31 agosto, 2020

O susto


O medo não tem nada dentro, o susto sim. O susto que tem dentro um forte ruído, pode ser grande mas passa logo. O susto pode ter dentro algo que se prolonga no tempo e, assim, durante todo esse tempo um gajo anda permanentemente assustado. Resumindo eu não tenho medo, ando é assustado. E a somar a esse susto (que agora não vem ao caso) hoje safei-me de outro, "à tira". Era o último dia para pagar o IRS... estava à rasca. O papel com o milagroso código para dar vazão ao desembolso pairava em lugar que só a ausente (minha ministra das finanças) saberia onde estava. Poupando-a a questões irrelevantes, pedi uma 2ª via. Mas nunca mais chegava o dia de ver a tal segunda via. Até que pensei que se Maomé não vem ter com a montanha, tem esta que se dirigir ao tal... E lá conseguir ir por caminhos sinuosos, no portal da Autoridade Tributária, obter a 2ª via e... pagar!

(a foto acima está exagerada, eu mesmo assustado fico bem penteado...)

29 agosto, 2020

CANÇÃO DE MADRUGAR

Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri
E dei, dei

Dei do meu corpo o chicote de força
Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas alarguei cidades
E construí poetas

E nunca, nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis, quis

Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer

Então nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem Pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem Feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas, nem Forcas, nem cardos, nem dardos, nem guerras, nem
Choros, nem medos, nem uivos, nem gritos, nem Pedras, nem facas, nem fomes, nem secas, nem Feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas, nem mal

Ary dos Santos


28 agosto, 2020

Mesa Redonda (10) - Tema: O Ânimo

Apresentação, contar da esquerda: Eu, Meu Contrário e Minha Alma

Eu (virado para a assistência, com a sala meio vazia): Esta Mesa Redonda foi-nos imposta não só pelo momento que estamos vivendo como também pela necessidade de criar entre nós os três a sintonia que nos tem faltado. Dou primeiro a palavra a Minha Alma: 

Minha Alma (apanhada desprevenida): Para a próxima, marca a nossa discussão com agenda do dia, para que possa estar preparada. Quanto à falta de sintonia a culpa é dele (e aponta o Meu Contrário). A mim, não me tem faltado as manifestações de esperança e confiança.
Meu Contrário (olhando Minha Alma fixamente): Bem sabes, que tais sentimentos são passivos. A esperança é um esperar acontecer. A confiança, remete para outros o tudo o que possa ser feito. Precisamos de tudo isso, mas a palavra de ordem deve ser "ânimo". É com ânimo que animamos. Animamo-nos a nós e aos outros... 
Minha Alma (interrompendo): E se estivermos perante uma saída impossível?
Eu e Meu Contrário (em coro): Ânimo! O impossível é tão só e apenas aquilo que ainda não aconteceu...

(... e os três saímos dali cheios de ânimo!)

27 agosto, 2020

FRÁGIL

 FRÁGIL/SINTO-ME FRÁGIL*

Põe-me o braço no ombro
Eu preciso de alguém
Dou-me com toda a gente
Não me dou a ninguém
 
Frágil
Sinto-me frágil
 
Faz-me um sinal qualquer
Se me vires falar demais
Eu às vezes embarco
Em conversas banais
 
Frágil
Sinto-me frágil
 
Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil
 
Está a saber-me mal
Este whisky de malte
Adorava estar in
Mas estou-me a sentir out
 
Frágil
Sinto-me frágil
 
Acompanha-me a casa
Já não aguento mais
Deposita na cama
Os meus restos mortais

 

 
Frágil
Sinto-me frágil
 
Frágil
Esta noite estou tão frágil
Frágil
Já nem consigo ser ágil
 

 

Jorge Palma
___________________
* Foi ontem, 
hoje está-me a saber bem
este whisky de malte
estou mais in e menos out

25 agosto, 2020

«DOZE PLUTOCRATAS ACUMULAM UM MILHÃO DE MILHÕES DE DÓLARES»

Foto de família: os mais ricos e também "filantropos" - que duplicam fortunas com pandemia e filantropia

 Os doze indivíduos mais ricos dos Estados Unidos atingiram este mês de Agosto uma fortuna combinada que ultrapassa pela primeira vez o valor astronómico de um bilião (um milhão de milhões) de dólares. Este número foi obtido graças a uma aceleração explosiva dos fluxos de riqueza entre Março e Agosto, cerca de 40%, coincidindo com a recessão económica decorrente da pandemia de COVID-19 e as “medidas estabilizadoras” dos mercados e de “ajuda” económica decididas pelas autoridades norte-americanas – e outras, como a Comissão Europeia. Operações como a febril especulação nos mercados financeiros e actividades desenvolvidas sob a capa de “filantropia” estão na base dos níveis obscenos de riqueza dos 12 plutocratas, transformados em vedetas sociais pela comunicação social corporativa.

