03 maio, 2012

Quando um poeta (Manuel António Pina) cita outro poeta (Sophia) e o faz na altura certa...

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Nestes últimos tempos 

Nestes últimos tempos
É certo que a esquerda fez erros
Caiu em desmandos confusões praticou injustiças

Mas que diremos da longa tenebrosa e perita
Degradação das coisas que a direita pratica?

Que diremos do lixo do seu luxo - de seu
Viscoso gozo da nata da vida - que diremos
De sua feroz ganância e fria possesão?

Que diremos de sua sábia e tácita injustiça
Que diremos de seus conluios e negócios
E do utilitário uso dos seus ócios?

Que diremos de suas máscaras álibis e pretextos
De suas fintas labirintos e contextos?

Nestes últimos tempos é certo que a esquerda muita vez
Desfigurou as linhas do seu rosto

Mas que diremos da meticulosa eficaz expedita
Degradação da vida que a direita pratica?

Sophia de Mello Breyner Andresen - Julho de 1976

12 comentários:

  1. Olá, na altura certa, foi bem escrito esse poema de Sophia de Mello.
    "Direita e esquerda, só degradação(?)
    Daí eu sei pouco, mas aqui no Brasil é uma sujeira só e o povo coitado, é quem paga e sofre...muito!
    Abraço forte, que um milagre aconteça temos esperanças e fé, podemos fazer a diferença.
    Povo unido é mais! Ainda a credito.

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  2. Será que Miguel de Sousa Tavares alguma vez leu estes versos da mãe?

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  3. Vale a pena ler e comparar a esquerda e a direita.
    Afinal são quase iguais e todos praticam erros e evidenciam a sua cegueira pelo poder.

    Parece que o poder lhes dá o direito de se sentirem com razão

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  4. Oportuno e certeiro este post, que me suscita um aplauso ao Rogério e outro ao Vitor Fernandes pelo comentário aqui deixado.
    Abraço

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  5. Caro Rogério
    Um poema para ler e reler.
    Oportuno.
    Abraço
    Rodrigo

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  6. Palavras de sabedoria da Sophia.

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  7. Amigo Rogério:

    A poesia saiu à rua!
    Os anos passam e a poesia continua actual, não sei se é bom ou mal!

    beijinhos

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  8. Muito bom! Não conhecia e, por isso, roubei... ... descaradamente.

    Beijinhos poéticos.

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  9. Ah! Rogério, era o Verão quente de 1976 e que bem Sophia de Mello Breyner Andresen o cantou, poesia sempre tão de dentro, tão viva, a sua, tão participativa.

    Beijos
    Branca

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  10. Voltei, porque só depois de escrever li os comentários e curiosamente tinha-me apetecido começar por dizer que há filhos tão diferentes dos pais, mas resolvi expôr só a parte positiva e ao ler o Vitor Fernandes e o Carlos Albuquerque vi que não fui a única a pensar o mesmo.

    Beijos, mais uma vez

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  11. Uma divagação?
    Uma constatação?
    Uma dúvida?
    Quantas certezas ainda por descobrir?
    Um grande bj querido amigo

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