30 dezembro, 2022

BALANÇO DO MEU ANO - I (o lado sofrido)

Assim, como que fazendo um balanço do que foram esses meses, em todos eles, aqui reporto o permanente esforço para resistir à constante pressão da angústia de a ter perdido, para resistir à emoção da sua ausência. Hoje, declaro-me resignado. Entretanto, somou-se a tal estado o ter sido acometido pela doença mais temida: um cancro.

Recorri então, não só a um competente clínico, como também a expediente: estabelecer diálogo com o meu corpo.

Todos diálogos são uma necessidade. A um nível mais corrente, falar com o outro é, por si só, um acto emérito. Fazer tertúlia é colocar o diálogo a um nível tão mais superior quanto maior for o número de elementos a dialogar. Por vezes o diálogo acontece entre espécies e esse é sempre belo, até porque demonstra inteligência no uso de linguagens diferentes...

Por falar em linguagens diferentes, nem sei que dizer à que usei quando me dirigia  à minha próstata e ela me respondia, ou quando faço apelo ao meu ânimo e ele cumpre o papel de me animar. 

Há quem desenvolva teses e leve a questão para a abordagem científica. Soube disso por via da Drª  Ana, a farmacêutica que me fazia aviamento das receitas passadas pelo meu urologista. Por ela fiquei a saber como a Epigenética aplica a ciência à  biologia pessoal e melhora não apenas o bem-estar físico, mas também a qualidade e o carácter da vida diária.

Deu-me a pista e hoje estou no percurso do entendimento do poder da mente sobre o nosso corpo. Claro que não vou aprofundar este conhecimento. Vou limitar-me a continuar a usar! E não por entretenimento ou curiosidade intelectual, mas porque resulta!

ler aqui todos o "Diálogos"

26 dezembro, 2022

FOI MUITO MAIS QUE UM JANTAR!

 

Sim!, foi muito mais que o juntar a família para celebrar, num jantar, a quadra do Natal.

Entre filhas, genros, netos, cunhados, sobrinhos, primos, aprofundámos os laços que nos ligam e pusemos a memória em dia... 

Se faltou alguém? Não!
Quem não aparece, esteve presente no nosso coração!

24 dezembro, 2022

MINHA SEGUNDA FESTA DE NATAL (E UMA PRENDA SURPRESA)

 Esta imagem, projetada numa tela grande, deu inicio a uma sessão inesperada pois integrava uma homenagem com que não contava. Quanto à encenação, os atores, iam desenvolvendo uma dinâmica, difícil de reportar enquanto no quadro iam passando os textos de narrador. Estes iam sendo lidos pelos alunos oriundos de países de diversas nacionalidades  desde o Bangladesh à Síria, de Angola à Guiné e ao Senegal intervindo com uma leitura hesitante e sumidinha dando prova de estarem, com o meu conto, a dar os primeis passos no domínio da língua...


 Claro que as minhas palavras finais, de agradecimento, foram emocionadas. Emoção que ainda não me larga ao dar conta disto. E se há alguém permanecerá na minha memória ela será a da professora Manuela Esteves (à qual aquela escola tanto deve)..

Por fim a imagem da assistência, a quem aproveito para deixar VOTOS DE FELIZ NATAL, e que tendo recebido um livrinho.assumem o compromisso de contar (pelo menos) um continho do livrinho...  


 

22 dezembro, 2022

CARTÃO DE BOAS FESTAS (com algumas previsões para 2023)


Começaram a chover desejos de todo o lado e eu não podia ficar calado. Cá fica um cartão com desejos sinceros e algumas previsões para o ano que aí vem. Assim, prevejo:
  1. Que não vai haver sol na eira e chuva no nabal
  2. Que os rios continuarão a correr para o mar
  3. Que Marcelo vai tentar conseguir estar ao mesmo tempo em dois sítios diferentes, mas não irá conseguir
  4. Que o dito cujo se vier a ser confrontado com a opção em receber o vencimento como comentador ou como Presidente não irá reunir o Conselho de Estado para tomar uma decisão
  5. Que entre o PS haverá quem não esteja contente, mas ajudarão o Costa a seguir em frente
  6. Que a pobreza que por ai anda, continuará a por ai andar 
  7. Que os jornais teimarão a reclamar-se como imprensa escrita
  8. Que a geringonça não irá voltar 
  9. Que continuaremos a ser rendeiros da nossa própria terra
  10. Que, para o ano, meus netos terão mais um ano

20 dezembro, 2022

17 dezembro, 2022

A MINHA PRIMEIRA FESTA DE NATAL...


