30 dezembro, 2015

Balanço 2015: Eis os rostos que marcaram o ano que daqui a pouco fecha. Fixe-os e não se esqueça...


Jerónimo de Sousa - Foi o líder com o discurso mais manipulado durante todo o ano e, particularmente durante as legislativas. Os resultados eleitorais terão sido, segundo muitos, coisa pouca mas que o Partido soube converter na gota de água que faltava: "neste quadro [de maioria relativa PSD/CDS], o Partido Socialista tem todas as condições para formar Governo", disse-o, eram 22 horas, na noite do dia em que (quase) tudo mudou. Agora só falta que mude (quase) tudo...

Catarina Martins - Cedo todos se aperceberam que seria agente de mudança. E quando, à sua volta, alguns dirigentes do seu partido procuraram afirmar um inconveniente protagonismo, impôs-se com um oportuno e enérgico "murro na mesa". Temos gente para seguir em frente!

António Costa - Soube ler rapidamente o que estava a acontecer e, não se deixando ultrapassar pelos acontecimentos, soube geri-los e levar a "bom porto" o que antes nunca tinha acontecido. Eis o PS, enfim, descolado da direita e com uma postura correcta: "Não queremos diluir a identidade de cada um de nós. Não é por isso um governo de coligação, é um governo do PS que é viabilizado com apoio parlamentar maioritário e em que os diferentes partidos se comprometem a colaborar". E foi assim que a direita ficou pelo caminho!

Edgar Silva - Sobre o candidato diria, citando Marx,  que "Se o homem é um produto das circunstâncias, humanizemos as circunstâncias". Humanizar o discurso (começando por aí), não há missão melhor para lhe ser acometida. Prova-o um testemunho de vida. Irá a votos e receberá o meu!

Nicolau Santos - Diz-se "Keynesiano, graças a Deus" e vai escrevendo e fazendo-se ouvir. Em escrito recente, no Expresso, colocou as questões do modo certo e a questão certa: "...não confundamos os políticos e o polícia com os bandidos, com os que levaram a banca portuguesa ao tapete." Não sendo Keynesiano, nada me importo que as eles me alie...

José Pacheco Pereira - Já o citei, «...quer alguém que tenha jogado melhor o jogo democrático do que o PC? Quer alguém que tenha jogado melhor o jogo parlamentar do que o BE? As únicas pessoas que não jogaram o jogo constitucional nos últimos anos foram as da coligação. Quem mais jogou contra a democracia, rompendo contratos, criando um Estado de má-fé e governando contra a Constituição foi a coligação». Acho que em 2016 o vou continuar a citar. 

Arménio Carlos - Os verdadeiros protagonistas da História são os trabalhadores e o povo, e Arménio sabe-o: "...sabemos que os lobbies se estão a movimentar fortemente para condicionar e constranger a intervenção do Governo que entretanto tomou posse. Mais do que estarmos à espera do que vai acontecer, entendemos que os trabalhadores e o povo devem continuar a ser os protagonistas", disse. Nas fábricas e na rua, em 2016, a luta continua! 

Sampaio da Nóvoa - Dizia Torga "Os homens são como as obras de arte: é preciso que se não entenda tudo delas duma só vez." e foi o que eu fui fazendo com Sampaio da Nóvoa, com extremo cuidado, até que lhe deslindei um laço, o de afilhado. Se Marcelo tem Caetano por padrinho, Sampaio da Nóvoa tem por padrinho uma minha referência. Por isso ele (também) é o meu candidato. Contradição? Não! e nem é preciso explicar porquê...

2016 será o ano de todos os desafios num clima de luta, diálogo, compromisso e de esperança.

29 dezembro, 2015

Balanço 2015: Os meus melhores, segundo critérios inspirados pela Minha Alma, aos quais não se opôs Meu Contrário (nem Eu)

A minha melhor frase: Publicada pela primeira vez, numa resposta ao Diogo, em Fevereiro
"Mudar o Mundo não custa muito, leva é tempo!"
O meu melhor post: "Filhos, hoje o dia é delas...", em Maio (é também o melhor vídeo)


A memória que fica

Depois do ventre, o seio
O colo
A caricia e o consolo 
O perfume que permanece
Enquanto se cresce
A mão na testa
A mão que tapa
A mão que lava
A mão que trava
(Por aí não, filho)
O sorriso
O ralhete, no momento preciso
E a memória que fica
muito depois da partida
Rogério Pereira
A minha melhor foto: no dia em que o (nosso) Mundo começou a mudar, em Novembro

