12 maio, 2013

Poesia (uma por dia) - 32


PLANO DE EVASÃO

Que mais podemos fazer?
Este amor é um país cansado

que não nos deixa mudar.
O medo cerca as fronteiras

e a capital é Nenhures,
cidade de perdulários

e pequenas ruas tortas
onde vem morrer a noite –

aqui estamos ambos sós,
desunidos, extraviados,

não há táxis na praceta
nem cinzeiros nos cafés

e perdemos os amigos
entre as curvas de um enredo

que deixámos de seguir.
Mas não era nada disto

o que tinha na cabeça
ao começar a escrever:

os versos chamam o escuro,
abrem os portões ao frio

e eu quero estar nas colinas
do outro lado do rio.

Rui Pires Cabral

10 comentários:


  1. Obrigada por este momento de evasão, que não estava no meu plano!

    Beijo, Rogério.

    Laura

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  2. Fugir antes que o puor chegue. Melhor?
    Um grande bj querido amigo

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  3. Este é um poema rendido...
    Editei-o pela ambiguidade da ida.
    O outro lado do rio, só pode ser a margem certa da vida.

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  4. Olá Rogério,
    Afinal não percebi a pergunta na Pena..julguei que te referias a outra coisa.

    A resposta é sim, sempre. Estás à vontade nesse caso

    Abraço

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  5. Muito bonito!! Gostei! Vou copiar.
    Obrigada e boa semana.

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  6. «Mas não era nada disto

    o que tinha na cabeça
    ao começar a escrever:

    os versos chamam o escuro,
    abrem os portões ao frio.»

    O estado disfórico que ressalta das primeiras estrofes é contrariado pelo sujeito lírico que pretende "saltar" para as colinas (pontos elevados) do outro lado do rio.

    Se atentarmos no título, é a ideia de fuga que subjaz ao poema. Fuga aos versos que ignoram a vontade do sujeito e "chamam o escuro, abrem os portões ao frio".

    Fugir da poesia é como fugir da vida - digo eu.

    Um beijo

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  7. Que mais podemos fazer?
    Porque não estar do outro lado do rio?!...

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  8. Ou outro lado. Belo poema. Uma amiga certa vez me disse que cada coisa tem pelo menos 12 lados. Isso confunde ou reconforta? rss

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  9. Sente-se na alma...

    Abraço Rogério
    cecilia

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  10. Excelente poema!!! Sem dúvida um dos melhores que tenho lido!


    Abraço!


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