30 setembro, 2010
Parece que ainda "ninguém" sabe o que aconteceu...
29 setembro, 2010
Qualificações, Desenvolvimento e Produtividade - 3
(texto devidamente avinagrado, conforme me foi solicitado)
Ana Paula Fitas, do blogue "A Nossa Candeia", editou um excelente post com este mesmo título "Qualificações, Desenvolvimento e Produtividade". Por inveja dessa sua iniciativa, não vos quis endereçar para a sua leitura sem que, primeiro, eu dissesse o que tenho vindo a dizer e mais isto que acabei de escrever. Mas os meus defeitos não se esgotam na inveja, também sou ladrão. Roubei-lhe esse cartoon, aí ao lado, para vos dizer que essa história da produtividade também foi invenção minha, na minha genialidade criativa de consultor, posta ao serviço de quem tem dinheiro e o quer multiplicar rapidamente. A produtividade é um conceito difícil de explicar. Por isso não vou por aí. Digo apenas que nunca me importei por ela não acontecer nos sectores produtivos. Para o sector terciário, o dos serviços, isso sim, vale a pena. Nomeadamente por, tendo-se alargado a classe média, os "proletas" ficarem isolados na pobreza, enquanto esses outros assalariados ficam felizes e contentes com as novas tecnologias e outras magias...
Claro que peguei naquele cartoon roubado e, com preguiça de fazer um de raiz (outro meu defeito, a calanzisse) limitei-me a fazer uma montagem. Uma caixa multibanco ocupa agora o lugar dos que se deixaram atrasar. O progresso social de uma pequena burguesia contente apagou-se de repente. A freguesia procurou facilidades menos dependentes do factor humano. E agora? Agora é do catano. Os processos passam a ter maior componente de tecnologia, tornam-se capital-intensivo quanto eram da mão-de-obra-intensiva. "Porreiro pá" (onde é que eu já ouvi isto?). Assim, o Homem progride. Deixa de sofrer a trabalhar e o cofre de alguns engorda, engorda, engorda...
28 setembro, 2010
Qualificações, Desenvolvimento e Produtividade - 2
Estão enganados se pensam que a parte tétrica são partes de gente. Ossadas de pessoas, não são. Sei disso, não que o pintor mo tenha dito ou eu me tenha posto para aqui a inventar e, sem querer, acertar. Não, não adivinhei a intenção de uma metáfora aqui representada em simbólico cemitério. O que ali jaz é a nossa economia. Reconheço em cada caveira humana o rosto de cada uma das empresas que eu condenei à morte lenta. Até identifiquei as minhas vítimas, como podem relembrar aqui , onde confessei: "Quase todos os projectos onde participei levaram ao encerramento de empresas de grande ou média dimensão ou a alterações profunda na sua missão. A lista é tremenda: Siderurgia Nacional; SAPEC; MAGUE; Companhia Portuguesa do Cobre; MJO; Fundição de Oeiras; A Reguladora; IPETEX; J.B. Corsino; Companhia Portuguesa de Trefilaria; Sociedade Portuguesa dos Sabões… Estas empresas tiveram o meu apoio em projectos inovadores visando replicar efeitos de produtividade e melhoria da qualidade em outras, por feitos de demonstração de boas práticas… As outras replicaram mesmo: ou já fecharam ou acabarão por encerrar." Os quadros seguintes dão a visão global dos efeitos da minha intervenção
O gráfico representa o Volume de Emprego ao longo dos anos em que os sucessivos governos foram governando.
Agora que já sabem ler quadros, a tarefa está simplificada para entender e até comentar o que eu fiz enquanto PS e PSD andavam a governar. Se o sector secundário cresceu em emprego no seu todo o crescimento não aconteceu nas suas partes.
A industria transformadora (linha azul), veio de trambolhão, quase a cair ao chão. A construção (linha verde)... oh, a construção... essa minha grande paixão.... do cimento e do alcatrão. Enquanto PS e PSD iam governando eu ia fazendo aparecer estradas, muitas estradas. É que o pessoal para sair e desertificar aldeias, vilas e montes precisa de vias para se deslocar. E como a coisa mais importante da vida tem a ver com um ditado popular "quem casa quer casa", o pessoal desatou a comprar casas, mesmo sem casar...
