09 março, 2014

Geração sentada, conversando na esplanada - 55 (Jornalismo de merda - assim mesmo, sem aspas)

(ler conversa anterior)
... Vários anos volvidos, a RTP enviou para Kiev um seu funcionário para fazer a reportagem dos acontecimentos que agora estão a ter lugar. Não há palavras para descrever com rigor o seu desempenho desde que chegou a Kiev. Ele escamoteia factos essenciais que hoje já todo o mundo conhece, como a identidade política dos atiradores furtivos; ele não presta a menor informação sobre a composição do poder político saído da Praça Maidan, quando hoje já toda a gente conhece o curriculum dos participantes desse governo; ele fala da Ucrânia como se a Ucrânia fosse apenas Kiev ou até mais limitadamente a Praça Maidan, omitindo propositadamente a realidade complexa do país; ele esconde as medidas que o governo saído do golpe já tomou relativamente à parte que não o apoia; ele não dá a menor informação sobre o que pensa e o quer a outra parte da Ucrânia. Em suma, ele foi para a Ucrânia numa pura missão de propaganda tão inútil quanto estúpida, porque com os meios de informação que hoje estão para todo o mundo à disposição de um clik é perfeitamente possível saber o que ele tenta esconder. Mas nem por isso o protesto deverá ser menos vigoroso, quanto mais não seja por ele lá estar à nossa custa na prestação de um serviço público que vergonhosamente deturpa com o seu facciosismo vulgar.
J.M. Correia Pinto, in "Politeia"
 Ainda há jornalismo decente - dedicado, objectivo, honesto - daquele que reporta factos sem usar adjectivos nem tirar conclusões. E depois há o jornalismo de merda - assim mesmo, sem aspas - como o de José Rodrigues dos Santos, o enviado especial da érretêpê à Ucrânia. Não tem nada a ver. 
Fernando Campos, in "O Sítio dos Desenhos"

O sol amigo não compareceu e a manhã estava cinzenta. Todos estavam. As professoras falavam entre si, excepto a Gaby, que falava para o seu iPad como se conversasse com gente. "Não tem nada a ver!" dizia de si para si. Eu e o velho engenheiro trocámos olhares na cumplicidade, pois já tínhamos lido. Mantivemo-nos calados talvez esperando a pergunta óbvia que a Gaby iria lançar. E lançou: "Vocês lembram-se do Carlos Fino?"
Ninguém lhe respondeu, e ela parecia também desligada da resposta pois a tinha no próprio texto, bastava abrir o link que a levava ao "Politeia"...

9 comentários:

  1. ... a "minha" - muito raramente, agora... - esplanada é mais "pobrezinha" do que a tua, garanto-te!


    Abraço!

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  2. Manter os outros na ognorância convém a tanta gente...
    Espreita aqui:
    http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt/2014/03/o-inviado-da-erretepe-ucrania.html
    A referência é a mesma que a tua mas tem um desenho adicional que é uma delícia!

    Beijinhos Marianos, Rogério! :)

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  3. Manter os outros na ognorância convém a tanta gente...
    Espreita aqui:
    http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt/2014/03/o-inviado-da-erretepe-ucrania.html
    A referência é a mesma que a tua mas tem um desenho adicional que é uma delícia!

    Beijinhos Marianos, Rogério! :)

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  4. O JRS é um verdadeiro artista da manipulação noticiosa. Ponto.

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  5. O nosso jornalismo anda pelas ruas da amargura, como muita coisa neste país.

    bj

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  6. que dizer-te? jornalismo de MERDA...

    abraço fraterno

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  7. RTP, SIC ,TVI, todas elas agora só tem disto.


    beijinho

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  8. Como é que o rapaz pode dar conta do recado se tem os bites todos ocupados no próximo "best seller"? Tem muito papel na cabeça.
    Há uma tendência parva no "jornalismo" televisivo. Mandar um "repórter" ao sítio da notícia para fazer de boneco que não acrescenta uma vírgula ao que foi repescado de uma qualquer agência noticiosa.

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