20 setembro, 2011

"Morangos com Açúcar" - 2

O titulo deste post é só para poder ser relacionado com um outro com o mesmo nome. Faço-o porque esse foi-me inspirado não só por uma professora aposentada, (minha querida amiga, hoje devotada a uma especialização em Literatura Infantil, escreve para crianças e está ligada a uma biblioteca escolar), como também a um post que comentei. Como resultado desse comentário o Vox Nostra (*) editou o post "os beneficios da leitura" de que reproduzo o texto integral. Antecipo que já corrigi o imerecido tratamento por colega, pois não sou (com pena minha) professor... 

"A propósito do comentário do colega Rogério Pereira ao post “Mais de metade dos jovens portugueses valorizam a leitura”, que considero muito relevante no que ao modo de se ‘fazer leitura’ diz respeito, gostaria de reforçar a importância que todos os projetos integrantes do PNL tiveram face à angariação e formação de leitores.
Passados 5 anos da sua existência, vários estudos (cf., por ex., site PNL e o PISA 2009) confirmam que efetivamente se angariaram mais leitores, uns mais proativos do que outros, com certeza, mas todos mais leitores. Isto é, leitores capazes de ir engrandecendo o seu capital cultural e educativo. Note-se que o PISA 2009 confirma um aumento significativo da literacia da leitura – Portugal é já apontado como o 4º pais da OCDE que mais progrediu. Esta preocupação também foi um dos assuntos referidos na “V Conferência Internacional Ler + Ler melhor”, e ter-se apontado uma estimativa de 1 milhão e oitocentos mil leitores conquistados também me parece ser uma afirmação bastante consistente e a ter em conta.
Claro que abordar a questão da leitura e do como ela é efetuada, sobretudo em contexto escolar é um assunto de suma importância e questionável, pois, não basta, para se ‘fazer’ leitores, ler por ler. Relembremos que o bem conhecido Pinóquio aprendeu a ler mas nunca se tornou leitor. É necessário que associada ao momento da leitura literária, ou não (mas de qualidade), se crie o desejado momento de mediação, de interpelação e de inferência máxima para que a intervenção do leitor seja a de um leitor consciente e desafiador face aos múltiplos códigos que o texto encerra.
Esperemos que as decisões do atual governo referentes ao futuro da Rede de Bibliotecas Escolares tenham em consideração o muito que já se fez e se faz em prol de uma leitura de desafios na formação do ser social. Pois, e como já o afirmou a Dra Teresa Calçada (Comissária-Adjunta do PNL e responsável pela RBE), é nossa obrigação formar leitores e ter a consciência de que “ler mais faz ler melhor e que ler melhor faz ler mais”Gisela Silva
Resta aguardar que os desejos de Gisela se cumpram... e que os organismos aqui listados sejam poupados ou as suas atribuições entregues a outras instituições.

(*) Sigo este blogue há mais de um ano. Como cidadão, sinto-me obrigado a acompanhar trabalho sério e dedicado à profissão de professor. Como bloguer tenho-me inspirado nesse trabalho e publicado vários textos nomeadamente "Geração Wikipédia" além de outros que figuram no meu baú "Educação e Jovens"

15 comentários:

  1. Amigo Rogério, pois também desejo que os "desejos" da Gisela se concretizem. Ou como diz o outro, "a ver vamos" ou será antes "a ler vamos"?!

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  2. O incentivo à leitura sempre deve ser uma das metas do sistema de educação de um país.
    Aplausos à professsora Gisela.
    Bjs
    Gisela :)

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  3. Primeira vez aqui mas não a última.
    Confesso que me assustei e pensei em sair ao ler o título, ainda bem que não o fiz.

    Vamos esperar que se cumpram os desejos da Srª Professora.

