07 janeiro, 2015

«Hoje, todos se dizem Charlie. Eu também sou.»

Num post, editado ontem num blog que sigo: "admitimos que Deus é por definição o ser mais grandioso do que o qual nenhum pode ser pensado, e depois pensámos num ser mais grandioso do que Deus. Para negar esta contradição, rejeitamos a hipótese de partida: a ideia do insensato de que Deus, o ser mais grandioso do que o qual nada pode ser pensado, não existe. Logo, Deus existe."

Deixei lá este meu comentário: "Irrefutável. Contudo, nunca me interroguei sobre o que aqui se prova. A minha questão é outra, e também tem a ver com a dimensão. E tem a ver com a dimensão, imensa, do tempo de resposta às preces... E, se tarda, de que vale (Deus)  existir? É que se ele (letra pequena) é infinitamente grande, também é infinitamente lento. Antes lamentava, hoje não o lamento, vou fazendo aquilo que muitos pedem a Deus que faça. É infinitamente pouco? Mas ou menos tenho prazo!"

Depois de saber o horroroso, li o que se escreveu por aí. Selecciono esta parte (mas vale a pena ler todo):
"Falta a lucidez de se clarificar quem, de facto, foram os autores do crime perpetrado em Paris. Quem quer que tenha sido merece ser perseguido, julgado e castigado. Mas para lá das sombras com que comentadores, politólogos, jornalistas queiram esconder a verdade mais crua devemos perceber que o imperialismo vive uma fase agressiva. Instalou o caos na vida dos povos do Norte de África, do Médio Oriente, na Ucrânia e na Venezuela. Apontar o dedo contra o extremismo islâmico sem apontar o dedo contra quem o financiou, treinou e armou é um insulto à memória dos que caem sob a barbárie da guerra.

Hoje, todos se dizem Charlie. Eu também sou. Mas devemos sê-lo todos os dias denunciando sem ceder à auto-censura quando se refere aos que nos conduzem à miséria, à exploração e à guerra.
"

7 comentários:

  1. Assim é! Concordo com a conclusão do seu texto de hoje. Quanto à existência e à dimensão de Deus, não discuto - apesar de tudo, não creio.

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  2. Meu amigo,

    Teologias à parte, resta saber o que está por trás desse "atentado", sabendo que Charlie Hebdo estava sob vigilência policial, resta saber como foi possìvel penetrar nas suas instalções, como é possível escaparam com a polícia presente, quem planeou ao segundo toda esta acção...

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  3. Pois eu, sou mais Charlie Brown!

    Já em 2011 o tal jornal satírico sofreu um atentado.
    Há muito mais por detrás da questão religiosa,contudo, discordo da contínua provocação sobre a crença em Maomé e na insistência de fazer cartoons jocosos.
    Quem semeia ventos colhe tempestades e a minha pena é terem perdido a vida 12 pessoas.

    Os fanáticos, estes, e todos os outros,sejam de que espécie forem, continuam soltos e a matar culpados e inocentes!

    Paris, já não é o que era!!
    Faz parte de uma Europa a cair de podre!
    :(

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  4. Concordo em absoluto com o que escreveu.
    Tudo isto é uma consequência de tantas políticas erradas por toda a Europa e por todo o mundo.
    Todos os dias morrem inocentes vítimas de violência, de fome de guerra e de atrocidades que nem imaginamos.
    Se Deus existe lamenta de certeza o dia em que criou o homem e já desistiu de concertar alguma coisa.


    beijinho

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  5. Será que foram muçulmanos?

    A que propósito assassinariam um economista que combatia a austeridade ?

    E , tal como nas torres estado-unidenses, deixam rasto atrás de si , neste caso um bilhete de Identidade ?!

    Aprofundando o tema, porque não se fala na Arábia Saudita?

    Que monstros estamos nós criando e alimentando ?

    Je suis française, toujours!!

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  6. CONCORDO que devemos ser Charlie todos os dias denunciando sem ceder à auto-censura quando se refere aos que nos conduzem à miséria, à exploração e à guerra.

    No entanto, o atentado de Paris não tem qualquer justificação.

    Abração de amizade com os votos de PAZ e HARMONIA em 2015... e muitos votos para o teu PARTIDO.

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  7. Não há justificação possível para atos de terror como o que agora sucedeu em Paris...

    Causas e consequências podem ser discutidas para que se estudem estes fenómenos,com vista a erradicá-los, mas conforme li no "mas vale a pena ler todo" cada um vê pelo seu lado (o que não é mais do que a expressão livre da ideia de cada um) mas que acaba, neste momento, por contribuir para dispersar a atenção do essencial - a condenação inequívoca destas práticas de uma feroz cobardia, absolutamente inaceitáveis.

    Bj.

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