Chuck Collins e Omar Ocampo, Inequality.org/adaptação O Lado Oculto

24 agosto, 2020

Se tem medo, compre um cão!

 

90.ª edição da Feira do Livro de Lisboa decorrerá em segurança

A Feira do Livro de Lisboa, que decorre entre 27 de Agosto e 13 de Setembro, vai ter «a maior oferta editorial de sempre», com a presença de 638 chancelas, informou a organização.

No evento, no Parque Eduardo VII, promovido pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), vão estar 310 pavilhões e 117 participantes.

A organização destaca a elevada adesão por parte dos editores e livreiros num contexto de pandemia «e de incerteza económica».

Segundo a nota ontem divulgada, a 90.ª edição da Feira do Livro de Lisboa é a «segunda maior até ao dia de hoje, superando a edição de 2018 em número de pavilhões (310), igualando-a em participantes (117) e aumentando as marcas editoriais (chancelas) presentes (638)».

O evento, adiado três meses, vai estar sujeito a restrições e terá um formato adaptado, para conter a propagação da Covid-19, pelo que o uso de máscara será obrigatório em todo o recinto, tanto por expositores como pelo público.

O número de espaços de restauração foi reduzido, as diferentes iniciativas requerem inscrição prévia junto das respectivas editoras, o auditório principal vai ser ao ar livre, foram criados mais dois espaços semelhantes e a lotação do recinto está limitada a 3300 pessoas em simultâneo.

«Exigente todos os anos, esta edição foi um desafio acrescido no que diz respeito à sua organização, para garantir que os visitantes se sintam seguros com todas as medidas introduzidas. As pessoas vão encontrar uma feira mais arejada, com alamedas mais amplas, um espaço pensado para obter circuitos de circulação mais fluidos», refere o presidente da APEL, João Alvim, citado no comunicado.

Para o Auditório Sul estão programados vários concertos com música de diferentes estilos, «desde o saxofonista Mark Cain, que traz ambientes de jazz/smooth e nu-jazz acompanhados por saxofone, até Matay, movido pela força do gospel e influenciado pelo soul, e passando ainda pelo Concerto Entressonhar, do projeto GEO».

O evento decorre em simultâneo com a Feira do Livro do Porto, iniciativa da câmara municipal que se realiza entre 28 de Agosto e 13 de Setembro, nos jardins do Palácio de Cristal, uma sobreposição que vai levar a que várias editoras não marquem presença. As duas feiras literárias já não aconteciam praticamente ao mesmo tempo há mais de uma década.

Com agência Lusa e AbrilAbril


23 agosto, 2020

A FESTA

 

A Associação José Afonso promoveu em Novembro passado, um concerto de tributo a Rui Pato, intérprete central da canção de Coimbra e primeiro grande acompanhante de Zeca Afonso. 

Rui Pato iniciou em 1962, com 16 anos, uma estreita colaboração musical com José Afonso. Acompanhou-o pela primeira vez à viola na gravação do EP Baladas de Coimbra (1962). A partir daí várias colaborações se seguiram, com a viola de Rui Pato a ter um papel decisivo nos LP Baladas e Canções (1964), Cantares do Andarilho (1968) e Contos Velhos, Rumos Novos (1969). A continuação da parceria discográfica foi interrompida pelo regime de Salazar nas gravações de Traz Outro Amigo Também, quando a polícia política do regime proibiu Rui Pato de embarcar para Londres – onde ia ser gravado o disco – como represália pela sua participação na greve estudantil de 1969, em Coimbra. 

