27 fevereiro, 2023

UMA TARDE MEMORÁVEL ...

 
Foi no sábado à tarde, no auditório do Templo da Poesia no Parque dos Poetas em Oeiras, a Rede de Cidadania de Oeiras promoveu uma sessão "à conversa com" Sampaio da Nóvoa e Pilar del Rio.
 
Numa conversa que evocou a obra de José Saramago, cujo centenário se celebrou em 2022, o auditório completamente cheio teve oportunidade de escutar as reflexões dos intervenientes sobre a cegueira, a lucidez, o futuro, a qualidade da democracia, o conformismo, a indignação, os perigos, as oportunidades e os desafios que se colocam numa perspectiva de construir um mundo que a ninguém exclua e a ninguém deixe de ouvir.
 
No final, algumas intervenções da assistência sublinharam esse apelo ao exercício constante de cidadania a que todos podemos e devemos corresponder.
 
Foi bonita a festa. Pena que, por lá, nem um único jovem... 
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Nota de rodapé: dói-me esta incapacidade, imposta, de vos fazer chegar os meus comentários aos vossos textos. E piora de dia para dia...

26 fevereiro, 2023

UMA REVELAÇÃO INESPERADA...

Uma revelação inesperada (para a elite): os EUA podem ser os maiores perdedores na guerra contra a Rússia

Para onde vai a Europa na sequência das alegações do Nord Stream? É difícil ver uma Europa, dominada pela Alemanha, divergindo de Washington. A atual liderança alemã está escravizada por Washington e prontamente aceitou a sua situação de vassalagem.

(Alastair Crooke, Strategic Culture Foundation, ler em Estátua de Sal) 

24 fevereiro, 2023

SETENTA E OITO

 Vou sorrir à primeira pessoa que passar!

Já são setenta e oito vezes
que isto me acontece
Das primeiras vezes,
crescia-me um corpo
e uma alma
aprendendo
a falar um com o outro
de forma serena, calma.
Mas tarde,
cabiam já alma e corpo no mesmo espaço,
começaram os conflitos e o embaraço
de ir amadurecendo a servir de juiz
num por vezes doloroso desaguisado
exercício de manter o equilíbrio
entre Minha Alma e Meu Contrário 
Foram tempos de tudo
De raiva, de luta, de ausência, de não regresso
que não esqueço 
Vieram então tempos de esperança,
e de poupada alegria
(pois que desta nunca há abastança
e se dela gastasse a esmo por certo já não haveria) 
Chegado agora, ao dia de hoje
os três olhamos este meu rosto
Contamos-lhe as rugas,
umas leves outras fundas...
Estas aqui, na fronte, que tantas são,
são as dos desgostos, das incertezas e da apreensão
Estas, outras, na face, que muitas se atropelam
São as do sorriso, e é a alegria que revelam 
Minha mão as tacteia e afaga
ao mesmo tempo que as vai contando
E que coincidência, e que espanto
umas e outras somam o mesmo e tanto. 
Para as desempatar
Vou sair
E sorrir
À primeira pessoa que passar

Rogério Pereira

22 fevereiro, 2023

NÃO, NÃO VENHO FALAR DO MEU CRÂNEO... MAS DA UCRÂNIA ...


No outro dia, falando do meu crânio, deixei implícita a necessidade de ouvir uma terceira opinião e colocava a necessidade de ter igual procedimento se viesse a falar da Ucrânia. Ora cá vai: 

«Acusar todos os que acham que não há uma solução militar para a guerra da Ucrânia e que uma solução de paz negociada deve ser encontrada o mais cedo possível de estar a favor de Putin nunca fez sentido, mas à medida que o tempo passa, a narrativa de que é preciso continuar a guerra até que a Ucrânia alcance uma vitória militar vai ficando cada vez mais insustentável.

Na verdade, à medida que o tempo passa, as peças da narrativa política e mediática imposta à opinião pública pelos Estados Unidos e pelos seus mais fiéis acólitos europeus, baseada na ideia de que a guerra tem de prosseguir até ao último ucraniano, vão caindo como um castelo de cartas.

