Desnaufragar *
O céu a marcar a linha do horizonte
Com o mar ali defronte
A terra não nos irá chegar
E chamar-nos-á a memória de marear
Sossega meu barco
Não temas meu barco
Havemos de recuperar
palmo a palmo
teu casco
Erguer-te a vela
Em novo mastro
Te daremos remos
E corda de atracação
E um poema
E uma canção
E um leme
E um sentido
Nada é definitivo num naufrágio
Havemos de emendar o rumo erradoAssim tua alma te reste inteira
Que a proa, essa, a tens virada ao sonhoRogério Pereira
* reeditado
Gostei deste poema.
ResponderEliminarUm belo poema, uma promessa de futuro.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom domingo
Gosto imenso deste teu poema, Rogério! Vemos os naufrágios sob diferentes perspectivas, mas eu gostei muito de ler esta tua visão.
ResponderEliminarComo creio que saberás, os meus naufrágios, tal como os do meu avô - esse que se considerava O Náufrago Perfeito - definem qualquer coisa menos literal e, simultaneamente, contêm uma boa dose de ironia.
Para ele, o naufrágio representava o repúdio consciente de um sistema decadente e opressor, ainda que à custa de todo o tipo de riscos e perdas de benesses materiais. Para mim, será mais ou menos o mesmo, embora o sistema tenha mudado. No entanto, só um cego mais cego do que eu não verá que a opressão, vestindo novas capas, se volta a fazer sentir; de momento, é (quase) omnipresente e ameaça tornar-se omnipotente. E eu, claro está, não falo de Portugal, falo do mundo no seu todo.
Forte abraço!
Foto singular, poema fascinante.
ResponderEliminar.
Votos de Domingo feliz
Abraço
Gosto destas viagens, mas o barco não socega e as velas não obedecem à rebeldia dos ventos.
ResponderEliminarVamos aguardar que o mar se acalme e os ventos soprem apenas de feição.
POEMA MARAVILHOSO, E TUDO O MAIS MARAVILHOSO TAMBÉM. PARABÉNS
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