30 setembro, 2014

Em Investigação, o País entra com Moedas e... obterá uns trocos


...trabalhei “cada dia, cada hora, cada segundo para eliminar barreiras, eliminar procedimentos e criar novas oportunidades para as pessoas”
Disse o "investigador" agora investido, defendendo que aprendeu e irá repetir a experiência nos domínios da ciência... 

«É muito importante, para o povo português, não estar na moeda única mas sair dela pode ser perverso se, tal como na entrada, a correlação de forças sociais possibilitar (ou não impedir) que essa saída seja aproveitada para mais destruir Abril e as suas conquistas e abertura para o futuro.»

Sérgio Ribeiro, aqui

Até pode ser que não se negocie a saída, até pode acontecer que o país não se veja cuspido ou até mesmo mesmo que o euro não se derreta. O que não deixamos é que a discussão disso seja metida no fundo da gaveta. O texto é longo? Contudo, é bem mais curto que o profundo silenciamento a que se remete o assunto... não conseguirão calar vozes que, em coro, se levantam:
"PCP anuncia hoje (domingo passado) que apresentará, na próxima terça-feira (hoje), na Assembleia da República, um Projecto de Resolução com uma proposta integrada para resgatar o País da dependência e do declínio, visando fixar os calendários, as condições e as opções da política nacional com vista: à renegociação da dívida, compatibilizando-a com o direito ao desenvolvimento; à criação de estruturas nos órgãos de soberania para preparar o País para a saída do Euro, favorecendo o desenvolvimento nacional e salvaguardando os interesses e as condições de vida dos trabalhadores e do povo; e à adopção de medidas que conduzam a um efectivo controlo público do sector financeiro, colocando-o ao serviço dos interesses do País e dos portugueses e não da especulação e da acumulação privada.

29 setembro, 2014

Já lá estava isto, mas insisto: "Essas estruturas, onde todos têm razão quando estão acima e não a têm quando estão abaixo, realizam uma espécie de ideal humano feito de equilíbrio entre arrogância e humildade"


A nulidade exige ordem. Tem necessidade de uma hierarquia, de meios de pressão, de agentes e de uma finalidade que se confunda consigo própria. Para manter o ser humano no seu nível mais baixo, onde não corre o risco de fazer ondas, nada melhor que uma organização estruturada com níveis de poder e peões disciplinados capazes de os exercer. Qualquer estrutura deste tipo aguenta-se de pé devido à convicção geral de que não é necessário explicar para se ser obedecido, nem compreender para obedecer. (...) As nulidades fornecem as melhores engrenagens, associando o máximo de inércia intelectual ao máximo de aplicação no exercício de uma ditadura sobre a pequena porção de poder que lhes cabe. Essas estruturas, onde todos têm razão quando estão acima e não a têm quando estão abaixo, realizam uma espécie de ideal humano feito de equilíbrio entre arrogância e humildade. Por muito que o maldigam, as sociedades regressam sempre a esse ideal.

Georges Picard, in ‘Pequeno Tratado para Uso Daqueles que Querem Ter Sempre Razão’
Obrigado, bulimundo

Mafalda, a sectária

Deixa, Mafalda, um dia a tua festa será festejada.
(mas porque raio se iria ela lembrar da França?)

26 setembro, 2014

Poesia (uma por dia) - 71

                              HOMENS DO FUTURO

ouvi, ouvi este poeta ignorado
que cá de longe fechado numa gaveta
no suor do século vinte
rodeado de chamas e de trovões,
vai atirar para o mundo
versos duros e sonâmbulos como eu.
Versos afiados como dentes duma serra em mãos de injúria.
Versos agrestes como azorragues de nojo.
Versos rudes como machados de decepar.
Versos de lâmina contra a Paisagem do mundo
— essa prostituta que parece andar às ordens dos ricos
para adormecer os poetas.

Fora, fora do planeta,
tu, mulher lânguida
de braços verdes
e cantos de pássaros no coração!

Fora, fora as árvores inúteis
— ninfas paradas
para o cio dos faunos
escondidos no vento...

Fora, fora o céu
com nuvens onde não há chuva
mas cores para quadros de exposição!

Fora, fora os poentes
com sangue sem cadáveres
a iludiremos de campos de batalha suspensos!

Fora, fora as rosas vermelhas,
flâmulas de revolta para enterros na primavera
dos revolucionários mortos na cama!

Fora, fora as fontes
com água envenenada da solidão
para adormecer o desespero dos homens!

Fora, fora as heras nos muros
a vestirem de luz verde as sombras dos nossos mortos sempre
de pé!

Fora, fora os rios
a esquecerem-nos as lágrimas dos pobres!

Fora, fora as papoilas,
tão contentes de parecerem o rosto de sangue heróico dum
fantasma ferido!

