28 abril, 2011

Futilidades, com suporte científico - I


Sou um homem de duas culturas e frequentemente as cruzo. Por exemplo, é frequente misturar coisas das almas com as leis da natureza e comportamentos com as leis da electricidade. Mais propriamente da electrodinâmica. Sou uma espécie de António Gedeão, mais bronco e com muito menos inspiração. Mas faço profundas reflexões em torno das atracções entre almas. Nos meus laboratórios das almas e da física tenho pesquisado e encontrado o mesmo tipo de resultado: Almas de sinal diferente é que se atraem. Um, sem muito procurar, encontra no outro coisas de espantar. A surpresa e o pequeno segredo revelado são de mútuo agrado. O que uma alma não faz, faz a outra e vice-versa. Completam-se. A atracção é permanente e a relação duradoira, pela vida fora. Discutem, discutem, discutem. Quase sempre não há acordo mas aceitam-se um ao outro (caso se respeitem, sendo o respeito uma regra básica e exterior à própria física das almas)
Pensemos agora nas almas iguaizinhas a começar até na procura da alma gémea para a relação eterna. Puro engano, mas frequente. Sobretudo em gente sem grande disponibilidade mental para aturar outro que não seja seu igual. As mesmas cores, os mesmos odores e sabores, as mesmas árias e cantores e até o tacto se procura parecido. Os mesmos clubes e partido. O mesmo sonho. Enfim, um enjoo. Tais almas-espelho em períodos de menos auto-estima multiplica por dois esse clima. Quando se desgosta de um, desgosta-se dos dois. Raramente se admite um nosso defeito no outro. Essa é a explicação para tanta separação, quando a habituação . O corpo, que não a alma, pode se sentir ainda atraído. Ah, a traição dos corpos, esses marotos, tão vulneráveis ao tempo, às banhas e pés-de-galinha, à verruga, à celulite e sua irmã artrite ...


Faltou rigor cientifico? Talvez não. O que acontece é que no sentimento nem tudo é electricidade, pois também existem os estados de alma. Quem não sabe que alguém fervendo em grande paixão a vê entrar em ebulição, vaporizando-se num ar que sabia a mar? Ou parecia amor...



NOTA: Se achou o texto confuso, saberá muito do amor, mas pouco das leis da física

18 comentários:

  1. :) Pois até terá muito de científico esta sua análise sobre a atracção e a repulsa entre estados de alma semelhantes... mas o que é bom nos estados de alma, tal como os corpos com o tempo, é que eles também se alteram... e percebem que afinal o que mais repudiavam passa a mais atrair e vice-versa :)

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  2. Não achei o texto confuso, achei-o sim, muito interessante.

    Saudação do polo negativo!!!

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  3. "Os opostos se distraem, e os dispostos se atraem"

    Mas, e quando apenas um está disposto?
    O disposto vira oposto do outro.
    Opostos em alguns aspectos, dispostos em outros.
    Opostos para não perderem sua individualidade,
    Dispostos a compartilhar experiências particulares.
    Opostos dispostos, seguindo juntos,
    Descobrindo cada um um canto do mundo,
    Transformando-o em dois.
    Opostos dispostos, ligando dois pequenos mundos em um.
    O que era grande não é tanto assim.

    (Fernando Anitelli)

    Nota: se achou o comentário confuso, do amor nada saberás...rsrs

    Brincadeiras a parte, belíssimo texto, Rogério!

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  4. Eva
    acho que a Sam a complementou, como o comentário que aqui deixou

    Ematejoca,
    saudações do polo positivo

    Sam,
    Que ajustado e verdadeiro. Mas olhe que eu falei em estados de alma e não nos "processos da razão". Esses, como a "disposição" situam-se numa outra dimensão: a da vontade e do querer (as almas limitam-se a ser e a obedecer)

    Tive muito prazer em conhecer Fernando Anitelli. Obrigado por mo ter apresentado.

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  5. Olá amigo
    Concordo com você. Os contrários se atraem, e têm todas as possibilidades de ficarem juntos para sempre, apesar das constantes brigas.
    Grande abraço

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  6. Também concordo. Nada mais diferente que eu e o meu marido: e já vamos quase em quarenta anos de casamento. Cada um tem o seu "mundo" e o seu "espaço". A intersecção é reduzida...

    Um aparte: não gosto de física e menos ainda de química. Mas gosto de filosofia. E o seu texto de hoje obedece-lhe bastante.

    Gostei.

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  7. Só quem aceita as "diferenças" pode ser igual.

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  8. Como disse Fernando e bem Sam lembrou "Os apostos se distraem e os dispostos se atraem"

    Eu de certa maneira acho que nas relações de opostos tem mais chance de dar certo, apesar das brigas, porque o outro tipo de relação deve ser bem morna neh, e relações assim devem ser um saco.

    Será que vc entendeu o que eu falei rss.

    Rogério querido, tem carinho lá em casa pra vc.

    Beijinhos se cuida.

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  9. Cheguei " à procura de mim" e encontro um texto belíssimo.

    Mas fiquei a pensar que, nas equações matemáticas, menos por menos dá mais e que mais por menos dá menos... Ora, adaptando-se a regra às almas isso daria qualquer coisa de diferente...

    Beijinho

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  10. Eu também não achei o texto nada confuso, aliás tenho a mesma opinião apesar de nunca a ter confirmado em laboratório ;)
    Mas também não convém abusar da diferença, se não lá se vai a experiência :D

    Beijinhos

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  11. quem sabe, sabe...
    pela diferença vamos!

    abraços

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  12. "Futilidades com suporte científico" ?!...

    Bem! Esperarei pelo que se segue que este, algo me diz, que está incompleto.

    Um beijo

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  13. Rogério de amor sei um pouquinho, já de física... "O que acontece é que no sentimento nem tudo é electricidade, pois também existem os estados de alma."
    eu fico com os estados de alma
    bjs
    Jussara

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  14. Sou mau a física, mas creio ter percebido o post. Os opostos são como os apóstolos. Nem todos tinham os mesmos gostos, apenas um denominador comum.

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  15. Aqui não posso dar palpites... não acertei uma, nem duas, nem três... já desisti de perceber ou se calhar até percebi demais... ;)

    Bjos

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  16. Vejam bem, não há só gaivotas em terra, quando um homem se põe a pensar...
    Abraço

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  17. Um bom texto Rogério! Sempre surpreendendo e atraindo.
    Beijinho

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  18. Gostei do texto, que me fez sorrir.
    Beijinhos.

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