.
Então corpo de barco e de rio na dimensão do homem, sigo adiante para o futuro remanso que as espadas verticais circundam.
Aí ,três palmos enterrarei a minha vara até à pedra viva.
Haverá o grande silêncio primordial quando as mãos se juntarem às mãos.
Depois saberei tudo."

José Saramago, in “As Pequenas Memórias”, página 16

19 fevereiro, 2011

Leve este selo e faça por merece-lo...


Hesitei em receber este selo. Porquê? Vá lá sabe-lo... Manias... Mas foram vários a dar-mo:


- Primeiro, um amigo recente, RSM, do "As minhas histórias..."
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- Depois, a Fê-Blue Bird, do "Só te Peço 5 minutos"
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- Por último, o Carlos Albuquerque, cujo texto no seu "CONVERSAS DAQUI E DALI", me levou a tirar o selo de lá. Ou melhor, não foi o texto, foi o que me ofereceu também: um cravo. Vermelho. Irrecusável. Pelo cravo não furo regras e adopto as dele:
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NOME: Rogério, sem mistério. Por vezes ando por aí navegando, Eu, Meu Contrário e Minha Alma (mas sempre com o mesmo nome)
MÚSICA: Não tenho uma preferida, gosto das de embalar, das de sorrir, das de lutar, de amor e os hinos cantados com raiva ou as que nos dão identidade.
HUMOR: Procuro fazê-lo e uso a ironia como forma de encarar as situações adversas, dar a volta a um texto ou ao seu contexto.
ESTAÇÃO: As de Vivaldi ou as sem apeadeiro, navegando a tempo inteiro.
COMO PREFIRO VIAJAR: De passarola accionada pelo motor da imaginação
COR: As de qualquer flôr (melhor se for vermelha).
SERIADOS: Ando perdido pelos meus (aqui e aqui) e pelos vossos...
FRASE: Todas as formadas por palavras pensadas e generosamente empenhadas
O QUE ACHOU DO SELINHO: Acho que nos faz pensar um bocadinho

Para o resto das regras, transcrevo:
"A todos os meus visitantes: levem o selo que me foi oferecido e publiquem-no, respeitando as regras, se assim o entenderem. Ah, e é vosso, também, o cravo vermelho, tirado do meu ramo que não murchou nem murchará. Um abraço a todos e um bom fim-de-semana."

17 fevereiro, 2011

Parecem estar assegurados a paz dos cimitérios e o perfeito vazio. A vilanagem tem condições para operar

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"Este ainda é o tempo para o PS governar".

A posição será diferente "se algum dia chegarmos à conclusão que o Governo não cumpriu o que prometeu
e que o País está numa situação de ruptura
",
diz quem se prepara para continuar a paz dos cemitérios….



---------------------------------------------Perfeito Vazio - Xutos e Pontapés

16 fevereiro, 2011

Ao que parece, sem nada que o fizesse esperar, à recessão fomos parar...

Entrar em recessão, em pleno ciclo dos Deolinda que segundo alguns, não é pra inda
--
Tudo vai bem
Assim é dito, com sentido
(Só vai mal para o despedido)
--
Tudo vai bem
Os indicadores indicam... clara melhora
(Só vai mal para quem tem de ir embora)
--
Tudo vai bem
Em palavras discursadas, no tom certo
(Só vai mal para quem deixa o campo deserto)
--
Tudo vai bem
É o discurso oficial, em tom contagiante
(Só vai mal para o pequeno comerciante)
--
Tudo vai bem
Diz sereno, sério, engravatado
(Só vai mal para o casal recém-casado)
--
Tudo vai bem
Afirma o dirigente da Nação
(Só vai mal para o reformado, sem tostão)
--
Tudo vai bem
Em palavras solenes, de encantar
(Só vai mal na hora de pagar)
--
Mas afinal isto vai mal ou bem?
Claro que vai bem e eu sei para quem

15 fevereiro, 2011

Decreto que, a partir de hoje, todos os dias são dias dos (e)namorados

-
Eros e Psique
--
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

Fernando Pessoa




___________________________Bethânia diz Pessoa

(Post prometido à Barbara, que anda fugida e ao Facebook rendida)

13 fevereiro, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 27

No Fórum Social Mundial de 2003, foi lida uma carta de José Saramago. Li-a há 27 semanas atrás e decidi, na altura, fazer um post salientando passagens dela citadas. Desde essa data me tornei apóstolo de suas palavras e, todas as semanas, faço como o camponês sineiro da cidade de Florença que tocou pela morte de “Ninguém que tivesse nome e figura de gente” pois as Homilias, que escrevo desde então, são “toques a finados pela Justiça, porque a Justiça está morta.
Hoje, se Saramago fosse vivo em corpo, voz e mão, escreveria outra carta ao Fórum Social Mundial que encerrou na passada sexta-feira. Diria provavelmente palavras semelhantes, mas sublinharia que o sino de Florença e o aí acontecido há quatrocentos anos foi, no Cairo, substituído por outra tecnologia fazendo como que um tocar a rebate mobilizando a multidão à praça de Tahrir fazendo também ressuscitar a Justiça e com ela a Democracia. Escreveria ele palavras que Lula da Silva terá escutado, mesmo sem as escrever. Por ainda ecoarem as que escreveu em 2003, Lula terá dito isso que disse e o que anunciou fazer:

HOMILIA DE HOJE

"Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder económico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo.
Não tenho mais que dizer. Ou sim, apenas uma palavra para pedir um instante de silêncio. O camponês de Florença acaba de subir uma vez mais à torre da igreja, o sino vai tocar. Ouçamo-lo, por favor."

Carta de José Saramago para o 3º Fórum Social Mundial - (texto integral)

11 fevereiro, 2011

Mubarak saiu. Mas caiu?


O regime foi tão, tão, tão... e nem sequer é visivel que tenha levando um empurrão...
...apesar do exército se conter, "apenas" o povo se mexeu, digo eu! Mas...

-...sendo que foram os utilizadores da internet (redes sociais) os desencadeadores da "surpresa", quem diria que eles cresceram no Egipto quase QUATRO MIL POR CENTO EM 10 ANOS, sem "ninguém" dar por isso (ver aqui)

Fórum Social Mundial (Senegal) - I

Depois de participar num debate sobre fome e o papel geopolítico da África com o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, Lula disse aos jornalistas que cobrem o Fórum Social Mundial, em Dacar, capital do Senegal, que o mundo carece de lideranças, criticou as Nações Unidas (ONU) e disse, entre outras coisas:


"Se criou uma mentalidade colonizada no Brasil de que o Oriente Médio é problema dos Estados Unidos, que não sei quem, é problema da Rússia. Não tem dono do problema. E a solução pode ter vários. Por que ficam os Estados Unidos tentando resolver a paz se, provavelmente, foram eles os causadores da discórdia? Só quem quer a paz no Oriente Médio são o povo de Israel e o povo palestino. Os criadores do problema estão felizes do jeito que está."

Lula da Silva, aqui

09 fevereiro, 2011

Palavras que desassossegam

A música portuguesa tem vindo a dar sintomas de... brisa. Uma aragem nova entra por todas janelas, desde que estejam abertas. A aragem é sentida por quem espera sons novos e novas palavras. Palavras que desassossegam e, por isso, palavras necessárias. Não serão só Os Deolinda que me fazem sentir eu aqui, mas foram eles que me fizeram entrar num "aceso" debate. Deles não há apenas uma canção a valer. Enquanto não tenho noticias do Fórum Social (Senegal) edito este post com parte de uma letra... e que letra...E também imagens...e que imagens. E sons... tão bons. Isto prova que temos obra:
Muda de nível,
sai do estado invisível,
põe o modo compatível,
com a minha condição,
que a tua vida,
é real e repetida,
dá-te mais que o impossível,
se me deres a tua mão.

Sai de casa e vem comigo para a rua,
vem, q'essa vida que tens,
por mais vidas que tu ganhes,
é a tua que,
mais perde se não vens.

Anda, mostra o que vales,
tu nesse jogo,
vales tão pouco,
troca de vício,
por outro novo,
que o desafio,
é corpo a corpo.

Escolhe a arma,
a estratégia que não falhe,
o lado forte da batalha,
põe no máximo o poder.

Dou-te a vantagem, tu com tudo, eu sem nada,
que mesmo assim, desarmada, vou-te ensinar a perder.
Letra "Um Contra o Outro" - Parte

08 fevereiro, 2011

Alqueva - Afinal já mexe. (pouco, mas mexe) - V

Faz hoje exactamente um ano que comecei uma série de posts sobre Alqueva. Um ano depois as noticias não são as melhores. Ainda há quem alvitre soluções, mas é difícil fazer andar o quer que seja, no meu Alentejo...
"José Maria Pós de Mina, presidente da Câmara de Moura, face ao enorme volume de água que deixa de ser necessária para o regadio, fez uma proposta. "Não é possível avaliar o alargamento do perímetro de rega que optimize o aproveitamento da água?" E revelou que lhe foi dito pela KPMG que esta hipótese chegou a ser estudada, mas que não há indicação de que exista verba ou disposição do Governo para que se proceda a uma expansão da área de regadio."

07 fevereiro, 2011

Qualificações, Desenvolvimento e Produtividade - 4


Em Setembro do ano passado abordei, com este título e em três posts, várias questões sem as enquadrar devidamente. Faço-o hoje, utilizando material que me foi enviado por um mail amigo.

A compreensão da realidade é condição básica para a mudança. Aqui ela se explica, como se explica a uma criança... (Se já sabe tudo isto, então dê atenção à brilhante técnica de comunicação e... comunique, boa?)