Fora, fora tudo o que amoleça de afrodites
a teima das nossas garras
curvas de futuro!

Fora! Fora! Fora! Fora!

Deixem-nos o planeta descarnado e áspero
para vermos bem os esqueletos de tudo, até das nuvens.
Deixem-nos um planeta sem vales rumorosos de ecos úmidos
nem mulheres de flores nas planícies estendidas.
Uma planeta feito de lágrimas e montes de sucata
com morcegos a trazerem nas asas a penumbra das tocas.
E estrelas que rompem do ferro fundente dos fornos!
E cavalos negros nas nuvens de fumo das fábricas!
E flores de punhos cerrados das multidões em alma!
E barracões, e vielas, e vícios, e escravos
a suarem um simulacro de vida
entre bolor, fome, mãos de súplica e cadáveres,
montes de cadáveres, milhões de cadáveres, silêncios de cadáveres e pedras!

Deixem-nos um planeta sem árvores de estrelas
a nós os poetas que estrangulamos os pássaros
para ouvirmos mais alto o silêncio dos homens
— terríveis, à espera, na sombra do chão
sujo da nossa morte.
                                                               José Gomes Ferreira

25 setembro, 2014

Abelhespas ou a metamorfose que se foi instalando desde não sei bem quando...


Parte I (15.Jan.2013)

- Que está a pensar com esse olhar tão fixo?
- Espero que a abelha saia dali e me liberte o material para eu poder pensar no que está a acontecer...
- Não percebo!, diga-me isso de outra maneira para que eu possa perceber!
- Estou à espera de poder usar o arame e reconstruir este momento que estamos vivendo...
- Com o arame constrói o pensamento para poder ter a visão do momento?... Olhe, a abelha já voou... Não se importa de eu ficar a ver como constrói a realidade trabalhando o arame?
- Fique. Veja só: pega-se assim, firmemente. Depois vai-se fazendo um pequeno arco, lentamente... mas com força. Repete-se o procedimento e surge aqui à frente outro arco quase igual. Repete-se, e assim sucessivamente, vamos desenvolvendo ciclos e ciclos com o arame...
- Faz muita força de dedos nessa manipulação?
- Neste ponto, já não... e é isso mesmo o que queria perceber... ao principio, para fazer cada ciclo, foi preciso, agora o próprio arame vai-se pondo a jeito... parece estar viciado e isso favorece a forma que lhe vou dando...
- Percebo! A partir de um dado momento os ciclos desenvolvem-se com o vício da forma inicial que foi dando...
- Isso mesmo! O arame, depois de bem manipulado, quase que automaticamente assume a forma pretendida... é uma espiral... parece uma mola, só que não impulsiona nada. Fica como a vê aqui, parada.
- Olhe, está-se a acabar o arame!...
- Vou passar a fazer círculos de diâmetro mais reduzido. Acho que chegámos ao ponto em que estamos agora...
- Mas... está a voltar atrás?
- Passámos os ciclos viciosos e, à falta de arame... digamos que temos que voltar atrás e reduzir os ciclos que tinham sido maiores. Passo a fazer ciclos recessivos... e, à frente, a fazer ciclos mais reduzidos...
- ...que vão parar?
- Quando não houver mais arame!
- O fim está à vista... foi excelente este exercício! Mas como é que saímos disto?
- Neste momento vamos a tempo... É sair destes ciclos e endireitar o arame... mas com o vício...
- Com o vício?... 
- Só à martelada!
- Acho que é uma boa solução. Procuremos o martelo, então.
(saíram os dois, procurando o martelo)

Parte II (17.Jan.2013)
- Olhe ela voltou!, mas pousou neste outro lado... vai esperar que ela vá embora e voltar a trabalhar no arame?
- Trabalhar no arame naquele momento foi uma decisão errada. Uma metáfora para resultar tem que ser bem trabalhada e usar-se nela o material adequado...
- Escolher o arame foi uma opção errada?
- Não!, errado foi ter metido lá o martelo... em vez de se ter entendido que ele era usado para desfazer os círculos viciosos, todos leram que o que era preciso era desatar à martelada...
-  Os sinais dos tempos sobrepõem-se às intenções edificantes... então e agora?... noto que está a olhar para o belo insecto com o mesmo olhar fixo...
- Estou a tentar discernir se o insecto é abelha ou vespa... Há uma grande confusão à vista desarmada... o que mais se parece com uma vespa é uma abelha, o que mais se parece com uma abelha é uma vespa...
- Tem razão, eu próprio as confundo. Dizem das abelhas que são trabalhadoras e calmas e que as vespas são carnívoras e bravas...
- As abelhas têm uma organização social invejável mas vulnerável... as vespas atacam as abelhas, invadem-lhes os favos e devoram-lhes as larvas. As vespas maiores, mais vorazes, até as comem... 
- Não sabia... agora reconheço a importância de ficar aqui a olhar... mas... como vamos perceber a diferença?
- Primeiro olhamos para reter a imagem, a forma das patas, o abdómen, o tórax... Depois aproximamo-nos. Se nos atacarem, são vespas..
- Aproximemo-nos então!... Olhe, voou e pousou naquela flor...
- Era abelha!
- Era abelha! Podemos recapitular o observado ainda agora?
- Não consigo, tenho um problema de memória...
- E eu de observação... estamos então condenados à confusão... a só perceber quando nos vierem morder...
- Nem mais! O nosso drama é continuarmos sem memória!
- E de observação! Há um vespeiro reunido e muitos ainda julgam tratar-se de uma colmeia!!!