Desde logo, a partir do momento em que há cerca de um ano atrás a guerra entrou numa nova fase com a ofensiva russa sobre o território ucraniano, era evidente, tendo em conta a desproporção de forças existente, que a solução que melhor serviria os interesses do povo ucraniano seria trabalhar para um cessar fogo imediato e para a abertura de negociações que permitissem uma coexistência pacífica entre a Rússia e a Ucrânia que salvaguardasse a segurança de todos, incluindo do povo do Donbass.»

Ler tudo aqui


20 fevereiro, 2023

NÃO, NÃO VENHO FALAR DA UCRÂNIA ... MAS DO CRÂNIO... O MEU

Lembram-se do tal relatório? Foi hoje desmontado na consulta tida de manhãzinha... por conclusão saí com receituário com ênfase nas pastilhas de vitaminas..

De entre o relatório e o ouvido, pelo neurologista de serviço, "não batendo a bota com a perdigota" tenho mesmo que ir ao desempata....

Se estivesse a falar, não no meu crânio, mas na invasão da Ucrânia há uma certa semelhança...

19 fevereiro, 2023

18 fevereiro, 2023

HÁ POEMAS QUE DEIXO EM COMENTÁRIOS... VEJAM A HISTÓRIA DESTE

SAGRADO
"A refracção da luz solar
quando natural
é sempre bela,
espectacular
Sentou-se no chão para a admirar
por pura e mera distração
sem qualquer outra preocupação
particular
Eis senão quando
algo de inusitado apareceu
cruzando o céu
qual meteorito colorido
harmonioso, meio veloz, meio brincalhão
após descrever um arco
se veio enfiar pelo chão
Chão tão próximo, que ali estava
que quase a coisa linda ele pegava
Não pegou, nenhuma pedra a agarrou
partiu terra adentro
sem ruído, impacto ou eco
apesar de ter aberto
uma larga galeria
Reforçou a curiosidade
e entrou por aquela entrada
levando consigo a impressão
de lhe ir acontecer coisa sagrada "
Rogério Pereira, junho de 2011

A história deste poema-comentário?
Lembram-se da Gisa? Ora vejam...



16 fevereiro, 2023

O "MEU" LIVRINHO VAI ENTRAR NO CIRCUITO COMERCIAL?

 


Os "Contos para serem contados" vão entrar no circuito comercial e o livrinho poder ser adquirido em qualquer livraria?  Para já, há uma editora interessada e, hoje mesmo, enviei para a Câmara de Oeiras um pedido de patrocínio. O currículo é forte, como aqui fui dando conta. Veja só, em síntese, o percurso percorrido:

O projeto compreendeu a edição do livro “Contos para serem contados”, integralmente financiada Junta de Freguesia da UFOPAC e foi doado a todas as escolas do 1º ciclo da Freguesia de Oeiras e S. Julião da Barra, mas também em sessões onde era numerosa a presença de crianças com destaque para as iniciativas  realizadas, nomeadamente, na Associação POMBAL XXI (crianças que frequentam as salas de estudo) e no Espaço Criança, da Festa do Avante. Foram também feitas apresentações, seguidas de doação a idosos com destaque para a iniciativa do MURPI , “Pequenicão” e para a sessão realizada no Salão da Cooperativa Nova Morada, Programa sem idades. A maior parte das iniciativas contou com a presença do autor Rogério Pereira e da Presidente da nossa Associação, Olívia Matos.

Sobre o livro, que contou também, com a arte de Sílvia Mota Lopes, com belas ilustrações, registe-se:

 

 «Estamos perante uma compilação de contos, tendo em comum as crianças e jovens como público destinatário preferencial. Histórias de histórias, uns, outros imaginados ao sabor da pena e da sensibilidade criativa do autor. A quem lê nas entrelinhas, parece haver, à partida, a intenção de reabilitar uma certa tradição oral, um modo antigo de “falar/comunicar” que se foi perdendo em prejuízo das novas gerações, privadas agora, pela voragem dos tempos, da transmissão de valores e de conhecimentos, tradicionalmente passados, de “viva voz”, de pais para filhos, de avós para netos. Se, por um lado, somos forçados a reconhecer que os avanços no domínio da tecnologia abrem uma imensidão de novas perspetivas quanto ao acesso ao Conhecimento, janelas que nos aproximam do mundo distante, por outro lado, erguem barreiras à interação, à comunicação com o que está próximo.(…)»

Lídia Borges, escritora e professora do 1º ciclo

14 fevereiro, 2023

QUAL SÃO VALENTIM? FOI ZEUS!