Ver em formato expandido, clicando nas setas à direita

06 fevereiro, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 27


Procurar um texto interessante de Saramago é coisa fácil. Cada livro seu e, em qualquer um, cada página sua e, em qualquer delas, cada parágrafo seu ou em cada frase, tudo é digno de reflexão. Nem o tempo lhe dá mofo nem as datas são dificuldades a superar, pois tudo o que lhe leio parece acabadinho de ser escrito. A actualidade é patente. As palavras sabem sempre a hoje, como se andasse por aqui... Eu até acho que andam, pois homens assim não há morte definitiva que os leve ou os cale...

HOMILIA DOMINICAL

"… Repito que não gosto de siglas. Já não seria pequeno defeito a sua demonstrada habilidade de exprimirem coisas contrárias entre si: onde o seu vicioso carácter fica a descoberto, é precisamente naqueles casos em que vão ao extremo de ocultar, apagar ou remover, por completo, o sentido daquilo que começaram por significar. Um exemplo, e basta: quem ainda hoje tem a certeza de que a ONU é apenas o modo abreviado de dizer Organização das Nações Unidas? Unidas? Deixai-me chorar.

Mas, já agora, não me queiram fazer acreditar a mim que o problema da mentalidade portuguesa se resolve com a entrada nesse reino da inteligência moderna que seria o Mercado Comum. À ideia não faltam adeptos que, em meu entender, não são de qualidade. Porque, a bem dizer, o que os move não é tanto quererem ser europeus como não gostarem de ser portugueses. No fundo, é esta a dolorosa verdade."

José Saramago, A Qualidade dos Vivos (1 de Fevereiro de 1985), in Folhas Políticas, página 128

Aniversário....

conversa avinagrada: Vou pôr tudo em pratos limpos...: "Sim, vou pôr tudo em pratos limpos. Mesa para 12. Sou eu a pôr os talheres... Meu amor faz anos e tenho uma dúzia de convidados.

04 fevereiro, 2011

4 de Fevereiro de 1970, lembrando outra data

Dez da noite e o moto-gerador foi desligado. Na messe aprontaram-se os dois petromax mas apenas um funcionou pois a “camisa” de um deles danificou-se irremediavelmente. Nada perturbados pela reduzida iluminação, a mesa da “lerpa” continuou a jogatana sem qualquer interrupção ou outros lamentos que não fossem as queixas pelo azar com o jogo distribuído pela “banca”. Noutro lado, mais iluminado, o grupo de leitura fazia o que sempre fizera naqueles serões na retaguarda da luta. Lia. Eu, por meu lado, entretinha-me com distracções menos frequentes como seja acompanhar borboletas e abelhões esvoaçando à volta da luz como se a pretendessem devorar oferendo-nos em troca a escuridão. Tinha como costume o copo de uísque na mão e dentro, mais uma vez a simular gelo, a bala de G 3. O tilintar do metal no vidro sugeria-me maior frescura na bebida e assim estava. O furriel Alma Atenta levantou-se de repelão como que sacudido por uma decisão. Pegou no velho rádio de pilhas a um canto e ligou-o no posto já sintonizado mas com muitos ruídos e interferências. Pacientemente procurou melhorar a sintonia o que conseguiu. Música congolesa. Mil tentativas tinham sido já ensaiadas, mil vezes sem sucesso de apanhar outros postos que não fossem emissoras do Congo ou da Tanzânia. “Desliga essa porcaria” reclamou o furriel Alma Redonda, enxofrado pelo mau jogo que lhe tinha calhado. “Desculpa pá, mas hoje tenho de ouvir os gajos”...
Continue a ler aqui

03 fevereiro, 2011

John Mellencamp - I

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Há dias em que não me consigo abstrair, e não é para me divertir...
(nem quando escrevo posts como o de ontem)
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02 fevereiro, 2011

A situação no Egipto e os vaticínios de Jeff Rubin

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Se a coisa se complicar, ou estiver para durar,
pode o preço do petróleo manter-se indefinidamente
num preço acima dos 100 dólares e então vale a pena lembrar Jeff Rubin
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"Vamos ter de nos habituar a outra forma de vida?
Sim, em tudo. No que comemos, onde trabalhamos, onde vivemos, como gerimos o nosso negócio, que tipo de trabalhos temos. Essas serão as mudanças que nos permitirão adaptar a preços de três dígitos. Mas não vamos deixar de comer. O problema é que nos Estados Unidos, Canadá ou Europa Ocidental metade dos terrenos agrícolas são hoje sítios pavimentados. As mesmas forças económicas que acabaram com as fábricas e as levaram para a China vão ter de reverter isso. Rendibilizar novamente os locais não porque o governo diz mas porque os preços do petróleo o dizem."
Entrevista a Jeff Rubin, já publicada por mim aqui

01 fevereiro, 2011