16 fevereiro, 2013

E se a Maior Flor do Mundo fosse a Democracia? Se para a salvar fosse necessário fazer 20 coisas, que coisa lhe parece que podia fazer por ela?

Leio no texto, que se supõe destinado a crianças, como a coisa de facto aconteceu:

Deu-se o menino ao trabalho de subir a encosta, e quando chegou lá acima, que viu ele? Nem a sorte nem a morte, nem as tábuas do destino… Era só uma flor. Mas tão caída, tão murcha, que o menino se achegou, de cansado. E como este menino era especial de história, achou que tinha de salvar a flor. Mas que é da água? Ali, no alto, nem pinga. Cá por baixo, só no rio, e esse que longe estava!... Não importa. Desce o menino a montanha, atravessa o mundo todo, chega ao grande rio, com as mãos recolhe quanta de água lá cabia, volta o mundo atravessar, pelo monte se arrasta, três gotas que lá chegaram, bebeu-as a flor com sede. Vinte vezes cá e lá… …Mas a flor aprumada já dava cheiro no ar, e como se fosse uma grande árvore deitava sombra no chão.”

Vinte vezes cá e lá. Vinte certas, diz o escritor, e quero acreditar que sejam precisas tantas. Imagine, caro leitor, que a água não é água, mas sim porções de coisas esforçadas que é necessário fazer para salvar a vida da nossa flor. Pense que, de cada vez que se sobe a montanha, se deposita na Democracia muribunda algo que a faz, lentamente, renascer. Indique uma só, que esteja disposto a fazer ou que ache ser necessário que se faça... Lembre-se que há pequenas coisas, à semelhança das que cabem numa mão pequenina.

As imagens são do video . O texto, em itálico, é do livro de Saramago "A Maior Flor do Mundo"

Reeditado, post inicial em 15 de Abril de 2011

15 comentários:

  1. Muitas pequenas coisas podem fazer uma grande Democracia.

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  2. Muito bom, este "post", hoje.

    Gostava de sugerir, dessas vinte, uma coisa em concreto, mas a imagem da própria mão aberta a outra mão, que por sua vez se abre a outra, e a outra, pareceu-me reconfortante.

    Eu podia ler "O Tesouro" de Manuel António Pina a um grupo de crianças, na Biblioteca, e responder as todas as perguntas sem deixar cair nenhuma lágrima de comoção.

    Um beijo

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  3. Corrijo:

    ... e responder a (e não "as") todas as perguntas...

    ;)

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  4. Rogério,

    O teu artigo faz-me lembrar o "Principezinho" de Saint Exupery, o meu livro preferido.

    Um abraço

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  5. O que eu faria para salvar a Democracia?
    Em termos práticos, e disso é que neste momento é preciso, "corria" com este governo e colocava lá gente com siso!

    Beijos.

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  6. Bela postagem, Rogério!
    Considero que a chave ainda é consumo (eco)consciente e crítico.
    Vinte vezes e sempre!
    Uma Paz e Ecologia com entendimento muito profundo de ambas.
    Um abraço

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  7. Por mim um dos males maiores no Homem - que não sendo um dos seus piores defeitos, é contudo um dos que o leva depois a colecionar os mais horrorosos - é, imagine-se, uma virtude que me foi vendida sempre como uma grande qualidade humana: a ambição. Na ambição, cabe a do, “pelo conhecimento”, mas também a do, “pelo ter”, e é esta ambição pelo ter, que lhe abre as portas de um dos seus piores defeitos: o Egoísmo. É o egoísmo humano que faz do Homem a criatura má em que se torna quando está dominada pela ambição. É por exemplo ele que faz com que um gestor/político diga sem rebuços que as centenas de milhares de euros que ganha anualmente são “o seu valor de mercado”. Foi a ambição que lhe encheu o ego e o tornou egoísta, não porque recebe o dinheiro, mas pela declaração que faz quando interpreta o que ganha.

    (…) “Indique uma só, que esteja disposto a fazer ou que ache ser necessário que se faça.” (…): Aposto no “ser necessário que se faça”. Cada um deveria todos os dias ao sair de casa, fazer um pensamento sobre a melhor forma de conduzir a sua ambição de forma a que ela não se transforme em egoísmo. Para os mais distraídos, talvez a colocação na testa de um post it: “Por favor, avise-me se lhe pisar os calos”.

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  8. A idéia de democracia já era uma flor murcha, pois nasceu de um grupo de pessoas da elite e enquanto eles pensavam...pensavam...pensavam, os escravos deles lhes serviam.

    Nas tribos indígenas se entende a democracia sem nunca terem pensado nisso - ainda hoje.

    Barbara.

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  9. -> A superclasse (alta finança internacional - capital global) não só pretende conduzir os países à IMPLOSÃO da sua Identidade (dividir/dissolver identidades para reinar)... como também... pretende conduzir os países à IMPLOSÃO económica/financeira.
    -> A superclasse é anti-povos que pretendem sobreviver pacatamente no planeta...
    -> Um caos organizado por alguns - a superclasse ambiciona um Neofeudalismo, uma Nova Ordem a seguir ao caos...

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  10. não me calar,

    é isso que eu faço


    um abraço, Rogério

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  11. este simbolismo do exemplo, da solidariedade... toca fundo....

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  12. Meu querido amigo

    Juntar todas as mãos possíveis e varrer o desgoverno que nos governa, e só muitas mãos juntas o podem fazer.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  13. Encontrei o seu blogue por mero acaso. Um feliz mero acaso. : )

    Conheço bem este texto do Saramago (até por questões profissionais). Obviamente, belíssimo! Uma metáfora perfeita sobre a forma como a vida deveria ser vivida.

    Voltarei. Até breve. : )

    Ana

    www.oreversodalinha.blogspot.com

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  14. Este extraordinário texto faz parte da minha colecção de trechos.
    A flor anda tristonha... mas não vai murchar.
    Parabéns pela escolha tão contundente com os dias que correm.
    Boa noite!:)

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