Reafirmamos agora, e em definitivo, o que temos sublinhado: há na Assembleia da República uma maioria de deputados que é condição bastante para o PS formar governo, apresentar o seu programa, entrar em funções e adoptar uma política que assegure uma solução duradoura na perspectiva da legislatura.  - ler tudo aqui

28 dezembro, 2015

Os figurões do ano: Ricardo Salgado (visto do outro lado)

A imagem já foi antes publicada, mas agora, vista do outro lado, serve para falar de outro figurão, o Ricardo.
Ricardo Salgado, visto como o "dono disto tudo" mas que na realidade era (e ainda é) o símbolo do regime saído do 25 de Novembro e da supremacia dos banqueiros sobre todos os valores (leia-se s.f.f.).
E porque isto anda tudo ligado há uma outra candidatura que fez parte da teia, agora em vias de ser desfeita com a implosão do império, com efeitos e custos ainda por avaliar e sofrer.  Lembremos tudo: 

27 dezembro, 2015

Os figurões do ano: essa catrefada de comentadores, politólogos e seus homólogos

Andaram por aí na compreensão de que Marcelo teria razão com a sua máxima expressão "O que a televisão não mostra ou não fala não existe". Nos jornais e televisões, as redacções redimensionaram-se reduzindo competências e adequando processos. Assim, a notícia deixou de ser isolada de quem a seguir era chamado a comentá-la, quase sempre manipulando-a e omitindo o que achavam ser de omitir.
Os comentadores assaltaram o "quarto poder", mas... mas, como o impossível é tão só e apenas aquilo que ainda não aconteceu, o impossível aconteceu mesmo. E não foi possível esconder ou manipular tal acontecimento. O tal "arco da governação" deu o berro, pifou, crashou em 4 de Outubro.
Perante o paf estrondoso, os comentadores foram apanhados desprevenidos e desprevenidos foram apanhados os jornais e as suas redacções. Os donos da imprensa vão ter que rever toda a sua postura. É que, como vinha eu escrevendo, o que não era mostrado ia acontecendo, ao longo do tempo!

Os figurões do ano: Marcelo, afilhado do Caetano


Produzimos esta pequena explicação sobre as obscuras relações entre a opinião de Marcelo Rebelo de Sousa e os banqueiros. Um produto para reflexão e, sobretudo, para que não caia no esquecimento.
Publicado por Os truques da imprensa portuguesa em Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2015

23 dezembro, 2015

É Natal, continuem a fazer o favor de nos fazer felizes!

Tal como no ano passado, continuam a chegar. Dos que partiram, alguns vão voltar. Outros nem pensarão nisso... Continuo a guardar palavras, caras, sorrisos, máscaras, poemas, palavras. Guardo-os a todos e tenho-os no registo de terem passado. Muito obrigado.
Eu sei que não tenho emenda e que continuo a me "espalhar" e tantas vezes a me exceder. Mas continuo sem me arrepender... Lembro que neste espaço nenhuma ofensa é deliberada, pensada e dirigida.
Erro?... É a vida!
... e continuem a fazer o favor de nos fazer felizes! 
 Nota: Se faltar aí alguém, considere-se um não-ausente 
_______________________
Amigo 

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

20 dezembro, 2015

Vasco Pulido Valente diz que este foi um ano deprimente, razão mais que suficiente para perceber que o não foi... (antes pelo contrário)


O homem escreve sobre o ano que agora finda uma crónica azeda. Respondo-lhe com esta minha, bem temperada, seguindo-lhe os tópicos pois os por ele escolhidos são mesmo os mais significativos.
O Syriza – Referiu o Pulido a derrota de um projecto. Disse que saiu "do chão um ministro das Finanças, chamado Varoufakis, com um sobretudo preto de cabedal, que entusiasma as “Passionárias” da esquerda portuguesa e o dr. António Costa, secretário-geral do PS". Inconclusivo o Pulido. Eu diria que o Syriza prova que não é possível um país sair da austeridade e manter-se no euro. E prova também que é cinismo falar-se numa Europa solidária. Não é muito, mas altera tudo a começar pela posição do FMI à reestruturação da dívida...
A TAP – O que o Pulido diz sobre a TAP é alarve. É alarve o que ele escreve sobre a "diáspora" reconhecendo-lhe, no fel das palavras, o azedume da direita de que é arauto. Só pela TAP valeu a pena o meu partido ter viabilizado o governo de Costa...

