«É uma tristeza olhar para esta Rogériografia.
Apresenta dois hemisférios praticamente iguais de um cinzento azulado
próprio da grande maioria dos humanóides. Nada de zonas ocupadas pelos
processos próprios de zonas verdes como são os lúdicos, das artes, da
cultura, da observação, do amor, da amizade. Nada, zero, népia. Já por
lá terão estado (todos os cérebros nascem iguais) mas foram definhando,
definhando até à sua completa extinção. Por essa razão os processos de
reflexão, de pensamento profundo e de acção consequente são dominantes,
embora com tendência para se irem cobrindo e neutralizando abundantes
processos de nível superior (como podem verificar na imagem, no
hemisfério esquerdo). O ar circunspecto e o porte seguro dos portadores
destes cérebros conferem-lhes uma presença credível e séria pelo que
aparentam ser um cérebro normal embora não o sendo.
A inexistência de processos verdes retira a este cérebro qualquer
capacidade de produzir alegria e felicidade ao seu redor. Todas as suas
manifestações são de aparente bom humor dada a sua elevada capacidade de
mistificar comportamentos, mesmo quando está confrontado com as
situações mais adversas. Não perdendo tempo com ninharias sabem ocupá-lo
trepando e tramando.
Na vida familiar tem um papel muito
protector mas autoritário. Dá grande valor à educação mas,
contraditoriamente desvaloriza leituras elevadas. Os filhos só
frequentam colégios particulares e, quanto a artes, permite-as desde que
não desenvolvam ideias. Assim, valoriza tudo o que é contemplativo ou
sensitivo. Quanto aos pais, lembram-se deles e colocam-nos em razoáveis
lares ou mesmo boas residências para seniores que visitam com
equilibrada frequência…
Vida profissional? Estão na maior.
Senhores de elevada capacidade verbal e até com dotes de oratória,
ascendem facilmente na carreira chegando, na sua grande maioria a
lugares do topo, chega qual for o ramo da actividade ou o sector.
Frequentemente tratam os colegas como ferozes concorrentes e, à
semelhança de outros cérebros anormais, usam as falsas verdades como
patamares de trepadeira mas... arrepiam-se só de pensar que alguém possa
comentar que começaram graças a uma valente e influente “cunha”.
Gabam-se com frequência da sua brilhante carreira académica. Uns
ostentam mestrados, outros até doutoramentos. Fazem-no mesmo quando não
possuem mais do que o ensino básico (e conseguem ter crédito).
Actos cívicos? Sim, mas são imprevisíveis! Tanto acontece haver cérebros
destes alinhados e militantes, como os podemos ouvir discorrer sobre o
valor dos políticos, amesquinhando a sua actividade parlamentar ou
autárquica. Votam sempre e o seu comportamento é, também neste domínio,
muito parecido ao cérebro descrito no meu “relatório” anterior: votam
sempre nos "aqueles" mas também votam noutros que se pareçam muito com
"aqueles"...»
Podias datar de novo e pôr 2015 que ninguém estranharia! Tudo igualzinho...
ResponderEliminarBeijinhos, Rogério. :)
Sou uma mulher que acredita na mudança...os cérebros dos humanoides não estão esquematizados para ficarem estacionados!
ResponderEliminarO meu não é igual a esse representado nessa Rogériografia!
Um abraço esperançado.
~
ResponderEliminar~ Uma análise impecável, Rogério.
~ Só pelo texto, merece uma nota elevada.
~ ~ ~ Dias felizes. Beijo. ~ ~ ~
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Vou como a Maria. Sem tirar nem por.
ResponderEliminarSerá azar ou é mesmo mal formação genética ;)
ResponderEliminarO pior é que são este cérebros que nos (des)governam !
Um beijinho com o desejo que passe um excelente fim de semana.
Fê
O pior é que me parece se o voltar a publicar em 2020 estará tão actual como hoje.
ResponderEliminarUm abraço e bom domingo.