27 setembro, 2010
Qualificações, Desenvolvimento e Produtividade - I
Sem minimizar os problemas que a questão das qualificações colocam à necessária reindustrialização e ao indispensável desenvolvimento do aparelho produtivo do país, quero sublinhar que esse nunca foi um factor inibidor de tais desígnios. Prova-o António Tapadinhas pintando a Siderurgia no Seixal /Paio Pires, (muito perto dos meus lugares de infância). Se pintou esse quadro é porque, em determinada altura num Portugal atrasado e feudal, foi possível em 1961 avançar para uma industria exigente em qualificações num meio já com algumas caracteristicas industriais mas ainda predominantemente rural, como muito bem comenta o António, lá no seu blogue. Provo-o eu também, sendo exemplo pessoal e ao mesmo tempo testemunha de que a questão das qualificações não foi uma questão central.
26 setembro, 2010
Homilias dominicais (citando Saramago) - 8
É por isso que se atiram, em Portugal, à Constituição, que condensa um contrato social em cujos direitos sociais e laborais não se revêem e, que portanto, só pode estar fora da «realidade», a que querem criar, e da «história», a que querem contar. É por isso que afirmam que «um espectro ensombra Portugal: o princípio da proibição do retrocesso social, essa megalomania constitucional que estabeleceu a eternidade dos “direitos adquiridos”», e que tentam convencer‐nos de que «o “modelo europeu” era um modelo utópico, que um acaso histórico produziu» e de que «hoje a realidade voltou». Em bom português, a isto chama‐se virar o bico ao prego.
Para não errarmos nas finalidades orientadas para uma vida decente, no quadro das quais será sempre condenável que se aceitem medidas como as dos cortes sociais acrescentando «ainda que daqui decorram gritantes injustiças»(*), é nossa responsabilidade fazer um trabalho de memória, de colocação de ideias que estejam disponíveis para os combates pelo bem comum. Nesse sentido, levemos mais estas palavras de Saramago na bagagem, seguros da multidão dos viajantes:
«Tenho uma confiança danada no futuro e é para ele que as minhas mãos se estendem. Mas o passado está cheio de vozes que não se calam e ao lado da minha sombra há uma multidão infinita de quantos a justificam» (*).
(*) Diálogo entre José Saramago e Ignacio Ramonet (coord. Víctor Sampedro):
25 setembro, 2010
Pequena exposição - Os meus lugares de menino e moço
Claro que me lembro das festas, da procissão, do foguetório, das largadas de touros e de muitos outros acontecimentos de cor e festa. Mas a memória mais viva eram os momentos de água. Recordo mil mergulhos nessa água lodosa para onde saltava de cima do pequenos cais de atracagem. António, pintou-mo. Vê-lo assim, degradado, não me feriu a sensibilidade. Para tal ele deu-lhe a cor necessária...
As idas a Alhos Vedros, pequena povoação perto da Moita e igualmente da beira Tejo, não deixavam grau de liberdade para as minhas brincadeiras preferidas. Obediente, seguia as instruções da minha avó Mariana que alí se deslocava, com alguma frequência, fazendo venda dos produtos da quinta: "Não vás para longe", dizia-me. E eu ficava por ali junto ao rio. Por vezes, descalçava os sapatos para que meus pés afagassem a areia. Apanhava pedras e atirava-as, como todos os miúdos fazem quando não podem eles próprios atirar-se... Entre o rio e o encarnar de mil personagem num cenário de selva ou planície em outras tantas aventuras lá na quintinha, as férias terminavam...
Obrigado António, por pintares estes lugares!
24 setembro, 2010
Da minha janela - 2
23 setembro, 2010
Da minha janela - 1
22 setembro, 2010
O Diário de Notícias trata Cavaco Silva como um "namban-jin" e, a continuar assim, terá a eleição assegurada...
Folheio ainda distraídamente o Diário de Notícias de hoje, apenas atento a uma ou outra foto. Paro numa página, onde o título me belisca como que dizendo, "pá, isto é material para o teu post de hoje". Por cima de uma foto institucional do Presidente da Républica", leio: "PR quer investimento nos portos e auto-estradas do mar". Com as minha antenas despertas, leio a notícia:
- "Portugal tem tudo a ganhar em influenciar Bruxelas e a Comissão neste domínio", sublinhou, referindo igualmente a necessidade dos portos nacionais se modernizarem e praticarem taxas de utilização mais competitivas".
