28 fevereiro, 2024

UM POEMA MILITANTE, JUNTA-SE À CAMPANHA

As Bandeiras Vermelhas", óleo sobre tela de M. H. Vieira da Silva (1939)

O Elogio da Dialéctica (*)
A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nòs queremos nunca mais o alcançaremos

Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nòs
De quem depende que ela acabe? Também de nòs
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aì que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã

 Bertolt Brecht 

27 fevereiro, 2024

AVANTE!... E O SOL BRILHARÁ PARA TODOS NÓS!


Até que o Sol nos apareça

Uns dizem palavras de desalento
Outros que esperam ter esperança em Maio
A maior parte, não fala e quando saio
Oiço queixas veementes de tão mau tempo

Resguardo-me dos estados de alma
E do silêncio resignado e mudo
Avanço chuva adentro, que não se acalma
Sem esperar que lave os males deste mundo

Meu irmão falou-me de relâmpagos, na escarpa
A nuvem falou-me de trovões e do vento
Um raio que parta tudo isto, ouvi neste momento
Desabafo da impotência que daquela voz se escapa

Avancemos, chuva adentro
Chuva adentro
Até que o Sol nos apareça, e brilhe                           como se fosse Abril  
Rogério Pereira


26 fevereiro, 2024

E PASSOS COELHO REGRESSA DE UM PASSADO SILENCIADO

 


A SIC, antes, durante e depois dos programas que vai passando mobiliza comentadores de peso para comentar. Em uníssono, consideram Passos Coelho a figura do dia... quase abençoam tal regresso. A páginas tantas, a propósito de o comício se ter realizado onde se realizou, ficamos a saber que o Chega foi considerado, nas sondagens, a força vencedora lá mesmo, no Algarve. Sobre o Chega e sua família bem se podia ter dito mais do que foi dito... mas se tal fosse dito o discurso não teria sido tão curto.

25 fevereiro, 2024

A CDU, QUE ADVERSIDADES HÁ A REFERIR PARA QUE A VOTAÇÃO CRESÇA?





Para que se perceba o que é preciso que se faça para que a votação da CDU cresça, é preciso ter uma ideia sobre as razões porque a votação tem vindo a ser, continuamente, em perda. 

Uma primeira razão, determinante, é (tem sido) a manipuladora actuação da imprensa, que, ou distorce e mente ou omite. O efeito da omissão é tão ou mais eficaz quanto a manipulação (já Marcelo dizia "aquilo que não se mostra, não aconteceu").

A segunda razão, que tem vindo pouco à baila, tem a ver com a alteração lenta mas persistente da composição social da força de trabalho. Já me referi à tendência continuada para a redução de postos de trabalho dessa base de suporte do meu Partido. Mas não é só o PCP que sofre as consequências é também a economia. De facto, só com uma economia sustentada por uma industria forte e competitiva é possível um desenvolvimento justo e sustentável. Os gráficos acima mostram uma realidade que deve ser merecedora da sua atenção.

E como não há duas sem três, veja-se o que se passa com "centenas de milhares" de imigrantes, na sua grande maioria empregados na indústria do turismo e restauração e que paulatinamente têm vindo a tomar o lugar de nacionais, pois trata-se de pessoas mais vulneráveis à prática de condições de trabalho precário. Como muito oportunamente denuncia a organização SOS Racismo, são cidadãos residentes e contribuintes activos mas... sem direito a voto.

Não devo tornar este meu texto mais extenso pois corro o perigo de nem ser lido, assim... por aqui me fico

24 fevereiro, 2024

SETENTA E NOVE? JÁ? DAQUI A NADA SOU VELHO


Com um quórum 
Um pouco mais reduzido
Assinalo sorriso a sorriso
E deixo dito

É tão bom
Ser pai, ser genro, ser avó!