 Entre a minha Associação e a POMBAL XXI, uma Associação de Moradores dos Bairros do Pombal e Bento Jesus Caraça, onde se concentra uma comunidade africana, maioritariamente cabo-verdiana, existe uma cooperação interessante  e são inúmeras iniciativas em parceria. 

Fomos convidados para a sua Festa de Natal... se eu dancei? Diria que aproveitei para fazer uma sessão de fisioterapia...

16 dezembro, 2022

HIROXIMA... (RETOMO O TEMA)

 Do poema publicado ontem, que ninguém terá lido: 

(...)
Tudo se fez pó
não ficou pedra sobre pedra
e nem pedras havia no chão
já o chão não era chão
mas o fundo abismo de uma cratera
onde tudo era estendal de morte
sem porta de entrada sem porta de
saída
sem tempo sem norte sem vida
sem ruas sem movimento
sem fímbria de céu ou de mar.
O nada entrou no coração
que deixou de bater no peito de
muitos mil
ao peso de cinquenta quilos de
urânio
e toneladas de glória americana
erguendo até ao cume da barbárie
a bandeira mais cruel da natureza
humana.
(...)

15 dezembro, 2022

HIROXIMA, NUMA SESSÃO MEMORÁVEL, PARA QUE A MEMÓRIA NÃO SE APAGUE

 

 O Conselho Português para a Paz e Cooperação e a Âncora Editora realizaram mais uma apresentação do livro "Hiroxima - Antologia de Poemas" coordenado por Carlos Loures e Manuel Simões.
A sessão, apresentada por Amílcar Campos (membro da Presidência do CPPC), contou com as intervenções de Manuel Simões, coordenador da obra, Baptista Lopes, da Âncora Editora, Ilda Figueiredo, presidente da DN do CPPC.
Entre as intervenções foram declamados poemas do livro por vários atores do Intervalo Grupo de Teatro.
De entre os poemas declamados, escolhi este:

HIROXIMA - Adão Cruz
 
Nos limites da razão
onde os homens produzem monstros
todos nos sentimos escombros
do maior terrorismo da História
humana.
Nasceu a manhã mais cruel da mais
inocente madrugada
a manhã mais negra do que a noite
do absurdo.
O inferno rasgou o sol e a lua
os rostos e os braços
arrancou as árvores
secou os rios e as fontes
enchendo a cidade de sangue e
corpos em pedaços.
Um mar de gente ... no corpo nu da
solidão
gente só... no ventre da multidão
olhos vidrados de lágrimas e pânico
correndo... fugindo...
para onde... para o nada...
para o abismo da escuridão
sobre restos de sonhos e pedaços de
vida
espalhados pelo chão
onde a dor fincou as garras
abafando os gritos em catedrais de
cinzas.
O fim de tudo entrou pelas portas e
janelas
e comeu tudo...
comeu as casas que caíram
as mãos que deixaram de brincar
comeu os olhos que deixaram de
olhar
e as bocas que deixaram de respirar.
Tudo era dentro e tudo era fora
na amplidão do desespero
não havia mães nem filhos nas
entranhas da aflição
não havia rumo nem caminho
no deserto infindo da maldição.
Tudo se fez pó
não ficou pedra sobre pedra
e nem pedras havia no chão
já o chão não era chão
mas o fundo abismo de uma cratera
onde tudo era estendal de morte
sem porta de entrada sem porta de
saída
sem tempo sem norte sem vida
sem ruas sem movimento
sem fímbria de céu ou de mar.
O nada entrou no coração
que deixou de bater no peito de
muitos mil
ao peso de cinquenta quilos de
urânio
e toneladas de glória americana
erguendo até ao cume da barbárie
a bandeira mais cruel da natureza
humana.
Uma fria luz de prata atravessou o
mundo
perfurou a mente e as ideias
em seco lamento de gemido sem
remédio
como latido de cão atirado ao vento.
E o mundo dormiu suavemente...
e ainda hoje não acordou.
Entre milhares de bombas e
estrondosos hinos
o mundo de olhos cegos e ouvidos
moucos
ainda dorme...
nada mais ouvindo que o silêncio dos
assassinos.
Poema declamado por André Levy

 

11 dezembro, 2022

A MINHA MUSA ANDA AUSENTE...