A Cozinha – "O país perdeu a cabeça com a cozinha" e escreve o Pulido "que em cada esquina aparece um chef, para depois terminar que "Apesar do turismo, as falências não param", o que é verdade. Mas se o é, verdade maior ainda é o passar-se a reunir condições para aliviar a pressão fiscal sobre a hotelaria e a restauração. A começar pela descida do IVA.
A Televisão – "Os noticiários são um espectáculo vexatório" e entre outras diatribes  lá se vai queixando o Pulido que "De política nada, ou quase nada, excepto grupos de gente furibunda que berra todo o tempo para seu gozo pessoal." Percebo-lhe o desespero, é que a esquerda vai ganhando um espaço que nunca lhe fora dado e o PS vai dizendo coisas nunca antes ditas...

As romarias a Sócrates – "Sem especial sucesso, levaram a Évora cavalheiros que julgávamos com algum juízo", disse o gajo e é um facto. Mas de tal não rezará a Historia. O que nela figurará será um desfecho pelo qual ainda se espera.
Eleições – "Ninguém ficou satisfeito com elas" diz a azeda crónica do Pulido, confundido o que ele próprio sente com o que sente muita gente e, saudoso, lembra Marcelo Caetano e a  sua superior pose de estadista, enquanto bate em Cavaco. 2015 fica assinalado por dois acontecimentos, decorrentes das legislativas: o grande desaire do Pulido e um Presidente que leva tareia de toda a gente, e até do cronista.
António Costa – Nem cito o que Pulido escreveu no seu escrito. Prefiro referir que António Costa pode governar com o seu programa e o apoio do meu Partido. E isso é histórico, ouviu ó Pulido?

19 dezembro, 2015

Presidenciais: há candidatos que estão a ser abafados...

Sampaio da Nóvoa, de entre os sete candidatos, é dos menos mostrado e praticamente ninguém o ouve...

Se pensam que este post é para falar da candidatura de Sampaio da Nóvoa, esqueçam. Sobre o candidato já disse o que tinha a dizer. E nem sequer é este texto sobre Edgar e a atenção que lhe mereça ser devida. Este escrito (e a imagem acima) tem a ver com dois aspectos fundamentais das próximas eleições. O primeiro aspecto, é para evidenciar até que ponto a imprensa (toda) está minada; o segundo, é para salientar que, não havendo (ainda) censura prévia, ainda há acesso à denuncia de quanto a imprensa mina, manipula e promove.  
Sugiro, a quem se interesse, uma "viagem" a um mundo que não deixa dúvidas, ou (para os mais apressados), à leitura atenta de quem escreve sobre o assunto:
«A campanha eleitoral para a Presidência da República rege-se por dois princípios fundamentais: a igualdade de oportunidades e a liberdade de expressão. O segundo não pode ser interpretado separadamente do primeiro. Isto é, não é apenas a coação sobre os candidatos ou a limitação da liberdade de imprensa que fere a liberdade de expressão dos candidatos e os princípios políticos, económicos e sociais por estes defendidos, mas a ausência de condições para que essa liberdade se possa efectivar. Sem condições paritárias de acesso e tratamento a cada um dos candidatos por parte da comunicação social, pública ou privada, o direito de liberdade de expressão não tem qualquer significado...»

Desmentido (de um distraído)

Generosa e sensível a tão bela e poética prosa, a Elvira editou-a tomando-a como minha. Este post é um desmentido, pois o seu a seu dono. Faço o que é devido e coloco-o assinado (e não é por mim). Leiam. É lindo

Receita para adoçamento de melancolias



Ingredientes:
·          - toda a melancolia disponível
·           - mel
·          - um pau de camélia
·          - amor condensado
·          - sorrisos ao natural
·          -  ternura q. nunca b.
·          - uma vagem de sol
·          - um noz de luar
(De véspera, coloque a tristeza de molho para que largue o excesso de acidez.)
Comece por colocá-la em pequenas porções na centrifugadora e bata até obter um suco bem fluído.
Junte duas colheres (de sopa) de mel bem cheias, um pau de camélia de preferência com rebentos em estado de promessa rosada. Envolva bem.
Em seguida adicione umas gotinhas de amor condensado e uma chávena de sorrisos. (Atenção: não use sorrisos cristalizados, opte por sorrisos ao natural, para não ter surpresas menos doces no final.)
Não esqueça a ternura (levemente açucarada), sem medida, em castelo firme, batida.
Prove. Se estiver ainda amargo, acrescente um pouco do sumo do sol contrapesado com uma pitada de luar para não enjoar.
Verta para uma forma (em forma de coração, de preferência) e leve a corar em forno brando. Depois de desenformado polvilhe com uma mãozinha de versos granulados.
Sirva em finas fatias a quem passar, a quem quiser provar…
Bom Apetite!
(texto da Lídia Borges, in Seara de Versos)

