30 abril, 2011

Ninguém pensou fora do paradigma e o desastre ou foi eminente ou até mesmo aconteceu...

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Partiu a embarcação presidencial como era sua rotina, mas em manhã de grande nevoeiro. A bordo, acompanhando o poder, seguiam as forças da nação e uma representação das classes apoiantes. Assim, todos os que contam, seguiam na embarcação rasgando o cada vez mais denso nevoeiro. As gaivotas só se viam quando seu voar se aproximava da torre de comando, cruzando olhares com o comandante do navio, parecendo que do céu nasciam para vir saudar os navegantes. Tudo corria normalmente, quando ao longe, muito ainda, uma luzinha pequenina e intermitente anunciava uma presença ainda distante. Pesqueiro? Carregueiro? Navio estrangeiro? Só podia ser estrangeiro, pois todos os de suas outras frotas tinham conhecimento da proibição de se fazerem ao mar em dias de o presidente e sua gente por lá andar. Mandou o capitão reduzir a marcha e fazer soar sonoramente a sua presença. À luz inicial e intermitente, agora mais próxima, outra mais pequena, fixa e de cor vermelha se juntou, mas sempre naquela rota, sem qualquer indicação de se estar a desviar. "Que impertinência", pensava o comandante perante a adversa posição. Nem sequer a ansiedade se espalhou, pouco crente em qualquer desobediência. Mas as luzes, cresciam, cresciam à aproximação. Da estupefacção passou o capitão à procura do que fazer, junto do alto poder. "Acabará por se desviar", responde o eleito. Mas nada do que esperava ia acontecendo. "Só pode ser estrangeiro e mal informado" pensava a entidade patriarcal. "Só pode ser alguém mal intencionado" dizia alguma oposição, também ela embarcada. Ninguém opinou contra a corrente, esses ficaram em terra. A luz estava à distancia da voz e gritou o clero em latim claro. "Afastai-vos por amor do Senhor, pois o poder tem um rumo". E nada, a luz estava parada. "Afastai-vos, é uma ordem senão serão confrontados com o poder da artilharia", disse um ministro já um pouco aflito. E nada, a luz continuava parada. Todos os ministros falaram, em bom inglês que já era, na altura, uma boa língua para um entendimento universal. E a luz nada. Até que a parte do povo que ia a bordo, gritou em coro: "Retirai-vos, deixai a barca seguir o destino". Foi então que do outro lado a resposta, angustiada se fez ouvir, por dentro do ainda mais denso nevoeiro: "Daqui fala o faroleiro, ou a barca desvia o rumo ou vai tudo para o galheiro"....
Escolha o leitor o destino da barca. Se teve, ou não, tempo para o desvio. Se o homem do leme reagiu mais rápido que a contra ordem do poder e se o inevitável rumo era viável à barca e se, durante a leitura pensou, uma vez que fosse, fora do paradigma daquele navegar...
Texto que recupera, da memória oral, uma definição possível para o que seja um paradigma

29 abril, 2011

Futilidades, com suporte científico - 2

Voltemos às futilidades, falando da alma. Contudo, coloque-se as coisas no lugar exacto das leis da electricidade, que como sabemos só trata de parte do problema relacional das almas. A matemática, área que trata das questões financeiras e dos interesses da alma e do seu preço, aqui não entram em apreço. Também a razão, isto é, a mente, não é para aqui chamada e foi matéria já tratada, com base nas minhas "rogériografias" e que explicam os aspectos comportamentais dos corpos e o que se passa em seus respectivos cérebros...
Hoje falarei nas relações entre homens. A relação entre homens é mais complexa, mas é mais clara. Às mulheres, a alma é-lhes diferente da cara. Falemos então do comportamento entre um e outro macho, não para que eu diga o que eu acho mas o que a electrodinâmica prova. Primeiro a atracão seguida de repulsão. Pode se imediata ou não. As almas estudam-se e manipulam-se. Reciprocamente, mas sem ambiguidades. Exemplo? Uma amizade intensa para cuja continuidade não há paciência. Outro? Entre a alma de um líder politico e um seu eleitor...


Num mundo padronizado onde as almas são cada vez mais formatadas, as amizades entre iguais são as que acontecem mais: os mesmos jornais, telejornais, o vira-o-disco-e-toca-o-mesmo. Em casa, é normal, terem uma mulher também de alma igual. Se o que estivesse a ser analisado fosse a mente e a razão, a coisa não tinha duração e a ruptura acontecia, rápida, da noite para o dia. Mas tratando-se de almas masculinas podem viver eternamente em desavença sem que cada um tenha desigual crença. É que por detrás da alta gritaria e agressividade a mais, estão almas iguais. Exemplos? Tantos... Mas o mais evidente a relação Passos Coelho e Sócrates. Nesses, além das almas iguais, também os estilos e as mentes não são diferentes. Como mostra a respectiva "rogériografia", feita no outro dia...

A fraterna relação entre diferentes, aquela que porventura seria a desejável, pois que da sã diversidade entre cada um e o seu contrário resultaria um maior equilíbrio planetário, é coisa rara. Vai havendo. Almas em conflito equilibrado e no reconhecimento que na desigualdade das almas reside o motor do desenvolvimento humano, se dizem haver muito é puro engano. Até porque o discurso oficial aponta para o tudo igual.

Coisas de homem porque o mundo das mulheres é bem diferente? Sim, mas que mulheres tendem a copiar, infelizmente. Tudo girando segundo as leis da electrodinâmica

28 abril, 2011

Futilidades, com suporte científico - I


Sou um homem de duas culturas e frequentemente as cruzo. Por exemplo, é frequente misturar coisas das almas com as leis da natureza e comportamentos com as leis da electricidade. Mais propriamente da electrodinâmica. Sou uma espécie de António Gedeão, mais bronco e com muito menos inspiração. Mas faço profundas reflexões em torno das atracções entre almas. Nos meus laboratórios das almas e da física tenho pesquisado e encontrado o mesmo tipo de resultado: Almas de sinal diferente é que se atraem. Um, sem muito procurar, encontra no outro coisas de espantar. A surpresa e o pequeno segredo revelado são de mútuo agrado. O que uma alma não faz, faz a outra e vice-versa. Completam-se. A atracção é permanente e a relação duradoira, pela vida fora. Discutem, discutem, discutem. Quase sempre não há acordo mas aceitam-se um ao outro (caso se respeitem, sendo o respeito uma regra básica e exterior à própria física das almas)
Pensemos agora nas almas iguaizinhas a começar até na procura da alma gémea para a relação eterna. Puro engano, mas frequente. Sobretudo em gente sem grande disponibilidade mental para aturar outro que não seja seu igual. As mesmas cores, os mesmos odores e sabores, as mesmas árias e cantores e até o tacto se procura parecido. Os mesmos clubes e partido. O mesmo sonho. Enfim, um enjoo. Tais almas-espelho em períodos de menos auto-estima multiplica por dois esse clima. Quando se desgosta de um, desgosta-se dos dois. Raramente se admite um nosso defeito no outro. Essa é a explicação para tanta separação, quando a habituação . O corpo, que não a alma, pode se sentir ainda atraído. Ah, a traição dos corpos, esses marotos, tão vulneráveis ao tempo, às banhas e pés-de-galinha, à verruga, à celulite e sua irmã artrite ...