 Parte III (18.Jan.2013)

Os Zzzz´s próprios dos vespeiros eram inteiros e os olhares dos vespas se perdiam pela ornamentação dourada da bela sala, olhando as abóbadas do tecto, como que a inquirir a resposta: "e como fazer, sem que as abelhas acordem e se revoltem?"  Do lado direito, da fila primeira, logo da primeira cadeira, se levantou um vespa. Levava na mão uma pen que inseriu para mostrar um vídeo para ilustrar a palestra. Elevando a voz para que fosse ouvido de modo entendido, disse antes das imagens passarem: 
"Evitemos esta imagem voraz. Evitemos mostrar o que não deve ser mostrado, como hoje soubemos não deixar escutar o que foi dito. Alimente-mo-nos das abelhas de forma menos evasiva, mais...persuasiva. Não esqueçam que temos a vantagem de sermos confundidos e tomados por salvadores e amigos... de estar a cumprir um desígnio...  de este sacrifício ser um imperativo e desse imperativo ter um único sentido: o do extermínio!"

 (findo o vídeo, o orador foi muito aplaudido e depois disso os vespas foram saindo)

Parte IV (inédito)

O favo era amplo, largo. No centro uma mesa igual a tantas existentes no ninho-colmeia, que também pode ser considerado vespeiro. Pousados frente a frente dois abelhespas sorriam-se reciprocamente perante o ar neutro de um outro indistinto insecto. Pareciam ambos pacíficos até deixarem de o ser e a cada um o sorriso desaparecer. Sobre os golpes desferidos não importa a descrição sendo certo e sabido que um vai ser comido. 
Começou a voragem dos abelhespas por eles próprios. 
Cá fora, ouvem-se comentários das abelhas: "Que se devorem uns aos outros. Será a salvação da colmeia."

24 setembro, 2014

A dona Esmeralda e a vizinha do 4º andar, a conversar - (23) [e agora que irão fazer os 150 mil simpatizantes? Uns mandarão a moeda ao ar, outros farão o que já pensaram antes. ]

Vizinha do 4º andar (desolada) - Dona Esmeralda, viu aquilo? Foi exactamente o que ontem eu li, raio do miúdo parece bruxo!...é que blá-blá-blaram mesmo como ele disse que iam blá-blá-blar...
Dona Esmeralda (como se não fosse nada) - Então tire a conclusão que ele tirou !
Vizinha do 4º andar - E qual?
Dona Esmeralda (martelando cada palavra) - "Os bentos já foram, que os Antónios e o Passos lhes sigam os passos!"
Vizinha do 4º andar (em tom de desafiar) - Para depois vir quem?*
Dona Esmeralda (muito calma) - O problema não é de nomes nem das caras, mas de ideias sobre como sair disto. A questão não é "o quem", mas "o como"!
Rogérito (gritando da janela, em tom irónico) - Já o dizia o Jerónimo!
*Esta pergunta foi bisada nos comentários ao post de ontem

23 setembro, 2014

Não, não é um mero bla-bla-bla... é uma forma de adormecer e de, uma vez adormecido, produzirem o comportamento pretendido... Entendido?


Logo, continua a "galhofa" e o povo espera sova. Como numa tourada espera-se uma derradeira estocada, um pega que não seja de cernelha ou um derrote. Até lá, foi um blá-blá, que, segundo o Noticias Magazine, deu aos "candidatos" 165 oportunidades de bla-bla-blar, o que dividido por 7 dias dá uma média marada de mais de 23 aparições em 24 horas. O tempo total somado não tem qualquer significado, pois todos os jornais,  televisões e os comentadores encartados parecem estar comprados e bla-bla-blarem o tempo todo, a usarem, de um lado e do outro, o mesmo disco...
Vai ser mesmo muito complicado sair disto!
Mas... os bentos já foram. Que os Antónios e o Passos, lhes sigam os passos.

22 setembro, 2014

No Brasil, é tão importante saber se ganha ou não a Dilma, como saber se a "Reforma Política" vai ou não acontecer...