Sobre a Festa, Rui Pato prestou na passada segunda-feira na sua página do FB um depoimento que não resisto a partilhar convosco:

«Nunca me manifestei sobre a tão falada Festa do Avante. A minha indecisão era , como médico pneumologista, eu sempre achar que devemos cumprir escrupulosamente as regras que já não são só da DGS mas já são universais. Por outro lado como "músico"(que nunca actuou na dita Festa) e como cidadão orgulhosamente de esquerda sem filiação partidária, achar que a arte a a política necessitam de renascer de já tão longo confinamento e ser necessário começar a vencer o medo e aprender a viver com o vírus ainda por muito tempo. Tive receio de as minhas naturais cautelas de médico servissem para engrossar o cortejo da hipocrisia dos "muito preocupados" com as consequências trágicas da Festa; mas também me estava a custar entrar para o pelotão da militância descabelada...do "tudo o que vem dali está correcto".
Agora, já com a poeira pousada, sou declaradamente favorável a realização da Festa, porque vejo nela a oportunidade de se aprender a , cumprindo todas as regras , voltar a ter a cultura, a política e a arte com responsabilidade e com civismo. Conhecendo o rigor dos militantes e simpatizantes comunistas , estou certo de que a Festa vai decorrer na maior da disciplina sanitária e vai ser um exemplo para que as actividade que envolvam centenas ou milhares de portugueses se possam fazer sem a actual indisciplina das praias, das igrejas, das procissões, dos casamentos, das festas, etc... e as salas de espectáculo, os estádios, os ginásios, todos os espaços de lazer e de arte possam a voltar a funcionar, com regras , com disciplina.
Para terminar este arrazoado, resta-me desejar que tudo corra como eu prevejo e parece-me que a "preocupação" dos "revoltados", agora, já não é o medo da propagação do vírus pelos ventos da Atalaia...mas sim o receio de que tudo corra bem...e que tenham que, depois, ter que ficar a assobiar para o lado.»

22 agosto, 2020

Lei de Murphy? Bolas, bolas, bolas!

A vida nem sempre nos foi madrasta. Direi mesmo que raramente o foi. 

Mas agora... agora lutamos para desmentir a Lei de Murphy ou contrariá-la. Não está a ser fácil. Não está mesmo nada! Mas... havemos de conseguir!

21 agosto, 2020

A amizade e o novelo da memória...

 Ás vezes acontecem coisas assim, sobretudo quando queremos que aconteçam. 

Marquei com ela uma conversa, muitos, muitos anos de acontecer a última. Eu e a Minha Teresa deste lado do Atlântico, o Quim e a Graça lá do outro lado, tínhamos conversas incontidas, sobre um mundo de coisas e o oceano estreitava-se, sem barreiras, ligando afectos. Não vem ao caso trazer aqui o tanto que nos liga, as alegrias vividas, as dores comungadas, e a perda que nos era querida...

Vem apenas ao caso dizer-vos que conheci o Quim tinha eu doze anos e ele dezasseis e ontem desenrolámos o comovente novelo da memória, sendo que do presente a palavra esperança foi a mais repetida...

Só um detalhe, ele é meu cunhado e ela não sendo minha irmã, passou a ocupar essa posição por opções do coração.

Se houve uma lágrima ou outra? Podia lá deixar de ter acontecido?

Não são lindos?


 

20 agosto, 2020

54 anos? Ena tantos!

Qual o segredo para aqui terem aqui chegado?
Mas... há tanto que tudo isso foi explicado:
«...faço profundas reflexões em torno das atracções entre almas. Nos meus laboratórios das almas e da física tenho pesquisado e encontrado o mesmo tipo de resultado: Almas de sinal diferente é que se atraem. Um, sem muito procurar, encontra no outro coisas de espantar. A surpresa e o pequeno segredo revelado são de mútuo agrado. O que uma alma não faz, faz a outra e vice-versa. Completam-se. A atracção é permanente e a relação duradoira, pela vida fora. Discutem, discutem, discutem. Quase sempre não há acordo mas aceitam-se um ao outro (caso se respeitem, sendo o respeito uma regra básica e exterior à própria física das almas)»
Escrito em Abril de 2011, a propósito de coisa nenhuma

19 agosto, 2020

Guerrilhas amigas, a propósito de cigarras, formigas e ... rimas...

 

 ... e fui eu o culpado (num comentário), que terminou  em apaziguador soneto:

A Maria João é persistente
mas eu não lhe fico atrás
vou responder-lhe em soneto
só para ver se sou capaz.

Então, cá vai, um pouco à moda de António Aleixo.

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Eis uma opinião de valor
que me é dada com mestria
mas a de uma leiga qualquer
também tem sua valia...

Faremos a nossa parte
nisso do arrebitanço
cada qual terá seu método
sem nenhuma querer avanço

Cá por mim, cá vou andando
entre avanços e recuos
fazendo aquilo que posso

Não faço tudo o que gosto
mas vivo à minha maneira - e sei
que o saber, senhora, é todo vosso!

