28 junho, 2017

O peido que o Sobral disse que ia dar e não deu... dei-o eu!


O peido prometido fez correr rios de tinta e fazer surgir textos de qualidade de "primeira água". Depois veio Sobral pedir desculpas e retirar o peido. Eu não retiro o meu, que ontem assumiu outra forma, mais subliminar e, sem odor de traque, deixou larga ambiguidade.Assim, questionou-me a Catarina:
«Estou aqui há que tempos a tentar decifrar o significado deste título e estou com uma certa dificuldade. Gostaria de me explicar, Rogério?! : )) Faz de contas que sou uma aluna do 6º ano! : )
Através de alguns blogues fiquei a saber que foi organizado um concerto a favor das vítimas de Pedrógão, e que, atendendo ao pouco tempo que tiveram para planear, foi um concerto muito bom e que angariaram bastante dinheiro. Muitos artistas famosos participaram e atuaram pro bono.
E a sua opinião foi que....»

Resposta minha, fazendo de conta que ela ainda é menina de escola:
Dizia eu em titulo "Fosse o acesso, o desempenho e o contributo, condicionados aos sócios dos bombeiros e o serão teria sido uma desilusão". O título pressupõe o conhecimento da situação dos bombeiros, da penúnia dos seus rendimentos, da escassêz dos seus meios, das vezes que fazem peditórios de rua, das rifas para angariar fundos para aquirir isto ou aquilo. No seu todo, o título coloca a incoerência entre a multidão que se mobilizou solidária e a multidão que não tem, e não tem certamente, a postura cívica de contribuir para qualquer corporação dos "soldados da paz".
Assim,
  • se a venda de bilhetes fosse se feita apenas a associados dos bombeiros, o MEO Arena estaria meio vazio;
  • se os artistas convidados só pudessem participar comprovando ter as cotas em dia, seria reduzido o elenco;
  • se só fossem aceites donativos, a quem apresentasse semelhante prova, o pecúlio recolhido seria bem reduzido.
Entendido?

MEO Arena, longe de cena (Fosse o acesso, o desempenho e o contributo, condicionados aos sócios dos bombeiros e o serão teria sido uma desilusão)

Rogério Pereira
Sócio nº 331 dos BVO
(com as quotas em dia)


25 junho, 2017

Heloísa, aplaudida

É sabido que quem passa, passa sem tempo.
Não que esse tempo seja tão escasso
como, quem passa, o pensa.
Mas quem vai passando
pensa-se sem tempo
para dispender o tempo
que o nosso tempo precisa.  

É por isso curto
este passo do discurso
de Heloísa
E foi por muito tempo
o aplauso, dado
de pé!

24 junho, 2017

Aquela merda dos bairrismos... sabem?


Estou-me nas tintas se Lisboa concentra (e até podia ser "do contra", pois nem sou lisboeta). Estou-me borrifando se o Porto protesta pela concentração. Parece-me até normal que a capital reclame ser capital e que em nome de um desígnio nacional faça proposta para que venha para o País aquilo que outros se batem para que vá para os países deles...
Se podia ser o Porto. Sei lá, pelos vistos parece que sim!
Falo da Agência Europeia do Medicamento?
Claro!, é mesmo disso que falo!
Olhando ao que se passa, o que vejo? Apenas e tão só, assim:
- Espanha candidata Barcelona e não candidata Madrid;
- Itália candidata Milão e não Roma;
- Holanda candidata Amsterdão, mas esquece Utrecht;
- Suécia candidata Estocolmo e afasta Uppsala.


Mas... 
Que merda é esta? Candidatamos duas cidades? 
E fazemos lobby por qual delas?

22 junho, 2017

Neguemo-nos!

 

ACRE LUCIDEZ DE CINZA

Nego-me à estética do Horrível
E à música de Wagner como se a cavalgada
Da Morte fosse enfeite a enquadrar o telejornal
Nauseabunda esteticização do Desastre
A celebrar o Espectáculo dos corpos e das casas
E as labaredas a lamber os impassíveis olhos
Mal refeitos ainda da voragem do Pânico.

Nego-me ao microfone em riste
A invadir as bocas e colher a baba das palavras
E escarafunchar o pormenor da Lágrima
E a dobra da Agonia como viver ou morrer fosse
Noção escorreita perante e iminência da Morte.