Faltou rigor cientifico? Talvez não. O que acontece é que no sentimento nem tudo é electricidade, pois também existem os estados de alma. Quem não sabe que alguém fervendo em grande paixão a vê entrar em ebulição, vaporizando-se num ar que sabia a mar? Ou parecia amor...



NOTA: Se achou o texto confuso, saberá muito do amor, mas pouco das leis da física

27 abril, 2011

Sobre a inevitabilidade - I

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O eleitor, empobrecido, prepara-se para o auto-castigo.
Será a vitória do discurso da inevitabilidade e do tem que ser?
Para acordar ainda não é tarde... Mas "o tempo para milagres está muito dificil"(*)

(*) Procurei aquela parte em que ele diz que isto aqui
não tem que ser obrigatóriamente um deserto e que há
alternativas, mas ficou escondida não vá o eleitor acordar

26 abril, 2011

O presidente, os ex-presidentes e a inevitabilidade presente...

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Os discursos, cada um por seu lado, situaram-se dentro do quadrado.
Mas os quatro refletiram em privado, sem alarde, sobre a inevitabilidade
Só não sei o que o Presidente diz, eloquente. Alguém ajuda? Que terá dito?
(aceito uma sua sugestão, para inscrever dentro do balão)

25 abril, 2011

Saiba, pela voz do meu poeta, porque é que hoje vou para a rua gritar esperando encontrar gente muito mais nova...

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A revolução contada em poema e pela voz do poeta José Carlos Ary dos Santos
O inevitável é inviável: Manifesto dos 74 nascidos...: "Somos cidadãos e cidadãs nascidos depois do 25 de Abril de 1974. Crescemos com a consciência de que as conquistas democráticas e os mais bás..."
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24 abril, 2011

É dia de Páscoa. Hoje não há homilia (citando Saramago)

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Tudo o que é físico, visceral e orgânico tem regras
A nossa natureza ditou-as
---------------e o jogo continua
Todos os cinco sentidos obedecem
ao jogo determinado
ao apelo do olhar, ao chamamento do momento
Oferecer amêndoas
cumprindo a regra da quadra
é uma fuga ao jogo sem regras
Por isso, toque na oferta
pois a regra é tirar uma
e a regra do saborear
faz parte deste jogo manso
A alma?------Ah, meus amigos
se ela existe, vive na excepção
A minha, em cada momento
determina seus actos, contrariando todas as regras

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Para a Gisa, inspirado pelo seu desafio
Estranhem o que não for estranho. Tomem por inexplicável o habitual. Sintam-se perplexos ante o cotidiano. Tratem de achar um remédio para o abuso. Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra
Bertolt Brecht

23 abril, 2011

Enquanto Jesus sai da cruz e jaz no sepulcro e muitos desistem de viajar para Acapulco, eu aproveito para publicar a minha sondagem...

Passou pouco mais de um ano sobre a publicação da minha última sondagem. Desde então muito se passou sem que nada de fundamental se tivesse alterado, até que, de repente, tudo ficou (aparentemente) diferente: Caiu o Governo; Veio o FMI e seus parceiros de negócio, resgatar a divida do País; A algazarra não se alterou, apenas subiu de tom. Pequenas coisas sem interesse nem novidade acontecem, trago-as aqui apenas para o caso de me enganar e elas poderem vir a ter real importância: uma o editorial do The New York Times a dizer que a Comunidade Europeia meteu, em Portugal, a Democracia na gaveta; outra, as declarações do Jerónimo a dizer que que as negociações são uma farsa, isto é, são da treta. Há, assim, razão para uma nova sondagem de opinião. A sondagem incluiu duas perguntas apenas: Como encara o futuro e qual o seu sentido de voto. O gráfico abaixo mostra expressivamente o estado de espírito dominante como resposta à primeira questão, por parte da maioria das classes inquiridas. A excepção situa-se nas classe C que anda às voltas com a leitura de imenso material (desde listas de deputados até aos manifestos publicados) para decidirem se estão tristes ou contentes, pois a situação não dá para serem indiferentes:

----------------------Imagens do estado de espírito de cada classe quanto ao futuro

---------------(as classes que alguns querem no "centrão" andam, aflitas, de jornais e papeis na mão)

Quanto à segunda questão: Qual o sentido de voto, vejamos os resultados e a sua análise:

  1. A classe A, cerca de 5,5%, isto é, todos, afirmam que não há nada que os rale, que os partidos principais se vão unir e o sentido da sua votação logo se verá na ocasião. Tendem para votar no CDS, porque... merece.
  2. A classe B, dos 11,9 %, a maioria está com Pedro Passos Coelho e o restante com Sócrates. Todos estão na maior pois não lhes passa pela cabeça que o Compromisso Nacional entre os principais partidos os deixe prejudicados (leia-se prejudicados com efe grande, até para rimar). São os grandes animadores daquela petição.
  3. A classe C (C1, 24,9% + C2, 31%) andam numa roda vida e mal distribuída entre o Passos e o Sócrates. Em votação andam quase iguais, pouco afastados ou praticamente empatados. Lêem papeis e mais papeis. É que para atrapalhar a petição do tal Compromisso Nacional, chegaram mais duas e, ainda por cima Abril anda nas ruas. Uns dizem que a "Petição convergência nacional em torno do emprego e da coesão social" não vale a pena assinar porque dá azar. Outros dizem que assinam esta e a outra porque é tudo igual. E como não há duas sem três, aparecem agora os precários, esses ordinários, a dizer em manifesto que o "inevitável é inviável". Dói-lhes a cabeça de tanto pensar e nunca se sabe ao certo em quem irão votar...
  4. A classes D, 20,7% está mesmo à rasca. Já leu o que tinha a ler e não tem muito que saber. Maioritariamente votam à esquerda e o resto fica em casa. Mas estão todos em brasa. Por isso vão para a rua. Dizem que vão gritar: "A luta continua"

    Ficha Técnica: Foram inquiridos 9 milhões de portugueses, via telemóvel. Os desempregados viram as suas respostas anuladas para não dar um tom demasiado pessimista aos resultados globais. Foi aplicada uma metodologia assente nos critérios usados pela Marketest no que se refere ao dimensionamento das classes sociais. A análise de resultados segue metodologia própria que designada por Marketestista. Não tem nada de marxista embora, em sonância, o faça lembrar, apesar de fazer arranhar muito mais o aparelho auditivo.