Janita


18 agosto, 2020

CONTAS

 

Aos meus alunos de ontem
Agora sei
que todas as contas que vos corrigi
estavam afinal certas.

Agora sei
que tudo o que quis mostrar-vos
sobre a Vida e o Amor estava afinal errado.

Agora sei
que vos enganei sobre a Bondade
e a Paz e a Liberdade e a Beleza e a Alegria…

Agora sei que me enganei.

Agora não sei
como havereis de ser alegres e livres
na estranheza do mundo em que viveis.

Agora não sei 
como acertar comigo
tantas contas que errei.
Exatas somente num mundo meu,
afinal, não o Mundo.

Apenas um sonho lindo que sonhei.

Lídia Borges

___________

Por razões diversas, vai ser este meu espaço ser usado para trazer aqui quem sigo e admiro. Que não haja admiração ou espanto, não é a primeira vez que o faço...

17 agosto, 2020

Stand By Me

Há mil e uma razões para se gostar de uma canção assim, cantada assim...

Mas, adivinhe, porque vim eu hoje traze-la aqui?


16 agosto, 2020

A Festa, o poder imenso da Imprensa e a tardia resposta a Pacheco Pereira

 

«O crime em si é já uma imperfeição. Esta tirada filosófica, vem a propósito, e uma vez mais, da censura canalha da RTP1 paga por todos nós.
4 de setembro de 2016. Recuperei o início do jornal da manhã e, às seis e meia (6.30 da manhã) tive a grata surpresa de ver uma peça muito correta sobre a ‘Festa do Avante’. Com a ingenuidade natural a quem está sempre disposto a acreditar na regeneração de gente menos sã, exclamei para os que me rodeavam: Já não era sem tempo!
No noticiário das nove dessa mesma manhã a notícia tinha sido castrada e a ‘peça’ insossa e reduzida aos banais vinte e poucos segundos.»
José Pacheco Pereira, ler aqui

Caro Pacheco Pereira, não há fome que não dê em fartura. Dos vinte e poucos segundos em setembro de 2016, agora são minutos e mais minutos, a toda a hora...

Como pode a imprensa? Mas será mesmo imprensa? 

Sim, esta é a imprensa que vamos tendo...

15 agosto, 2020

14 agosto, 2020

O "Público" detesta grupúsculos mas adora o "Chega"

 «Os grupúsculos de extrema-direita que se alimentam do ódio nas redes sociais tiveram um dia em cheio: o país que volta a assistir a um preocupante número de casos de covid-19, ou que enfrenta a maior crise económica da sua história recente, colocou os seus maiores dramas entre parêntesis para discutir as suas ameaças, a sua existência e o seu protagonismo.»

A imagem (que já deu que bradar) e o texto acima são da mesma edição do "Público", com a data de hoje. 

É excessivo, talvez até errado, o meu título. Resultado de estar atónito. 

É que lido o editorial nada fazia pensar que, ao fim ao cabo, o jornal coloca entre parêntesis os nossos maiores dramas* e vem dando, dia sim dia sim, espaço ao Chega até dizer chega! Frequentemente de página inteira!

Ao André Ventura e a Rui Rio, dá-se quase igual cobertura já que o seu entendimento se vislumbra... Talvez não exista sintonia perfeita entre aqueles dois, mas, por exemplo o que Rio diz da Festa do Avante, André fica com inveja de não ter sido ele a dizê-lo, e vice-versa!

Aguardo, com impaciência, a data em que seja marcado o 5º Congresso dos Jornalistas... o do passado, o 4º, já deixava antever que iríamos chegar ao ponto a que chegámos... 

________________________

*Drama: os recursos do SNS (a minha Teresa, com quase 15 dias de internamento, só tem marcada a mamografia para dia 24... )

13 agosto, 2020

11 ANITOS... BONITOS!

 
 
Entre primos, um amigo e alguns de nós, a festa foi o que aqui não se mostra...
A dada altura, a pergunta ainda sem resposta:
«Avô, quando é que a avó volta para casa?»

12 agosto, 2020

Uma pequena exposição... (para quebrar a inquietação)

 

 De quando em quando abro este meu espaço a pequenas exposições. Não tem sido frequente, mas quando surge uma oportunidade não a perco. Aconteceu quando alguém desenhou e pintou «Figuras do meu imaginário de adolescente e rostos que me povoam a mente» e já tinha acontecido com outro alguém que pintou «Os meus lugares de menino e moço».