18 dezembro, 2015

Redacções do Rogérito 29 - "Aquilo de que eu mais gosto no Natal"

Tema da redacção: "O que as crianças gostam mais no Natal"

Gosto mais deste tema do que aquele que me foi dado no ano passado em que a minha redacção de então mereceu um raspanete valente da stora não gostou nada que tivesse escrito que o Natal devia ser quando o homem quisesse e que me tivesse queixado por se limitarem a assinalar o que manda o calendário ou a seguir a parva da popota que além de feia e gorda tem ar de badalhoca e manda toda a gente comprar lá no continente deixando o comércio tradicional às moscas pois aí as pessoas são poucas.
O que eu gosto menos ou até nada no Natal é apanhar os adultos a fazer de conta que que me enganam sem ter nenhum jeito para enganar atribuindo àquele velho tó-tó coisas que são eles a fazer sem o conseguir esconder e eu até quase tenho pena de os ver fazer tal cena e a esquecer que a data assinala o menino que vai nascer e que as prendas são uma invenção distorcida do que faziam os Reis Magos na oferenda de prendas e que tal lenda talvez tenham caído em desuso por serem gente suspeita oriundos lá do oriente pois na Europa até passou a haver medo daquela gente o que não se compreende e é pena que os tenham retirados dos presépios que por aí se vai vendo.
O que gosto mesmo mesmo no Natal é de comer fatias-paridas depois de as abanar pois o excesso de açúcar só dá para atrapalhar e gosto também quando chega a meia-noite ficar para ali a desembrulhar a desembrulhar a desembrulhar e depois mandar para um canto tudo o que tiver desembrulhado e ficar a olhar para toda a minha família na sala sem conter a língua e a falar pelos cotovelos e eu fico embevecido a vê-los o que é mais divertido que qualquer brinquedo dos que tenha recebido. 
É por tudo isto que eu acho o Natal muito bonito!

Mais de dois milhões e meio? Só desisti da candidatura por perceber que o Marcelo me levava vantagem (apesar da Teresa Guilherme nem se ter atrevido…)


(pode rever o original, agora que o google me afiança que também tenho popularidade)

15 dezembro, 2015

Salvar bancos? E tantos?

 

”Fazer com que salvar os bancos seja uma responsabilidade nacional é uma loucura”,disse Krugman. Mas a ênfase do que disse Krugman foi dada ao alerta dado sobre o salário mínimo, dizendo que era arriscado.  Outra imprensa, esqueceu outra parte importante do que Krugman também disse: «... que Portugal deve ter um plano B para o caso de ser necessário sair do euro, alertando que o governo tem "pouca margem" de manobra.»
Aparentemente, cada colocação é uma questão isolada. Mas não é nada.

12 dezembro, 2015

Marcelo entreteineur, é só rir com o homem (e do homem)

 
«O antigo presidente dos sociais-democratas Marcelo Rebelo de Sousa apareceu, (naquele) sábado, de surpresa no Congresso do PSD e animou e levantou o Coliseu de Lisboa com um discurso emotivo em que falou da história do partido.»
no Jornal de Notícias, em Fevereiro deste ano
Mais uma rábula do RAP, para quem tenha pouca memória:

11 dezembro, 2015

Marcelo, o sofisticado charme de um manipulador...

 
"Uma coisa é ter o cenário claro na cabeça, ponderado e decidido, outra coisa é falar dele, que é certamente fora da TVI. Não faria sentido confundir o comentador com o potencial actor político"
 Marcelo Rebelo de Sousa, à SIC, na campanha pelo PaF
A capacidade manipuladora é reconhecida até pelos que lhe dão atenção. O professor tem aquele charme próprio de quem tem da moral e da ética o suficiente distanciamento para que seja aceite sem que disso se dêem conta. Pode dizer num instante o que logo a seguir desdiz com a mesma cara e com a mesma convicção. A rábula do RAP é perfeita:

10 dezembro, 2015

Maria Eugénia Cunhal (1927 - 2015 )


 

Quando Vieres
Quando vieres
Encontrarás tudo como quando partiste.
A mãe bordará a um canto da sala...
Apenas os cabelos mais brancos
E o olhar mais cansado.
O pai fumará o cigarro depois do jantar
E lerá o jornal.
Quando vieres
Só não encontrarás aquela menina de saias curtas
E cabelos entrançados
Que deixaste um dia.
Mas os meus filhos brincarão nos teus joelhos
Como se te tivessem sempre conhecido.
Quando vieres
nenhum de nós dirá nada
mas a mãe largará o bordado
o pai largará o jornal
as crianças os brinquedos
e abriremos para ti os nossos corações.
Pois quando tu vieres
Não és só tu que vens
É todo um mundo novo que despontará lá fora
Quando vieres.
Maria Eugénia Cunhal, 
in "Silêncio de Vidro"

09 dezembro, 2015

Mudar o Mundo...