Das grandes  manifestações em Junho de 2013 ficou a promessa de Dilma em realizar um "plebiscito constituinte". Isso ficou adormecido até agora acordar. Mais de 100 organizações não governamentais, uniões sindicais e partidos políticos (designadamente o PT e o PCdoB, assim como a maioria dos que apoiam Dilma) meteram agora (em meados do mês de Agosto) ombros à tarefa de desencadear uma ampla acção de massas. A Democracia funciona não só para eleição, vamos ver no que isto dá! 
Não sabe nada disto? 
Por isso eu publico!
«Cerca de dez milhões de pessoas se envolveram em mobilização pela mudança no sistema político brasileiro durante toda a primeira semana deste mês (de Setembro). Durante a semana em que se celebra a independência, organizações e movimentos sociais se articularam para a realização de um plebiscito e para a coleta de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular. (ler mais aqui)
A estação de TV que emite para Cuba, Venezuela, Uruguai e Argentina divulgou a iniciativa apoiada por Dilma. A TV brasileira e a grande parte da imprensa meteu-a no saco... Marina, também! E Ivan Pinheiro expressou recusa!

21 setembro, 2014

Maria, em dia festivo, estimula o processo criativo...

A Maria bem tentava, mas do Diogo não levava nada. Ela bem argumentava, mas o Diogo nada. Depois lá se decidiu responder à Maria: "Eu já tenho cinco anos, sou muito mais crescido... e tenho obra feita". A Maria levou então atrás de si quem convenceu e liderou o processo criativo: Um painel colectivo, onde nem Ema (a priminha mais pequena) se dispensou de participar...


Dentro da casa, outra obra-prima se aprontava.
Depois foi só chamar os "artistas", a anfitriã soprar e fazer coro a cantar para depois partilhar... partilhar e comer o bolo.
Dançaram
Correram
Saltaram... mas
passam depressa os momentos belos.
Regressada  a calma, a Maria voltou ao processo criativo: Apagou o quadro, e fez um primeiro esboço, e outro, e outro.


Feito o estudo, passou à tela tudo.
E como ficou bonito...
Miró, se fosse vivo,
Ficaria com os olhos em bico
Maria Pereira Lopes
Quatro anos, pintados de fresco
______________
Nota - Na verdade, o quadro pintado foi antes dos seus anos, festejados ontem

18 setembro, 2014

Cada vez vez mais tenho a certeza que é a memória curta do povo a justificação para "tudo isto"...

 
"Na intuição, a memória substitui o raciocínio, o que explica porque somos incapazes de justificar as nossas decisões intuitivas: não há nada a explicar, uma vez que recebemos a resposta correcta da nossa memória e não de um raciocínio ou deliberação consciente." -Axel Cleeremans
... e quem tem memória até goza, pois sabe que o que diz hoje, amanhã ninguém se lembra...
 

Escócia: mais tarde se saberá qual a metade dos balões que irão ser esvaziados...

Foto: Andy Rain/EPA

Também, em número de balões, há o chamado "empate técnico". Enquanto não se sabe quais os que irão ser (de momento) esvaziados, leiam o texto que dá a conhecer o contexto. Deixo, dele, apenas um cheirinho, e é assim:
«A cautela europeia em relação a este assunto decorre da sua delicadeza, mas não só. Esta é uma questão com um enorme potencial de contágio, cujo alcance ninguém é capaz de prever ao certo.» 
Adensam-se os tempos de incerteza, por essa Europa afora... 

16 setembro, 2014

O Governo de Dilma é "Um Governo Patriótico e de Esquerda"?


Em política, se não resolve a razão, manda a intuição. Por intuição (e pelos apoios recebidos, todos por mim queridos) a resposta à questão em título já é sim.
Mas vejamos se essa intuição bate com a razão que apreendo do que vou vendo, ouvindo e lendo, não podendo, por isso, ignorar. Admito não ser fácil, numa realidade complexa com é a brasileira. Desde logo porque existem dois partidos com nomes próximos e posicionamentos muito diferentes:
E é (tem sido) o Governo de Dilma um Governo Patriótico e de Esquerda? Se não é, parece tanto, que mais vale considerar que o seja. Mas para além de parecer, basta ver como é atacado, por todo o lado. Basta ver como resiste a dar autonomia ao Banco Central do Brasil... Basta ver como não se afasta do movimento popular de massas... Basta ver como trata as pressões do FMI e fecha a porta ao Banco Mundial... Basta ver como tem desenvolvido políticas de «melhoria das condições de vida de milhões de brasileiros e na afirmação soberana do Brasil, contribuindo para a emancipação da América Latina e Caraíbas da alçada dos EUAe para a dinâmica dos BRICS»” 

E sobre a política externa e a importância de Dilma, Beth de Carvalho me acompanha, embora não refira, em detalhe, o seu apoio a Cuba e à Venezuela, de Nicalás Maduro...