22 abril, 2011

Depois da sede de uma flor próxima da morte, a sede de um homem crucificado

"Eli, Eli, lama azavtani?" (Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?)

----------------------------------- Imagem do filme de Mel Gibson "A Paixão de Cristo"
“Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede”...“Estava pois ali um vaso de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca”. ----Evangelho: São João 19:28
È sem dúvida a Biblia um manual de maus costumes, como ontem me lembravam, citando as palavras de Saramago (e que eu relembro aqui). A Biblia diz que Jesus terá dito "Perdoai-lhes Pai, pois não sabem o que fazem". Tal não é expressão de cristão digna de um cristo que com seu gesto violento expulsa os vendilhões do templo. Contradições? Sim, daquelas que levam os povos à resignação. Bem fizeram os escravos e plebeus em se terem revoltado e três séculos depois terem imposto o fim do esclavagismo e a queda do Império Romano. De Cristo, prefiro recordar as últimas palavras, as humanas: "Meu Deus, porque me abandonaste?", sabendo que eu, enquanto parte do meu povo, não tenho perdão se aceitar os vendilhões do templo...

21 abril, 2011

Se fosse hoje, Jesus iria ao templo?

Diferem os Envagelhos no pormenor do feito e do dito. Mas algo próximo do que se passou se terá passado. De outro modo, como explicar ter sido Jesus crucificado?

"Ora, estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém; e encontrou no templo muitos vendendo bois, ovelhas, pombas, e os cambistas sentados (às suas mesas). E, tendo feito um como que azorrague de cordas, expulsou-os a todos do templo, e as ovelhas e os bois, e deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou as mesas. E aos que vendiam pombas, disse: Tirai daqui isto, e não façais da casa de meu Pai, casa de negócios. Então lembraram-se seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa devorou-me. Tomaram então a palavra os judeus, e disseram-lhe: Com que sinal nos mostras tu que tens autoridade para fazer estas coisas? Jesus respondeu-lhes, e disse: Desfazei este templo, e eu o reedificarei em três dias."(Envangelho, segundo São João 2, 13-22)

Fosse hoje e seria mais que natural que Jesus não iria ao templo, pois a violência do seu acto teria repercussões mais dramáticas que a sua crucificação e que a perseguição dos seus seguidores. Também no templo se passam hoje coisas de dimensão mais monstruosa e de mais difícil compreensão, que alguns apelidam de terrorista... Será que o povo entende que se prepara outra versão de romanização?


NOTA (editada 3 horas depois da edição do post): Tal como as versões do envagelho são várias, também sobre o que se está passado existem diversas, quanto ao pormenor. Por sugestão de um comentário, junto esta. E já agora esta outra. Todas me levam a reforçar a ideia de que Jesus não entraria no templo...

20 abril, 2011

Os gestos para salvar a flor, tornando-a maior - III

Para fazer renascer a flor, muitos mais de vinte se mobilizaram.
Mas uns terão derramado ao lado outros nem a flor encontraram

Em posts anteriores contei a correria de muitos amigos, em resposta ao meu apelo, dispostos a salvar a flor, na suposição de esta ser a Democracia. Mas se todos se mobilizaram nem esses tantos terão produzido coisas claramente em acerto com o pedido (se assim não foi que me perdoem o mal-entendido). Por exemplo: Sandra disse como resposta "A primeira coisa assim que me lembro é NÃO VOTAR SÓCRATES...", subentendendo ela que desse homem só, dependerá toda a tristeza que por cá reina Disse o que não faria mas não nos disse o que é necessário que se faça. Se deitou a sua água ao lado e não na raiz é uma desgraça. A flor continuará murcha à mingua da sua água. Exemplo diferente, e de certo modo convincente, é o da Isa GT que parece, pura e simplesmente, não ter encontrado a flor. A explicação ela nos deu e a mim quase me convenceu: "isto de salvar a flor, saiu das mãos dos nossos Partidos e passou para as mãos da Europa, a única que pode salvar ou matar a flor." Ao assim falar, ela admite não encontrar a Democracia aquela que há bem pouco havia, embora desfacelida e quase sem vida. Talvez por a terem lido, este e aquele partido se tenham recusado a falar com quem se prepara para se apropriar da flor...
Mas falemos de quem não deixou dúvidas na água que à flor levou. Falemos do folha seca e do que disse e que importa: "Fazer de Abril um grande demonstração daquilo que pensa e quer o Povo." Talvez por lá encontre a Sandra e a Isa. Talvez lá encontre os meus poetas, sempre de palavras tão certas:

Falemos da Lídia Borges ("coisas que cabem numa mão pequenina"... Gotas que, persistentes, salvaram a Flor... Foi preciso, apenas, que o menino acreditasse); Falemos do O Puma (Guardadas que estão as sementes da nossa flor viva um dia serão de novo caminhos de sonho nas mãos de outras crianças); Falemos da vontade imensa do jrd (Levantava o mundo do chão); da Mel de Carvalho que a uma imagem de sonho lhe junta a sua (... sem pão, não há liberdade... nem democracia que valha...) Por fim falemos do heretico, cujas palavras destaco, a finalizar: Há sempre no fundo da terra um húmus insuspeito...... Há sempre o vermelho e o trigo...Sabe-se lá quando explode uma flor!

19 abril, 2011

Os gestos para salvar a flor, tornando-a maior - II

Será o esforço do menino (e de todos nós) premiado
se a flor se mantiver dentro do paradigma do quadrado?