Há (pelo menos) dois defeitos grandes em mim:
Um, é esta mania que mudar o mundo não custa muito e apenas levar tempo;
outro, é considerar isso mesmo uma mania.

08 dezembro, 2015

Escrever na água


 ESCREVER NA ÁGUA
Quando tiveres cometido algo
que te amarga,
escreve-o na água
límpida de um lago sereno 
verás que nunca se apaga

É como se estivesses escrevendo na alma

Nada pior que entrar num confessionário
de onde se sai
com a disposição
inconfessável
de repetir o erro

E se errar é humano
repetir o erro é estúpido 
Rogério Pereira

07 dezembro, 2015

Não, não é desculpa. Estou fazendo a parte que me cabe...


Não tenho vindo. É que mudar o Mundo não custa muito, leva é tempo e este é escasso para aquilo que faço. Procuro, qual formiga no carreiro, fazer a minha parte. Faça a sua, com engenho e arte. Mesmo se pouca, a vontade ajuda. Verdade!

06 dezembro, 2015

Hoje apetece-me ouvir uma moda...


"tua boca é uma rosa
 os teus dentes as folhinhas
e essas duas faces mimosas
são duas são duas lembranças minhas

Olha a noiva se vai linda
No dia do seu noivado"

05 dezembro, 2015

Asas


ASAS
Não invejo os pássaros
só por terem asas
e bordejarem  as ondas
em voos rasantes

Não invejo os pássaros
por inspirarem apenas
sentidos poemas

O que invejo nos pássaros
é essa capacidade imensa
de usar a sua natureza
em voos persistentes, prolongados

para a sobrevivência da espécie
Rogério Pereira

04 dezembro, 2015

Espanha: outro governo "ilegítimo"?


Depois da Dinamarca, da Bélgica, do Luxemburgo, da Letónia,
vem o nosso País e a direita torce o nariz. Talvez aconteça na vizinha Espanha...

03 dezembro, 2015

Constança e os sinais da mudança

A última coisa que me passaria pela cabeça seria apresentar uma ficha a Constança. Em tempos me referia ao seu ar de tia, como resposta a um sms que me alertava para um comentário seu. Com a infestação de comentaristas e politólogos, fui baixando o nível de exigência e procurei desesperadamente, canal a canal, alguém que (mesmo encartado) pudesse influenciar a opinião pública com um beliscar de acordar. Lembrando-me do tal sms, procurei Constança. Passei a dar-lhe atenção e, agora, sigo-a. Mas a última coisa que me passaria pela cabeça era apresentar-lhe uma ficha.

Ninguém sabe de mim... nem a Mafalda... só a dona Esmeralda...



29 novembro, 2015

"A minha mãe fez quatro pénis, mas sabe lá como. Foi Deus."


O mundo da economia vive infestado de uma corja que se identifica e é identificada como sendo especialista em todos os domínios da gestão. São consultores, dizem. Desse mundo são repescados para a ribalta do comentário televisivo pelos directores de vários canais. Sabem de tudo e de mais um par de botas, pois são doutos senhores. Não acreditam? Ora verifiquem:

28 novembro, 2015

«Exmo. Sr. Presidente da República...» a propósito das tais seis condições...


Não reproduzo parte da carta, pois que vale a pena lê-la toda.
A carta ficará para a história da ironia e da forma de a fazer.
A farsa (que a carta retrata) o tempo a devorará com a voragem de outros ventos. Deste presidente restará o que dele se disse ou escreveu, depois de esquecida a sua cara e a figura ridícula do seu discurso sisudo, trauliteiro, redondo.
Se Cavaco figurar na história será pelo que dele se escreveu
o Ricardo e...
(sem falsa modéstia) eu!

27 novembro, 2015

O orçamento de Costa e o seu grande inimigo


O cartaz parece tenebroso e é. Pensei que o era na hora que marca a esperança de se ir sair dos salários de miséria. As pensões traduzir-se-ão, para já, no arrecadar de mais uns magros tostões e estes serão (espera-se que sejam) dirigidos ao consumo de bens essenciais de que a gente mais sofrida vem carecendo. 