A Lis Costa deixou-me, no outro dia, este comentário:

«Nem sempre o céu é azul , Rogério. E a chuva foi uma bela inspiração! Que as estações afetam nosso cotidiano não há dúvida, mas nem todos possuem talento para compor poesia . Gostei da surpresa poética. Que venham outras para os dias ensolarados. Aguardarei !»

 Não posso responder ao teu pedido. A Musa não anda comigo... mas deixo-te outro poema e também o meu livro.
Se gostas da minha poesia, lê-o, de fio a pavio... aqui.

 

DESPERTARES

A alma, o corpo e a razão
sentiram-se abraçados,
docemente,
como há muito não lhe acontecia
Desde então,
ela não mais se afastaria,
como se fizesse parte dele,
sem pressão nem posse.
Seu tronco tornou-se forte
e, na sua frondosa copa,
as folhas assumiram aquele tom
verde de esperanças e de certezas
contrastando com o vermelho
de um fruto amadurecido
Enquanto a seiva lhe fervilhava,
as raízes acordaram resolutas
no seio do húmus da terra

Decidiu então juntar-se à floresta
Assim unidos, assaltaram a cidade


(E outros poemas) - pág.16

10 dezembro, 2022

PORTUGAL AFASTADO...


Depois do que se diz do jogo, preocupa-me a educação do meu Diogo. É que o puto, na sua sã inocência, pensa no que pensa, mas a realidade ameaça o seu pensar. Eu, por mim, tentarei continuar a transmitir-lhe a mensagem de sempre...


Ah!, e outra coisa:

«O que há de característico e fundamental no desporto é, justamente, o que define e caracteriza a sociedade em que ele se realiza»

Prof. José Esteves,
in "O Desporto e as Estruturas Sociais" - 1967,
(este post foi adaptado de um já produzido)

08 dezembro, 2022

Poesia (uma por dia) - 60

(reeditado)

Até que o Sol nos apareça

Uns dizem palavras de desalento
Outros que esperam ter esperança em Maio
A maior parte, não fala e quando saio
Oiço queixas veementes de tão mau tempo

Resguardo-me dos estados de alma
E do silêncio resignado e mudo
Avanço chuva adentro, que não se acalma
Sem esperar que lave os males deste mundo

Meu irmão falou-me de relâmpagos, na escarpa
A nuvem falou-me de trovões e do vento
Um raio que parta tudo isto, ouvi neste momento
Desabafo da impotência que daquela voz se escapa


Avancemos, chuva adentro
Chuva adentro
Até que o Sol nos apareça, e brilhe                           como se fosse Abril  
Rogério Pereira


07 dezembro, 2022

CELEBRANDO ARY DOS SANTOS (Morreu? Quem disse?)

 

 Se estivesse vivo, faria hoje 86 anos. Que a memória de um dos nossos maiores poetas de sempre não se perca! Nem como poeta de Abril nem como poeta das mais belas canções...

05 dezembro, 2022

O QUE É, NA VERDADE, UMA IMPOSSIBILIDADE

 

Na verdade, uma impossibilidade é, tão só e apenas, aquilo que ainda não aconteceu. Quis dar um exemplo ou outro, mas tropecei "numa aula" onde Pepe Escobar dá uma panorama vasto do muito que julgamos impossível mas que bem pode estar perto de nos entrar pela porta adentro.  A começar pelo regresso do fascismo...

01 dezembro, 2022

PARA QUANDO A NECESSÁRIA RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA ?

 O 1º de Dezembro de 1640, celebra a data em que Portugal se torna independente de Espanha.

O 1º de Dezembro de 2009, assinala a data da entrada em vigor do TRATADO DE LISBOA, data em que Portugal perde a sua independência em favor da União Europeia.

Para não entrar em muitos e diversos exemplos de tal perda de soberania, basta referir que a nossa Assembleia da República só pode votar o Orçamento de Estado se este antes tiver sido submetido à apreciação da prévia da Comissão Europeia.

A nossa imprensa, que deixou de o ser, para assumir o papel de comunicação social, não perde tempo com a informação. Para que se perceba onde quero chegar, lembro algumas intervenções do Congresso de Jornalistas em 2017, onde se fala da perda de dignidade .

Já não compro jornais, e vejo televisão só para avaliar até onde chegam os limites da manipulação e da omissão.

E, já agora uma sugestão:

Saiba mais sobre as modalidades de subscrição, aqui.