Sim, a candidatura de Dilma é uma candidatura que dará continuidade a "Um Governo Patriótico e de Esquerda"! Não, não é (ainda) socialista. Disso tenho a certeza (mas não tenho pressa, como Oscar Nieyemer se estivesse entre nós não teria)


Vídeo editado posteriormente ao texto
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NOTA - Este post está impregnado de links, é um abuso, mas não precisa de ler tudo. Quem precisa de ler tudo é um amigo, ao qual este texto foi prometido.

15 setembro, 2014

SNS: “Ó Arnaut, então vais publicar uma coisa destas? Já fizeste as contas ao que vai custar?”


"Ó Arnaut, então vais publicar uma coisa destas? Já fizeste as contas ao que vai custar?" desde esta reveladora pergunta que as contas feitas são sempre a subtrair, para aparecerem a somar do lado do privado, usando o lema de "menos Estado". Dir-se-ia que o SNS veio a ser atacado dia-a-dia, desde que aquela pergunta foi feita. Atacado numa persistente erosão, numa morte lenta, assistida e planeada pela calada. E se a Constituição consignava o direito à saúde como um direito universal e gratuito e, em conformidade, a sua criação (1979) o consignou, não foi preciso esperar muito para se avançar com o rombo: com a II Revisão Constitucional (1989) o SNS passou a ser "tendencialmente" gratuito. Irónico  eufemismo para qualificar a prática do tendencialmente pago. O resto é o que se sabe (e o que se esconde para que não se saiba).
Ah!, e não há quem deva ser apontado ou considerado guardião ou provedor dessa Conquista de Abril. Guardiões e provedores são o povo e os trabalhadores. Ai do SNS se assim não for. 
Mas assim será!

14 setembro, 2014

Geração sentada, conversando na esplanada - 71 (Este ano não vai haver outono, passamos directamente deste falso verão a uma rigorosa invernia)

(ler conversa anterior)
«Com Seguro as coisas são, portanto, relativamente claras e previsíveis. Com Costa, não. Contrariamente ao que alguns agora pretendem fazer crer quem no PS fez explicitamente a apologia do “Bloco Central” foi António Costa. Foi essa durante meses e meses a sua linha de actuação na “Quadratura do Círculo”, porventura com base na salvífica esperança de que um dia, não muito distante, o PSD viesse a ser governado por alguém que interpretasse tão semelhantemente quanto ele o “interesse nacional”. »
In "POLITEIA"
«Não nega que este PS tenha facilitado muito a vida ao PCP a nível político?
Facilitar a vida ao PCP era se o PS desalinhasse com a direita (...) e ajudasse na definição doutro rumo para o País.»
João Oliveira, hoje em entrevista ao DN
O rafeiro depois de se sacudir enfiou-se debaixo da cadeira. O engenheiro também vinha molhado, mas não se sacudiu como o cão. Colocou em cima da mesa um livro conhecido e enquanto me cumprimentava ia falando das agruras do tempo: "Este ano não vai haver outono... Passaremos directamente deste falso verão a uma rigorosa invernia" - "Quem dera! E assim teremos uma antecipada primavera!", retorqui com um sorriso cúmplice. 
Ele também sorriu e abriu o livro. "Quer ouvir?" E leu estrofes dum poema épico conhecido

(e sem que déssemos por nada, um denso e premonitório nevoeiro invadiu a esplanada)

13 setembro, 2014

Diário de um eleito - (12)

Na próxima segunda-feira comemora-se o 35º aniversário da lei que dá forma ao Serviço Nacional de Saúde. E porque a minha responsabilidade de eleito se alargou à presença no Conselho Municipal de Saúde, não perdi o evento. A iniciativa do Partido, a assinalar a data, foi a promoção de um debate aberto. Por cada intervenção ia anotado o que julgava relevante, não confiando na memória. Duas, três folhas de notas. Na intervenção de encerramento dispensei-me de tal cuidado. Ela seria, certamente, editada na página do Partido. E tal aconteceu. 
 
Já em casa, apressei o jantar (hoje calhou-me a mim), para ter tempo de fazer o costumado zapping pelos telejornais. Nada! Isto é, sobre o tema, propriamente, não. Mas anotei, junto às notas que de tarde tinha tomado, apenas assim: "As mortes do Hospital de Santa Cruz, não são um caso isolado" e, à frente, fiz um traço ligando essa nota a outra que tinha tomado, onde tinha escrito: "M. Ferreira Leite e os velhos indignados"

A Ordem dos Médicos questiona a morte de dois doentes...

Procurei na imprensa escrita algo sobre a data comemorada, e "ele" lá estava. Dizia, contido, que o seu PS também é culpado. E foi então que me ocorreu lembrar o elogio de Correia de Campos: "Paulo Macedo executa um programa que defende o Serviço Nacional de Saúde". É preciso ter lata!

