07 janeiro, 2016

O fim dos exames, o facilitismo, a derrocada do ministro e "coisas" necessárias ao ensino!

Em Maio, ainda nem a "procissão ia no adro", um amigo deixava um escrito e um apelo, assim:
«O PS promete acabar com os exames do 4º ano.
Quero que António Costa saiba que fiz exame de 4ª classe com 9 anos. A prova constava de ditado, composição, desenho (à vista) e aritmética. Depois ainda fiz exame de admissão ao liceu. Era obrigatório.
Confesso que não fiquei traumatizado. Pelo contrário, fiquei muito satisfeito por saber que estava preparado para enfrentar as dificuldades do liceu.
Sei que os tempos mudaram, as crianças de hoje são mais frágeis e protegidas, os 5º e 6º anos estão hoje incluídos no Ensino Básico, mas não vejo que mal vem ao mundo por obrigar miúdos a fazer um exame no 4º ano.
A medida proposta pelo PS é popular, mas transmite uma ideia de facilitismo de que discordo. Muito provavelmente estarei enganado, por isso agradeço aos muitos professores que por cá passam que me dêem argumentos para mudar de opinião.»
Regresso ao tema, agora que o Crato foi integralmente arrumado (ele e a sua obra) para acrescentar ao que na altura respondi, não porque tenha hoje a ilusão de que quem escreveu este escrito mude de opinião, mas na esperança de que quem o então o comentou pense um pouco.
E isto na oportunidade da divulgação hoje do relatório da OCDE Education at Glance 2015 que refere que 36 dos 39 dos países daquela organização seguem sistemas que não realizam exames nacionais no 4º, 6º e 9º anos.
Será que sistemas de ensino avançados (Finlândia e Suécia) favorecem facilitismos?

É preciso que a lógica das politicas de ensino dos anteriores governos, e que conduziram o ensino (e a escola pública) a níveis impensáveis no Portugal de Abril, sejam integralmente revistas. O sistema de avaliação não é uma ilha...
... e talvez a imagem abaixo sugira outras "coisas" de que o ensino precisa.


9 comentários:

  1. Fiz o exame da 4ª classe, mas não acredito que ele me tenha acrescentado alguma mais valia. Não fiquei a saber mais nem menos do que sabia, antes do exame, e antes de o fazer já a professora me tinha avaliado, pois se achasse que não estava preparada não me tinha proposto a exame. Penso que a avaliação durante o ano é que dá ao professor a dimensão exacta do que o aluno sabe.
    Porque o filho e a nora estavam a trabalhar fui eu que fui à reunião na escola da neta. A professora disse que apenas 3 alunos estavam preparados para estar no primeiro ano. E disse que ia propor que pelo menos seis alunos tivessem apoio. Disse também que esse apoio não é dado pelas escolas no primeiro ano e que ela se tem batido para que passe a ser dado logo desde o primeiro ano, pois muitos alunos não estão preparados e começam logo a ficar para trás no primeiro ano. Por isso penso que o preciso é estruturar o ensino de forma diferente.
    Um abraço

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    1. Tem razão, Elvira
      É preciso estruturar o ensino de forma diferente.
      E nem é preciso inventar a roda,
      basta seguir o que se chamam "boas práticas"
      e entregar a gestão a quem saiba "da poda"

      Bons exemplos não faltam... (o desenho acima alude a um)

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  2. Esta história dos exames, faz-me lembrar a tropa: quando os jovens magalas entram para a recruta, são alvo de praxes e "brincadeiras" de que se queixam frequentemente. Contudo, mal acabam a recruta, são eles que vão repetir as mesmas com os novos recrutas. O que diz bastante sobre a Natureza humana...

    A conversa de que eu fiz e não me fez mal nenhum, parece-me, antes de tudo o mais, retrógrada.E indiciadora daquele espírito mesquinho e vingativo dos tais tropas. Se a ideia é estagnar, não há nada melhor que manter o sistema de ensino como no tempo dos nossos avós. Se a evolução aconselha a banir os exames e a apostar numa avaliação contínua ao longo do ano letivo - que em tudo parece mais justa - não vejo a necessidade de fazer disso uma questão política.

    Ou seja, o sistema de ensino só tinha a ganhar se os principais partidos chegassem a acordo nestas questões fundamentais e não andassem constantemente a mudar, de modo que os alunos nunca sabem o que lhes calhará na rifa.Isso sim, seria uma prova de puro bom senso - mesmo que decidissem a favor dos exames, embora, como já disse, eu discorde dos mesmos.

    E pronto, já me estiquei um bocadinho. Sorry! :)

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    1. eté,

      estique-se sempre
      pois quem não se sente
      não é filho de boa gente

      Diz: «Se a evolução aconselha a banir os exames e a apostar numa avaliação contínua ao longo do ano letivo - que em tudo parece mais justa - não vejo a necessidade de fazer disso uma questão política.»

      pois!, mas a questão politica é inseparável das opções em disputa. A visão do Ministro Crato, nunca passaria por dar mais recursos à escola pública. E a avaliação contínua ao longo do trajecto escolar ( e não apenas no ano lectivo) requer mais e melhores professores.
      Mais, significa mais despesa
      e melhores também significa mais investimento...

      Olhe só a figura acima:
      - professores com competências para tudo isso?
      - em cada sete professores regulares, haver um para recuperar aprendizagens?
      É obra!

      Apareça sempre!

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  3. A questão é fundamentalmente esta: queremos que as escolas preparem seres pensantes, futuros adultos capazes de se questionarem, de intervirem na sociedade como cidadãos responsáveis, conscientes e autónomos ou preferimos que a aprendizagem seja treino, repetição monótona de conteúdos, mecanização, com vista à obtenção de resultados positivos num exame?
    Creio que o exame nacional tem como pior aspeto a uniformização das aprendizagens, (o fato “pronto a vestir” que tem de servir a gordos e a magros). Não tem em conta as especificidades de cada comunidade educativa, o meio onde se insere, desvaloriza os projetos das escolas, afunila os caminhos do Conhecimento…
    As escolas, empenhadas em mostrar resultados, tendem a direcionar as práticas pedagógicas para essa prova, o que pode ser e é redutor, em muitos casos.
    Pôr uma criança a escrever sem erros ortográficos e a acertar as operações aritméticas é muito mais fácil do que levá-la a fazer algumas perguntas sobre o que a rodeia, digo-vos eu. Isto, como resposta àqueles que embrenhados no mofo do “antigamente”, pensam que os alunos do passado eram melhores que os de hoje.
    Tenhamos a inteligência de dar à criança tempo para aprender a perguntar. As respostas surgirão, depois, naturalmente.

    Bj.

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    1. A questão é fundamentalmente essa!

      Dignifiquemos então a escola e a profissão de quem prepara essa pequena gente a ser gente grande!

      Obrigado Lídia
      (estava a ver que não aparecia...)

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  4. Ó Rogerito, desculpe-me o que aqui vou escrever... Facilitismo, uma ova!!! O que eles defendem é elitismo! E ensino privado. Filhos da mãe!!!

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  5. O que Crato e acólitos querem e defendem é a destruição da Escola Pública , que a Educação e a Cultura só as merecem os poderosos, ninguém mais.


    Bom domingo

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