19 abril, 2012

Reflexões (2)


a Dimitris Christoulas, em Atenas, Abril de 2012

de súbito
insustentável
na praça Syntagma a relva surgiu vermelha
junto do tronco impassível da árvore abandonada

e toda a Grécia estremece com o espanto de um grito
um grito só e aflito que cruzou a Terra toda
como se fora pequena
como se valesse a pena despertar ainda a aurora
e jaz num corpo vazio que nos perturba a cidade 
(...)
Poema de Jorge Castro (continuar a ler aqui)

15 comentários:

  1. Nunca julguei quem atenta contra si, Aliás, j+a abordei o tema lá no "são".

    Paz a este Homem, que os canalhas asassinaram!

    Boa noite, amigo.

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  2. Por acaso até sei quais são os meus limites de resistência, exatamente o sítio onde fica a linha de separação... e já tenho pensado, muitas vezes, no que faria...

    Bjos

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  3. Caro Rogério
    Este é daqueles posts que faz com que apeteça "ir para a rua gritar" mas engulo em seco as palavras e palavrões que me apetecia soltar.
    O seu "pensamento" e o poema do Jorge de Castro que graças a si tive oportunidade de conhecer(ou talvez rever)são como que uma sacudidela das grandes.
    Abraço
    Rodrigo

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  4. Que dizer, quando o suicídio tem a força de uma denúncia implacável?

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  5. Pois, caro amigo, um interregno para quê? O que se segue?

    Quem sabe?!
    Quem pode mudar
    será que quer?

    Quem poderia
    não quer
    porque julga ter
    toda a vida para bem viver
    sem olhar a quem tiver de morrer
    para que essa sua vida possa vencer

    a própria razão da Vida!?...

    Loucos que nós somos!
    Aqui à espera de quê?
    De milagres?!

    Valha-nos sto ambrósio e todas as santidades que constam dos livros, que a esperança está a desvanecer...

    O sistema de organização política e económica do Homem está caduco, doente terminal, o que se segue, estará ao nosso alcance uma solução que salve a humanidade?

    ????????????????????????????

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  6. É um poema e tanto.
    Já tinha lido a nota de suicídio deixada por Dimitris Christoulas, publicada no Athens News onde se pode perceber porque

    "há-de ter nome de rua
    há-de erguer-se em monumento
    e ser contado na lenda
    se o soubermos merecer"

    É assim:

    “O Governo de Tsolakoglou aniquilou toda a possibilidade de vivência para mim, que se baseava numa pensão muito digna que eu paguei por minha conta, sem nenhuma ajuda do Estado, durante 35 anos. E, dado que a minha avançada idade não me permite reagir de outra forma (ainda que se um compatriota grego pegasse numa kalashnikov, eu o seguiria), não vejo outra solução que por fim à minha vida desta forma digna para não ter que terminar remexendo nos caixotes de lixo para poder subsistir. Creio que os jovens sem futuro empunharão algum dia as armas e enforcarão os traidores deste país na praça Syntagma, como os italianos fizeram com Mussolini em 1945″.

    L.B.

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  7. Um poema excelente. Trazê-lo aqui e ilustrá-lo com esse exemplo de quem ultrapassou os limites revela a sua humanidade, meu amigo. Por isso aqui venho - no meio de dias longuíssimos de trabalho.

    Eu rumo sempre para Sul.

    Bj

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  8. Depois dos episódios ocorridos esta manhã no bairro da Fontinha, no Porto, começo a pensar que talvez um dia destes tenhamos um caso idêntico por cá...

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  9. É bem verdade! E há tanto quem o faça em nome de um Deus que nunca ninguém viu e que, se existe, deve levar todas as culpas desse mal.

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  10. Nunca julgo ninguém e nunca sei e acho que ninguém sabe os limites da sua resistência até que ela seja posta à prova.

    Saio em silêncio e prefiro não comentar, porque já vejo muita gente que ainda resiste, que começa a chegar aos limites e aflige-me pensar no futuro dos jovens a curto e médio prazo.

    Beijos

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  11. Nada consigo fazer senão chorar depois de tudo que li e depois de perguntar-me: quais são os meus limites?
    "...um grito só e aflito que cruzou a Terra toda
    como se fora pequena
    como se valesse a pena despertar ainda a aurora..."

    Avassalador!!!

    Beijokas e saudades.

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  12. Amigo Rogério:
    O seu pensamento diz tudo!
    Quando nos tiram tudo,já não temos limites.
    Comovedor e triste, muito triste.


    beijinhos

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  13. Julgar aos outros é fácil para aqueles que não conseguem ver nem a si próprios. Calo e choro.
    Um grande bj querido amigo

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  14. Grato pela divulgação, meu amigo. Que cada comentário e cada palavra do poema revertam em favor de uma Humanidade mais digna, maior, mais «limpa e inteira», como nos dizia a Sophia.
    Um forte abraço.

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