31 outubro, 2013

As noticias tardam... mas há sempre qualquer coisa que está para acontecer...



...não deitei o barco ao mar para ficar pelo caminho
... o que está para acontecer? Não sei dizer... 
talvez até nem chegue pelos jornais...

30 outubro, 2013

Cavaco Silva é imprevisível... até porque não são previsíveis as consequências dos seus actos....

A palavra "previsível" se isolada, diz tudo sem dizer nada. Do ponto de vista político, porque é de política que se trata, expressei (e reclamei) a previsibilidade associada à coerência, ao fazer-se como se diz, à firmeza em cumprir um compromisso. Só isso. 
 .
A coerência é fazer-se aquilo que se pensa mesmo se nunca se declare o que se pensa fazer? É, mas para quem vai sofrendo os efeitos de um ser sinuoso, não o pode nunca considerar previsível. O pior da imprevisibilidade do mandato de Cavaco são as consequências do seu exercício, ninguém imagina aonde ele nos pode levar. Nem ele!
 .
Considerar Cavaco previsível é reduzir as consequências dos seus actos, é minimizar-lhe a importância e os seus efeitos...
Não é previsível que se caia numa ditadura, mas essa imprevisibilidade assusta!

(dedico este post aos "fala-barato") 

29 outubro, 2013

Os previsiveis...


Já tinha entendido que era assim que se preserva a previsibilidade...


Um homem vai fazendo e dizendo, vai dizendo e fazendo, e acontece o dia em que percebe que é a previsibilidade que dá, em politiza como em tudo o resto, a segurança que o ser humano anseia e a que tem direito. A previsibilidade do que se vai fazendo e dizendo resulta de um processo continuado, firmado em colectivo e que tem um passado. Um passado de coerência entre as palavras e os actos. Este meu texto, aparentemente enigmático, serve para aplicar a tudo o que não deva resultar de decisões avulsas ou ao sabor de expedientes ou manobras sinuosas, surpreendentes. 
Servem, por exemplo, para clarificar... quem quiser ser clarificado!

28 outubro, 2013

Numa família grande, (quase) todos os dias são dias de festa... hoje é (outra vez) esta!

 
foto de Luis Azevedo
Ela é muito mais bonita, do que mostra quando faz "fita". E não é por fazer mais um ano que está nesse estado, nem é por o filho Diogo estar adoentado, nem sequer por o dia estar chuvoso, nem por o salário ter minguado, nem por o governo ser merdoso, nem por o pai dela passar a vida no gozo (às vezes, com coisas sérias...)
E porque tudo isso não é uma desgraça, amanhã... passa.

Parabéns e um beijinho,
do paizinho

27 outubro, 2013

Geração sentada, conversando na esplanada - 37 (o jornal já mal o leio)

(ler conversa anterior)
"...O pé não pode falhar porque não há pedra em todo o chão - noventa por cento do chão é água. Estamos pois perante a necessidade de ser certeiro, como quem atira a um alvo. De pedra em pedra o corpo, ele mesmo por inteiro, tenta, ora com um pé ora com o outro, acertar no único ponto próximo do mundo, vasto mundo, de onde não se cai, o único ponto que é chão firme (chão firme: aquilo que possibilita o passo seguinte). E assim se avança com a precisão que evita a queda e a energia que nos conduz, sem lentidão nem pressa, às clareiras sensatas que no mundo ainda há..."
Gonçalo M. Tavares, in Noticias Magazine
A mesma cor, alguns abafos de outono, mas a maioria gozava o sol. Eu mal enxergava a leitura...

Ainda é a rotina o que nos dá a impressão que as coisas vão bem como vão. A esplanada mantinha as mesmas cores, só que não nas mesmas vestes, nem em tons semelhantes às do domingo passado. As professoras, na mesa do canto, riam como de costume. Quando a rotina é quebrada por alguém, o efeito é imediato a avaliar pelo que acontecera:  o senhor engenheiro, comera todo o bolo e esquecera-se de o dividir com o seu cão rafeiro, que amuou, como nunca se tinha visto.
- "O que é que se passa consigo?" perguntou-me o engenheiro e sem esperar pela resposta, "li o que foi escrevendo e fiquei sempre em dúvida se o que escrevia tinha a ver com a sua saúde ou com tudo isto. Não pense que o acuso de ambiguidade, mas como escreve sempre com um segundo sentido..."
- "Já caminho sobre as pedras em equilíbrio, o meu problema agora é acertar nelas. Vê-las para manter o passo firme e conseguir dar o passo seguinte."
- "Tinha um problema de equilíbrio. E agora?... Não percebi! Apenas descortino que terá feito as pazes com o escritor... Mais uma boa metáfora?"
- "Não há qualquer metáfora. Agora tenho um problema de visão, no sentido exacto de não conseguir ver... "
O velho engenheiro, fez uma cara entristecida por entre as abundantes rugas do rosto.
- "Não se vá embora. Vou só ali, preciso fazer as pazes com o meu cão". Pouco tempo depois regressava com um novo bolo na mão, partiu-o ao meio e deu metade ao cão. A outra metade, ofereceu-ma e eu aceitei. Continuámos a conversa falando de cegueiras, de clareiras, de poetas, e na confiança que eu tenho no cirurgião. "A palavra e o bisturi devem fazer incisões exactas", disse ao despedir-me.

26 outubro, 2013

Chegará o dia em que teremos que fazer tudo ao contrário e recompor o passado...