Quem chegar agora para me ler tem de saber o que está a acontecer. Tem de ter condições para participar na reflexão... Vejamos então: Há dias atrás solicitei, como pedido, que cada um colocasse uma acção que salvasse a flor, sendo que essa imagem seria a da Democradia, definhando murcha por maus tratamentos infligidos. A ressposta não se fez esperar e os contributos foram muitos mais do que os vinte pedidos. Mas, antes, tinha também dado conta que ou o Zé Povinho pensava fora do paradigma ou as coisas irião de mal a pior.
O paradigma por mim desenhado, é um quadrado: Um lado, definido pela pressão do capital financeiro que todos reconhecem especulativo mas inevitável face à situação de endividamento; Outro lado, a pressão da Comunidade Europeia, que todos reconhecem ser coisa feia mas sem alternativa pois a Europa foi o passo necessário e ninguém deve pensar o contrário; O terceiro lado, o do poder em alternancia dos ratões democráticamente eleitos pelos ratitos, sendo que aos não gatões é reconhecida a impossibilidade de ser poder por um milhão de razões que ninguém compreende mas que aceitam como regra do jogo Democrático; O quarto e último lado, o que faz a defeza do quadrado, sustenta a inevitabilidade das pressões e do poder dos gatões. Todo assim desenhado fica o Zé Povinho preocupado entre a opção de ter de continuar a trabalhar para a pressão ou saltar fora do paradigma e incorrer sabe-se lá em quê. Não posso deixar de saudar quem como a Fê-blue bird e a minha Fada do Bosque (incansável, nas vezes que veio de mão-cheia a dar de beber à flor) veio denúnciar o papel da imprensa. Imprensa e não só, vejam só o que me disseram: «Muitas das coisas mais importantes do mundo foram conseguidas por pessoas que continuaram tentando quando parecia não haver mais nenhuma esperança de sucesso.». Isto é pensar fora do quadrado. Mas neste domínio cito o que considero arrojado, contributo da Eva Gonçalves que nos diz: "pretende ideias (ideias é que é preciso, realmente e daí eu ter invocado a sua ideia de pensar fora do quadrado!), a ideia, vem na sequência da ideia do meu conto, mas refere-se à exigência por parte da sociedade civil de uma transparente e mais eficaz ou mais justa regulamentação dos mercados financeiros. Não podemos ser ingénuos pois as instituições bancárias são precisas mas não podem ter rédea soltam lucros imorais sem controle ou exigência de contribuição para o bem social comum! Se as economias se baseiam no pressuposto que os mercados funcionam per si, o que não é verdade... e as injustiças estão aí...então é preciso fazer essa revolução , não são as mudanças dos governos nacionais que vai resolver este problema, pois continuaremos reféns de instituições que nos cotam e manipulam a imagem e pressionam os mercados, a exigència tem de ser a nível global para regulamentar o funcionamento de todo mundo fnanceiro, para além de contrapartidas de uma percentagem desse lucro (autêntica agiotagem...), distribuíndo-o em projectos de desnvolvimento social. E pronto, foi uma ideia." Respondo a esta ideia (sem a colocar de parte) o que diz a minha tambèm incansável , mas por vezes descrente, Janita: "Essa coisa pequenina que cabe na mãozinha de uma criança e pode fazer da nossa Democracia, a Maior Flor do Mundo, será a cruzinha no local certo?...Sim?"


A minha resposta à Janita é sim, e só isso seria a Revolução de que fala a Eva


NOTA: Comentarei em posts seguintes outros contributos

18 abril, 2011

Os gestos para salvar a flor, tornando-a maior - I

Pode o combate à corrupção ser a água de que a Democracia precisa?

A Manuela Araújo, respondendo ao meu apelo, assim pensa: "A minha sugestão para ajudar a democracia é não pactuar com a corrupção, por mais "pequena" e "socialmente aceite" que seja. Nesse sentido, deixo aqui os parabéns ao Micael Sousa pelo seu projecto contra a corrupção. Acho que a corrupção é a pior doença da nossa democracia, e sem a combatermos a sério, a democracia não tem salvação."

Não tenho dúvidas. Só me pergunto qual o percurso mais curto para o menino "levar essa água" à flor carente. Michael de Sousa é generoso, tanto quanto a Manuela, e eu gosto de gente generosa. No seu projecto, ele propõe coisas concretas, nomeadamente que se assine esta petição, mas receio que apenas a generosidade seja água insuficiente. É que eu conheço (apenas uma parte) de como esse flagelo se instalou e como grassa moendo a seiva da Democracia. Sei como a minha deusa Thémis chora lágrimas de sangue por tal tormento e pela impotência em se fazer sentir e intervir. Ela sabe que sem leis justas não há justiça. E sem justiça, num Estado que se pretende de ser "Estado de Direito", nada feito. A corrupção anda a par com a injustiça. Por isso olho para as tentativas de o nosso Parlamento produzir a legislação adequada e dos porquês de terem dado em nada. Porquê as iniciativas do ex-ministro Cravinho ficaram pelo caminho? Porque não passaram as outras antes e depois desta, que se lhe seguiram? As maiorias parlamentares protegem a corrupção. É excessivo afirmar isto? Acho que não!

José, dá contributo importante para que a acção resulte e a flor se salve: "eu tentaria arrancar todas as ervas daninhas, à sua volta, que lhe sugam até a vida." Cortemos então as silvas, votando em gente honesta e não na que, por provas dadas, não presta.

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Não sou muito de oferecer selos e coisas assim, mas se quiser levar a minha Thémis para o seu canto, talvez isso lhe amenize o pranto

17 abril, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 36

Descobre-se Saramago, respeitosamente, perante a Maior Flor do Mundo...

No conto assim acontece. Descobriu-se o escritor, não sei se à flor se ao gesto esforçado do menino. Admitindo que a flor seja a Democracia Avançada, tiro eu, também, o meu chapéu a quem correspondeu ao apelo que fiz. 20 sugestões pedi. 20 sugestões (ou mais) apareceram. Se houvesse que dar destaque eu não hesito, por isto assim dito: "Guardadas que estão as sementes/ da nossa flor/ viva/ um dia serão de novo caminhos de sonho/nas mãos de outras crianças".

Assim, acabam os meus amigos de cometer um gesto que espero que se converta em acto politico:

HOMILIA DE HOJE

"Quando dizemos que é um resultado importante o viver em democracia, dizemos também que é um resultado mínimo, porque a partir daí começa a crescer o que verdadeiramente falta, que é a capacidade de intervenção do cidadão em todas as circunstâncias da vida pública. Ou seja, fazer de cada cidadão um político. A liberdade de imprensa, a liberdade de organização política é o mínimo que podemos ter, porque a partir daí começa a riqueza espiritual e cívica do cidadão autêntico."


José Saramago. Una mirada triste y lúcida, Algaba Ediciones, Madrid, 2007In José Saramago nas Suas Palavras

AVISO: Pela riqueza de alguns dos comentários (que pode ver aqui), farei na próxima semana posts alusivos

15 abril, 2011

E se a Maior Flor do Mundo fosse a Democracia? Se para a salvar fosse necessário fazer 20 coisas, que coisa lhe parece que podia fazer por ela?

