04 abril, 2013

Euro, o "DEBATE INADIÁVEL" : Sair ou ficar?

A mesa que presidiu à sessão, com Sérgio Ribeiro no uso da palavra
A sala no inicio na sessão, viria a quase lotar-se depois, com gente atenta
A 10 minutos do inicio da sessão estava convencido que não se iria confirmar o que tinha "prometido" ao Sérgio: Vais ter a casa cheia, 10 minutos depois de ter tido esse receio deixei de tê-lo, pois a sessão iniciou-se com a sala bem composta vindo a quase lotar-se depois, com uma plateia imensa e atenta. Os que esperavam uma sessão onde o Sérgio Ribeiro, com a sua larga vivência (como ex-eurodeputado e ex-membro do Comité Central, autor de tantos livros sobre a matéria) a utilizasse para discorrer sobre o sair ou ficar, ficou surpreendida com a orientação seguida na exposição. Mais do que divulgar a posição do Partido, Sérgio Ribeiro deu "uma lição" visando dotar a assistência dos "instrumentos" (processos e conceitos) para a habilitar a reflectir e a entrar na discussão. Sérgio Ribeiro historiou todo o processo mesmo antes de se pensar na adesão, citando um livrinho, de Abel Salazar, "A Crise Europeia", para referir que as coisas que agora estamos sofrendo são dores de feridas antigas.
Sobre o tema "Euro, Sair ou Ficar", diria que a questão é complexa e teria sido preferível nem se colocar, pois o grande problema foi ter entrado. Afirmaria, de seguida, que a situação é muitíssimo mais complicada porque se concretizou tudo o que o que o Partido tinha previsto, e apresentou à assistência a declaração de voto que ele mesmo leu, no Parlamento Europeu, quando em Maio de 1998, os eurodeputados do Partido votaram contra a entrada na Moeda Única (ver texto abaixo). 

Passou depois a discorrer sobre o que está em causa, referindo que a questão já não é sair ou não sair. A questão é como sair. Sair já é discussão admitida por quem há pouco tempo se escusava a falar disso, e deu exemplos referindo Vitor Bento, Nicolau Santos e outros, designadamente os que figuram num excelente oportuno artigo publicado há pouco no jornal "i". O Sérgio salientou que o problema que se coloca actualmente é o da negociação e, nesta, a quantificação da indemnização devida por nos terem tirado meios de produção arrasando-nos a economia. A discussão necessária deve poder avaliar como funcionarão os instrumentos de que o pais passará a dispor com a saída, designadamente a desvalorização da moeda, mas deve sobretudo incidir sobre as formas em como Portugal deve ser indemnizado por todos estes anos em que o país desconvergiu, quando havia intenção afirmada, mas não concretizada, de que iria convergir económica e socialmente. A divida deve ser paga, no que for justo e devido pagar. Sobre o poder negocial Sérgio Ribeiro foi certeiro: "A força negocial está num Terreiro de Paço cheio".

Claro que uma sessão assim, foi animada até ao fim, não faltando milhentas perguntas para outra tantas respostas...
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Actas do Parlamento Europeu:
«SESSÃO DE SÁBADO, 2 DE MAIO DE 1998
4. Moeda única
Declarações de voto
Ribeiro (GUE/NGL). – Senhora Presidente, os deputados do Partido Comunista Português, com a solenidade que a ocasião exigiria, mas que a euforia para impressionar a opinião pública não permite, declaram que:
- o seu voto é a expressão coerente de uma posição contra este projecto, o modo como foi conduzido e os interesses que serve. Não é um voto contra a estabilidade de preços, o equilíbrio orçamental, ou o controlo de dívidas, mecanismos e instrumentos. É, sim, um voto contra a sua utilização para impor estratégias que concentram riqueza, agravam desemprego, agudizam assimetrias e desigualdades, criam maior e nova pobreza e exclusão social, diminuem a soberania nacional e aumentam défices democráticos;
- é também um voto contra a formação do núcleo duro para a Comissão Executiva do BCE, privilegiando zonas geográfico-monetárias e partilhando influência entre grandes famílias partidárias, numa evidente polarização do poder na instituição que condicionará todas as políticas dos Estados-Membros;
- após este passo, continuarão a combater os já reais e os previsíveis malefícios do projecto que integram os mecanismos e instrumentos criados. Procurarão, do mesmo modo, contribuir para que sejam potenciadas as suas virtualidades;
- lamentam, por último, que o Parlamento tenha perdido a oportunidade para se credibilizar como instituição democrática, por ter cedido à pompa e circunstância de um ritual de homologação ou de confirmação do que lhe foi apresentado.»*
 * Sérgio Ribeiro, no seu blogue, transcreve também a declaração de voto do Partido Socialista, que deve ser lida...

13 comentários:

  1. Parabéns pelo debate, tão necessário!

    Bom serão

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  2. Tentei descortiná-lo, pois imaginava-o lá, mas não o reconheci.

    Sempre ma delícia ouvir Sérgio.

    Abraço.

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  3. .

    .

    . nem sei o que diga . hoje . apenas sorrio . com a saída do Relvas . que espero que deixe a porta aberta . escancarada . para que possam sair todos os outros . porque todos juntos . valem zero . e a zero sempre nos quiseram reduzir .

    .

    .

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  4. Como sair é a questão.
    Desejo bons ventos ao povo português.
    Muitos bj querido amigo

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  5. Uma saída controlada já deveria ter acontecido...

    Bom saber-te este homem de causas!

    Bjs e boa noite.

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  6. Não é a mesma coisa do que estar entre vós mas é um excelente e elucidativo post.

    O meu abraço!

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  7. Acho que a questão sair ou não sair está também ultrapassada. Como sair é mais acertada a discussão.....mas não sei se mais vantajosa. Neste momento.