(reeditado)


Tal como foi tudo bem explicado num outro lado, foi Zeus o culpado: 
"No início, a raça dos homens não era como hoje. Era diferente. Não havia dois sexos, mas três: homem, mulher e a união dos dois. E esses seres tinham um nome que expressava bem essa sua natureza e hoje perdeu seu significado: Andrógino. Além disso, essa criatura primordial era redonda: suas costas e seus lados formavam um círculo e ela possuía quatro mãos, quatro pés e uma cabeça com duas faces exatamente iguais, cada uma olhando numa direção, pousada num pescoço redondo. A criatura podia andar ereta, como os seres humanos fazem, para frente e para trás. Mas podia também rolar e rolar sobre seus quatro braços e quatro pernas, cobrindo grandes distâncias, veloz como um raio de luz. Eram redondos porque redondos eram seus pais: o homem era filho do Sol. A mulher, da Terra. E o par, um filhote da Lua.

Sua força era extraordinária e seu poder, imenso. E isso tornou-os ambiciosos. E quiseram desafiar os deuses. Foram eles que ousaram escalar o Olimpo, a montanha onde vivem os imortais. O que deviam fazer os deuses reunidos no conselho celeste? Aniquilar as criaturas? Mas como ficar sem os sacrifícios, as homenagens, a adoração? Por outro lado, tal insolência era perfeitamente intolerável. Então...

O Grande Zeus rugiu: Deixem que vivam. Tenho um plano para deixá-los mais humildes e diminuir seu orgulho. Vou cortá-los ao meio e fazê-los andar sobre duas pernas. Isso com certeza irá diminuir sua força, além de ter a vantagem de aumentar seu número, o que é bom para nós. E mal tinha falado, começou a partir as criaturas em dois, como uma maçã. E, à medida em que os cortava, Apolo ia virando suas cabeças, para que pudessem contemplar eternamente sua parte amputada. Uma lição de humildade. Apolo também curou suas feridas, deu forma ao seu tronco e moldou sua barriga, juntando a pele que sobrava no centro, para que eles lembrassem do que haviam sido um dia.

E foi aí que as criaturas começaram a morrer. Morriam de fome e de desespero. Abraçavam-se e deixavam-se ficar assim. E quando uma das partes morria, a outra ficava à deriva, procurando, procurando...

Zeus ficou com pena das criaturas. E teve outra idéia. Virou as partes reprodutoras dos seres para a sua nova frente. Antes, eles copulavam com a terra. De agora em diante, se reproduziriam um homem numa mulher. Num abraço. Assim a raça não morreria e eles descansariam. Poderiam até mesmo continuar tocando o negócio da vida. Com o tempo eles esqueceriam o ocorrido e apenas perceberiam seu desejo. Um desejo jamais inteiramente saciado no ato de amar, porque mesmo derretendo-se no outro pelo espaço de um instante, a alma saberia, ainda que não conseguisse explicar, que seu anseio jamais seria completamente satisfeito. E a saudade da união perfeita renasceria, nem bem os últimos gemidos do amor se extinguissem.

E esta é a nossa história. De como um dia fomos um todo, inteiros e plenos. Tão poderosos que rivalizávamos com os deuses. É a história também de como um dia, partidos ao meio, viramos dois e aprendemos a sentir saudades. E é a razão dessa busca sem fim do abraço que nos fará sentir de novo e uma vez mais, ainda que só por alguns momentos (quem se importa?), a emoção da plenitude que um dia, há muito tempo, perdemos.»

Platão, in "Mito do Andrógino ( Banquete de Platão)"

10 fevereiro, 2023

A IMAGEM DO DIA

 UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS

Activistas da CDU (PCP/PEV) colocaram faixas em defesa do direito à habitação nos Anjos, em Lisboa. A pretexto de obras, várias pessoas sem-abrigo que pernoitavam na zona, muitas delas ao serviço das plataformas digitais, foram retiradas do local, tendo a autarquia de Lisboa erguido grades ao redor. À Renascença, Carlos Moedas defendeu que os imigrantes «não podem vir para o nosso país sem terem um trabalho». 9 de Fevereiro de 2023 in AbrilAbril

08 fevereiro, 2023

FUI CONVIDADO... E ESTENDO O MEU CONVITE

Fiz tudo para se fazer o que vai ser feito, ser celebrado, por aqui, o Centenário de José Saramago. "Claraboia" vai ser a obra, que tanto me diz...