Contudo, o risco foi hoje posto à vista exactamente no dia em que a esperança foi dada a conhecer. Por mim, manter-me-ei (eu e a minha família) dentro dos meus padrões de consumo, adquirido o estritamente necessário e o máximo no quiosque aqui de frente. É que mudar o Mundo não custa muito, leva é tempo...
"A mentalidade antiga formou-se numa grande superfície que se chamava catedral; agora forma-se noutra grande superfície que se chama centro comercial. O centro comercial não é apenas a nova igreja, a nova catedral, é também a nova universidade. O centro comercial ocupa um espaço importante na formação da mentalidade humana. Acabou-se a praça, o jardim ou a rua como espaço público e de intercâmbio. O centro comercial é o único espaço seguro e o que cria a nova mentalidade. Uma nova mentalidade temerosa de ser excluída, temerosa da expulsão do paraíso do consumo e por extensão da catedral das compras. E agora, que temos? A crise. Será que vamos voltar à praça ou à universidade? À filosofia?" 

24 novembro, 2015

Adeus! Cavaquismo, nunca nunca mais!

O anúncio da morte política de Aníbal Cavaco Silva não é nitidamente exagerado. Cavaco teve hoje, dia 24 de Novembro de 2015, a poucos meses da sua saída formal e com a indigitação de António Costa como primeiro-ministro, o seu último acto de relevo enquanto agente político neste país.
Adeus!
Cavaquismo, nunca mais!
(ler tudo em "Requiem por Cavaco")

23 novembro, 2015

Consta que a carta de Costa (como resposta) tinha centenas de anexos....


Imagem (parcial) dos anexos à carta (breve) entregues hoje ao fim da tarde no Palácio de Belém. As pilhas tinham os jornais ordenados por datas, desde 4 de Outubro,
com programas, acordos, intervenções, declarações, discursos e tudo...

22 novembro, 2015

O General Loureiro dos Santos embora nunca tenha estado em Bilderberg sabe bem o que lá se passa e está mais que vacinado contra os comentadores de aviário.

O conhecido General deu hoje importante entrevista no jornal "Público" e aí discorre o que os entrevistadores lhe permitem discorrer. À pergunta "Para acabar com o terrorismo na Síria temos que patrocinar  um ditador?", a resposta surge directa "Não digo que (Assad) seja um ditador", e depois faz alertas sobre o risco de a Síria se tornar um novo Vietname. 
Pelo lido e pelo sentido, posso concluir que o General Loureiro dos Santos embora nunca tenha estado em Bilderberg sabe bem o que lá se passa e está mais que vacinado contra os comentadores de aviário. 
Alertado, fui consultar outras fontes, estas:
«(...) Voltando a Assad, importa referir que a sua família pertence ao Islão tolerante da orientação Alawid. As mulheres sírias têm os mesmos direitos que os homens ao estudo, à saúde e à educação. Na Síria as mulheres não são obrigadas a usar burca. A Chária (lei Islâmica) é inconstitucional. A Síria é o único país árabe com uma constituição laica e não tolera os movimentos extremistas islâmicos. Cerca de 10% da população síria pertence a alguma das muitas confissões cristãs presentes desde sempre na vida política e social. Noutros países árabes a população cristã não chega a 1% devido à hostilidade sofrida. A Síria é o único país do Mediterrâneo que continua proprietário da sua empresa petrolífera, que não quis privatizar. A Síria tem uma abertura à sociedade e cultura ocidentais como nenhum outro país árabe. Ao longo da história houve cinco Papas de origem síria. A tolerância religiosa é única na zona. Antes da guerra civil era o único país pacífico da zona, sem guerras nem conflitos internos. A Síria é o único país árabe sem dívidas ao Fundo Monetário Internacional. A Síria foi o único país do mundo que admitiu refugiados iraquianos sem nenhuma discriminação social, política ou religiosa. Bashar Al Assad tem um suporte popular extremamente elevado. Sabia que a Síria possui uma reserva de petróleo de 2500 milhões de barris, cuja exploração está reservada a empresas estatais? Talvez agora consiga compreender melhor a razão de tanto intere$$e da "guerra civil" na Síria e de quem a patrocina ...»
Ler tudo aqui

21 novembro, 2015

Só quero lembrar que o futebol é a coisa mais importante de entre as coisas pouco importantes com que nos devemos preocupar!