Nego-me a doutas opiniões e ao grande Debate
E ao arroto da Sabedoria ao serviço da Ganância
A desenhar manobras e as invisíveis rotas
Do Lucro e permanente encenação do Mesmo.

Nego-me ao leilão das alvas consciências
A pingar em fila da Banca e dos altos muros
Da Instituição. E nego-me aos caninos cibernantropos
A salivarem tweets e likes e rabinho electrónico
A dar a dar e a babarem-se sem ao menos saberem
Que nada representam – pálida imitação dos Donos.

Nego-me a esta impúdica exasperação dos lugares.
E da Dor, que sendo minha, é apenas Simulacro
Palavra que não (me) redime, nem salva
E que, no entanto, teima - acre lucidez de cinza.

Manuel Veiga (aqui)

20 junho, 2017

Portugal arde por (quase) todos os lados, ou, o fogo lento e as chamas vivas...

O título é antigo. E se aqui o trago é pela actualidade de coisas das quais pouco se fala e outras que até andam escondidas. É que não se chega a este ponto sem um percurso de criminosa inércia.
Dizem que a hora é de imensa tristeza.
Eu digo que a hora é de desesperada raiva.
Foto JFS/Global Imagens
obrigado dr. Octopus, por me ter lembrado

18 junho, 2017

Já antes deste luto eu me enlutara com a situação que só espanta pela dimensão do drama.


Não é preciso saber detalhes para entender as principais causas. Conhecer os pormenores só desviará a atenção dos "porquês" do drama. É tão certo isso como é acertada a minha relutância em dar protagonismo às chamas. Espaço meu, não alimentará a febre aos pirómanos, embora tudo leve a crer que desta vez mais se deva à incúria que à loucura. Dirão que não, que se conjugaram factores de baixa humidade,  vento, temperaturas do diabo e trovoadas... 

Entre a profusão de imagens, declarações, testemunhos, entrevistas e comentários, procuro a sentenciosa análise de Filipe Soares dos Santos da qual recordo algumas palavras, frases soltas: "falta de ordenamento"; "grande parte da floresta ou é privada ou fracionada e sem cadastro"; "é preciso passar a dar valor ao mato, à biomassa". Procuro e não encontro.

Veio a explicação por outra via, assim:
 (...)
«6 – O PCP considera que uma das questões centrais para evitar tragédias como a de hoje é a inversão da tendência da desresponsabilização do Estado na gestão da floresta, na prevenção e combate a incêndios e no ordenamento do território e combate à desertificação.
É necessário inverter o esvaziamento humano de estruturas da Administração Central e a rarefacção de meios financeiros para a floresta e para o apoio à actividade agrícola. Nesse sentido a DORLEI do PCP reitera a sua condenação do encerramento de vários serviços da Direcção Regional de Agricultura no Distrito de Leiria.
É necessário valorizar a importância e o papel dos pequenos produtores e compartes dos Baldios, dar mais meios e poder de decisão às suas associações, dar resposta ao problema central do baixo preço do material lenhoso e assegurar o ordenamento da floresta, designadamente através da elaboração do Cadastro Florestal com os meios financeiros adequados.
7 - Os problemas da floresta portuguesa e as catástrofes como a de hoje não resultam apenas das condições climatéricas extremamente adversas que se verificaram no dia de ontem.
Decorrem também da destruição da pequena e média agricultura, do desaparecimento de muitos milhares de explorações familiares e da desertificação do mundo rural e do interior do País. Catástrofes como esta são ainda indissociáveis da aplicação da PAC e das suas desastrosas reformas, bem como do resultado de políticas agro-florestais, orçamentais e de serviços públicos contrarias aos interesses dos agricultores e do mundo rural.»
18 de Junho de 2017
O Gabinete de Imprensa da
Direcção da Organização Regional de Leiria do PCP

 Já antes deste luto eu me enlutara com a situação que só espanta pela dimensão do drama.