Se isto que acabei de ler tiver consequências práticas. Se isto que acabei, agora mesmo, de vos recomendar a ler tiver eco e fizer juntar vontades, o vídeo abaixo deixará de ser uma história cor-de-rosa, mas será a ilustração de uma nova maneira de fazer voluntariado...;


post inspirado por Bulimundo

25 outubro, 2013

Miguel, já o conhecem!


Sim, já o conhecem e ele, a si próprio, se vai conhecendo à medida que vai crescendo. A arte de bem voar, precavendo grandes quedas e ficar em guarda contra as aves de rapina são coisas que levam tempo. Em boa verdade, eu nem me recordo de ter aprendido isso. Há coisas que vamos sorvendo nem sabemos como nem quando, mas eu apostaria que foi por aí, por esses 15 anos, que muito me aconteceu. Talvez fosse, nesse momento, que meu juízo se autonomizou no "Meu Contrário" e "Minha Alma" começou a crescer em separado e este meu diálogo interior começou...

Miguel, aqui só para a gente, que ninguém nos ouve ou lê, "ciências" é um bom caminho e, se é verdade que os pássaros voam em bando, não o é menos que os peixes ficam mais protegidos se acompanham o cardume. Nada com forte braçada!, meu caro. Aprende a nadar bem! Este mar, que tens de atravessar é imenso e a maré alta pode chegar a qualquer momento!

E como diria teu pai: "Não te estragues, pá!"  

24 outubro, 2013

"Como se fabrica uma alternância" - 4 (A estratégia do PS/Seguro e a politica de alianças, na versão PS)

Foi assim a assistência no Museu da Eletricidade. Lula da Silva fez um longo discurso, e essa gente toda bateu palmas. Terá até as batido quando Lula referiu "...o orgulho de dizer que somos socialistas" (Público) ou naquela outra passagem em que Lula lá foi dizendo (Jornal de Negócios): "Na Europa, se vocês não brigarem, vão perder o que vocês conquistaram". Lula sabe, mas prefere ali ignorar, que o PS não quer guerras dessas. O PS de Sócrates joga noutro tabuleiro do PS de Seguro, um ou outro assegurará a alternância, pois a alternativa, referida por Lula, levaria o PS a mudar de política e a desagradar à cheia plateia...
"A estratégia do PS/Seguro
O «apagamento do PCP» é, mais uma vez, parte da estratégia de uma «alternância» ao Governo PSD/CDS, a alternância PS/Seguro!

Uma alternância, e sobretudo uma liderança (alternante), que se começou a desenhar ainda o PS/Sócrates era governo e seria… Eleito deputado na X Legislatura, que deu maioria absoluta ao PS, A J Seguro cedo começou a marcar distâncias, a mostrar diferenças, a gerir silêncios, votos contra e de abstenção, declarações de voto, a tomar iniciativas (reforma do Regimento Parlamentar, Conferência da Primavera, etc.). Nada que obstaculizasse a torrente da política de direita do Governo Sócrates…

As dúvidas que se possam ter (almas de esquerda, bem-intencionadas) sobre a consistência do projecto/programa político do PS/Seguro, como real alternativa política de esquerda, desvanecem-se completamente quando se analisa, através da documentação existente, o seu projecto/programa e se alcança a sua política de alianças.

O projecto/programa político do PS/Seguro são indefinições e propostas que não escondem a continuidade da política de direita. Como se revelam no acordo A J Seguro/A Costa (Documento de Coimbra, inicialmente designado por «Portugal Primeiro»), na Moção de A J Seguro ao Congresso do PS, nos discursos e entrevistas de A J Seguro, e particularmente no documento «Compromisso para a Salvação Nacional», apresentado nas negociações entre PS e PSD e CDS sob a inspiração do Presidente da República. É um «combate à austeridade», mantendo todos os elementos e vectores políticos que a estruturam e enquadram, nomeadamente a subordinação à troika!

A «herança» de Sócrates. Assumida, com o branqueamento dos seus governos, na classificação de trabalho positivo: um «movimento de reformas e de modernização do País, da economia e do Estado lançado pelos governos socialistas». Herança que o líder parlamentar C Zorrinho tornou recentemente a reivindicar (Expresso, 22 de Junho)!

As orientações, propostas e medidas programáticas do projecto/programa PS/Seguro. Duas ideias centrais:

– a «renegociação» do Pacto de Agressão, dito Programa de Ajustamento, subscrito por PS, PSD e CDS com a troika – «renegociação política das metas e dos prazos» («Compromisso para a Salvação Nacional»);
– a expectativa de mais fundos comunitários, decorrente de um reforço do orçamento comunitário, «um orçamento com dotação superior à existente» (Documento de Coimbra).

A «consolidação do défice» no Documento de Coimbra tem uma «originalidade»: propõe uma «trajectória» «conciliando rigor orçamental com crescimento económico». De que forma? Com «medidas estruturais» que nunca são explicitadas.

Na contribuição PS para o «Compromisso para a Salvação Nacional», no capítulo das Contas Públicas, escreve-se: «A despesa primária ("a despesa corrente primária") deve estabilizar, em particular na despesa directamente relacionada com rendimentos». Como? Não se sabe! O assessor económico de A J Seguro (Óscar Gaspar), em entrevista ao Diário Económico (26 de Julho), repete: «a despesa pública não pode continuar a crescer». Como? Aprecie-se: «Para a redução de despesa tem que haver um trabalho fino dos ministérios, um trabalho de macro em termos de toda a Administração Pública e regras mais claras de despesa»! Claro como água!

Um Programa inteiramente dependente da troika e do Directório de Bruxelas. Na abordagem no Compromisso da «Sustentabilidade da Dívida Pública» tudo fica dependente da UE! E se não houver resposta favorável?