Hoje (até para me desanuviar a mente) abri a minha galeria ao "Daniel" cuja arte passo a expor, como introdução a uma visita mais demorada ao seu espaço, que desde já recomendo...  

Mas enquanto não vão lá, fiquem por aqui...

11 agosto, 2020

O melhor de mim somos nós

(reeditado*)

Quem não esquece o passado e não desiste,
Com orgulho mal disfarçado, persiste
Em procurar a utopia que num sonho conheceu?
Eu!

Quem vê uma lágrima, não importa por que dor
Junta outra sua, se necessário for,
pois de ser solidário nunca se esqueceu?
Eu!

Quem em mil metamorfoses e em festa
Aceitou ser árvore escondendo em si a floresta
Para que todos os pássaros pousassem num ramo seu?
Eu!

Quem comigo fez tal caminho
Aceitando valores, defeitos e carinho
Partilhando ausências, frustrações e alegrias, por tabela?
Ela!

Falar de mim é falar de nós...
* Este post é reedição de um outro publicado em Setembro de 2010. Fui buscá-lo seguindo a recomendação da minha-gaivota-mais-nova e também porque, sendo a amizade o sentimento mais próximo ao amor, devo uma explicação aos meus amigos. 

Ela, a minha Teresa, está mesmo muito doente e encontra-se internada há dez dias ainda sem total identificação e extensão da doença... por isso mesmo, mais uma vez cito quem venho citando:

«O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais que o necessário»


10 agosto, 2020

... e foi "só por unha negra" que mantive a confiança...

 Não há muito tempo, noutro contexto, usei a expressão "salvo por uma unha negra" e mantive a confiança. Hoje, quem me deu a necessária confiança foi a longa conversa com a médica. Tal crença foi salva à última hora... 

A ver vamos... 

Para já, decido seguir as recomendações daquela gaivota que me convenceu que «O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais que o necessário»

 

09 agosto, 2020

Um conto ao Domingo - XXIV (Os conselhos da Gaivota-Mais-Nova)

 

Nem foi preciso receber um "olá" grasnado, naquele tom já familiar a que me tinha habituado. Bastou-lhe um bater de asas, bem agitado, como se fosse chamamento. Dirigi-me à janela e ia a perguntar o porquê da visita quando ela, com um grasnar sussurrado, me pediu que ficasse em silêncio e que escutasse o que ela tinha para dizer. E foi assim dizendo:

«Eu e minha mãe-gaivota sabemos de tudo. Sabemos da imposta ausência, sabemos de tua ansiedade, sabemos de como te afastaste  de todos as responsabilidades, de todas as causas em que te empenhavas, de todas as reuniões que lideravas, de todos os sítios aonde ias. Sabemos que deixaste de, neste espaço, ir comentar o que tantos dos teus amigos iam escrevendo...»

Parou um pouco, como para retomar o fôlego, e continuou:

«Não pares tudo. Das responsabilidades tidas, delega algumas. Das causas, dá aviso que mantens a chama acesa e faz parecer que  tal pareça. Faz uma ou outra reunião e frequenta os lugares que frequentavas. Quanto aos amigos, pensa a estranheza que lhes provoca tão prolongada ausência. Não precisas apregoar o que te magoa a alma, pois eu sei o que é inspirar pena e dó! »

Depois elevando o grasnar, em tom bem alto, deixou conselho, citando alguém bem conhecido.

«O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais que o necessário» 

E assim sentenciando partiu, voando... 

_________

Claro que isto não aconteceu. 

Quanto aos conselhos, esses sim, foi a minha mai-nova quem mos deu

08 agosto, 2020

Faleceu Fernanda Lapa? Quem disse?

Os meus mortos não morrem. Estão tão vivos os seus desejos... vivos e tão actuais, tão actuais...

Eu desejo-te coragem p´ra dizer basta,
desejo que te esqueças quem te esqueceu,
desejo que possas fechar portas e abrir janelas,
desejo que não te conformes,
que não fiques com a culpa,

desejo que te atrevas, 

Desejo o que tu quiseres,
desejo-te olheiras e risos,
desejo-te loucura e magia,
também te desejo erros para aprender,
desejo vento,
para te deixares levar,
desejo-te faíscas no olhar,
cores para os dias cinzentos,
guarda-chuva para as más tempestades
e chuva para te calar,
desejo-te "sinto saudades",
desejo-te abraços dos que duram toda a vida
quando fechas os olhos,
desejo-te viagens e novas lembranças,
desejo-te furacões de emoções,
que te façam sentir. 