12 setembro, 2014

Diário de um eleito (11)

Esta imagem tem exactamente um ano, foi em 10 de Setembro de 2013

Os pensamentos são como as palavras e estas como as cerejas: pegando num os outros são arrastados, que nem cachos. Eu explico: vindo de uma reunião de eleitos com responsabilidades nas diversas autarquias do concelho, tendo dado boleia ao Bruno, passei ao portão da Quinta dos Sete Castelos. Parei. Era noite e da casa apalaçada da quinta apenas se lhe adivinhava o perfil entrecortado pelo arvoredo e pelas sombras noturnas. Se não soubesse que existia aquela bela mas degradada casa, diria que a quinta teria o seu hectare e meio preenchido por árvores, matos e caniçais, nada mais. Relembro o tempo da luta para impedir que a quinta fosse infestada de prédios e da pressão da CDU e da população para manter aquela zona verde de Santo Amaro de Oeiras, como pulmão e espaço público. Relembro de, no ano passado, em conversa com o vice-presidente do ICG, o termos lembrado.  A Quinta veio a ser adquirida pela Câmara de Oeiras e o seu destino foi traçado (e, em 2006, anunciado) para residência de cientistas. Bom destino, mas parado. Parado e susceptível de vir a ter aquele destino enviesado, como frequentemente acontece...
E como os pensamentos são como as cerejas, atrás da Quinta vem outros anseios relacionados com os jovens cientistas, investigadores bolseiros e frequentadores de pós-graduações. É que em Oeiras são mais de um milhar, distribuídos por um importante cluster local. As questões? Foram todas anotadas. As soluções? Estarão todas paradas. 
Essa será uma das lutas futuras.
Até porque não adianta nada a nomeação de Moedas para comissário. Antes pelo contrário, ele continuará a política seguida. Aliás, a imprensa refere exactamente o que a CDU ouviu, em Janeiro passado, em declarações que nos foram prestadas por responsáveis das instituições locais: "há um problema estrutural a resolver no nosso país, a da dependência dos centros de investigação dos fundos europeus para a sua própria sobrevivência."  
É, também, contra  isso que temos que lutar. Como? Vamos ver! O que não podemos é ficar de braços cruzados a vê-los partir sem garantia do seu regresso...

11 setembro, 2014

Os "onzes" de Setembro e o medo.



Quando, há bocado, consultei o gráfico e vi o pico, dei um grito: "Ena pá!" Depois pensei, que mesmo que o post de ontem pudesse ser alvo de elevada curiosidade dificilmente interessaria a tanta gente. Minha Alma, com ironia velhaca de quem não quer dar parte fraca, segredou-me "Éh pá, estás é a ser vigiado!"...
Estarei? Não me admiraria se estivesse... até porque eu sou dos que me lembro de todos os "onzes" de Setembro e que, sem paz, o medo não pára e se alastra...



10 setembro, 2014

E assim se pode vir dizer nada em horário nobre, enquanto a realidade enegrece...

É curioso, neste segundo debate fica a impressão de que eles fizeram um pacto de não agressão... entre eles e esta Europa, entre eles e o neoliberalismo...
Lembro que, no inicio de Junho, recebia de uma amiga, via e-mail, um zangado texto depois do meu Partido vir insistir na demissão do Governo, na sequência das eleições Europeias. Dizia-me ela assim:
«eleições antecipadas agora? com o PS no estado em que está?
então gostam de Passos. só posso concluir isto. Passos  por mais quatro anos?
desejam o quê? a política da terra queimada ou seja quanto pior melhor? discordo inteiramente
haja juízo»
Respondi-lhe com cenários, que a realidade vem comprovando. Não sei se ela se mantém simpatizante e vai votar nas "primárias", é provável. Entretanto, em horário nobre, o discurso quanto ao essencial é pobre, enquanto a nossa empobrecida terra vai ardendo na fogueira da cedência e da complacência perante as imposições que não param (e da qual eles delas não falam). Na disputa, não se vislumbram diferenças substanciais, o que confirma o cenário mais provável: não será com este PS que a dura realidade mudará. Uma realidade cínica. Uma realidade em que os empobrecidos beijam a mão aos empobrecedores. Uma realidade em que Europa exige ver novos cortes das pensões "até ao final de 2014". Uma realidade que empurra Portugal para uma ainda maior liberalização na formação dos salários e para a suspensão dos acordos colectivos mutuamente acordados. Essa a verdadeira política de terra queimada! Sobre isso, disseram nada!

...mas sobre o nada que disseram, aconselho alguém que descortinou mais que eu!

 

A Carvalhesa? Há quem diga que é musica "pimba"...