Leio no texto, que se supõe destinado a crianças, como a coisa de facto aconteceu:

Deu-se o menino ao trabalho de subir a encosta, e quando chegou lá acima, que viu ele? Nem a sorte nem a morte, nem as tábuas do destino… Era só uma flor. Mas tão caída, tão murcha, que o menino se achegou, de cansado. E como este menino era especial de história, achou que tinha de salvar a flor. Mas que é da água? Ali, no alto, nem pinga. Cá por baixo, só no rio, e esse que longe estava!... Não importa. Desce o menino a montanha, atravessa o mundo todo, chega ao grande rio, com as mãos recolhe quanta de água lá cabia, volta o mundo atravessar, pelo monte se arrasta, três gotas que lá chegaram, bebeu-as a flor com sede. Vinte vezes cá e lá… …Mas a flor aprumada já dava cheiro no ar, e como se fosse uma grande árvore deitava sombra no chão.”

Vinte vezes cá e lá. Vinte certas, diz o escritor, e quero acreditar que sejam precisas tantas. Imagine, caro leitor, que a água não é água, mas sim porções de coisas esforçadas que é necessário fazer para salvar a vida da nossa flor. Pense que, de cada vez que se sobe a montanha, se deposita na Democracia muribunda algo que a faz, lentamente, renascer. Indique uma só, que esteja disposto a fazer ou que ache ser necessário que se faça... Lembre-se que há pequenas coisas, à semelhança das que cabem numa mão pequenina.

As imagens são do video . O texto é do livro de Saramago "A Maior Flor do Mundo"

14 abril, 2011

Será o trabalho para todos, uma flor? A Maior Flor do Mundo?

Continuo a faina que me apraz, lembrar o livro por aquilo que diz o filmezito premiado. Revejo a estória por um outro lado. O lado da pobreza e a abundância como margens do rio que tem uma e outra de cada lado e retiro a primeira conclusão: Não há clima e natureza que façam tal maldade, de forma tão desenhada. De um lado o verde luxuriante, do outro a secura extrema. Só pode ser obra de homens, mas não dos que juntam o suor àquilo que fazem. Só pode ser obra dos homens mandantes, mandando mal. As imagens seguintes, também do filme que ilustra o conto do meu nobelizado, não são ambíguas. Cruel a ruína das fábricas, desolador o abandono dos estaleiros. Nem vivalma se vê. O letreiro avisando o perigo arrasta consigo a ironia de o perigo agora ser outro. Sem terra agricultada e com toda a actividade parada que vai ser deste povo e do país? Que está acontecendo agora? Que aconteceu antes de agora, em tempos idos, para se chegar a este ponto chegado? Levanto as palavras para verificar, se por baixo delas, existe resposta. Sem sucesso pois as palavras, de todos os lados, são o que são e mais o que o leitor acha o que possam ser, dentro dos limites razoáveis desse entender. Escreveu Saramago sobre o menino: "Em certa altura, chegou ao limite das terras até onde se aventurara sozinho. Dali para diante começava o "planeta Marte". Para mim, leitor, por baixo e por detrás de tais palavras só poderia haver o entendimento de ser, aquele outro mundo, obra de marcianos. Riquezas de um outro mundo e não daquele que avistava da sua aldeia.

-- Disseram-me, ainda ontem, que o escritor não planeia as respostas, por isso não vale a pena procurá-las no livro. Nele ou a partir dele só saberemos exprimir perguntas ou simplesmente insinuá-las. Por isso procurei nas estatísticas o que me faltou saber no conto. E pronto. Cá estão os números que explicam a aridez. Por tantos postos de trabalho perdidos, como ver diferente a paisagem? Se a construção tem limites de necessidades e a industria não, porquê a inversão? Agora com a construção parada e a industria desactivada, que outra coisa pode ser o sonho de Saramago? Que representa afinal a "Maior Flor do Mundo"?


PS: Este texto enferma de um pecado quase original de tentar colocar os amantes das palavras a entender os frios gráficos e, ao invés, pôr os sisudos adoradores de números a encontrar a magia das palavras. Prometo não voltar a fazer o sacrilégio...


As imagens são retiradas do video e os dados da Pordata

Um dos gatos será o Primeiro. O eleito. Os ratitos terão o governo merecido, ou talvez não!


Um dos gatos, será o novo primeiro.
Quem não nos conhece e nem sabe quem eles são, pensarão:
"Primeiro?, só se for a contar dos últimos...". Infelizmente esses não votarão...

13 abril, 2011

Será a Maior Flor do Mundo a Amizade?

Interrogo-me se ontem não terei incorrido num erro de casting ao colocar como post a valorização do trabalho do besouro e o significado que os egípcios atribuíam a tão nobre animalzinho. Se tal fiz, hoje repito a fuga à agenda dos dias tormentosos onde homens, que permanecem meninos - nunca o tendo sido na idade em que se é - se prestam a negociar o futuro tendo desgraçado o passado. Podia falar de um e do outro ou de ambos. Mas, resoluto, opto por falar de um sentimento necessário e difícil de explicar. Saramago atreveu-se a tal, mas de maneira tão discreta que pergunto-me se, na vertigem dos dias apressados, alguém terá dado por tal. Reconto o que Saramago contou. Faço-o a partir do vídeo. O tal escaravelho despertou a curiosidade do menino. A amizade começa normalmente por uma impressão forte causada por o outro. Segue-se o interesse e, logo de seguida, a expressão primária da posse e da exclusividade. O menino, aprisiona o surpreendido escaravelho. Quere-o só para si. Pretende-o só seu. É comum nas amizades, na sua fase inicial e, por vezes prolonga-se por mais do que seria devido e perde-se. Não é conhecida a relação estabelecida entre o besouro e o seu carcereiro, mas é contado que na primeira oportunidade o besouro foge. A perseguição acontece mas não para aquilo que parece. Dá-se pura e simplesmente um cordial reencontro. Sem falar - pois seria outra a estória se os animais falassem - o besouro indica-lhe a passagem para a outra margem. A margem onde está a flor carente e que se virá a tornar a Maior Flor do Mundo. A verdadeira amizade é assim, quase sempre nos conduz a locais belos e a gestos necessários. Conta-se depois como menino fez aquilo que fez perante a admiração do povo. No fim, dá-se a despedida e cada um vai à sua vida, com a Maior Flor do Mundo, na imagem ao fundo. O menino vai crescer e o escaravelho vai fazer rodar o sol, fazendo-o rolar pelo firmamento acreditando ambos que um dia esse sol brilhará para todos nós. Tal acontecerá, se a amizade se tornar "A Maior Flor do Mundo"...

12 abril, 2011

Escaravelho. Besouro. Bicho de ouro e de trabalho...