- "... os problemas crónicos de organização e competitividade dos portos portugueses ainda não estão verdadeiramente solucionados e há ainda "muito trabalho a fazer". Cavaco defendeu novos rumos que permitam a "exploração cabal" do mar, com políticas públicas destinadas a fomentar o investimento privado nos sectores marítimos, com novos investimentos no cluster marítimo e com mais investigação. "
Mas então sempre nos podemos virar para o mar? A jornalista não contextualiza? Não dá uma panorâmica de cada um dos sub-sectores? Faz passar o discurso de alguém que andou por aquelas andanças sempre de costas viradas para o Atlantico, assim?. Eu até acho que olhou para o mar, pois foi a partir de 1982/3 que começou o declinio de todas as nossas frotas...
Não. Este não é homem de olhar para o nosso passado e o merecer. Este não é aquele reune condições para seguir o conselho do embaixador Akira Miwa para fazer-mos uma vaquinha com o Japão, Brasil e Angola. Este não é um namban-jin. Ou será? O DN, não esclarecendo, faz o pagode acreditar que seja. Assim, terá a eleição assegurada. Para o nele se votar, nada como falar do mar...
21 setembro, 2010
É tarde para aprender? Porque é que os pressupostos do nosso orçamento para 2011 e do PEC são os do Serra e não os de Lula?
Vem aí tsunami de certeza...
Porque é que a nossa imprensa ignora a discussão destas opções? Porquê?
20 setembro, 2010
Acabar com a fome é possível - 2
"Faça pressão sobre os políticos para acabar com a fome. Assine a petição, e reivindique acção onde quer que esteja". Assine esta petição global, e também a petição nacional para que o Governo Português "cumpra as promessas que fez e que influencie positivamente os outros Governos para fazer o mesmo"
Esta iniciativa relaciona-se com a realização da cimeira mundial, iniciada hoje, sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio - ODM (ver aqui)
Acabar com a fome é possível - 1
"Uma das nossas principais contribuições para a sociedade brasileira é cumprir nosso compromisso em produzir alimentos para o povo brasileiro. Fruto da organização de mais de 100 cooperativas e mais de 1,9 mil associações em nossos assentamentos, trabalhamos de forma coletiva para produzir alimento. Contribuímos também na construção de 96 agroindústrias, que melhoram a renda e as condições do trabalho no campo, mas também oferecem alimentos de qualidade."
"(O assentamento é um espaço para o conjunto de famílias camponesas viver, trabalhar e produzir, dando uma função social a terra e garantindo um futuro melhor à população. A vida no assentamento garante às famílias direitos sociais que não são garantidos a todo o povo brasileiro: casa, escola e comida.)"
19 setembro, 2010
Homilias dominicais (citando Saramago) - 7
O SONHO - Os sonhos não são fáceis quando se sonha com a terra, como um direito negado. O massacre de Eldorado dos Carajás/Brasil, que completava um ano mostra que se paga a vida pelo sonho. Dezenove integrantes do Movimento dos Sem Terra haviam sido brutalmente assassinados pela polícia. Em abril de 1997, o fotógrafo Sebastião Salgado, o escritor português José Saramago e o compositor Chico Buarque lançam um livro/cd para relembrar o facto e marcar a importância da luta pelo sonho, pelo chão, pela terra...