«A rivalidade no desporto é tanto maior quanto maiores forem as rivalidades sociais, regionais, nacionalistas e outras. E a ambição da vitória é uma preocupação tanto mais acentuada quanto maiores forem as frustrações pessoais.»
Professor José Esteves, aqui

20 novembro, 2015

Marcelo, o candidato das revistas dos cabeleireiros, dos consultorios e dos velórios

Ontem, à saída de uma sessão de esclarecimento onde a figura do "professor" fora desmistificada como imagem construída pela mão do próprio com o beneplácito generoso das televisões (que não só de uma), dizia-me uma amiga e camarada: "Bem se podia ter também falado das revistas cor-de-rosa e da promoção que goza".
Verdade que não se falou das revistas espalhadas nas salas de espera de salões, dos consultórios e até dos velórios.
Mas quem esquece que o Professor é a consciência parda de uma direita enjeitada que jamais o enjeita e que Marcelo sempre abraçou?

Entretanto...

18 novembro, 2015

A Síria, uma região convertida em ferida e a génese do cancro que os comentadores não comentam...


É do conhecimento comum que quando um corpo se fere e a ferida é mantida, esta se converte em chaga. É do conhecimento comum que se a chaga perdura sem cura, degenera.
Um ferida persistente, convertida em chaga, frequentemente origina um cancro e este, quase sempre, alastra.
O estranho é que, sendo isso do senso comum, diariamente se fale das metástases sem associar estas a sequelas, sinais dolorosos do alastramento do cancro...
O vídeo que edito já é (na net) por demais conhecido, mas os média não falam nisso e os comentadores ignoram a evolução da doença, omitem a origem do cancro. Até quando?

17 novembro, 2015

Poesia (uma por dia) - 83


Folhas Secas

E quando os meninos da escola
Atraídos pela luz inconfundível do outono
Vierem procurar folhas secas,
Encontrarão palavras.
Umas baloiçando em meios círculos
Bêbadas de prazer.
Outras tapetes de cores estendidas ao sol
Umas vendaval outras brisa, umas lume outras água.

Hão de querer coleciona-las, os meninos.
Hão de querer colá-las em forma de poema
Numa página do caderno.

Hão de ficar espantados
Quando os pássaros vierem
Fazer ninho na folhagem dos poemas
Ali plantados

15 novembro, 2015

G20, o luto e o que (não) será assunto

"Quando retornei ao Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais militares superiores teve tempo para uma conversa. Sim, ainda estamos em vias de ir contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isto estava a ser discutido como parte de um plano de campanha de cinco anos, disse ele, e havia um total de sete países, a principiar pelo Iraque e então a Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão". (General Wesley Clark)
Artigo de Michel Chossudovsky, que citei num post editado em Agosto de 2011
Começou hoje, na Turquia. Já é público que a agenda foi profundamente alterada e que depois das manifestações solidárias com as vítimas de Paris e de Beirute, seguir-se-á uma agenda pesada.
A resposta dos 20 países mais industrializados ao terrorismo vai ser discutida. Haverá decisões. Contudo, nesse assunto, não creio que se espraiarão pelos secretos  planos do Pentágono, nem sobre as secretas encomendas de armamento que vão abastecendo e municiando o "auto-proclamado Estado Islâmico", nem de onde provém o seu financiamento, nem quem é que estará a comprar o petróleo líbio (que aumentou a produção) já depois da tal "Primavera" ter corrido com Kadafi (tal como o general Wesley Clark vaticinava).
O mais provável é que o G20 acerte agulhas para minimizar os estragos, atenuar o medo e controlar o que puder ser controlado, mantendo incólume a origem do terror e aquilo que o alimenta! 
E se a logística de guerra é exigente, onerosa, pesada, ela é também uma boa fonte de rendimento para engordar as contas offshore dos que mantém bem oleados e ágeis os circuitos que lhes garante tão sanguinários proveitos...

Não me parece que o G20 se debruce sobre este mapa. Por tanto...

14 novembro, 2015

Paris - "não tenhamos ilusões: a matança continua e irá continuar porque há quem lucre com ela, parasitas do ser humano, vampiros de sangue humano


Pelas entranhas maternas e fecundas da terra
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó Paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Natália Correia*
«Paris, noite de 13 de Novembro de 2015; depois de Paris em Janeiro de 2015, Nova Iorque, Madrid Atocha, Líbano centenas de vezes, enquanto se arrastam as tragédias da Palestina, Afeganistão, Síria, Iraque, Líbia, Iémen, Egipto, Somália, Mali, Nigéria. A matança continua através da mais bárbara das formas de guerra, a que vitima preferencialmente civis, famílias nas suas casas, cidadãos nos seus momentos de lazer, trabalhadores nas suas actividades, camponeses nas suas terras, crianças e professores nas escolas, doentes, médicos e enfermeiros nos hospitais, socorristas nos escombros. Guerra cega, selvática, conduzida por governantes, traficantes, negociantes da morte, impérios económicos e financeiros, militares, paramilitares, mercenários movidos a dinheiro, também marionetas da intoxicação religiosa e ideológica. Uma guerra sem quartel onde conceitos trapaceiros e expansionistas de democracia se combinam com o irredentismo da fé e a ganância fundamentalista dos agiotas, umas vezes em aliança, outras em dissidência, mistificação sanguinária onde os “chocados” de hoje, os “horrorizados” de ontem podem ser os algozes de Gaza, de Alepo, My Lai ou Haditha, Odessa, Sabra e Chatila, Kandahar ou do hospital de Kunduz, Tripoli ou Bahrein.