Mas não é apenas na questão da dívida pública! Como disse alguém a propósito do «Compromisso para a Salvação Nacional»: a «maioria dos “termos” do PS não estão nas mãos de Portugal» (Jornal de Negócios, 15 de Julho).

Mas o PS reclama o avanço do Federalismo, com um «novo Tratado Europeu», sob «o princípio da igualdade, estruturante dos regimes federais» e da «eleição directa dos principais decisores europeus» (Documento de Coimbra)! O que é uma proposta extraordinária no confronto com a realidade de uma integração comunitária, onde a cada passo, no federalismo, a desigualdade entre os Estados-membros dá 20 passos. Onde o Orçamento Comunitário acaba de ser reduzido para o período 2014/2020.
As políticas que pouco ou nada se distinguem das do Governo PSD/CDS

Não foi por acaso que o PS esteve muito perto de assinar a «Salvação Nacional» com o PSD e o CDS! Na resposta à pergunta: «Então o desentendimento foi político?», diz o já citado assessor de A J Seguro: «Diria que foi político. Aquilo que nos dividiu foi esta percepção sobretudo do PSD de que o que está, está bem feito. E o PS entende que o rumo não está correcto e teria que ser introduzida nova dinâmica. Este foi o cerne do que impossibilitou o acordo.» (Diário Económico, 26 de Julho). Percepciona-se bem «o cerne» do desacordo…

O primeiro sinal da diferença programática face ao PSD/CDS seria enunciar de forma nítida o que se vai corrigir das malfeitorias do duo Coelho/Portas. Ora tal continua a não ser feito… Pior, aceita-se quase tudo o que foi cortado/posto em causa por este Governo!

Política de rendimentos – «Garantir a estabilização nominal dos rendimentos» (…) com «um aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN), das pensões mais baixas e a extensão do subsídio social de desemprego por mais seis meses, para as pessoas que não têm mais rendimentos» (Compromisso). «Estabilização nominal???» Isto é, a absolvição do Governo PSD/CDS e a promessa de que com o PS tudo continuará igual. Nenhuma correcção extraordinária, nomeadamente na função pública, dos cortes feitos! E sobre o tempo de trabalho? E sobre a remuneração do trabalho extraordinário? E sobre as indemnizações por despedimento? Silêncio!

E sobre o brutal agravamento assimétrico da carga fiscal pelo Governo PSD/CDS? Para lá do IVA da Restauração (correcto) e do IRC (errado) estamos perante propostas que são zero, vírgula zero, a par dos mesmos lugares comuns do Documento de Coimbra «uma política fiscal mais equitativa, mais progressiva, transparente e inovadora» e um grupo de trabalho na AR para uma «reforma global e coerente do sistema fiscal»!

Sobre as reformas e pensões, o ministro Mota Soares não diz melhor: «Aumento (…) das pensões mais reduzidas»! E quando fala da «Reposição dos níveis de protecção social», tudo fica restringido ao «complemento social para idosos e ao rendimento social de inserção». E o subsídio de desemprego? Zero!

Financiamento da economia, o que há de novo que o Governo PSD/CDS não diga??? Um banco de fomento para as PME? (porque não a CGD?). O apelo à promoção do «investimento nacional e estrangeiro»! «um tribunal especializado para dirimir casos de investimento estruturante»? O «Programa SIMPLEX»? Os «Incentivos fiscais ao investimento»? A «Linha de crédito BEI»? A «Revisão da Carta de Missão da CGD»?

As privatizações. Como nos últimos dois anos já se venderam 5 mil milhões de euros de empresas públicas, o PS dá-se por satisfeito: «As receitas previstas com as privatizações, ao abrigo do PAEF (Pacto de Agressão), já foram alcançadas»! Recusando a privatização das Águas de Portugal, da RTP e da CGD (aparentemente de acordo com a venda dos Seguros) para o PS, nada a dizer às privatizações em curso da TAP, CTT, e etc.! Mas como se podia opor, o partido que mais privatizou em Portugal e que as tinha todas inscritas no PEC 4?

A reforma do Estado. «O PS defende uma reforma de Estado que garanta a sustentabilidade das suas funções»! O PSD e o CDS não dirão melhor! Faz-se, sem despedimento de trabalhadores? Não se sabe, pois «O PS volta a apresentar a sua proposta, entregue em Novembro do ano passado no parlamento.» Mas como ninguém conhece o que o PS apresentou em Novembro, a ignorância é total! E desta vez esqueceram-se de «não esquecer a regionalização» (Documento de Coimbra).

Sistema político. Numa nova versão da «modernização dos sistemas eleitorais» (Documento de Coimbra), o PS/A J Seguro fala no Compromisso, de uma «Maior confiança no sistema político, nomeadamente, através da alteração da lei eleitoral para a Assembleia da República» em nome do argumento fraudulento de «uma maior aproximação entre eleitos e eleitores». E fala também de «combate à corrupção e à opacidade dos negócios públicos» sem qualquer referência à questão das incompatibilidades dos deputados ou da inversão da prova no enriquecimento ilícito!