Regresso à tarefa de tentar descobrir o sentido e o ser da “Maior Flor do Mundo”, revendo pela enésima vez o vídeo sobre o conto de Saramago. Desta vez dou por um facto, não certamente acessório, da atenção dada, primeiro pelo escritor e depois pelas criança, a um escaravelho na labuta, que lhe é própria, de empurrar uma bola de excremento, já bem maior que a sua minúscula dimensão. Não por acaso, pois é conhecida a elevada simpatia que o nobelizado nutre pelos gestos, quando estes são maiores que os seres que os praticam. Porquê um escaravelho no inicio do conto se o seu protagonismo, poderia mais prosaicamente ser substituído por um outro bicho mais simpático? Levar um escaravelho empurrando esterco para dentro de um conto destinado a crianças, só pode ter um significado maior. E tem. Para os antigos egípcios era a parte de um escaravelho sobre parte de homem, coisa digna de devoção. Revela-o a iconografia e os escritos nas pirâmides. Acreditavam eles, depois de muita aturada observação, que o besouro KHEPRI – seu outro nome – representava, na terra, a laboriosa tarefa de fazer girar o sol através do céu, muito provavelmente, em torno da terra. Essa representação não era meramente simbólica, acreditando-se que se os escaravelhos suspendessem tal prática, o sol deixaria de aparecer e, assim, dependia do nobre insecto a própria vida terrestre. O escaravelho, em Heliópolis, é visto como “o deus que veio sozinho à existência”, ou seja, Rá.

De menor crendice, mas de igual nobreza, se associa a sobrevivência da sua própria espécie a esse quase eterno rodar, pois que no estrume empurrado jazem os ovos de que se reproduzem e é em movimento quase perpétuo que os ovos se abrem em novas larvas. Acho que nada disto terá a ver com a tentativa de saber o que a Maior Flor do Mudo vem a ser. Acho que segui uma pista falsa. Mas acabei por descobrir uma outra estória dentro do conto e estou disposto – e habilitado - a contá-la a meu neto quando ele descobrir um besouro. Dir-lhe-ei que é um bichinho de ouro e de trabalho. Dir-lhe-ei que homens distantes acreditavam que, quando chegasse o fim dos seus dias, aquele que levasse a imagem do escaravelho para a tumba tinha a certeza de renascer para a vida. Ele vai perguntar-me se é verdade isso de haver outra vida. Não planeei a resposta, quando a tiver que dar serei espontâneo e, assim, mais digno do seu crédito…

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NOTA: Sobre iconografia e o significado mitológico do escaravelho ler aqui e aqui

11 abril, 2011

O senador sentado, discorrendo dentro do quadrado...

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Falou Mário Soares. Claro que as expectativas eram baixas. Claro que não esperava um Lula da Silva. Claro que a nossa República é mulher ingénua e crente, julgando que todos são boa gente...

Soares bateu na Comunidade Europeia, na teia, na Merkel e no Sarkosy à boleia. As agências? Ah, as agências de notação dominadas pela alta finança, mandatadas pelas megamultinacionais e outras coisas mais... Temos homem, terá pensado a Rés Pública.
Qual quê.
O MFI e não o FMI (com o MFA a moer-lhe o inconsciente) tem gente competente e para negociar carece de gente experiente. Isso terá que ser assim, porque sim. E vamos lá bater a bolinha baixa porque isto de pedir ajuda e tentar fixar a taxa, colocar exigências, não lembra nem ao diabo do gajo que vai à banca pedir empréstimo para a casa. Um pais e um recém-casado é muito bem acomparado. Os gatos vão-se entender... Porque... tem de ser. Ah, quanto ao Nobre, nem sequer disse que o pobre tem alma de plasticina. Não custa supor, que em desespero de causa, lhe tenha sido proposto: ser candidato socialista às terças, quintas e sábados; aos domingos, segundas e quartas, ir pelos sociais democratas...

Mário Soares falou, gasto mas empertigado, do lado de dentro do quadrado (ou não fosse ele o principal feitor do paradigma)

10 abril, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 35

O "Zé Povinho" saberá, na altura própria, libertar o País do paradigma

HOMILIA DE HOJE

"Tenho uma visão bastante céptica do que chamamos de democracia. Na verdade, vivemos sob uma plutocracia, sob o governo dos ricos. Com o neoliberalismo económico, certas alavancas que o Estado detinha para agir em função da sociedade praticamente desapareceram. Não se discute hoje a democracia com seriedade. Foram impostos tantos limites à democracia que se impede o desenvolvimento de outras áreas da vida humana. Veja o exemplo do Fundo Monetário Internacional. Trata-se de um organismo que não foi eleito pela população, mas que controla boa parte da economia internacional."

José Saramago, in O Estado de S. Paulo, São Paulo, 29 de Outubro de 2005
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"O que temos chamado de “poder político” converteu-se em mero “comissário político” do poder económico."

José Saramago in Visão, Lisboa, 26 de Julho de 2001

O povo islandês dá o exemplo. A coisa não vai ser fácil...


Enquanto o PS criava unidade nas hostes para ir fazer não sei o quê, o PCP estava na rua a dizer sei bem o quê, o povo islandês votava. E tendo votado é conhecido o resultado:

Os islandeses votaram em referendo que o Estado não deve pagar a dívida de cerca de quatro mil milhões de euros à Holanda e ao Reino Unido, de acordo com os resultados preliminares divulgados hoje. Saiba mais sobre o significado disso aqui. Se não se quiser dar a grandes leituras, fique sabendo que os islandeses votaram a não sujeição da sua economia a décadas de pobreza, bancarrota e emigração da sua força de trabalho. O nosso povo seguir-lhe-á o exemplo!

Conheça um pouco da história, recente:

08 abril, 2011

Segreda-lhe a República: "Oh Zé, pensa um bocado, fora do quadrado!"

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A República aconselha o "Zé Povinho" a pensar um bocadinho sobre cada lado do quadrado, não da parte de dentro mas sim do outro lado: do lado de fora do paradigma. Pediu um exemplo, e ela lho deu - admitindo poder haver outros. Sabendo de tudo um pouco, o "Zé", foi surpreendido com a Fábula dos Ratitos e dos Ratões. Veja as razões:



(*) Para quem o seu significado não saiba, clique lá, fica a saber disso à brava

Sondagens e ficção... ou talvez não


Partido Social Democrata 39%

Partido Socialista 33%

União Federativa Ibérica 46%





The Stone Raft (2003) Based on the Nobel Laureat José Saramago's novel
(A imagem, retirada da net, mostra a Ibéria a separar-se da Europa. O que se passa pode ser explicado no meu post anterior. Vá lá ver, se faz favor)

07 abril, 2011

Será a Maior Flor do Mundo a "bacia cultural Atlântica"? Será a Jangada de Pedra?