PALAVRAS DE SARAMAGO - "Povoando dramaticamente esta paisagem e esta realidade social e económica, vagando entre o sonho e o desespero, existem 4 800 000 famílias de rurais sem terras. A terra está ali, diante dos olhos e dos braços, uma imensa metade de um país imenso, mas aquela gente (quantas pessoas ao todo? 15 milhões? mais ainda?) não pode lá entrar para trabalhar, para viver com a dignidade simples que só o trabalho pode conferir, porque os voracíssimos descendentes daqueles homens que primeiro haviam dito: “Esta terra é minha”, e encontraram semelhantes seus bastante ingénuos para acreditar que era suficiente tê-lo dito, esses rodearam a terra de leis que os protegem, de polícias que os guardam, de governos que os representam e defendem, de pistoleiros pagos para matar. Os 19 mortos de Eldorado dos Carajás e os 10 de Corumbiara foram apenas a última gota de sangue do longo calvário que tem sido a perseguição sofrida pelos trabalhadores do campo, uma perseguição contínua, sistemática, desapiedada, que, só entre 1964 e 1995, causou 1 635 vítimas mortais, cobrindo de luto a miséria dos camponeses de todos os estados do Brasil. com mais evidência para Bahia, Maranhão. Mato Grosso, Pará e Pernambuco, que contam, só eles, mais de mil assassinados. (…)
O Cristo do Corcovado desapareceu, levou-o Deus quando se retirou para a eternidade, porque não tinha servido de nada pô-lo ali. Agora, no lugar dele, fala-se em colocar quatro enormes painéis virados às quatro direcções do Brasil e do mundo, e todos, em grandes letras, dizendo o mesmo: UM DIREITO QUE RESPEITE, UMA JUSTIÇA QUE CUMPRA."Prefácio ao Livro “Terra” escrito por JOSÉ SARAMAGO 1997
AO LADO DO SONHO EXISTE SEMPRE UMA CANÇÃO
NO PROGRAMA DO JÔ, (o Sebastião Salgado, José Saramago e Chico Buarque de Holanda)
Nota: São 5 videos que estão disponíveis no Youtube, escolhi aquele em que Saramago tem maior protagonismo
O melhor de mim, somos nós...
Com orgulho mal disfarçado, persiste
Em procurar a utopia que num sonho conheceu?
Eu!
Quem vê uma lágrima, não importa por que dor
Junta outra sua, se necessário for,
pois de ser solidário nunca se esqueceu?
Eu!
Quem em mil metamorfoses e em festa
Aceitou ser árvore escondendo em si a floresta
Para que todos os pássaros pousassem num ramo seu?
Eu!
Quem comigo fez tal caminho
Aceitando valores, defeitos e carinho
Partilhando ausências, frustrações e alegrias, por tabela?
Ela!
Falar de mim é falar de nós...
(Este post resulta de uma inscrição que fiz, numa blogagem colectiva, com o tema "O melhor de mim", num blogue amigo , da Elaine Gaspareto. Julgo não merecer aceitação dado que cheguei à conclusão de que o melhor de mim é ela e ela não está inscrita...)
18 setembro, 2010
Avinagrar a Imprensa Não é Pêra Doce... (por isso fui aos treinos) - 3
Este é o último de três posts relativos aos meus treinos aproveitando a experiência com as actuações golpistas da imprensa brasileira, na campanha eleitoral para a eleição do próximo presidente do país irmão (1ª volta, em 3 de Outubro). Alguém comentou que três posts seriam um treinozinho não habilitante. Mas tenho que dizer que o que publiquei é apenas a parte visível do meu esforço. Já tinha ganho massa muscular e alguma destreza com o que publiquei antes, pois a grande maioria das minhas abordagens são avinagradas. Em especial, podem verificar no meu baú os 18 posts sobre evidências da existência do PiG Luso (não confundir com o PiG Canarinho) e das suas técnicas manipuladoras e os 43 textos sobre as distorções e omissões que a imprensa portuguesa comete em tema tão importante como é o da Economia.
Já em Junho eu estava em condições de produzir coisas que a mim próprio agradaram, satisfazendo a minha sempre exigente auto-critica, como podem verificar (aqui)…
TREINOS À PORTA FECHADA
Desde 14 de Setembro que venho desenvolvendo treino intensivo, à porta fechada para que os jornalistas (e bloguistas) golpistas não vejam a minha preparação. Escolhi como ginásio as instalações do “Conversa Afiada”. Assisti a cerca de duas dezenas conferências e entrevistas “técnicas” do meu treinador Paulo Henrique Amorim.
Passei a perceber como o Conversa Afiada ajuda os jornalistas honestos (em especial mulheres jornalistas) a entrevistar políticos bem industriados por agências do marketing eleitoral (ver “Manual do jornalista que vai entrevistar o Serra”) e o que o PIG Canarinho entende por liberdade de expressão, em 30 definições que terei (em devido tempo) oportunidade de adaptar à prática do PiG Luso. São assim, algumas delas:
- Liberdade de expressão é bem supremo estando abaixo apenas do Deus Mercado.
- Liberdade de expressão é gerar factoides, divulgar informações sabidamente falsas apenas para aproveitar o calor da luta.