Dois momentos: o primeiro, no fim do comício; O segundo, no final da Festa. Ofereço a quem não esteve e gostaria de ter estado, pois a festa foi isto (e o mais que não dá para relatar)...
«(...) A «Carvalhesa» foi uma das peças objecto de selecção. Exactamente na mesma aldeia (Tuiselo, perto de Vinhais - Bragança) onde em 1932 Schindler recolhera a melodia publicada em «Folk Songs...», Giacometti havia recolhido em 1970 uma outra, a que os seus executantes populares atribuíam o mesmo nome, mas inteiramente diferente. 
O facto não é estranho. Como se afirma nas notas do «Cancioneiro», «a "CarvaIhesa", dança de quatro laços, era, com a "Murinheira" e o "Passeado", o baile preferido da região. O instrumento tradicional a acompanhar estas danças era a gaita de foles». Ou seja, a «Carvalhesa» é essencialmente uma dança, para a qual se conhecem duas melodias, mas que poderá mesmo ter sido dançada com outras entretanto perdidas. Face às duas versões, Giacometti entendeu ser mais interessante a recolhida por esse compositor alemão que fora o ausente cicerone da sua descoberta de Portugal. E, página 217 do «Cancioneiro, tema 166, lá ficaria a «Carvalhesa» recolhida por Kurt Schindler.
 O arranjo da «Carvalhesa» gravado em 1985 acompanhou a actividade política do PCP em sucessivas campanhas eleitorais, na Festa do «Avante!», cujos palcos sempre abre e encerra e dos quais se tornou verdadeiramente emblemática.»

Ruben de Carvalho, citado pela Maria

09 setembro, 2014

Antónios... O wrestling, a galhofa, a simulação e a sova

Até data recente, entre o wrestling e a "galhofa", as TVs lusas chamavam conhecidos e reputados "lutadores" para um campeonato nacional de manipulação de golpes. Estes jogos, baseavam-se em regras estranhas: o confronto quase sempre era com um adversário ausente,  pois o presente tinha papel ambíguo, ou simulava que atacava ou fazia brilhar os golpes desferidos em outros inimigos. Os espectáculos eram (e continuam a ser) diários, mas a modalidade subia (e continua a subir) ao rubro aos domingos, com dois combates planeados, considerados de luxo.
Entretanto, aos domingos já não bastava... (disse então) que tem sido  possível assistir a 69 horas de wrestling por semana. O equivalente a quase três dias completos em frente à televisão. Marcelo Rebelo de Sousa, José Sócrates e Marques Mendes são (têm sido) alguns dos rostos mais conhecidos de uma lista de, pelo menos, 97 "lutadores" com presença semanal na televisão portuguesa. Mas isto chegava? Não, com certeza. Eis senão quando um António desafia à luta e o outro António aceita a disputa, e cá vão mais umas tantas horas de treino, de ensaio, para que o espectáculo resulte em cheio. O DN de ontem dizia que um António tinha tido 1h e 48 min, mais coisa menos coisa. E que o outro António, por contas certas, terá tido 1h, 2 min. e 5 seg., o que somado dá para esse tal treino de "galhofa" mais ou menos 3 horas. Isto para o treino. Hoje a luta começou com tempo equilibrado, 15 min. para cada lado... mas vai daqui, logo a seguir, há comentadores (os mesmos senhores) e "haver-los-á" por muitos dias a diante a comentar esta e outras lutas já agendadas.. Qual o António que vence? Isso, na "galhofa" não interessa nada o que é preciso é que a malta tenha "galhofa", pois está sempre à espera da sova, de um golpe inesperado...
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Agora a sério: se apenas 20% dos militantes votaram para as eleições distritais, para a eleição dos Antónios o partido fica confrontado com  a "militância" dos simpatizantes? Estes terão uma responsabilidade acrescida pois os militantes, esses, já foram à vida.

08 setembro, 2014

Avante! E que a partir de agora esta onda se agigante!


Quando tememos estar sós, eis senão quando uma onda se junta. Muita gente jovem, muita. E eleva-se a esperança de que não terá razão o meu poeta, que dedicou as suas memórias aos seus tetranetos desacreditando, assim, nas próximas gerações. Eu próprio me vi envolvido nessa descrença e pessimismo, mas a Festa contraria isso...  Convido-vos a fazer uma digressão comigo. Vamos lá!