    Quem já saiu (há muito que devia ter saído) foi o Relvas. Como é que há ministros destes ainda hoje?

    Abraço

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  8. Sempre lúcido o meu amigo Sérgio

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  9. -> O discurso anti-alemão que reina nos media internacionais (nota: são controlados pela superclasse) é uma consequência óbvia: depois de andar a 'cavar-buracos' (nas finanças públicas e na banca) e andar a saquear contribuintes em vários países... a superclasse (alta finança - capital global) quer saquear o contribuinte alemão.
    -> Depois de 'cozinhar' o caos... a superclasse aparece com um discurso, de certa forma, já esperado!... Exemplo: veja-se a conversa do mega-financeiro George Soros: «é preciso um Ministério das Finanças europeu, com poder para decretar impostos e para emitir dívida».
    -> A firmeza do contribuinte alemão (não cedendo à pressão exercida internacionalmente...) é fundamental para salvar a Europa.
    .
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    .
    P.S.
    A superclasse pretende 'cozinhar' as condições que são do seu interesse:
    - privatização de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
    - caos financeiro...
    - implosão de identidades autóctones...
    - forças militares e militarizadas mercenárias...
    resumindo: estão a ser criadas as condições para uma Nova Ordem a seguir ao caos - uma Ordem Mercenária: um Neofeudalismo.
    {uma nota: anda por aí muito político/(marioneta) cujo trabalhinho é 'cozinhar' as condições que são do interesse da superclasse: emissão de dívida e mais dívida, implosão da identidade autóctone, etc...}

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  10. Gostei do resumo já que não estou em condições físicas e psicológicas para assistir a debates à noite e longe!

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  11. Estive aqui ontem a ler tudo com atenção.
    Sabe que há assuntos em que é "verde" a minha opinião. Procuro amadurecê-la.

    Reconheci-o, claro! :)

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  12. Obrigada Rogério, por este resumo da intervenção de Sérgio Ribeiro.

    Também acho que só se poderá dar uma pequena volta "a isto", mobilizando-nos para denunciar nas ruas, este Governo vendido á Europa, uma Europa do euro do qual sempre discordei...
    Receio que esta resposta do Tribunal Constitucional, que alivia alguns, faça muita gente julgar que os tipos são bonzinhos!

    Travei estima com o Sérgio Ribeiro em pleno Salazarismo, quando albergávamos em nossas casas uma amiga do Baleizão, prima de Catarina Eufémia, Mariana Janeiro, destroçada fisicamente pelas agressões da PIDE. Protegiamo-la, passando-a de casa em casa, por períodos. Ainda nós não sonhávamos ir viver para Oeiras. Beijinhos para ti. Helena Barroso



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  13. Eu creio que a União Europeia foi uma união feita para copiar os estados unidos. A ideia sobre a qual assenta a união europeia é boa! O problema é que há pessoas corruptas em todo o lado! E foi isso que aconteceu à ideia da União Europeia! A Alemanha começou a encher as banhas há custas dos outros países enviando-os para o sítio onde estamos agora! Esse é que é essa! E o problema é que não nos lembramos de ouvir as lições que a história nos trás, se quando fomos fortes e organizados (império romano) não conseguimos domina-los, seria agora que somos fragmentos de impérios gigantescos? Que história tem a Alemanha para contar, digam-me lá! Este pais foi o causador de duas guerras mundiais e ai acaba a sua história, e nós o pobres da Europa fomos o quê? Os gregos são os pais de todas as ciências, todas as formas de arte, de cultura! Os antepassados dos italianos criaram um império que uniu o sul da Europa, e deu o nome às pessoas dos países nórdicos! Nomes que temos de voltar a utilizar! ELES SÃO BÁRBAROS, NÃO PASSAM DE BÁRBAROS! COMO PODEMOS COMPACTUAR COM BÁRBAROS?
    A França deu mais modas ao mundo do que o mundo conseguiu absorver! Espalhou pelo mundo a ideia de liberdade, com Napoleão e a sua mão enfiada no casaco! A Inglaterra conseguiu deitar a baixo as rotas marítimas de Portugal e Espanha com a sua aparência sempre muito snob e utilizando os seus "corsários" que não passam de piratas e usurpou de colónias portuguesas e espanholas! Pois o mundo era metade nosso, outra metade de nostros hermanos! A Áustria deu mais rainhas ao mundo do que os reinados que no mundo existem! Os espanhóis descobriram terras que ninguém conhecia! Espalharam a sua fé e os seus princípios pelo mundo! E nós? Nós portugueses? Nós abrimos caminho pelos mares desconhecidos! Trouxemos coisas que os europeus nunca tinham visto! Até a Austrália devia ser nossa! Há provas que Portugal chegaram à Austrália muito antes de os ingleses terem tomates suficientes para pensar em construir barcos! Lá foi descoberto um forte português! E porque é que não ficamos com aquele país? Porque não tínhamos a certeza se aquilo era para ser dos espanhóis ou não! Não valia a chatice... É pena não nos cremos chatear com as coisas! Porque no fim de contas somos heróis e veem-nos como escravizadores (quando era os próprios "pretos" a vender os seus irmão na praia!)! Até podemos ter sido escravizadores, dêmos uma péssima vida às pessoas de cor daquele tempo! Mas a nossa religião diziam que aquelas pessoas não eram gente! Eram animais! Lembrem-se disso! E quando os ingleses forma colonizar a américa o que é que eles fizeram? Mataram os índios! Usaram os escravos! Mas os ordinários são Portugal! E enquanto toda a europa se mexeu o que é que a Alemanha andou a fazer? A preparar-se para roubar os bolsos dos que os encheram a trabalhar!

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