Desejo que te amem sem que precisem de ti,
desejo-te uma nova música favorita
e uma nova data que te faça sorrir,
desejo-te beijos bonitos,
brindes com os lábios e desejo-te vontade...
de seguir em frente. 
Fernanda Lapa,

07 agosto, 2020

Todos somos poetas, mas só alguns escrevem poemas... Fica o desafio!

«Com 20.000 euros na modalidade de consagração e 5.000 euros na modalidade de revelação, este é o prémio com maior valor pecuniário para a Poesia em Língua Portuguesa.»

Sei quem vai concorrer, e vou desafiar mais alguém para o fazer! Boa?

Fica aqui o desafio!

06 agosto, 2020

Assinalando os 75 anos dos bombardeamentos atómicos de Hiroxima e Nagasáqui...

Assinalando os 75 anos dos bombardeamentos atómicos de Hiroxima e Nagasáqui, o CPPC alerta para a urgência do fim das armas nucleares e apela à assinatura do tratado de proibição deste armamento.

É com esse intuito que apela a todos os amantes da Paz para que assinem a nova petição.

"Os «horrores» da Segunda Guerra Mundial permanecem na «memória dos povos de todo o mundo», neles se incluindo «o holocausto perpetrado pelos nazis alemães e os bombardeamentos nucleares norte-americanos sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui – ocorridos a 6 e 9 de Agosto de 1945 – sobre um Japão na prática já derrotado e sobre cidades sem importância militar estratégica, tornando o crime ainda mais brutal»"

ler tudo em AbrilAbril


05 agosto, 2020

Picasso e o que contava fazer... mas já não faço!


Antes de se gerar a controvérsia em torno do pretenso mau génio do Pablo e do seu imensurável ego, tinha anunciado fazer o que já não faço.
Queria, mas não posso... Há coisas que, de modo imprevisto, vieram alterar tudo isso (e muito mais...)!
Enfim, é a vida!...
Ficam alguns dos muitos dados já compilados... neste vídeo que vos trago.

04 agosto, 2020

Vinte e quatro!

Ela nem sempre ri, ela sorri (Com um sorriso como nunca vi) 

Ela não ouve, ela escuta com atenção (Desde que não seja um sermão) 

Ela não olha, ela vê com olhos de ver (Assim, julgo, é que aprende a conhecer) 

Ela não está, ela faz-se sentir (Humilde, como se pedisse licença de existir) 

Ela não fala, com os olhos comunica à farta (Quem muito fala, pouco acerta) 

Assim é a Marta, Assim é a minha... neta! 

Um beijinho do avô e um "Nunca te estragues" 

____________ 

POR RAZÕES QUE NEM ME APETECE CONTAR O ANIVERSÁRIO NÃO TEVE A FESTA A QUE JÁ ME ESTAVA A HABITUAR

03 agosto, 2020

Nota artística, no topo da escala!


____
Não,
não se trata da dança dela
mas da arte pintada
pela minha neta

Foi ela quem pintou a T-Shirt
e por isso está radiante!

02 agosto, 2020

No dia em que o Zeca nascia...

_____
Sim, hoje seria a data do seu aniversário. A lembrança, deu-ma a Maria (d´O Cheiro da Ilha) e eu o lembro, com esta canção que não esqueço...

Que Amor Não Me Engana

 
Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se da antiga chama
Mal vive a amargura

Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia?

E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito

Muito à flor das aguas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira

Em novas coutadas
Junta de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
Pelo nascer do dia

01 agosto, 2020

Desnaufragando... em pleno desconfinamtento


Desnaufragar *

O céu a marcar a linha do horizonte
Com o mar ali defronte
A terra não nos irá chegar
E chamar-nos-á a memória de marear

Sossega meu barco
Não temas meu barco
Havemos de recuperar
palmo a palmo
teu casco
Erguer-te a vela
Em novo mastro
Te daremos remos
E corda de atracação
E um poema
E uma canção
E um leme
E um sentido

Nada é definitivo num naufrágio
Havemos de emendar o rumo errado
Assim tua alma te reste inteira
Que a proa, essa, a tens virada ao sonho
Rogério Pereira
* reeditado