Zillah Branco, especial para O Lado Oculto
Lula
tornou-se o símbolo de um processo que mostrou ao povo brasileiro ser
possível libertar-se das imposições das potências hegemónicas, assumir
um papel positivo no cenário internacional e iniciar uma série de
transformações sociais que enfrentariam séculos de exclusão e miséria. A
Bolsa Família lançada pelo seu governo é um programa divulgado pela ONU
e adoptado nos países onde a miséria mata mais que as guerras.
«Ao
analisarmos o legado de Lula, de 2003 a 2016, até que Temer abriu as
portas do Brasil à destruição avassaladora, vemos que os prejuízos
económicos (com a quebra das iniciativas de produção e emprego e o
congelamento por 20 anos dos orçamentos para o sector social),
financeiros (com o confisco, pelos bancos, das casas de habitação
financiadas a crédito aos trabalhadores agora desempregados e a venda
das empresas nacionais), do desenvolvimento cultural (com o corte nos
orçamentos das universidades e das bolsas de estudo nos vários níveis do
ensino, e das instituições públicas culturais), do desenvolvimento da
estrutura de produção do Estado (com a desagregação para privatização da
construção naval, da Embraer, da Petrobrás, e de mais de 7 mil empresas
públicas), da atenção à saúde, da quebra da Bolsa Família e das
múltiplas iniciativas para fomentar a pequena empresa ou cooperativa de
produção, o corte de subsídios e reformas por invalidez, com a
destruição não só do sistema judiciário que promovia a inclusão de
milhões de brasileiros nos benefícios da cidadania mas da própria
justiça social que era a base do desenvolvimento humano do povo
brasileiro, vemos que o aumento da mortalidade infantil e materna, de
jovens abandonados aos bandos criminosos, de famílias deixadas à fome,
de suicídios e doenças mentais, de enfermos sem tratamentos, tende a ser
maior do que em guerras e prolongam-se por anos afora, reduzindo um
país potencialmente rico a escombros. As estatísticas registaram 63 mil
homicídios por ano.
Devastação como numa guerra
O crime cometido pelos golpistas ultrapassa em muito o de agressores armados que invadem um território. É hediondo.
A
ONU dá o testemunho de que o Brasil conseguira, com o combate à
miséria, retirar 42 milhões de pessoas da fome, mas que depois do golpe,
em 2018, já perdeu esta conquista. A queda da mortalidade infantil para
a taxa de 14,1 óbitos por mil nascidos e a redução em 25% dos óbitos
maternos em relação a 2001, que aproximou o Brasil das condições de
países desenvolvidos, desvaneceu-se no meio das múltiplas catástrofes
económicas e sociais.
O desemprego, que entre 2003 e 2004
desceu de 12% para 4,5%, acompanhado de melhor distribuição de
rendimentos com o aumento do salário mínimo em 71,5%, produziram o
aumento de consumo dos bens essenciais que animou a indústria e a
comercialização de produtos básicos e de alimentos.(...)»
Pode continuar a ler este texto em "O LADO OCULTO". Escolhi-o por razões de proximidade afectiva e porque no Brasil se joga mais que o destino do povo irmão. A sua escolha pode ser esta ou outra, das tantas que pode ler.
De seguida dou conta da mensagem que recebi do Conselho Redactorial, como assinante do