17 junho, 2017

«Koln… meine freude Koln, très amie-de-monamie-miteran»

Koln foi buscar Merkel à ex-RDA para a colocar como cereja no seu bolo, e acabou por ter que engolir o caroço.
Os gatos-pingados que o levaram para o cemitério confirmaram que era um grande homem, pelos nossos cálculos ultrapassaria em muito os cem quilos. Os media exaltam o homem da unificação da Alemanha, cantam-lhe loas pelo Tratado de Maastricht e ignoram a dissolução da Iugoslávia e o massacre que tão cedo não se esquecerá.
Fac-símile de página do livro de Guy Mettan
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Wolfgang Schäuble era o predileto de Koln, e acabaram em grandes negócios de armas com a Arábia Saudita e o Canada, tudo feito com muitas, muitas luvas, a justiça marcou passo; privatizações da RDA, refinaria Leuna ‘vendida’ à ELF, Kohl admitiu ter depositado milhões de marcos de doações anónimas em contas secretas na Suíça.
Vejam bem!... ah! Falta cá o pai da nossa democracia para lançar a frase chapa para defuntos: Koln… meine freude Koln, très amie-de-monamie-miterand.
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texto publicado no blogue as palavras são armas e com o título «Estar vivo dá sempre nisto»

15 junho, 2017

Outdoors, outdoors, uns maus outros piores


Este parece bonito mas é mesmo mau. É mau, porque não é promessa é já ameaça. E com inicio anunciado, apesar dos moradores se manifestarem contra, em abaixo assinado (e foram mais que muitos). É mau porque inicia a criação de uma nova centralidade numa urbanização que se queria equilibrada, que tem três escolas e que, a partir de agora vai passar a ter (mais) uma superfície  comercial (estão a ver aquela rotundinha, pequenina, lá em cima? Vai ser aí). É mau, porque com medo do Isaltino o Vistas anda em desatino e desata a fazer obra, obrada. 

E como Oeiras vai ser (já é) palco de guerrilha eleitoral, todos os dias aparecem mais outdoors.


Há dois meses atrás, apareceram uns e a seguir outros. Eram 122. Cento e vinte e dois, pois! Hoje já são cerca de 150 e custam um dinheirão. Anunciam sorrisos e betão. 
E falam de pessoas? Não! 

Oeiras, vai ter outras candidaturas, nomeadamente aquela que estão a pensar. Esta vai ser diferente? Vai! As pessoas vão valorizar? Não temos a certeza. 
No meio de tanto ruído e falta de senso, o mais provável é já estarem a fazer planos para ficarem em casa pois tanto alarido cansa.

E ainda "a procissão vai na praça"

13 junho, 2017

O 13 de Junho de 1654 e uma dedicatória, para nossa memória

(REEDIÇÃO)
«Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande.»-"
Sermão de Santo António aos Peixes", Padre António Vieira, pregado na cidade de São Luís do Maranhão em 1654(*)
gravura de Pieter Bruegel, 1557
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto verdade? Ainda mal!

11 junho, 2017

E esperavam que eu estivesse onde? Pois claro, a mudar o mundo!


Sentado, muda-se o mundo? Claro, há que ter tempo para tudo... 
E se não vejamos, a contar da esquerda:
O Guerreiro pensa. O Amílcar está a pensar. A Heloísa pensa no que o Daniel está a falar. A Catarina não desgruda o olhar e aquele gajo, lá ao fundo, tem mesmo o ar de quem, a seguir, vai mudar o Mundo. 

E há uma coisa, comum a todos, sabem também ouvir.
A Heloísa fala disso e de como somos...

08 junho, 2017

Este meu acto de cidadania... e militância


... e todos nós trazemos a alma na cara...
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NOTICIA:
Apresentação dos cabeça-de-lista, candidatos CDU às freguesias. Dia 9 de junho, 18h00 no Auditório Municipal Lurdes Norberto

07 junho, 2017

Tanta gente à sua volta

Desembaraça-se das pedras
Das janelas abertas para o nada
E cresce
.
Solta-se
O olhar
Nem vencido
Nem triste
Nem parado
É firme
.
Marcha
A voz
Nem se embarga
Nem se cala
Canta
.
A determinação
A si próprio espanta
Só então repara, nota
Tanta gente à sua volta

Rogério Pereira
(poema reeditado)

04 junho, 2017

Um fim-de-semana intenso, sem perder um minuto para mudar o Mundo

No sábado, não ensinei o "Padre Nosso" ao vigário pois a Rita há muito que o sabia... e lá estávamos, eu e ela, entre muitos...
Domingo, no "Mexa-se na Marginal", além de explicar à Joana a minha frase batida também lhe ia explicando, enquanto íamos marchando, que é o Marxismo que dá sentido à vida. Ela riu-se do meu trocadilho... e deve ter ficado a pensar que há coisas com que não se deve brincar...