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Queria regressar à procura do sentido de qual o ser da Maior Flor do Mundo (1). Depois do interregno para coisas muito más (2), não o consegui na totalidade. Insisto, no esforço de confirmar o lugar onde o conto aconteceu, pois uma dúvida entretanto me assaltou, se não seria Lanzarote e não um qualquer lugar de Portugal. Se fosse, tal iria colocar em causa tudo o escrevi e o desassossego causado. Olho a foto ao lado e revejo o vÍdeo (1), a incerteza aumenta, para logo concluir por um "tanto faz". Pois não queria o meu nobelizado escritor ver terras de Espanha e Portugal unidos no mesmo desígnio? Dizia Saramago (3): "Trata-se apenas de sonhar – acho que esta palavra serve muito bem – com uma aproximação entre estes dois blocos, e com o modo de o demonstrar. Ponho a Península Ibérica a vogar para o seu lugar próprio, que seria no Atlântico, entre a América do Sul e a África Central. Imagine, portanto que eu sonharia com uma bacia cultural atlântica."


Se a palavra sonho lhe servia bem na altura em que tal escrevia, agora vem-me mesmo a jeito. A ser assim, a Maior Flor do Mundo pode muito bem ser um estar em dois momentos: enquanto murcha, deprimida próxima do fim da vida, estar numa Europa nesse mesmo estado; enquanto erguida, enorme e luminosa, estar na jangada a caminho do centro do Atlântico, cumprindo o sonho. Pode bem ser. Os iberos querem-no mais (4) e outros povos, queridos, também fazem apelos nesse sentido, a fazer fé no que disse um seu embaixador (5):


“O interesse do (vosso) Governo está muito voltado para o centro da Europa, o que acho natural. Mas isso traz efeitos secundários.Com esse sucesso europeu, o país tende a esquecer a importância que poderia ter no resto do Mundo, fora da Europa. Sobretudo agora, num momento em que assistimos às dificuldades económico-financeiras em toda a Europa. Penso que o Governo português e o sector privado deveriam repensar sobre a sua dependência um pouco exagerada do mercado europeu.”

SE A FLOR FOR O QUE EU PENSO QUE É, REGRESSEMOS ENTÃO PARA ONDE NOS MANDA A HISTÓRIA!______________________________________________________________________


NOTAS: (1) Video (2) Descisão do Governo em solicitar apoio externo/FMI (3) Post sobre "A Jangada de Pedra" (4) Sondagem onde quase 50% dos portugueses aderem à união ibérica (5) Entrevista do embaixador do Japão


06 abril, 2011

Interregno para coisas muito más...


"Desculpem lá a minha insistência... mas portanto, como vemos, o Parlamento, os deputados em geral e a oposição em particular, já não respondem perante o os eleitores e os restantes cidadãos. Os partidos políticos e os seus dirigentes, já não respondem perante os seus militantes e simpatizantes. Agora, respondemos todos perante as agências de extorsão! Ou diretamente... ou através da sua agente para a Europa, a frau Angela Merkel. Vá lá!… Agora digam-me que sou um exagerado, se afirmar que o capitalismo é um crime, que esta “liberdade” é precária e que esta "democracia" é uma farsa!"

Post integralmente retirado deste outro lado

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Fora do paradigma da inevitabilidade e da cedência da soberania, erguem-se vozes com outras soluções. Mas, embora secundadas, ou são omitidas ou qualificadas como: não credíveis; irrealistas; extremistas; radicais e outras coisas mais...

05 abril, 2011

A flor representará o pão-nosso-de-cada-dia crescendo para dar alegria?

As palavras do nobelizado escritor e as imagens do maravilhoso filme premiado nada terão deixado ao acaso. Tudo o que foi escrito dito e ilustrado, o terá sido para fazer sentido, pois as obras que merecem atenção não se perderão em detalhes gratuitos apenas para dar corpo ao que se quer contar. Tudo faz, ou exige, entendimento e eu vou fazer o meu, sem perder de vista que a minha declarada intenção de procurar, na bela metáfora, o significado para a flor que passa da condição de quase morta à de "A Maior Flor do Mundo". Antes de procurar o seu ser, vejamos o seu estar. Sem dúvida, que embora o seu autor tenha sido empurrado para terras de Espanha o livro e as imagens são de Portugal. Que outro país podia ser? Com o mar ocidental banhando praias ensolaradas, com longas estradas ligando o nada a coisa nenhuma, com a construção desenfreada de condomínios, com a desertificação e a proliferação de terras incultas, quer as que se apresentam áridas quer as que a Primavera enche de verde e de floridas paisagens... Que outro país podia ser, senão este, onde os rios correm sem outro destino que não seja o poderem ser usados pelos meninos para regarem flores que definham? Até mesmo quando os rios nos acenam com grandes albufeiras, eles e essas de pouco nos servem (Alqueva, o maior lago artificial da Europa, tem aproveitamente irrisório)...

Parei este meu escrever para confirmar o anúncio visível no estaleiro, revendo o vídeo. Escrito em espanhol, pois outra linguagem não estava a usar o narrador, oferecia-se a venda de 2 000 moradias de luxo. Contradição aparente, pois não era visível outra riqueza que não fosse a da mãe natureza. Digo aparente pois quem me lê, sabe que o inicio da queda da actividade agrícola (e toda a produtiva) quase coincide com a chegada de volumosos dinheiros comunitários e que uma população mais ou menos ociosa sonhava futuros cor-de-rosa, consumindo, a pronto ou a crédito: veículos vistosos e bem motorizados, moradias de luxo em paraísos quase encantados. Os muitos que trabalhavam passaram a comprar o pão nosso de cada dia, feito com cereal de seara importada deixando-o de haver onde tanto havia amanhada por "levantados do chão". As grandes superfícies, não contadas no conto, transformaram-se em catedrais de consumo e da importação... Bom é melhor parar aqui, pois quer-me parecer que inadvertidamente vou cair na questão que explica a razão do endividamento. Seria útil falar dela, mas prometi que não o faria, talvez outro dia...


Mas vamos à conclusão e ao que suponho ser a flor: o sonho de pôr a terra a produzir

04 abril, 2011

No novo visual, uma espécie de "Editorial"...