- Liberdade de expressão é cartelizar a informação e divulgá-la como capítulos de uma mesma novela em variados veículos de comunicação.
- Liberdade de expressão é explorar a boa fé do povo com programas de televisão que manipulam suas emoções e suas carências oferecendo uma casa aqui outro carro ali e assim por diante.
- Liberdade de expressão é imputar ao presidente da República comportamento imoral tendo como fundamento depoimento fragmentado da memória de um indivíduo acerca de fato relatado quase duas décadas depois.
- Liberdade de expressão é fazer estardalhaço em torno de um sequestro que não ocorreu há quase 40 anos com a clara intenção de tumultuar o processo político actual.
Liberdade de expressão é assacar contra a honra de pessoa pública utilizando documentos de autenticidade altamente duvidosa e depois fazer mea culpa na secção “Erramos”. Liberdade de expressão é submeter decisões editoriais a decisões comerciais de empresas e emissoras de comunicação.- Liberdade de expressão é demonizar movimentos sociais e defender a todo custo latifúndios vastos e improdutivos.
- Liberdade de expressão é obstruir qualquer caminho que conduza mecanismos de democracia participativa.
Liberdade de expressão é fazer coro contra qualquer governo de esquerda e se omitir contra malfeitorias de qualquer governo de direita. Ou vice-versa. Liberdade de expressão é fugir como o diabo foge da cruz de expressões como liberdade, democracia, cidadania, justiça social, controle social da mídia.APROXIMA-SE UM PERÍODO EM QUE TODO O CONHECIMENTO É INDISPENSÁVEL PARA DESMONTAR E DENUNCIAR OS GOLPES, OMISSÕES E DISTORÇÕES QUE O PIG LUSO IRÁ UTILIZAR PARA DESCREDIBILIZAR TODAS AS CANDITATURAS QUE NÃO SEJAM A SUA: CAVACO SILVA
DAR-LHE-EMOS O DEVIDO TRATAMENTO. ESTOU PREPARADO!
Eis aqui uma notícia que o PiG Canarinho agradece ao seu congénere Luso
PAULO BENTO? Seja... (Só quero lembrar que o futebol é a coisa mais importante de entre as coisas pouco importantes com que nos devemos preocupar!)
17 setembro, 2010
Florentino Perez, quis saber a minha opinião... Opinião de Mouro é mais forte do que a de um Mourinho. (Madail, que manda ele?)
Reuni os meus netos e expliquei-lhes as razões que justificam esta consulta de emergência, para decidir quem deverá treinar a Selecção Portuguesa em risco de não se qualificar. A falta de unanimidade foi clara. Estabeleceu-se até alguma confusão entre os mais novos, a braços com confusões gastronómicas próprias das idades(*). Quis que fizessem declaração de voto. Foi assim:
- Marta (14 anos) - Vô, eu votei no Mourinho porque é bom e bonitinho!
- Miguel (11 anos, irmão da Marta) - Claro que eu não! Voto no avô porque ele é que sempre nos treinou...
- Duarte (6 anos) - Não posso votar no Mourinho, duas equipas rebentava com ele num estantinho....
- Diogo (13 meses) - Lu-lu-lula (*)...
- Maria (1 dia) - Uuuuaaahhh! Unnnaaah!
- Eu - Pois é Maria um há, mas qual?
Dei conta desta decisão ao Florentino Perez e penso que já é pública a posição do Real Madrid (ver aqui)
(*) O meu neto Diogo, já come de tudo, mas acho que lulas ainda não. Por isso, fiquei na dúvida se ele não queria mesmo dizer Lula da Silva. E, de facto, se fez tal confusão eu até não me importaria que fosse o Lula a treinar a selecção...
Aceita poemas sempre, mas guarda-os separados!
Sempre
Mesmo que pareça
Milho de dar a pardais
Para que esqueçam que a seara
Não existe mais
Aceita o poema
Sempre
Mesmo que fale apenas
De penas,
Madrugadas, neblinas, brisas e luas
Esquecendo o que se passa nas ruas
Aceita o poema
Sempre
Mesmo que, passivo,
Contemplativo
Louve o belo, o corpo, a alma, o coração
Ignorando que cada coisa bela
Nasce de um gesto
Contido na nossa mão
Aceita esses poemas
Mas não os guardes no mesmo lugar
Onde deverás guardar os outros
Aqueles que nos confrontam
com a realidade que somos
Aqueles que falam das searas e do pão
Aqueles que nos falam das ruas e dos caminhos
Aqueles que nos falam do trabalho e da mão
Enfim, todos os que num coro de hinos
Ou protestos, cantados
Entram na verdade de nós mesmos
Os outros? Os outros são devaneios necessários...