Uma novidade. O PS quer «uma revisão da Lei de Enquadramento Orçamental que melhore a percepção pública do esforço contributivo e da aplicação dos dinheiros públicos; que aumente as condições de escrutínio da execução orçamental e do seu controlo, e que reforce as regras de consolidação orçamental» (Óscar Gaspar, assessor económico de A J Seguro e um dos negociadores da “Salvação Nacional», Público, 24 de Julho)! Notável! A Lei (n.º 97/2001 de 20 de Agosto) teve a 5.ª alteração em 12 de Janeiro de 2011, da autoria do 2.º Governo PS/Sócrates, e que só passou pelo acordo de PSD e CDS (voto contra do PCP), acabou no OE, com o chamado Mapa XV do PIDDAC regionalizado, exactamente o Mapa que permitia ao comum dos cidadãos perceber o que estava programado fazer no seu distrito com os dinheiros públicos, e aos deputados acompanhar esses investimentos. Isto é, perceberem qual era a «aplicação dos dinheiros públicos» e fazer «o escrutínio da execução orçamental»! Admiráveis almas arrependidas…

A política de alianças na versão PS e uma cristalina confissão
Assistimos a apelos a «humanistas, sociais-democratas, democratas cristãos» e referências a possíveis acordos de incidência parlamentar da esquerda à direita, mais à esquerda talvez nas ditas questões fracturantes, mais à direita, naturalmente, a política económica e laboral. Mas depois tivemos alguns esclarecimentos.

Carlos Zorrinho, líder parlamentar: «Há mais convergências com o CDS e o BE do que divergências e há mais divergências com o PSD e a CDU do que convergências» (Expresso, 22 de Junho). Depois um porta-voz (João Ribeiro, candidato à CM de Setúbal) defende que o combate ao PCP «é tão ou mais importante» que o combate à direita! Depois ainda, Óscar Gaspar, a propósito da «Salvação Nacional», insiste: «É público e notório que algumas das posições mais recentes do CDS se aproximam daquilo que o PS defende». Será preciso acrescentar mais alguma coisa à carta?

Aliás, toda a gente (excepto alguns bem-aventurados da esquerda) vê que é o CDS que está na fila! Ninguém como João Machado, presidente da CAP, expôs com mais clareza o papel do CDS na «alternância». Diz João Machado (Jornal de Negócios, 29 de Abril): «Não sou apologista de governos do bloco central (...). E acho que em democracia não devemos esgotar todas as alternativas de uma só vez. O PS e o PSD devem ir à vez para o governo, deixando como alternativa da democracia o outro partido na próxima eleição». Pergunta o jornalista: e o CDS? «O mesmo não digo do CDS. O CDS pode ser um aliado de ambos os partidos. O CDS pode estar em governos alternativos dos dois partidos (...)»!"

Agostinho Lopes, in "O Militante"
 Com este post termino o a publicação do texto de Agostinho Lopes. Para a eventualidade de o querer ler seguido e sem qualquer interferência minha, pode fazê-lo aqui, nas páginas da revista "O Militante"

"Como se fabrica uma alternância" - 3 (O cirúrgico apagamento do PCP )


Já havia que bastasse, mas chegaram mais. E por se tratar de uma onda, percebe-se que há poderes tremendos e competências que fazem de Goebbels um menino de coro.
Mas terão uma tarefa frustrada, maior será a onda do povo!
"É, tem sido, um objectivo estratégico e um esforço persistente da «alternância», do PSD, PS e CDS, das forças de classe do grande capital, a negação do PCP como possuidor de um projecto de política alternativa contraposta à política de direita. 
Na incapacidade de o aniquilarem como partido, nomeadamente pelo voto, pelo «abraço de urso» (expressão corrente para designar a aceitação de coligação com a social-democracia/PS para se comprometer com a política de direita), pela tentativa de divisão partidária, pela desfiguração política-ideológica, muitas outras formas e meios têm sido postos em prática. 
Esse esforço, sistematicamente desenvolvido ao longo dos anos pelo PS, PSD e CDS, tem sido coadjuvado por «especialistas»/politólogos, comentadores e articulistas, e pelos principais órgãos de informação – grande imprensa diária, canais de radiodifusão e televisão, inclusive os de propriedade pública. Com todo o suporte e apoio da oligarquia financeira… que os controla! 
Avultam também as propostas legislativas para alterações do sistema eleitoral e de representação institucional, visando uma bipolarização partidária, ou bipartidarização, como nos EUA, Reino Unido, etc. 
O eclipse do PCP, pela anulação da sua presença e visibilidade no campo mediático, é outra constante. Não é um problema de hoje. Mas a percepção (e o risco) de que a sua influência/expressão eleitoral pode crescer, e a consciência (não assumida e menos ainda explicitada) da sua razão histórica relativamente à crise que assola o País, tende a ampliar a sua marginalização, silenciamento, obscurecimento no campo político-mediático. Assim, a par da presença de alguns deputados em rubricas regulares de debate televisivo e radiofónico, e da (em geral má) cobertura das iniciativas do Secretário-geral, o PCP está quase completamente ausente noutras versões mediáticas do confronto e comentário político. Outras são as escolhas do sistema mediático: as que servem a «alternância»! 
É extraordinário que a situação não levante nenhum problema ou suscite reflexão aos que regularmente, por profissão ou estudo, opinam sobre estas coisas, mesmo se está longe qualquer ideia de que tal poderia ser preocupação da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERCS)! 
A crise e o estado a que o País chegou confirmam inteiramente as razões e a justeza das análises e combates realizados pelo PCP nas últimas três décadas. O que constitui um enorme património político do PCP. 
Razão quando, a 5 de Abril de 2011, antes ainda do pedido de intervenção estrangeira pelo Governo PS/Sócrates, acompanhado pelo PSD e CDS, e empurrados pelos oligarcas da banca, reclamou a renegociação da dívida externa. 
As razões e a justeza das análises e combates do PCP são particularmente visíveis (para quem queira ver!) em três vertentes. Nas consequências da adesão à CEE/UE e (posteriormente) na aprovação do Tratado de Maastricht, entrada na UEM e adopção da Moeda Única/Euro. Nas políticas que fragilizaram e reduziram a produção nacional. Na tese de que a recuperação capitalista (monopolista, latifundista e imperialista) seria acompanhada, inexoravelmente, pela degradação do regime democrático de Abril. 
Vale a pena sublinhar que a política de direita e particularmente a política de privatizações, com a reconstituição plena do sistema dos Grupos Económicos Monopolistas, conduziram a uma situação em que quem determina a política nacional é cada vez menos o povo português, mas os que ilegitimamente se apropriaram de alavancas fundamentais da economia portuguesa. A degradação do regime democrático de Abril é indissociável do processo de domínio dos principais grupos económicos monopolistas sobre a sociedade e a vida dos portugueses. A corrupção é indissociável da promiscuidade dos grandes negócios com o poder político, da violação do princípio constitucional de subordinação do poder económico ao poder político. 
É evidente que aquele património político é um enorme engulho para os beneficiários da «alternância». É por isso que se procede ao prático apagamento do PCP.