Setenta e nove? Já?
Daqui a nada sou velho




 

23 fevereiro, 2024

HOJE GOZEI MESMO COM QUEM TRABALHA


De uma sessão de trinta e tal minutos, conceder pouco mais de dez por cento ao convidado, não sendo deselegância do RAP, é, pelo mínio, jogar à defesa (ou uma forma de subliminar ataque, subtraindo-lhe tempo de antena) 

22 fevereiro, 2024

QUANDO ERA CRIANÇA MUITO LI, HOJE SOU UM ADULTO QUE ÀS VEZES PENSA (FREQUENTEMENTE SONHO)

Imagens retiradas do vídeo editado ontem

 Quando resolvi editar o post que ontem editei, mil e uma coisas me passaram pela mente e a que mais me tocou foi a notícia de que, em 2020 segundo um inquérito, 61% dos portugueses não leram um único livro. Outro dado preocupante é que os que menos prazer retiram da leitura (43%) são os jovens dos 15 aos 24 anos. E outro, ainda mais preocupante (mas sem dados conhecidos), é a visível impressão de ser dramático o número de pessoas dependentes da tecnologia e com horror aos livros.

Como então referido, eu escrevo, escrevo, escrevo.
Mas a isso não me limito. 
Luto, luto, luto não só para ser lido

19 fevereiro, 2024

E HOJE ME SINTO GOZANDO COM QUEM TRABALHA


Apesar de ter razões de queixa a quem tão bem malha, acabo este meu dia sentindo-me gozando com quem trabalha! E quais são as razões de queixa? É que lhe fiz um convite e nem resposta tive!

18 fevereiro, 2024

HOJE VOLTEI A SENTIR-ME... AGUIAR (Continuação)


Porque, entre ontem e hoje, encontrei a tal Grande Entrevista a Américo Aguiar e, também, porque vieram à liça vozes dissonantes sobre alguns deveres da Igreja. Por tudo isso, repito: Sinto-me... Aguiar! 
E acrescento: o bispo segue Francisco e, ao considerar "todos, todos, todos", não exclui o meu Partido!

17 fevereiro, 2024

HOJE SINTO-ME... AGUIAR


 Tal como eu, 

Américo Aguiar defende que Igreja tem de estar envolvida na política


... e diz mais:
"não podemos estar sossegados como se as conquistas da democracia estivessem garantidas", pelo que todos se devem envolver nas questões políticas e votar.
(...) 
"Eu não sei o que vai acontecer. Já encomendei pipocas e Coca-Cola para a noite de 10 de março. Não sei o que vai acontecer. Estamos aqui perante situações muito sensíveis e muito importantes, e é por isso que a Igreja tem de estar metida [na política] e os cidadãos, os católicos, os cristãos. As pessoas têm de estar envolvidas na política, porque a gestão da coisa pública é da responsabilidade de todos nós. Não podemos assobiar para o ar, enterrar a cabeça na areia e esperar que no dia 10 metade dos portugueses decidam aquilo que é responsabilidade de todos os portugueses", defendeu.

Inexplicavelmente não encontrei, na RTP3,
toda a entrevista
então... fui ao "Sapo"

16 fevereiro, 2024

A VISÃO CLARA... DA BANDA DESENHADA


De manhã ouvimos uma coisa, à tarde outra e...
 à noite, nem imagino o que vamos ouvir


... e o eleitor vai ficar disponível para tudo
até para o absurdo



 

15 fevereiro, 2024

UMA MEDIDA PRIORITÁRIA... DE QUE NINGUÉM FALA



Estas imagens têm barbas e foram publicadas ainda este blog era uma criança e agora voltam à dança. E voltam à dança porque mais ninguém fala disso (a não ser o meu Partido, nas suas 30 medidas prioritárias):

"São precisas medidas para valorizar o interior e garantir a coesão territorial. Não bastam palavras, são precisas medidas para um forte investimento público no Interior, repondo serviços públicos que foram encerrados, investindo no transporte público, eliminando as portagens das ex-SCUT, avançando com a regionalização."

(Esta é uma das 30)

14 fevereiro, 2024

DIA DOS NAMORADOS E UMA ROSA QUE CAI MAIS PESADA QUE A SOFRIDA LÁGRIMA

Ele recordou aquele outro dia em que os olhares pararam e as mãos se deram...

Faz, nesta data, 11 anos que escrevi o que se segue. A lágrima, esta de hoje, quem a chora sou eu e o sentido que sinto é bem outro:
Ela acordou com o acordar trocado: ela levantou-se, ele ficou deitado. Ele dormia que parecia um justo. E ele o era aos olhos dela. Nada do que se passara ela o culpava, por isso lhe lançou o olhar terno, o número 3 da tabela dos afectos - a única tabela das rotinas que permanecia incólume à devassa dos tempos -. Sem se lembrar da antiga tabela do trajar, vestiu-se depois da higiene da manhã. Bebeu um sumo apressado e deixou um recado. "Não há leite, bebe um sumo, o pão é duro mas podes fazer uma torrada. Há um pouco de manteiga no sítio do costume". No canto superior direito daquele pequeno papel, deixou um coração a circundar a palavra "beijo", ao lado, outro coração desenhado. Saiu, sem bater a porta, para não o acordar...

