28 fevereiro, 2011

Regionalizar, sim claro. Mais tarde, com menos riscos... Até lá as clientelas terão...o costume e o país continuará o processo de desertificação.

Ana Paula Fitas, amiga que muito prezo, editou um post reagindo aliviada pelo anúncio, por parte de José Sócrates, da retirada da regionalização da agenda política. Lá explicou as razões. Eu comentei, a quente, que as entendia como um cartão vermelho mostrado à… nossa Democracia. Comentário puxa comentário, chegámos ao fim mantendo posições sem nenhum de nós dizer, do que disse, o seu contrário. Repito, agora a frio, que concluir que a regionalização transporta o risco da multiplicação de clientelas é, de facto, mostrar um cartão vermelho, não a quem as incentiva e mantém, mas ao próprio sistema democrático com a convicção de que, desenvolvendo-se, será incapaz de lhe limitar a acção. Diz Ana Paula Fitas “neste momento, conhecendo a dinâmica dos poderes locais e centrais e as suas lógicas de recrutamento, gestão e decisão, considero mais útil ao interesse público o seu adiamento... infelizmente, claro! “ e no comentário em que me responde, acrescenta: “a existência (de) clientelas está de tal forma instituída no nosso país que não podemos deixar de prever que a criação de estruturas deste género as não tenda a multiplicar”. Há aqui, pelo menos, um equívoco. Na situação actual, e que se irá manter (PS e PSD, tem entendimentos, diferentes mas que convergem), as tais lógicas de recrutamento incidem sobre “um batalhão” de boys, tais como: Governadores Civis, seus vices e staffs; Presidentes das CCDR, seus vices e staffs; Directores Regionais , seus vices e staffs (Agricultura, Pescas, Economia, Cultura, Emprego, Educação) e outras (muitas) estruturas “descentralizadas”, como as Direcções Distritais da Segurança Social. Um enorme batalhão. Mas esse recrutamento poderia passar a ser feito… pelo cidadão? Porque não? Se os cidadãos são vulneráveis à "isaltinação" do país, dada a permissiva composição "sociopolíticocultural da Lusitânia", paciência: é a Democracia. Com receio dela, meter a regionalização na gaveta e perpetuar o estado de coisas denunciado por João Cravinho, é mostrar um cartão vermelho… à Democracia e ao cidadão eleitor. Entretanto, espero que alguém no PS (Fonseca Ferreira?) tenha o discernimento de colocar as questões no sitio certo o que não significa que seja no sitio certo que elas irão ficar…

Talvez, lá mais para a frente seja mais fácil regionalizar, como o mapa que editei pode mostrar... É que a desertificação não pára...

11 comentários:

  1. A regionalização é um daqueles temas que não interessam aos dois principais partidos resolver!

    E, entretanto, é o país que perde!

    Uma boa semana

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  2. Gostaria de entender as vantagens e as desvantagens da regionalização.

    Ouço-os falar maravilhas e depois não avançam - recuam....
    Fazem disto um tema de campanha mas não se explicam e depois fica tudo na mesma....

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  3. Caro Rogério
    Acompanhei a discussão na "Nossa Candeia" e até deixei um comentário".
    Penso haver 2 questões. Uma é a questão da Regionalização própriamente dita. Aí não me parece haver divergências. Outra é a oportunidade de a mesma ser concretizada. Aí aparece aquele exercito de Boys a querer um lugarzito: Que raio de Democracia é esta que as boas coisas não se fazem porque há demasiada gente para ocupar os lugares a disponibilizar. Pronto é a estória da vaca que de tão chupada que foi, não pode amamentar mais...
    Abraço

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  4. Tambem entendo que o tempo ainda não é o ideal, para desespero de todos os pintos da costa deste país.

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  5. São,
    Tem razão, mas ao que parece ninguèm se queixa... com voz de queixar

    Luis Coelho,
    irei editar vários posts sobre o tema. Quanto ao recuo, há muitas versões. A minha é que o poder, quem o detém, não abdica dele. Descentralizar para as regiões significa retirar poder ao poder central...

    Folha Seca,
    A vaca ainda tem muito para dar. Importa é que dê para os mesmos...

    jrd,
    Então de acordo com a APF... mais um e viro-o-bico-ao-prego e passo a reconhecer estar numa reppublica das bananas... facilitando o recuo de Sócrates para o dia-de-são-nunca-à-tarde...

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  6. Este é um daqueles assuntos que ainda não consegui entender até onde são capazes de parar as modas...
    A ver...

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  7. Rogério,
    Tens razão! Não te irrites. O meu problema é mesmo o Pinto do alterne. já imaginaste o deboche que vai ser naquela região?!...

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  8. Caro Rogério,
    Bom texto... Gostei... mas, como estou certa que compreende, o meu receio é que não seja ao cidadão que vá chegar o poder... mas, não tenha dúvidas: acredito que um dia chegará!... com outras lógicas políticas e outros protagonistas...
    Abraço.

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  9. ... ah!, pois... claro que faço link :))
    Abraço.

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  10. Já cá tinha estado, mas não comentei porque não encontro adjectivos que qualifiquem a forma como está a ser tratado o interior do país, com o encerramento de escolas e de todo o tipo de estruturas de apoia às populações. Este mapa deixa-me, geograficamente, situada algures entre a revolta e a tristeza.

    Um beijo

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  11. Na situação actual, estou de acordo com o adiamento, Rogério.
    A regionalização, neste momento, pouco serviria ao pa´si. E era altra de cabar com os Governos Civis, um desperdício de dinheiro que só serve para alimentar clientelas.

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