Certamente porque a onda cresce a imprensa a esconde. E das palavras certas ditas, dão delas os jornais apagada e distorcidas citações, enxertos desenquadrados para as descredibilizar. Colocam a tónica no que mais lhes importa e "esquecem" que, para estes tempos "tão negros", foram apresentadas linhas orientadoras e avançado um programa:
"(...) Portugal tem de se libertar de três constrangimentos que entravam a recuperação económica e justificam o processo de retrocesso social – a dimensão insustentável da dívida pública e da dívida externa, a integração monetária no Euro e a dominação financeira da banca privada.
O PCP assume as suas responsabilidades de grande Partido da Soberania e Independência Nacional, anunciando um programa integrado de acção política para renegociar a dívida, preparar o País para a saída do Euro, retomar o controlo público do sector financeiro, aspectos que constituem um imperativo nacional e uma exigência patriótica.
Um programa que se desenvolverá de imediato com:
A realização da iniciativa de abertura da acção “A força do Povo por um Portugal com futuro” no próximo dia 28 de Setembro centrada na Dívida, no Euro e nos interesses nacionais onde se afirmarão e apresentarão elementos essenciais que conduzam à libertação de Portugal dos constrangimentos a que está sujeito e recupere para o País alavancas essenciais para o seu desenvolvimento;
A apresentação na AR no início da sessão legislativa de um projecto de resolução que estabeleça um programa para resgatar o País da dependência e do declínio que vise fixar os calendários, condições e opções da política nacional com vista: a renegociar a dívida compatibilizando-a com o direito ao desenvolvimento; à criação de estruturas nos órgãos de soberania que estudem e preparem o País para a saída do Euro conduzida para a salvaguarda dos interesses e condições de vida dos trabalhadores e do povo; adoptar as decisões que conduzam a um efectivo controlo público do sector financeiro colocando-o ao serviço do interesse do País e dos portugueses e não da especulação.
O desenvolvimento pelo Estado Português de propostas fundamentadas para a realização de uma Conferência Intergovernamental para a revogação e suspensão imediata do Tratado Orçamental, a revogação da União Bancária, medidas visando o papel do BCE, a abordagem do processo de dissolução da União Económica e Monetária e a extinção do Pacto de Estabilidade e a criação de um programa de apoio aos países cuja permanência no Euro se tenha revelado insustentável bem como a rejeição do Tratado Transatlântico de Comércio e Investimentos UE/EUA, acções já anunciadas pelos deputados do PCP no Parlamento Europeu.
O PCP anuncia assim a acção em todas as frentes na defesa da soberania e da independência, na defesa dos interesses nacionais.
Uma acção que se articula com o lançamento e apresentação de outro conjunto de propostas dirigidas à imediata elevação do poder de compra dos trabalhadores, dos reformados, dos desempregados e de reposição dos rendimentos e direitos roubados. Propostas de valorização dos salários e pensões, nomeadamente a do inadiável aumento do salário mínimo nacional que deveria ter sido já actualizado, em Junho, para 515 Euros, bem como o estabelecimento de um calendário que garanta no curto prazo a sua elevação para 600 Euros!"(...)
Jerónimo de Sousa, ontem, no Comício da Festa do Avante

Avante! E que a partir de agora a onda se agigante! Lutando, lutando sempre.

05 setembro, 2014

AVANTE - Logo, quando se abrirem as portas da Festa, deverão poder imaginar que ela foi construída também assim...

Não só de desmatagem, de levantar torres tubulares, de serrar, martelar, erguer painéis e telas (para depois pintar) e de mais de milhentas tarefas, se ergue a Festa. A Festa é o que se constrói para dar a ver e o que se prepara para divertir, usufruir e comer. A esta hora, já, não se pára e a labuta só admite pequenos interregnos e descansos (ainda mais) reduzidos. Logo, quando as portas se abrirem, deverão poder imaginar que a Festa foi construída (também) assim (o vídeo é de dois mil e sete, mas garanto-vos que o trabalho, hoje, não é muito diferente ):

03 setembro, 2014

Dilma? Sim, claro! (1)


Dilma? Sim, claro! Não porque o PSDB seja, lá, o mesmo PSD que aqui a gente vê (Aécio é igualzinho a Passos); Não porque a Marina Silva seja isto ou aquilo e mais o que adiante se verá (embora já seja evidente para o que é que Marina serve). 
Escrevi "Dilma? Sim," e, depois, peremptório escrevi "claro". Mas talvez seja um claro que deve ser clarificado:
Para já Boff, que é "meu irmão", me disse o que acabou de ouvir; depois porque Dilma é uma doce avó e, por fim, porque Dilma vai votar na consulta informal ("plebiscito popular") e receber propostas dos movimentos sociais sobre mudanças no sistema político-partidário. Será uma autêntica revolução. 
A atual proposta do "plebiscito popular" é apoiada por mais de 400 movimentos sociais, entidades e partidos, entre eles PT, PCdoB, correntes do PSOL, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento do Sem Terra (MST), CUT, pastorais e ONGs. Para críticos da Constituinte exclusiva, o dispositivo é temerário, pois ele abre um precedente de que a Constituição, ou parte dela, possa ser modificada sem passar pela via tradicional – as propostas de emenda constitucional por parte do Congresso.

Ir à Festa, aquela que não há outra como esta! (4)