31 maio, 2011

O endividamento começou, quando o aparelho produtivo começou a ser destruído... II

Voltar à terra? Mas se os professores nem nela falam. Os bem pensantes dizem ser uma ocupação terceiro-mundista e que o futuro está nos serviços e no turismo. Os velhos agricultores e os que ainda por lá estão dizem ser isso uma valente danação. Que fazer então? Votar. Sim votar em quem assegura mudar...


Eu tinha (e tenho) entre os meus valores, a terra. Um post que escrevi e de que muito gosto é sobre o tema. Mas...Voltar à terra quando durante mais de 30 anos se desvalorizou a ocupação é uma arriscada aposta. Criou-se a imagem de actividade menor, da qual ninguém gosta. Incute-se que destino melhor, melhor, é ser-se doutor. Doutor não importa de quê. Se não chegarem lá, o campo só é caminho para o regresso dos que lá estão. As politicas ajudaram. Os que ainda por lá andam não recebem por lá estar. Acho que ainda terão que pagar. Há quem fale da necessidade de "Garantia de um rendimento mínimo nas explorações agrícolas familiares (...), da criação de adequado seguro às suas actividades, combate à especulação do custo dos factores de produção – adubos, sementes, fito-fármacos, combustíveis – e defesa de preços justos à produção, com apoios aos pequenos agricultores e à agricultura familiar."(*) . Há quem fale dessas coisas até em campanha, mas os fazedores de opinião primam pelo silêncio, pela omissão. Uma noticia de ontem dá um indicio alarmante mas quase insinua que é por preguiça que a coisa acontece: "Em 2009 existiam 305 mil explorações agrícolas em Portugal, menos 111 mil do que em 1999. Em dez anos uma em cada quatro explorações cessou a sua actividade." E então o que se passou desde que a reforma agrária foi cilindrada?

Queda da superficie agricola utilizada


Terra abandonada significa produção importada (**)


(*) Medida preconizada pela CDU - "50 Medidas" (**) (1974/76 anos da Reforma Agrária não aparecem no gráfico mas seriam certamente superiores aos de 1979 ) - Fonte PORDATA

10 comentários:

  1. Nem eram precisas as 50, há uma boa dúzia que isto começava a melhorar.

    Quanto à medida 32 - Renegociação e fim das Parcerias Público Privadas, eles fizeram-na bem feita, praticamente impossível de resolver porque a maioria das dívidas foi comprada por outros Bancos, um esquema tão bem feito que se pode andar anos e anos a tentar desenlear a meada que estamos bem amarradinhos.

    Quanto à medida 35 - Distribuição gratuita dos manuais escolares para todo o ensino obrigatório, já a partir do próximo ano lectivo, também não concordo porque há agregados familiares que não precisam, deveria ter-se em conta os rendimentos. Tal e qual como não concordo com as benesses no IRS... um exemplo... para quem tem possibilidades de pagar ensino privado, depois vem descontar no IRS e acabamos todos por suportar essas deduções a quem não precisa.
    É preciso rigor e saber distribuir, o pouco que há, por quem tem menos e mais precisa.

    Na 40- Reposição dos níveis de comparticipação dos medicamentos drasticamente reduzidos nos últimos anos, aqui, teria de ser com o mesmo rigor, de modo a saber quem beneficia, porque quem tem acesso a remédios com comparticipação chegou a utilizar isso para os revender, novamente, prejudicando os que realmente precisam deles.

    Teria mais algumas coisas a dizer apesar de estar de acordo com a maioria das medidas, mas nunca esquecendo que este país, está a precisar de medidas muito rigorosas porque, fruto dos maus exemplos vindos de cima, de quem deveria dar o exemplo, parece o País do regabofe e da esperteza saloia.

    Bjos

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  2. Mas olha que eu vejo por aqui cada vez mais campos cultivados, mais pessoas a tomar conta daquilo que herdaram...
    É verdade que é uma zona de minifúndio e que dá apenas para o sustento da família desde que não seja muito alargada.
    Nós emprestamos terrenos que herdámos e em troca recebemos uma parte do que se cultivou e assim ficamos todos a lucrar!

    Abraço

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  3. O problema é que os patos bravos, em conluio com muitos autarcas, pensavam que os prédios fariam crescer, eternamente, frondosas árvores das patacas.

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  4. A todos agradecido. Uma palavra à Isa dada a sua disposição para a negociação: NÃO É PELO SEU DIFERENDO QUE NÃO FORMAREMOS GOVERNO, BÓRA LÁ DISCUTIR O DOCUMENTO FINAL. Vale?

    Cara Rosa dos Ventos, em algum lugar terão de estar as 305 mil explorações agrícolas existentes. O que se diz se pretende dizer (e quantificar) é que a balança alimentar é (enormemente) deficitária, que o abandono das terras dá origem à desertificação e é causa directa da elevada dependência externa e, por isso, da dívida contraída...

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  5. O importante é produzir. Seja ela produção agrícola ou industrial. O que é certo é que se produz cada vez menos por cá. Isto ainda vai dar umas voltas desagradáveis. Só espero já não estar em Portugal quando isso acontecer.

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  6. Eu acredito em negociações desde que as pessoas que estão a tentar chegar a um acordo estejam com o mesmo desejo de resolver problemas.
    Há sempre solução para tudo, o grande problema são os cínicos cheios de segundas intensões ;)

    Bjos

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  7. Isa Cheios de segundas intensões e de interesses de terceiros, seus mandantes. Né?

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  8. Pois é Rogério, tem aí um post que faz vir as lágrimas aos olhos... e o do link nem se fala...
    A cultura do ego não dá quase espaço à sensibilidade e para a maioria das pessoas, trabalhar na agricultura, faz calos... o que é uma realidade e como ouvi um agricultor dizer outro dia, um café a 50 cêntimos implica que ele venda 2 litros de leite para o poder pagar. Andar na Universidade e ser doutor, é realmente muito melhor. Mas de uma coisa tenha a certeza, muito citadino irá voltar para o campo e se não for a bem, será a mal. Isto porque a fome vai chegar e temo que chegue o dia em que as lutas serão por um poucochinho de terra para cultivar. Isto porque o País não irá ganhar para pagar uma dívida odiosa, mas teima em fazê-lo! e vão colocar os mesmos gatunos no poder... depois não se queixem, esses que os elegeram.
    Tudo bem que os meios de comunicação social abafem muita e preciosa informação, mas a maioria dos que vão votar, não sabe quem esteve no poder desde o 25 de Abril?! É um povo sem memória e pior, sem o mínimo de exigência perante os que o representam! Isso sim, é que dói! Vão votar conscientes do sistema viciado e já não é questão de ideologia, isto é já questão de regime! As pessoas não se apercebem?!

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  9. Olá Rogério, olá a todos (as),

    Em poucas palavras, gostaria de dizer que estou cansada de "vira o disco e toca o mesmo"!
    Escrevi um artigo no Alma Secreta (que também se encontra em votação num concurso) que demonstra bem a minha indignação perante o estado a que chegamos, aqui: http://calmasecretas.blogspot.com/2011/03/pac-pec-pic-poc-pum.html

    Acorda Portugal...!

    Saudações,
    Clarisse Silva

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