Hoje recebi o convite, que dizia assim:

«Estão convidados a assistirem à peça de teatro "Reunião de Condomínio da Claraboia", na próxima segunda-feira, dia 13, pelas 19.30 , no fórum da escola*. A peça foi escrita no âmbito da  formação "Técnicas documentais de escrita", sob orientação da professora Luísa Esmeralda Santos e com o apoio do grupo de Teatro Intervalo.

Contamos com a vossa presença.»

Claro que vou, venha daí! 

(*) Escola Luís de Freitas Branco

07 fevereiro, 2023

FOI DEPOSITADA UMA BELA FLOR, NA SUA ETERNA MORADA...


Ontem, a minha-do-meio, também saudosa, foi depositar uma linda flor, na sua eterna morada. Liguei-lhe, comovido, perguntei-lhe se a mão de tal gesto era a sua. A resposta, afirmativa, redobrou a minha comoção. 

Obrigado, querida filha!

06 fevereiro, 2023

HOJE, MAIS UMA VEZ, NÃO VAI HAVER O QUE SEMPRE HOUVE

Logo, ao jantar,
não haverá o que sempre houve,
não haverá à volta da mesa:
a alegria costumada
não rirás
não rirei
não rirão
não riremos
Não haverá velas num bolo,
troca de olhares
e flashes 
Não cantaremos
(os miúdos não vão poder apagar
as velas, nem cantar também)
Depois,
depois não fará sentido voltar a dizer
Ah, quanto te quero bem...
Ou, saudoso, talvez ainda diga
aquela frase batida
assim
Se não fosses tu
não sei o que seria de mim 
Lhe disse um dia
"O melhor de mim, somos nós"
...e assim será, para o resto
que me resta

Rogério Pereira/6Fev2022

05 fevereiro, 2023

O FUTURO A DEUS PERTENCE?

Em meu entendimento, a popular expressão, não só é errada como, também, é perigosa.

É errada pois torna-nos convencidos de que é o determinismo divino que comanda a vida e que de pouco nos serve lutar ou fazer o quer que seja para mudar o que nos rodeia. E que é inglório o esforço para ir traçando o nosso próprio destino.

E é perigosa, por isso mesmo.

04 fevereiro, 2023

HOJE, SENTI-ME UM RIO...

QUE BELA TERAPIA

Hoje, senti-me um rio
De caudal contido
Defendendo-me da pressão das margens
Passando por várias paragens
Desaguando na praia
Em tímida linha de água
Escorrendo para o mar
Onde todas as ondas
Me vieram beijar 
Com um carinho
Nunca antes sentido

Foi bela a terapia
Naquela paisagem com barcos

Rogério Pereira

03 fevereiro, 2023

"A GUERRA, O ALTAR E O TRANS", a não perder!

 A minha situação de saúde e os sustos recentes do que me vai acontecendo, não me vai distraindo dos temas que a comunicação social coloca na ordem do dia. Tenho informação alternativa. Do que a página AbrilAbril vem publicando não perco pitada. A guerra da Ucrânia e o altar são dois exemplos. Ora vejam e oiçam bem:

01 fevereiro, 2023

1º RELATÓRIO CLINICO (APESAR DE MAUZINHO, MANTENHO O SORRISO)

Se bem se lembram, fiz uma ressonância magnética ao crânio, o que, bem sabemos,  é mais fiável que qualquer minha "rogériografia" do cérebro. 

É mauzinho o relatório clínico, mas, apesar disso, mantenho o meu sorriso. Nem pensar que a minha cabeça passe apenas a servir para usar chapéu. 

E se o Meu Ânimo já correu com o cancro nada o impede de correr com o senhor Parkinson ... Do extenso relatório, transcrevo a parte mais expressiva.

«As alterações descritas no seu conjunto, são sugestivas de doença neurodegenerativa / síndroma Parkinsónico ... Coexistem sinais de doença vascular isquémica cronica.»