Em que se distinguem os massacres de sexta-feira em Paris e as matanças recorrentes em Gaza? O terror à solta em Abu Ghraib, Kandahar ou as bombas sobre o hospital de Kunduz e as chacinas de Odessa, Nova Iorque, no Charlie Hebdo ou quotidiana nas águas do Mediterrâneo? Que não se responda em função da dimensão, da cobertura mediática, do tom da pele ou do grau de “civilização” das vítimas. Uma morte é uma vida humana que se perde, a vida de alguém sem qualquer responsabilidade nas acusações invocadas, nos alibis expostos para eternizar a carnificina global, para atordoar a comunidade mundial através do terrorismo, a mais ignóbil das formas de violência.

Escutámos as primeiras reacções ao drama da noite parisiense: como se o fundamental fosse conhecer quem reivindica a autoria dos crimes, a que horas e de que maneira o faz. Reacções onde se exige mais segurança, mais espionagem sobre os cidadãos globalmente espiados, mais investimento em armas e exércitos, mais limitações à vida quotidiana e aos movimentos de quem já sofre as agruras da vida em crise permanente, em suma, mais guerra sobre a guerra. E poucas palavras ou simples alusões de raspão sobre as cada vez mais comprovadas colaborações entre o radicalismo islâmico e o fascismo, patentes no atentado contra o Charlie Hebdo e, na Ucrânia, na coligação armada para “libertação” da Crimeia; ou invocações por alto, quase sempre invertidas no contexto, das situações na Síria, no Iraque, na Líbia Bem alto na trágica noite parisiense, o secretário-geral da NATO mandou dizer que o terror não vencerá a democracia. Belas e promissoras palavras, pensarão os incautos ou quem ignora a responsabilidade institucional de quem assim fala nas tragédias em curso na Síria, no Afeganistão, na Líbia, na Ucrânia, na multiplicação de muros e barreiras por esta Europa afora.

Depois chegou a reivindicação: o Estado Islâmico, ou Daesh, ou ISIS, ou Al Qaida, ou Al Nusra, ou isto, aquilo ou aqueloutro, grupos financiados por entidades estatais de países da NATO, treinados em campos criados em países da NATO, como a Turquia, ou aliados da NATO como a Jordânia, armados e sustentados de mil e uma maneiras por íntimos da NATO como a Arábia Saudita, o Qatar, Israel. Aqui avulta o sentido humanitário do chefe do governo israelita, que enquanto planeia os próximos ataques a Gaza cede o território sírio ocupado dos Montes Golã para acoitar os terroristas do Estado Islâmico – os que se dizem autores da selvajaria de Paris - e oferece os hospitais israelitas para tratar os mercenários desse bando que forem vítimas da “ditadura bárbara” de Assad. O mesmo chefe de governo, Netanyahu, que foi dar o braço ao presidente Hollande na manifestação encenada por ocasião do Charlie Hebdo e que agora está, como não podia deixar de estar, entre os mais “chocados” e horrorizados”.

Por falar em François Hollande, um dos principais titulares dos “amigos da Síria” inventados em Washington, atrás dos quais se escondem Estado Islâmico, Al Qaida, Al Nusra e os famosos “moderados” – todos eles brilhando como estrelas reluzentes do terrorismo internacional –, ficámos a saber que por causa da situação teve de cancelar a deslocação à reunião do G20, um desses vários “gês” que nos governam sob as ordens dos mistificadores da democracia. Reunião essa na Turquia, país onde ficou demonstrada a falsificação das recentes eleições gerais para reforço da ditadura islamita e que tem servido de base operacional da NATO e de grupos terroristas – entre os quais o Estado Islâmico – para as guerras impostas à Síria, Líbia e Iraque.

Assim sendo, não tenhamos ilusões: a matança continua e irá continuar porque há quem lucre com ela, parasitas do ser humano, vampiros de sangue humano.»
José Goulão, aqui

* Poema e vídeos editados em "Paris, e agora?"