Não o fazer significava reconhecer as razões dos alertas do PCP, significava reconhecer as verdadeiras causas pela situação de desastre em que o País se encontra, e não as falsas «narrativas» que justificaram a subscrição do Pacto de Agressão. 
Não o fazem porque seria igualmente reconhecer o erro absoluto das políticas em curso, para abrir caminhos à saída da crise. 
Vale a pena referir o caso do euro pela sua actualidade. O euro/UEM, pelo seu papel central nas causas da crise do país e por ser o elo principal de teias económicas e políticas que amarram o país à crise, constitui um autêntico nó górdio no desatar das necessárias respostas, e está hoje no centro dos debates políticos. Sair ou não sair, e se sim, como, ganhou uma evidente centralidade nos media. Nesse debate procura fazer-se tábua rasa do «património do PCP», pelo silêncio (a forma mais grave) e/ou pela deturpação do seu posicionamento. Uma fórmula recorrente é o destaque de uma autoridade académica (hoje) reconhecida, como João Ferreira do Amaral, que se opôs à adesão ao euro (e cuja intervenção sempre valorizamos), atribuindo-lhe o monopólio dessa posição. 
Alguns exemplos. Fernando Madrinha, no seu habitual artigo no Expresso (2 de Julho/2012), destaca uma entrevista de João Ferreira do Amaral na SIC-Notícias, sob o título «Uma voz solitária». Clara Ferreira Alves, na Revista do Expresso (4 de Maio/2013), com capa dedicada ao «Vamos sair do euro», entrevista João Ferreira do Amaral. Ana Sá Lopes, Editorial do Jornal i (6 de Junho/2013): «Euro: debater a saída é muito bom». 
Foram vãs as tentativas de que fossem publicadas cartas corrigindo as erróneas afirmações, nem os seus autores deram qualquer resposta às missivas que lhes foram dirigidas! 
É inumerável o chorrilho e admiráveis os nomes dos que descobriram os malefícios do «euro», sem nunca lhes vir à memória o que disseram no processo da adesão e o que disseram das posições do PCP. Pensa na saída do euro Pedro Santana Lopes: «Por mim sempre fui um céptico»! Fala da «ilusão da adesão ao euro» José Manuel Fernandes, director do Público durante anos! Ou Bagão Félix, para quem o euro «É um erro de palmatória»!
Agostinho Lopes, in "O Militante" (continua)

22 outubro, 2013

"Como se fabrica uma alternância" - 2 (A negação da alternativa política e da política alternativa)


"A negação da alternativa política e da política alternativa", bem explicada no texto de Agostinho Lopes, tem como pano de fundo a não admissão do erro de Portugal ter aderido à então CEE nas condições em que assinou o Pacto de Adesão. Admitir tal erro seria, para o PS, o colocar em causa todo o papel que desempenhou até aqui. É paradigmático ver Rui Machete ao lado de Soares. Mas desenganem-se os que julgam estarem hoje em campos que representem alternativas: Soares jamais admitirá que se ponha em causa a grande bandeira e o sonho europeu, e o seu extremar de linguagem é apenas uma forma, hábil, de deixar em aberto, ao PS, a alternância de um seu governo com a negação de politicas alternativas que lhe ferissem o passado.
"Na fabricação de uma «alternância» afirma-se uma dupla negação: negar a existência de uma política alternativa e negar a existência/possibilidade de uma alternativa política, que depois se desdobram em múltiplas variantes, na assumpção de diversas máscaras.

Uma primeira corresponde a fazer passar as políticas da «alternância» por política alternativa. Mascarar as suas propostas e programa, nomeadamente sobrevalorizando os pormenores, relevando diferenças secundárias, empolando as formas para esconder a identificação dos conteúdos, a defesa dos mesmos interesses de classe. Desvalorizando a política de alianças assumida, ou mesmo o significado de uma proclamada indefinição, ambiguidade.

Mas, essencialmente, anunciando uma pretensa mudança de políticas através da mudança dos protagonistas, do partido do governo, dos ministros (a invenção do «governo sombra»), do 1.º Ministro. Aqui, desempenha um papel central a mistificação eleitoral da «eleição» do 1.º Ministro, onde se concentra, polariza, todo o «conteúdo» da mudança de política prometida pela «alternância».

Outro discurso promotor da «alternância» passa por encerrar, subsumir as possibilidades de reais alternativas políticas, no anel de ferro da «salvação nacional», do «consenso nacional, superpartidário». Em nome de um suposto «interesse nacional», abstractamente enunciado, acima das classes, das ideologias, dos partidos, tenta-se anular o contraditório, a diferença político-ideológica.