02 junho, 2017

Diário de um eleito - 17 (Um dia intenso, sem perder um minuto para mudar o Mundo)

 

7h10 -  O acordar foi sentir-se como Camões, no naufrágio, salvando Os Lusíadas. Saía do sonho não sabendo se a tempo de salvar o portátil de uma lavagem, sob imersão. Não se lembra se, no pesadelo, teria usado... sabão...

9h30 - Começou a dar à sala a implantação de uma aula. Depois resolveu alterar e dispor as pesadas mesas em U. Arrojou cadeiras. Montou o projector (e estava seguro de que funcionaria pois tinha-o ensaiado). Estendeu as "extensões". Sincronizou o seu portátil com o wi-fi (e estava seguro que funcionaria pois já a tinha testado). Desfez a embalagem do que seria o ecrã. Só que, inesperadamente, não era o que era suposto que fosse. Para o montar era necessária obra, buchas, camarões, berbequim... e nada disso havia ali... nem isso nem tempo.

10h10 - Chegou ajuda que não pode ajudar muito. Apontava o projetor à pouca parede. "Mais ali" aconselhava a ajuda. E foi ali mesmo que ficou. Entretanto começaram a chegar. Pontuais, como lhes fora recomendado...

11h50 - Deu a sessão por terminada. A Alice, a Micá, a Adelaide, o Daniel, de idades entre os sessenta o muitos e os oitenta e poucos, pareciam agradados. A Maria, mais nova e que tinha há pouco acabado de vencer a iliteracia, afirmou com ar sentencioso: "devagar que temos pressa". Cabo-verdiana de origem, conhece o ritmo certo para fazer as coisas acontecerem.
Ele achava que tinha sido pouco, a "turma" terá achado que foi muito...

12h25 - Encontro combinado na Estação de Serviço da A5. Parou o carro junto ao do outro. Abertos os porta-bagagens procederam à operação de trasladar documentos, dos flyers, do roll-out. "Contactaste o pessoal do Porto? Era importante que dessem um salto a Esposende... 

14h15 - A mulher acorda-o. 20 minutos foi mais que suficiente, para recuperar...

15h30 - Chegara pontualmente, uma hora antes, e tinha tido tempo de dar a última afinação para o que iria dizer cumprindo o tempo que lhe fora concedido. Entretanto a vereadora ia falando da noticia que, a juntar à noticia passada, Oeiras iria ficar como ninguém esperaria que ficasse. De seguida, foi-lhe dada a palavra. Disse o que era formalmente necessário ser dito e acrescentou não valer a pena fixar objetivos se estes depois não forem medidos pelos resultados e impactos. E depois tirou a conclusão: "...embora o Modelo de Observatório da Saúde do Município tenha ainda de contemplar alguns indicadores, esta é uma boa base de trabalho para avaliar se o que estamos fazendo é exatamente o que é necessário que os serviços façam..." Seguiram-se outras intervenções, mas teve que sair...

17h20 - Foi entregar os documentos, flyers e o roll-out, para seguirem para o norte...

23h30 -  Depois de ter escrito uma série de coisas, acabou de escrever... isto que acaba de ler.

Em Queluz de Baixo o que é que eu acho?


O que é que eu acho em Queluz de Baixo? Em primeiro lugar acho-me bem acompanhado. Depois, acho-me honrado, pois a foto foi tirada por um vereador, que se submeteu à humildade de não figurar. Por último, embora nada tenha a ver com a propriedade do estabelecimento, meu nome figura na placa.
Diz quem passa que a loja é uma marca.
Diz quem estava ao balcão: "O negócio vai andado", pudera se tão eclética é a oferta: "Ferragens, drogaria e produtos horticulas"
(a Heloísa comprou cola para sapatos, vá se lá saber porquê?)