(Dedicado à Maria, nascida ontem)
16 setembro, 2010
15 setembro, 2010
Avinagrar a Imprensa Não é Pêra Doce... (por isso fui aos treinos) - 2
Tocándar - na rua ?
--
Em muitos lugares, acarinha-se! Aqui, despreza-se!
(Para se conhecer o que está em risco de se perder consulte esta página e/ou a wikipedia)
14 setembro, 2010
Avinagrar a Imprensa Não é Pêra Doce... (por isso fui aos treinos) - 1
13 setembro, 2010
Proclamação
Caros seguidores, visitantes comentadores ou apenas passeantes, anónimos furtivos, homens, mulheres, poetas e loucos...
Caros Amigos,
Para fazer o que ainda não foi feito, sei como ainda somos poucos.
Somos poucos para reiniciar a jornada. Mas, como sempre acontece, outros se juntarão. Ninguém está impedido de retomar caminhos percorridos ajustando o percurso, corrigindo palavras e emoções, procurando convergências. O passado não se corrige, dirão. Façamos então a correcção do futuro, não repetindo erros do passado. Somos poucos para operar o milagre de fazer tudo regressar à pureza da madrugada que nos deu esperança. Mais que proclamação é um apelo: Façamos da próxima eleição a primeira. Cada um escolha a melhor forma, mas sugiro uma: renasçam, com a memória completa e com o equilíbrio requerido a quem tem nas mãos um pequeno poder. Usem-no!
Eu, por mim, vou ser coerente com aquilo que me fez estar aqui. Prometo não sair dos objectivos que tracei e respeitarei os princípios declarados. Estes:
Não entrarei no jogo político, por isso, não comentarei discursos ou posições de qualquer partido ou candidato; Trarei para a minha agenda discursos ou posições partidárias sempre que a imprensa deles faça omissão ou distorção; Denunciarei todas as notícias ou opiniões que, em meu juízo, colocam em causa a reputação e o bom nome das pessoas sem a devida prova e fundamentação do interesse público; Trarei para o meu blog todos os temas que julgo serem omitidos por razões que a razão desconhece ou me parecerem arredados da agenda das redacções da imprensa semanal; Tentarei suprir a ausência da actividade da ERC na análise a estes jornais. Em datas festivas, ou sempre que me dê na real gana, publicarei poemas, vídeos e outras e outras cenas, desde que se integrem no espírito da minha declaração de princípios.Serei assim um apoio à vossa obrigação cívica através do acto de cidadania que assumi em 31 de Dezembro de 2009. Não, não julguem que me remeto para uma posição de equidestância e de isenção. Tenho convicções, apoio um candidato e não procuro isenção. Defendo soluções pelos valores de esquerda e são esses valores que pautarão esta intervenção a que me proponho.
Faço esta proclamação nas instalações apropriadas e com alguma simbologia: Que Cavaco Silva não chame a estas eleições um figo. Um Figo Maduro!
Obrigado pela V. atenção
(aqui não é possível retransmitir a tremenda ovação ao orador, que ainda dura de forma entusiástica, à hora da publicação deste post)
12 setembro, 2010
Homilias dominicais (citando Saramago) - 6
“Muito, muito tempo depois, o aprendiz (ele), já de cabelos brancos e um pouco mais sábio das suas próprias sabedorias, atreveu-se a escrever um romance para mostrar ao poeta das "Odes" alguma coisa do que era o espectáculo do mundo nesse ano de 1936 ..."