    Ana Sofia

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  4. Meu caro Rogério,
    Não conheço em todo o seu âmbito o PNL mas desde já o aplaudo pelos seus objetivos fundamentais e mais básicos. É verdade que ao longo dos anos, mesmo em tempos mais remotos, foram várias as tentativas para aumentar o número de “leitores”, principalmente nas escolas. E, sem me deter no circunstancialismo sócio-político de cada uma das “eras” e na subjetividade dos “seletores”, já no meu tempo (o que eu gosto de dizer isto…) o livro de português era uma Seleta Literária, ao tempo Selecta, com extratos dos nossos mais significativos autores clássicos que pretendia incutir-nos o gosto pela leitura, sem prejuízo da obrigatoriedade de autores como Júlio Dinis ou Luís de Camões. Claro está que a revolução / evolução do país nos abriu horizontes antes encobertos e nos permitiu acesso a outras “vozes”, escritas livres e sem qualquer lápis azul. Mas, penso eu e não sei se estarei certo, ler deveria ter maiores consequências do que os resultados PISA 2009. Ler deveria ter consequências no escrever. Saber ler e não saber escrever continua a significar iliteracia. Se no PISA 2009 em vez das 212 escolas e dos 40 alunos por escola, tivessem entrado todos os jornais on-line e os comentários dos respetivos leitores, provavelmente os resultados finais seriam diferentes. A não ser que estejamos em presença de uma generalização nacional de Hydes e Jekills que na escola lêem e escrevem e na internet vomitam. De qualquer maneira saúdo aqui todos os que se empenham no PNL.

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  5. Eu já Participei no PNL, tentei convencer uma turma a ler A Mão de Sangue http://bmfunchalblog.no.sapo.pt/amaodesangue.pdf

    Oxalá que continue

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  6. Sei pouco detalhes sobre aquilo que falo. Pouco sei (pessoalmente) dos relatório de avaliação destes projectos. Mas não posso deixar de reflectir em dois aspectos:

    - Professores que respeito empenham-se totalmente neles

    - Hoje é cada vez mais dificil lutar contra os efeitos perniciosos(demolidores) dos Morangos e quejandos...

    E tomei o gosto pela leitura por acção do meu professor primário e depois do Sr Cunha dono de uma loja atípica que entre outras coisas (venda de flores) alugava livros usados (não era alfarrabista). Esses tempos eram mais fáceis para tão nobre missão. Quanto ao escrever...

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  7. Pois eu receio bem que este governo de bestiários (Todos eles uns Sousa Lara(s)) corte também o excelente trabalho que a RBE tem eito pelas escolas desta país.

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  8. Na minha opiniao, o maior obstaculo ao habito da leitura, pelo menos da leitura como a conhecemos ( conheciamos), e a velocidade com tudo e apresentado. Anuncios de 10 segundos,informacao condensada, facebook e twitter com 140 caracteres, SMS, revistas com textos cada vez mais curtos. E tudo feito para ser lido o mais rapido possivel com o minimod e atencao. E nao se restringe so a leitura. parece que andamos todos sempre com muita pressa, so nao sei porque

    Bjinhos
    Paula

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  9. Serviço público

    em diálogo aberto

    o teu espaço
    Abraço

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  10. Pois que se cumpram!!

    Uma serena noite.

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  11. Como professora de Português, "desactivada", confesso que me orgulho do trabalho que realizei com os meus alunos no desenvolvimento do gosto pela leitura.
    Tenho tido manifestações muito simpáticas por parte de muitos ex-alunos em relação a obras que lemos e analisámos nas aulas.
    Espero que a estrutura que a Teresa Calçada dirige não esteja na mira da extinção!
    On sait jamais!

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  12. Rosa dos Ventos

    Venho lhe confirmar que está.

    Aproveitei a sua dúvida para acrescentar no texto (linque)a lista integral das "gorduras" do Ministério...

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  13. Não há dúvida que o computador veio roubar muito tempo à leitura. Se o gosto e o hábito não se adquirirem desde cedo, será muito difícil em adulto.
    Tudo o que se faça para que os jovens adquiram o gosto pela leitura será sempre pouco e cortar aqui, será um empobrecimento pior que o económico. (mas, se calhar, até vai ser assim, por ser conveniente para alguns)

    Bjos

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  14. Pois eu vou lendo e escrevendo, porque gosto.

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  15. A Escola ocupa um lugar privilegiado para a concretização de uma pedagogia da leitura, de uma democratização no acesso ao livro, através do desenvolvimento coerente e continuado de políticas comprometidas com a sua divulgação, a prática da leitura e a criação de uma nova consciência sócio-cultural em redor do acto de ler. Os projectos desenvolvidos nas escolas integrados no PNL têm sido um contributo muito significativo para "construção" de novos e melhores leitores, de novos e melhores cidadãos.
    As crianças aprendem a gostar de ler facilmente, desde que tenham acesso a leituras orientadas a partir das idades mais precoces.
    Ignorar estas realidades é comprometer o futuro, de forma irreversível e (diria mesmo) criminosa.

    Lídia

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