Discurso e políticas que, estranhamente (ou talvez não), em nome da «salvação nacional» põem sistematicamente em causa o único «consenso nacional» existente e escrito, a Constituição da República, e atentam contra a soberania e independência nacionais.

Por outro lado, na negação, desvalorização da existência/possibilidade de uma alternativa política, de uma alternativa de governo (às que encarnam a «alternância»), isto é, da possibilidade de uma convergência de forças sociais e políticas susceptível de configurar um governo para uma política alternativa, a negação desta é um elemento fundamental. Se não há política alternativa, não há corporização possível de governo para a realizar! Só pode existir governo para realizar a política possível, a da «alternância»…

Outra fórmula para eliminar a alternativa política (à alternância) é a aniquilação (mediática/política/semântica) de alguns dos seus possíveis constituintes, com a insistente invocação dos «partidos do arco da governação», do «arco do poder», isto é do PSD, PS e CDS.

Mas o eixo central da negação de uma possível e verdadeira alternativa política tem sido a tentativa de apagamento do campo político-mediático de um potencial protagonista, o PCP."
Agostinho Lopes, in "O Militante" (continua)

21 outubro, 2013

"Como se fabrica uma alternância" - 1 (Introdução)

É espantosa a "arte" desenvolvida, bem como a diversidade dos "artistas", que estão neste processo que assegura a alternância governativa, desde a revolução de Abril. Agostinho Lopes escreve, a propósito, um artigo onde disseca o tema, o qual me proponho aqui divulgar em sucessivos posts, de que este é o primeiro, de introdução. 
Uma regra de ouro de tal "arte" e dos "artistas" é fazer crer que existem apenas duas realidades: aquela em que uma parte deles afirma a tese de que os problemas, todos os problemas e dramas, resultam do último governo ter perdido o tino; a outra, aquela em que os ex-governantes acusam o governo em funções de ter destruído, ao governo destituído, o projecto e o caminho. Há 40 anos que andamos nisto...
Para ser mais claro: Sócrates insiste  que se chegou a este ponto porque o PEC IV não foi aprovado, exactamente quando o país ia ser salvo; Passos insiste que estamos neste estado porque Sócrates levou o país à ruína, que o que está fazendo é a única forma de o salvar e a fazê-lo entrar no bom caminho. Na expressão simples do mar das reciprocas acusações perde-se a clarividência de se estar num processo, antigo, velho, repetitivo. Há artes de se tirar a memória às pessoas e o discernimento de que estamos num ciclo que se repete e durante o qual se arquitecta a repetição e, pasme-se, mantendo os figurões. 
Entre os partidos da "alternância", não há cadáveres políticos... Andam todos aí, zumbis muito vivos e até garbosos, dispostos a levar até ao fim a premonição de Natália Correia, se os deixarmos.
Próximo post: "A negação da alternativa política e da política alternativa"

20 outubro, 2013

Geração sentada, conversando na esplanada - 36 ("Medo" e mau gel)

(ler conversa anterior)
Este espaço tem sido dedicado a uma leitura obrigatória de domingo. Hoje não.  Eu sei, eu sei, o disco referido é a nossa memória e é muito belo... Mas por isso mesmo as metáforas de Gonçalo são um exercício (hoje) escusado. Deixo, sobre os joelhos, a revista aberta... 
Na esplanada não faltava ninguém, nem o sol. As conversas delas iam das noticias do dia ao mau estado das unhas da Teresa - que após breve discussão, terão todas concluído ser imputável à má qualidade do gel. O senhor engenheiro afagava, silencioso, o seu cão rafeiro. Desliguei-me da atenção que lhes tinha dado. A mente foi-me povoada por um fado e voltei à leitura da revista para decifrar metáforas... 

19 outubro, 2013

Crónica de um dia com história, contada pelo "maceta"

Três imagens ligadas, porque eu acho porquesim e hoje foi um grande dia...
A maior parte dos cronistas e colunistas, escrevem. Há outros (poucos) que desenham e pintam. Fazem-no diariamente. Acho que o "maceta", com a sua caixa dos pregos, tem essa capacidade (e arte) de desenhar e pintar avinagradamente, tudo o que a gente sente, vai sentindo e vendo, na contagem de cada dia que passa. 
Aproveitei o dia de hoje em que aconteceu a antecâmara do que se espera que aconteça (e vai acontecer, tenho a certeza) 

17 outubro, 2013

Diário de um eleito (1)

Num longo instante, aconteceu: todos os eleitos foram empossados e seguiram-se as votações. Foi uma cerimónia, sem o ser. Foi um acto sem dignidade. Nem fotos, nem palmas, e o público, desistindo de estar naquelas condições, foi partindo (talvez) com a consciência de não ser querido. 
Tinha pensado o que passei a escrito e depois dito: que a previsibilidade, se antes era um valor pouco reconhecido, hoje deve alargar o léxico das palavras a que é necessário dar valor redobrado. Honestidade. Trabalho. Competência. Previsibilidade. Isso!, valores a preservar! 
O imprevisível, a surpresa, gera a incerteza, a trapalhada... A previsibilidade gera a Confiança e o saber com o que se pode contar.
Vale a pena dizer que a imprevisibilidade também acontece quando se encontra quem menos se espera... o nosso encontro ali foi uma surpresa para mim, para a pessoa encontrada, encontrar-me a mim,  não o foi. Eu, passe a imodéstia, sou previsível!
O meu discurso de tomada de posse, foi, no cinzentismo da noite, um discurso com alguma cor e que recordarei mais pelo texto do que pelo desempenho e forma como foi dito. Recordarei, por isso, que quem está lesionado "não deve entrar no relvado". Entrei. Fica a memória de ter entrado, naquele estado... 

