25 novembro, 2012

Álvaro Cunhal, "Porque nenhum de nós anda sozinho / E até mortos vão a nosso lado.” - 3


O 25 de Novembro

A História não é um somatório de factos que se possa dar por encerrado. Todos os dias surgem outros factos que confirmam ou desmentem as diferentes versões sobre uma passada realidade. Em certa medida a História não é matéria que se encerre, vai sendo feita. E há documentos que não devem ser ignorados mesmo se possam ter, como este, referências a aspectos que possam ser considerados marginais. Julgo que para quem escreve a história, não devendo ser exigida a isenção, que ao menos se lhe peça rigor. Rigor e exigência de credibilidade moral e ética sobre as testemunhas (e testemunhos) que o historiador julgue necessário reunir, para ilustrar os factos ou entende-los. Sobre esta data, ficam os testemunhos de Álvaro Cunhal, cuja leitura se recomenda na integra:
"(...) O golpe militar de 25 de Novembro foi a conclusão de um agudo e tempestuoso período de choques, divisões e conflitos não só entre os partidos participantes no governo, nomeadamente PCP e PS, mas também no MFA: entre os chamados «moderados» (nomeadamente o «Grupo dos Nove» que se aliavam cada vez mais à direita reaccionária), e a esquerda militar (cada vez mais ligada e sofrendo pressões do esquerdismo pseudo-revolucionário lançado em irresponsáveis acontecimentos desestabilizadores).(...)
(...) O 25 de Novembro não liquidou o processo, ainda então em curso, de configuração do regime democrático a instaurar e a institucionalizar. Criou entretanto uma nova correlação de forças que abriu caminho mais fácil à formação de governos com uma política contra-revolucionária.(...)"
Álvaro Cunhal - in "A Revolução de Abril 20 Anos Depois" - Fevereiro de 1994
"O 25 de Novembro foi um golpe militar inserido no processo contra-revolucionário. A sua preparação começou muito antes das insubordinações e sublevações militares do verão quente e de Outubro e Novembro de 1975 . Talvez que as mais esclarecedoras informações dessa preparação em curso muitos meses antes de Novembro sejam as que dá o comandante José Gomes Mota no seu livro, esquecido ou guardado nas estantes, A Resistência. O Verão Quente de 1975 , Edições jornal Expresso , 2ª ed., Junho de 1976. (...) 
Álvaro Cunhal, in Capítulo 8 do livro "A verdade e a mentira na Revolução de Abril: A contra-revolução confessa-se", Edições Avante!, Lisboa, Setembro de 1999

9 comentários:


  1. Aqui não se pode vir com pressa. Há sempre instrumentos interessantes para nos
    refrescar a memória. Factos e História não se podem desligar, embora saibamos que as visões dos historiadores possam ser divergentes.

    " Também o cónego Melo ficou manifestamente desiludido".
    Disto ainda me lembro bem.

    Lídia

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  2. Lembro-me até de mim mesma, nesse 25 de Novembro... mesmo da roupa que trazia vestida, de um recado que tive de ir dar não sei a quem, nem aonde, do friozinho que fazia, de alguém me ter dito que teria de me agasalhar e de eu ter respondido que era exactamente para isso que servia o meu cabelo, então tão negro e tão comprido... mas não me lembrava da piscina do Carlucci!

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  3. a partir do "25 de Novembro" tem sido a passo de caranguejo - é só a andar "pra trás"...

    até um dia - que se espera em breve!

    abraço

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  4. O Rogério recomendou e eu li!
    Ora veja aqui:

    A tese do «contra-golpe».

    "Desde o 25 de Abril, todos os golpes e tentativas de golpes contra-revolucionários, foram explicados pelos seus autores, apoiantes e cúmplices como respostas a golpes ou tentativas de golpes do PCP visando o assalto ao poder. Assim sucedeu também no verão quente de 1975, quando forças contra-revolucionárias desenvolviam o terrorismo bombista e preparavam um novo golpe militar.
    Ao contrário do que dizem (como acabamos de ver) os principais protagonistas do 25 de Novembro, Mário Soares e seus amigos não desistiram até hoje de dizer que, no 25 de Novembro, « houve uma tentativa de golpe, animado pela Esquerda Militar e pelo PCP, e uma resposta, [...] um contra-golpe da parte do sector democrático, isto é, militares moderados, Grupo dos 9 e PS» (Maria João Avillez, Soares. Ditadura e Revolução , ed. cit., p. 487)."

    O golpe militar em Portugal
    O 25 de Novembro
    Álvaro Cunhal
    -------------------------
    O vídeo foi para mim uma surpresa, a atrapalhação evidente de Soares fez-me ver quanto houve e há da sua parte, notória falta de clareza e muita esperteza...

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  5. 25 de Novembro lembra-me automaticamente o fim do "verão quente". Mas tenho ideia que vai ser precisa ainda uma maior distância, para perceber realmente o que se passou. Temo que essa história ainda não esteja bem contada... ;)

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  6. Memórias, memórias, memórias... que todos temos (os da nossa geração). Lembro-me de cada passo que dei e telefonema que fiz. Caramba, parece um filme...

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  7. Embora atrasado aqui vou entrar na tua "vinegrete eletrónica" que às vezes me prega partidas de inserção.Talvez por falta de habilidade minha.
    Memória antiga e memória recente.Algumas novidades.
    Da memória antiga.
    Que diria e faria muita gente se,na altura,soubesse que Otelo praticava ténis com Carlucci? Aparentemente sozinho ele fez a sua escolha quanto a companhias (Diz-me com quem andas...) e do alto daquela lavandaria transformada várias décadas nos contemplam.Bela vista sobre o Tejo partilhada por Carlucci com amigos.
    Da memória recente.
    E construímos a memória recente (de uma maneira melhor ou pior do que a antiga?) porque se verificam fenómenos pouco habituais até agora no âmbito da comunicação e, implicitamente a nivel da sociedade. Todos temos consciência do torniquete que é aplicado à comunicação social e das várias maneiras de o ultrapassar,quer através da acção positiva de um crescente grupo de jornalistas dentro dos próprios jornais, quer através de blogues. Embora já haja quem os queira silenciar.
    Mas o exemplo mais marcante, para mim, foi o da comentadora Constança Cunha e Sá. Não faço a mínima ideia qual a posição dela no âmbito da "memória antiga" mas admirei-lhe a tomada de posição quando, num programa televisivo cujo nome esqueci e no âmbito das críticas ao actual governo e sua torre de marfim,dizia, Constança Cunha e Sá citou as alternativas emitidas há muito pelo PCP e que não têm sido tomadas em conta.Em "hora nobre".
    Claro que não estamos sozinhos.Para além disso estamos a comemorar o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, que nunca traiu a Pátria.

    Abraço,Rogério!
    Jaime Ramalhete Neves

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  8. Como eu me lembro desse 25 de Novembro.. perfeitamente.
    Beijinhos

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