Pode ler na integra o discurso de Saramago no "Blog Oval"
AS NOVAS GERAÇÕES DE ESCRITORES - As duas questões, maturidade e ideologia, são abordadas num artigo publicado na IPSILON, sob o título "A morte de José Saramago é o fim simbólico de uma geração politicamente comprometida". Nele se tenta perceber como é que os novos escritores lidam com a ideologia e reporta testemunhos de quem considera poderem vir a ser os herdeiros do Nobel português: José Luís Peixoto; Valter Hugo Mãe; João Tordo ; Pedro Rosa Mendes ; Dulce Maria Cardoso. A autora, Raquel Ribeiro, comenta quase a finalizar "mais do que políticos apartidários, estes escritores são cépticos politizados" e termina, com a apreciação de um deles, Rosa Mendes, "A criação portuguesa é muito virada para si própria, onírica e introspectiva". Nesse sentido há "um défice de real", e a realidade torna-se "sempre aquilo que estamos a viver dela"...
A HERANÇA DE SARAMAGO - Se não fosse sabermos outras coisas, ficaria a impressão de Rosa Mendes como nossa. Contudo, Saramago deixou-nos uma indicação precisa, assim:
"A nova geração de romancistas portugueses, refiro-me aos que estão agora entre os 30 e os 40 anos de idade, tem em Gonçalo M. Tavares um dos seus expoentes mais qualificados e originais. Autor de uma obra surpreendentemente extensa, fruto, em grande parte, de um longo e minucioso trabalho fora das vistas do mundo, o autor de O Sr. Valéry, um pequeno livro que esteve durante muitos meses na minha mesa de cabeceira, irrompeu na cena literária portuguesa armado de uma imaginação totalmente incomum e rompendo todos os laços com os dados do imaginário corrente, além de ser dono de uma linguagem muito própria, em que a ousadia vai de braço dado com a vernaculidade, de tal maneira que não será exagero dizer, sem qualquer desprimor para os excelentes romancistas jovens de cujo talento desfrutamos actualmente, que na produção novelesca nacional há um antes e um depois de Gonçalo M. Tavares. Creio que é o melhor elogio que posso fazer-lhe. Vaticinei-lhe o prémio Nobel para daqui a trinta anos, ou mesmo antes, e penso que vou acertar. Só lamento não poder dar-lhe um abraço de felicitações quando isso suceder."
in Cadernos de Saramago/Gonçalo M. Tavares
Apostolaram esta semana:
"Blog Oval"; "Conversas Daqui e Dali"; "Ematejoca Azul" e "Só Te Peço 5 Minutos"
11 setembro, 2010
Onzes de Setembro
Golpe de Pinochet
(1973)
-Existem múltiplas formas de violência. Umas desencadeadas pelos povos ou grupos de populares e são, quase sempre, a resposta a outro tipo de violência normalmente menos visível. Sobre estas, escreveu Bertolt Brecht: "Do rio que tudo arrasta se diz violento, porém ninguém diz violentas as margens que o comprimem".
Existem ainda violências de outros tipos, as quais assumem formas mais sofisticadas de se produzirem. As imagens, às quais recuso dar espectacularidade e cor, são exemplos deste último tipo. A referida sofisticação não tem a ver unicamente com os processos, mas também com os objectivos e, neste dominio, ainda há quem se interrogue sobre os verdadeiros objectivos do 11 de Setembro de 2001 e pergunte onde estaria Bin Laden nesse dia...
10 setembro, 2010
«O modelo cubano já não funciona nem sequer para nós.»
"É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre."
José Saramago, in "Viagem a Portugal"
09 setembro, 2010
Coisas que me fazem recordar meu avô, Joaquim Bento e Guerreiro (como eu)
Mestre Bento, não encontro explicação
para a falta que me faz a cotovia
Não há canto que me fale ao coração
“Antes de se acabar ainda havia”
Mestre Bento, dou a mão à palmatória
não me lembro onde a águia pôs a cria
Será falta de pão para a memória
“Antes de se acabar ainda havia”
Quando falo aos meus botões
dos nossos tempos passados
o céu leva as orações
e a terra os nossos pecados
Mestre Bento, que é feito do gato bravo
que assustava os rapazes e fugia
Nem da toca eu encontro um alinhavo
“Antes de se acabar ainda havia”
Mestre Bento, a ribeira não tem peixe
onde havia para o “caldo” em demasia
Onde param, Mestre Bento, não me deixe
“Antes de se acabar ainda havia”
Quando falo aos meus botões
dos nossos tempos passados
o céu leva as orações
e a terra os nossos pecados
Música: João Gil (in Baile Popular - tá quase...)
Publicada por j. monge