28 março, 2015

A Igreja, os Comunistas e os valores (que podem ser) partilhados por ambos os lados


O vídeo tem mais de três anos (Outubro de 2011) mas mantém toda a actualidade.
Mais recentemente, em 2013, na hora da resignação de Bento XVI, citei-o em palavras parecidas talvez a insinuar (eventuais) razões para ele resignar. Dizia ele que "A caridade supera a justiça, (...) mas nunca existe sem a justiça, que induz a dar ao outro o que é «dele», o que lhe pertence em razão do seu ser e do seu agir. Não posso «dar» ao outro do que é meu, sem antes lhe ter dado aquilo que lhe compete por justiça." Encíclica sábia onde aparecem escritas tais palavras, as quais, repito, terão contribuído para abrir as portas ao sucessor Francisco. Do que Francisco tem dito nada cito, por praticamente ser um desperdício de espaço. Todos o sabem. Todos o ouvem e é com compreensível espectativa que lhe seguimos as palavras e os actos. 
Por cá, não espanta que Jerónimo de Sousa tenha referido distâncias e identidades que podem potenciar ver católicos do mesmo lado da barricada ("Com as naturais diferenças que existem entre o PCP e a hierarquia católica, foi possível encontrar aqui pontos de vista comuns, formas de intervenção, a valorização de muito do sentimento de confiança e de esperança numa mudança, do valor da solidariedade, particularmente com os que menos têm e menos podem"[e o mais que pode ler aqui]).
Vem isto a propósito de hoje mesmo ter sabido, sem estranheza, que podemos (nós, comunistas) esperar a queda das barreiras do preconceito e juntar razões à razão e à justiça merecida por parte dos humilhados e ofendidos...
“Há 14 anos, o PCP avançou uma proposta em que defendia que as parcelas no regadio do Alqueva não deveriam superar os 50 hectares (...) seria vantajoso para a região se “os grandes proprietários arrendassem os seus latifúndios”.(...) A doutrina social da Igreja é clara: “A função social da terra está em oposição ao princípio do direito absoluto que ainda condiciona as mentalidades” e no Alentejo “há empresas agrícolas que são associais, e criadoras de pobreza”.
D. Vitalino Dantas, Bispo de Beja (aqui)

5 comentários:

  1. Há que distinguir a estrutura da Igreja de alguns dos seus integrantes.

    Bom fim de semana, Rogério.

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  2. Quem dera todas as pessoas se ensinassem maturidade... ou se amassem de forma a fazê-la brotar com toda naturalidade!...
    Um beijo carinhoso

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  3. A Igreja tal como Cristo a defendia, perdeu-se há mais de mil anos. Parece que agora ela tenta retomar o caminho correcto. Passarão ainda muitas dezenas de anos, até que possamos dizer que está definitivamente no caminho certo.
    Um abraço e bom Domingo.

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  4. Os princípios humanistas estão antes de qualquer ideologia, religião, raça... Não são as Organizações que condenam ou defendem esses valores. São as pessoas que as constituem... E essas são naturalmente diferentes umas das outras, até na interpretação dos preceitos a que as instituições a que pertencem se submetem.

    Lídia

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  5. Lídia,

    Seu comentário é uma observação depreciativa do colectivo?
    (temo não ter percebido)

    Contudo, o meu texto (e as citações deixadas) não tinha qualquer preocupação em salientar quem defende valores humanistas, mas a esclarecer os limites (e as contradições) entre eles (os valores) e, sobretudo, sobre a sua prática.

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