Serão estes quem farão a coluna de opinião:


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Durante muitos dias, até 6 de Junho, proponho-vos sair da algazarra do dia-a-dia: sair do tem que ser; sair do este é mau e o outro não é melhor; sair do termos de apoiar este porque com o outro seguinte tudo vai acontecer, como se morrer lentamente fosse diferente de morrer ou se a mentira pudesse ser mais tolerável se for dita de forma mais agradável ou com um pouco de verdade à mistura. Os três meninos dar-vos-ão palavras adultas e simples, fora do paradigma da pressão dos sem rosto nem rasto, que dão pelo nome de mercados e que campeiam pela Europa (e pelo Mundo, também) e que dia-a-dia se assumem (e são por muitos aceites) como donos do nosso canto e de nós, que nele vivemos. Não serão palavras deprimentes, sem saída para esta vida. Serão palavras como deve ser e, como tal, palavras para desassossegar. Podem perguntar: Que diferença fazem, parecendo tão ténue a diferença entre o desassossego e a depressão? É que numa se incute esperança, na outra não. Falarei do que é e do que pode ser a flor: o pão; a paz; a educação; a liberdade; a verdade; a justiça; o trabalho; a ética. A toada será profética, tentando dar expressão à ideia da imagem final da “Maior Flor do Mundo”. Se não me lerem, paciência. Não saberão a diferença.

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No final, talvez fique a ideia de qual a flor a que o povo tem tanto amor


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NOTA: Noutra página, terão textos sobre a espuma dos dias, com o sabor avinagrado das conversas que costumo ter. Também tem de ser... (para aceder, clicar no cimo da página em "Conversa Avinagrada", ou aqui)

03 abril, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 34

"Eu vivo desassossegado, escrevo para desassossegar" (tirado daqui)

Escrever para desassossegar, disse. Mas onde está o desassossegar neste livro, que escolhi ter por inspiração, onde a mensagem é tão ternamente o relevo dado pelo escritor a um gesto de carinho dum miúdo que resolve, com seu esforço, dar vida a um flor moribunda, acabando esta por se tornar maior que a dimensão desse gesto belo? Onde pode haver desassossego nisso, tão inusitadamente maravilhoso? A resposta não é fácil sabendo, como sei, que quem se apresenta a ler o faz (quando traz tempo para o fazer, o que poucas vezes acontece) com almas tão distintas. Por exemplo, as almas deprimidas (e não há falta delas por aí) acharão que me excedo com a interpretação da metáfora e recusarão qualquer outra interpretação que não seja a proposta de Saramago em enaltecer os gestos bons, para serem seguidos por meninos. Já não é mau que assim reajam, mas é pouco. As almas deprimidas contentam-se com poucas palavras e animam-se mais da depressão do que com sonhos que interroguem e desassosseguem. Que flor murcha era aquela, que bem regada e reconhecida ao generoso regante, se torna grande e imponente, digna de ser admirada por toda gente? As almas deprimidas não se interrogam...

Querem outro exemplo de reacções de almas? Eu dou: As almas objectivas, engravatadas e bem vestidas, resistentes a depressões e desassossegos, dirão que o conto é absurdo, ou mesmo estúpido. Como achar verosímil que mão tão pequenina possa transportar, sem a perder, a tão pouca água que duas mãos podem conter? E a flor? De quase morta a tão grande, só pode ser coisa aberrante, imprópria da natureza e só pode ser produto escrito por um cérebro incapaz de produzir coisas com utilidade própria e viabilidade económica…

Por mim, alma desassossegada, atrevo-me a pensar que a flor é algo muito importante e que tentarei descobri o que seja. Tenho tempo e método para o fazer. Começo, cartesianamente, por afastar qualquer hipótese de a flor poder significar a democracia. Saramago, que eu saiba, nunca a considerou fragilizada ou moribunda, carente ou abandonada. Acho que para escrever sobre isso o conto dele seria outro e a flor seria uma flor sem cor de flor, sem cheiro de flor, sem atenção de menino. Seria uma falsa flor, tendo dela apenas a aparencia. Uma flor de plástico bem parecida, sem a necessidade de ser regada e, por isso, incapaz de se renovar e ainda menos crescer e o povo, feliz, envaidecer:

HOMILIA DOMINICAL


"O grande mal que pode acontecer às democracias — e penso que todas elas sofrem em maior ou menor grau dessa doença — é viverem da aparência. Isto é, desde que funcionem os partidos, a liberdade de expressão, no seu sentido mais directo e imediato, o Governo, os tribunais, a chefia do Estado, desde que tudo isto pareça funcionar harmonicamente, e haja eleições e toda a gente vote, as pessoas preocupam-se pouco com procedimentos gravemente antidemocráticos. " José Saramago, in "Democracia aparente/Outros Cadernos"


Imagem retirada do video "A Maior Flor do Mundo"

02 abril, 2011

Abertura antecipada: Hoje é Dia da Maior Flor do Mundo - II

Não se pense que o mundo que cerca a árvore e a pequena flor é apenas o deserto de ideias, um terreno inóspito de onde não se vislumbra um outro mínimo assomo de verde esperança ou que tal é a natureza das coisas. Não, não é apenas isso. No quadro, o gesto humano é ambíguo. Tanto dá para o interpretar como um sobrevivente a cuidar da sobrevivência do sonho, como o de um mandatário vindo de longe para acabar o que resta da árvore plantada em Abril e que ainda protege a frágil flor. Poucos falam temendo que esse falar acorde o povo à volta. Não se fala desta ambiguidade, temendo que se desfaça. Muitos omitem este e outros factos, nomeadamente que por detrás dos montes secos e da terra nua os sonhadores saíram à rua. Diz o conto que o menino salvou a flor e que esta se tornou A Maior Flor do Mundo, ainda que a árvore tenha sido arrancada por uma mão malvada. A metáfora cumprir-se-á. Assim, ou de outro modo. A árvore que protege a flor irá ser mais uma vez maltratada. Mas resistirá!

Constituição de 1976 – Preâmbulo


A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista. Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa. A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades, os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do País. A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.


Texto aprovado pela Assembleia Constituinte em 2 de Abril de 1976, (apenas com os votos contra do CDS)

Imagem retirada do video "A Maior Flor do Mundo"

Abertura antecipada: Hoje é Dia da Maior Flor do Mundo - I

A pretensão de adequar este espaço a novos objectivos - sem sacrificar os que me fizeram criar este blogue e aos quais regressarei no dia 6 de Junho - não resultou. Todos os que quiseram, assistiram ao que aqui se passou. Mas não foi esse insucesso o principal motivo da antecipação. A Lídia Borges (seara de versos) veio lembrar que hoje se comemora o Dia Mundial do Livro da Criança e, subliminarmente, sugerir que eu o considerasse o Dia da Maior Flor do Mundo. Por não soar nada mal, antecipei. Mas às duas razões referidas junta-se uma terceira, que tem a ver mais directamente com o sonho. Dela falarei mais tarde...

Serão 55 dias a escrever, sem perder de vista a beleza do gesto que salvou o sonho e o fez crescer à dimensão que o escritor lhe deu... (o video manter-se-á presente na galeria)