04 julho, 2024
O MEU ALTAR NÃO ME IMPELE A REZAR, MAS DÁ-ME FÉ
O meu altar não me impele a rezar. Nada de santo há nele, contudo é frequente que ele me transmita fé. À sua direita, na parede mal visível, figura gente querida. Em frente, da direita para a esquerda: a minha imagem (para que não me esqueça de mim); flores do meu jardim; mulher negra, para que tenha presente "memórias de afectos, angústias e medos, tidos e vividos em terras de Angola e há ponta, mal visível, livros que estou lendo.
A cimo de tudo, o ecrã da minha LG que raramente passa coisas que me alimentam a crença. Ora veja!
03 julho, 2024
À LÍDIA, A MADRINHA DA MINHA ESCRITA
Ontem tive uma reunião com um editor a seu convite. O tema era, a pretexto do meu primeiro livro, falar da minha obra literária. Levei-lhe os poucos livros que tinham sido publicados mas centrei-me nos projectos futuros... Ele, o meu interlocutor, pegou nos "Contos" e foi lendo as badanas enquanto eu ia falando. A páginas tantas, interrompeu-me: "Que belo texto ela lhe dedica. É sua amiga?". Resposta pronta: "É mais que isso, ela é a "madrinha" da minha obra literária!" e dizendo isto abri eu o meu "Almas..." e li-lhe o que ela me tinha escrito no blog e que consta na introdução do livro. Escreveu ela:
– «É uma narrativa que prende o leitor pelo tom leve. No entanto, não deixa de dar a conhecer alguns dos azedumes de uma época em que o mundo decorre a dois tempos distintos: A chegada à Lua, signo do progresso do Homem e a Colonização, signo da sua pequenez.Maravilhosa é a forma como utiliza esta dicotomia e tece com as palavras relações tão inesperadas e divertidas… Tem todos os ingredientes para captar a atenção do leitor. Movimento, humor, apelo aos sentidos, suspense... E o encanto próprio do narrador autodiegético, pois que também ele é personagem, ou melhor, personagens. Sobre os cheiros (de África)... Sei que a memória guarda um espaço de eleição para eles. É através deles que muitas vezes nos vemos a viajar no tempo de encontro a lugares e momentos do passado.» – Lídia Borges (Searas de Versos).
Tivesse eu levado o "Sementes..." ter-lhe-ia recitado o poema dela, que mais me tocou:
ANTES QUE ANOITEÇAas sílabas não são já o meu brinquedo de infância preferidoque em laboratório usei para dizer os primeiros afetose dar nome às coisas insubstituíveispara perpetuar o nunca perpetuávelas palavras vão envelhecendo comigoalgumas já desapareceram simplesmentesofro-lhes a ausência contudo cada vez maispreciso de menos palavrastalvez por isso muitas delas recolhem-se já no silênciomisteriosamente dóceis abstêm-se do canto e do prantoe até as mais viçosas e alegres se enrolam à sombrana soleira da tardeantes que anoiteça, antes que eu me afundeou me transforme em pedradá-me um poema dos teuscom sabor a maçã a lima ou hortelãpara perfumar com ele os meus derradeiros sonhos
Lídia Borges, in "Sementes Daqui"- 2013
02 julho, 2024
ÀS SEREIAS VOU PODER DAR UM INESPERADO PRAZER...
A conversa correu muito melhor do que esperava.
Por este caminho
até belas sereias
irão ler o meu livrinho
01 julho, 2024
FAUSTO MORREU? QUEM DISSE?
"As Notas da Minha Liberdade" é um documento dele, de que me aproprio como se fosse meu. Não que tais documentos coincidam ponto-por-ponto, mas sim porque a liberdade conquistada teve, de nós dois, o mesmo sentido. Não admira, assim, que o vídeo do seu testemunho soe baixo, como se fosse segredo íntimo...
(Em 2015 assisti a um espectáculo seu, na Festa do Avante e que guardo na memória. E é essa memória que me faz recorrer a uma frase batida: "Os nossos mortos, não morrem!")
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O PCP jamais esquecerá o facto de Fausto Bordalo Dias ter aceite o convite, em 1985, para fazer o arranjo musical da Carvalhesa, música popular portuguesa, originária de Trás-os-Montes que acompanha a actividade política do PCP em sucessivas campanhas eleitorais e na Festa do Avante!, que desperta de forma viva e entusiástica a alegria e confiança no futuro.