14 outubro, 2013

Medo, medos... (6)

Depois de criança, o medo é o que resta numa mente mal desperta, adormecida, submissa... O medo nunca cresce por dentro, mas é por dentro que tolhe e imobiliza. 
Sair do medo não tem qualquer segredo: frequentemente basta um acto de coragem!
(ontem ao folhear "este livro" tropecei nesta página e nos comentários de amigos)

13 outubro, 2013

200 000 visitas! Talvez acompanhem como me acrescento ao que vou escrevendo...

(clique na foto para aumentar)
Hoje é um dia em que olho para este espaço como se fosse um livro inacabado, um diário onde dia-a-dia me acrescento e me exponho. Folhei-o sem procurar mais nada do que reunir argumentos para explicar a razão de ser de acto persistente de ir registando poemas, conversas, lutas, gritos, ironias, tempestades, vontades e tentar fixar essa fugidia imagem do real que nos vai escapando (ou esquecendo). O Google ajuda: escrevo "Conversa Avinagrada" no alto da página da pesquisa e, logo de seguida, desfila um passado recente recheado de gente e de apontamentos que vão determinando a sua história. Do outro lado, relembro gente amiga que me visita e, por vezes, comenta. A esses uma palavra destacada: obrigado pelo incentivo.

E por aqui continuarei como posso e sei, sem esquecer que este "meu acto de cidadania é um constante (e militante) apelo à resistência...", com interregnos para coisas belas!

12 outubro, 2013

Brincar com as palavras é tão importante como o comer: dá saúde à alma e ajuda-a a crescer!

Estão os dois, ele e ela, agarrados à tigela. O ritmo da colher é cadenciado por cada verso rimado. Rima que rima, num rema que rema e lá se vai o caldo...   
A "minha-mainova" descobriu um  livro que brinca com as palavras. O Diogo avançou: "o avô lê". Vá se lá saber porquê...  

11 outubro, 2013

A ponte suspensa aguenta... não se aguenta a Democracia suspensa!

A ponte aguenta, o país é que não! Espera o quê?
"Convergência de pensões públicas e privadas. Cortes nas pensões de sobrevivência. Regime de mobilidade na nova versão. Cortes salariais dos trabalhadores do Estado. Horário de trabalho de 40 horas. São os cortes na despesa confirmados nas oitava e nona avaliações para se cumprir o défice de 4% em 2014 e preparar o país para o famoso pós-troika. Medidas que, sem excepção, vão parar ao Tribunal Constitucional e que, pela prática anterior, arriscam ser chumbadas pelos juízes do Palácio Ratton. Há um plano B do governo aos chumbos? Não. Há um plano B do Eurogrupo aos chumbos? Não. Portugal recebe a tranche de 5600 milhões em Novembro com os chumbos? Não. A partir daí o caldo está entornado, como afirmou o presidente da Comissão Europeia este fim-de--semana no Algarve. Outra vez entornado. E mesmo um dramático segundo resgate não é automático. O governo tem de o pedir e os estados-membros do Eurogrupo têm que o aceitar. Ainda por cima, disse ontem um alto responsável do Eurogrupo, o Tribunal Constitucional português, ao contrário de outros, "é activista relativamente aos funcionários públicos e às suas condições de emprego". Por outras palavras, é um tribunal político que toma decisões em função da ideologia da maioria dos seus juízes."
Ler tudo aqui 

09 outubro, 2013

Poesia (uma por dia) - 59


À Dona Elite de Oligarquia SA
(Em verso eneassilábico)

Das migalhas que ao povo deixava
Dona Elite, pensando melhor,
Entendeu que era muito o que dava
E que, ao povo, sobrava vigor,

Porque, quando a migalha abundava,
Ele podia crescer, ser maior
E atraver-se a sonhar que mandava
Em si próprio, apesar de “inferior”…

Dona Elite, prevendo o pior,
Sem cuidar do que, ao povo, faltava
Foi comendo o que, a si, lhe sobrava;

Comeu pobre e criado e senhor
E, por fim, sem notar quanto inchava,
Engoliu quanto mundo restava

Até ver que mais nada, em redor,
Preenchia o vazio que gerava
E onde inútil, rotunda, orbitava

Em função do seu próprio fedor…

Maria João Brito de Sousa

07 outubro, 2013

Soares dos Santos, a dívida e a produção nacional...

Hoje, perto de mim, numa loja do "merceeiro" havia fruta da época, à farta (mas não barata). As uvas tinham origem espanhola e as laranjas eram do Zimbabwe... e depois (no site de vendas on-line) ainda vem com a ironia que a "Descrição" assinala. Vergonha?, nem pisca... como já é sabido.

NOTA: No portal de vendas on-line o Pingo Doce omite a origem dos produtos...

06 outubro, 2013

Geração sentada, conversando na esplanada - 35 ("esse comboio perigoso que aí vem")

(ler conversa anterior)
"Como se trava o comboio que avança para o sítio errado? Com um obstáculo.
Quando o desespero avança rápido demais, eis o que deves fazer: colocar um obstáculo entre ti e ele (esse comboio perigoso que aí vem).
Mantém-te, portanto, assim como estás: com um desespero médio. Estar vivo é mais ou menos isso."
Gonçalo M. Tavares - Hoje, Notícias Magazine 

Depois de ter chegado e ser efusivamente saudado (é pela ausência que percebemos quanto somos queridos) cada um ficou para seu lado gozando o sol ou, a coberto dele, a leitura. Ninguém, durante minutos longos, tomou a iniciativa de lançar conversa. O rafeiro do senhor engenheiro, já tinha a sua dose de queque e olhava, de olhos semicerrados, a ponta da bengala que o velho engenheiro ia batendo no chão, repetidamente, pensativo e com o rosto cerrado... Perto dali a Gaby era uma das que usufruía o dia e ia navegando na net, como sempre faz com o seu iPad em riste.  
- Esta gente não pára, agora a margem sul vem invadir Lisboa... não podem ganhar mais uns míseros votos, e aí estão eles...
- Invadir Lisboa? 
- Sim!, já viram a convocação da CGTP, querem fazer a ponte a pé!
- A ponte a pé?
O velho engenheiro interrompeu o seu gesto repetido do bater com a bengala e disse com voz calma e martelada 
- A Ponte-a-pé! A pontapé, é o que é! O pontapé que essa gente merece... Não fosse eu tão velho e trôpego e lá estaria... tivesse eu a idade da menina...
Ia eu a falar mas calei-me perante a entrada enérgica da Teresa
- A essa gente, como dizes, os ganhos eleitorais não sobem à cabeça! A "Marcha" é uma manifestação de resistência!
- Resistência?
- Sim de resistência!, o que que tu achas que vai ser o próximo orçamento? 
- Sei lá eu de orçamentos... eu quero é paz e sossego... 
- Paz e sossego não vais ter tão cedo. E por medo não te adianta ter um "desespero médio"...
A Gaby, sentindo-se desapoiada, calou-se. E certamente todos ficámos a pensar que não é mera coincidência as datas de 15* e de 19. A CGTP mobiliza para resistir ao "comboio perigoso que aí vem" e... vamos ver se descarrila.

*Dia 15 de Outubro é a data limite de entrega do Orçamento na Assembleia da República e 19 o dia da manifestação

05 outubro, 2013

Redacções do Rogérito 16 - "Carta à senhora dona República [2ª via, com as necessárias actualizações]"

Querida senhora dona República escrevo-lhe esta segunda via que é quase igual à carta já mandada por saber que  continua suspensa e afastada que o que hoje lhe fazem continua a ser uma macacada pois depois da bandeira ao contrário vem agora a primeira figura do estado dizer que é preciso revitalizar a mensagem de Abril que já nem sei qual se a do emeefeá se a daquele general que também estava lá e que era um tal estorvo e que acabou por ser corrido pelo povo.
Querida senhora dona República eu estou animado com os resultados das eleições e o povo vai despertando só que é lento como ó caraças e enquanto não acorda todo está entregue a estes reaças que querem impedir que sejas o que tu há tantos anos nasceste para ser.  
Querida senhora dona República também lhe quero dizer que continua a haver gente a valer e são pessoas que vão fazer o que o presidente foi dizer não por ele o ter dito mas porque está revoltado e aflito e que tu querida senhora dona República tens que te orgulhar de haver quem assim resolve lutar e não ficar quieto que quietos são os que estarão ainda adormecidos ou de si esquecidos.

Querida senhora dona República não desanime nem emigre nem pense em se afastar de nós pois que nós andaremos sempre consigo pois o povo unido jamais será vencido e o que custa mais é o começo  pois depois voltaremos tudo do avesso e reiniciaremos o interrompido.

A bem de si, agora e sempre
O Rogérito, presente

04 outubro, 2013

Equilibrando o desequilíbrio, ou a procura da normalidade... 2


Passado todo este tempo sobre o acontecido e ali estava eu, na sala apinhada aguardando a chamada. Enquanto se espera para ser chamado a atenção é dispersa, mas sempre se olha os que também esperam e se é atraído a pensar sobre o que estarão pensando. Percebo que é mau para mim fazer, no meu estado desequilibrado, tal exercício.“Cada pessoa é um abismo. Dá vertigem olhar dentro delas”. Mesmo que não alinhe com pensamentos "freudianos", desviei, por precaução, a atenção e o olhar e peguei numa daquelas revistas que sempre existem nos hospitais... não abri uma página, o meu nome sou e a voz anunciou o gabinete onde me dirigir. Descrever o que se passou dentro daquele consultório dava para texto mais extenso, mas resumo: o médico deu-me um tratamento que devia dar ao mundo. Isso mesmo, para recuperar o equilíbrio, dois safanões e uma brusca reviravolta. Exactamente o que o mundo precisa. 
Acho que estou melhor!

02 outubro, 2013

"...Oeiras – apesar dos sucessivos destaques como concelho com alguns dos melhores índices de qualificação académica da população – é o concelho com a pior cobertura pública do pré-escolar (apenas 20% do total) de todo o país."

Eu, o "Conversa Avinagrada" conheci "A Educação do Meu Umbigo
(Daniel Branco sorriu com esta descida do virtual ao real...)

Não podia perder... Mesmo que não fosse candidato, não podia perder... impunham-se-me várias motivações (e não falo das decorrentes daquela condição e acto de cidadania) designadamente o meu já tão documentado interesse pelas questões da educação e dos jovens, dos meus recados aos netos e desse outro não desligado facto de ser seguidor do moderador (blogue "A Educação do Meu Umbigo"). Isso mesmo: Paulo Guinote foi moderador de um debate entre candidatos, em Oeiras. 
A sessão? A sessão, foi (quase) como ele lá reportou...