O autocarro ia cheio, pois fora suprimido o existente no horário antigo. Ia pensando o que foi mudando desde o último dia dos namorados. Depois de tantos meses passados o emprego dele não fora mudado por outro e as diligências, todas, foram sendo, uma a uma, frustradas... reviu como isso lhes alterou a vida sem alterar-lhes o carinho, a relação, os afagos, os momentos de paixão e a forma em como seus corpos se davam. A esse pensamento, sorriu. O autocarro parou e ela saiu. Dirigiu-se ao emprego dando a volta à larga praça, passando ao lado da loja que tinha todas as ofertas da tabela das datas festivas. Passou junto ao canteiro, bem tratado, e com o olhar, marcou a flor que no regresso iria colher para lhe oferecer. E entrou no emprego, pontual, conforme lhe assegurou o relógio de ponto, que lhe marcara, a negro, a hora de entrada.

O dia fora cansativo, mas não se esqueceu de colher a flor, que estava marcada. Chegada à porta de casa, procurou as chaves no fundo da mala, pois a surpresa da chegada requeria uma entrada em silêncio. Meteu a chave, mas quando esperava que estivesse no trinco teve de dar três voltas. Ao seu silêncio só respondeu o silêncio da casa. Só silêncio, mais nada. Sem perceber o que se estava a passar, a casa foi revistada com um só olhar. No sofá de carcomida pele, onde ele costumava estar, estava um bilhete nesse lugar. Tinha no canto inferior esquerdo dois corações e, num deles, um beijo dentro. Leu, em voz alta e embargada:
"Não posso, não posso continuar. Um dia volto. Levo a nossa tabela de afectos e teus desenhos. Não te deixo mais nada que não seja a promessa do meu regresso. Amo-te muito mais que a mim próprio pois o amor que tenho a mim próprio deixou de pesar. Um dia hei-de regressar."
Sempre teu
(assinatura irreconhecivel)
Duas lágrimas correram-lhe pela face, mas a rosa vermelha que tinha na mão chegou primeiro, ao chão... destroçada, inútil na sua missão de lembrar um dia que devia ser lembrado.

13 fevereiro, 2024

RIA, PALHAÇO (ESQUEÇA ESSA SAUDOSA MÁGUA)!


 Bah! Você é um homem?

Você é palhaço!
Vista sua fantasia,
passe pó vermelho no rosto.
Aqui as pessoas pagam e querem rir.
E se Arlequim (a morte)
lhe roubou sua Colombina,
Ria, palhaço, e todos vão aplaudir!
Mude para risos
os espasmos e o choro,
o soluço em uma cara engraçada
e a dor - Ah!
Ria, Palhaço,
no seu amor em pedaços.
Ria da dor que lhe envenena seu coração
"I paglacci", letra adaptada

12 fevereiro, 2024

E MORTÁGUA NADA RECONHECE A QUEM O MERECE


Foi um debate respeitoso, excepto naquela falta de respeito em que Mortágua chama a si louros que deveria, nominalmente, ter partilhado com estava ali à sua frente e que esteve na génese do que de bom aconteceu ao fazer criar a tal "geringonça". O PCP, fez um generoso resumo ao não referir tal falta de reconhecimento. Em concreto, veja o início, logo a abrir.... e depois ponha o cursor no 9º minuto.

Viu? E então?

(Sobre o desempenho de Raimundo, pergunto: se isto não é capacidade de comunicação, o que é boa comunicação, então?)

11 fevereiro, 2024

E O MONTENEGRO ATÉ FICOU... BRANCO


... e como é que eu dei que 
Montenegro ficou branco
apesar da maquilhagem?
É que o Raimundo, foi indo, foi indo
até o cromo perder
o seu cínico sorriso!

10 fevereiro, 2024

CARISMA E EMPATIA NÃO SE GANHAM NUM SÓ DIA... MAS, ONTEM...

E AGORA, Ó CDU, QUE FAZES TU?


"Perante a descarada promoção do fascismo pelas televisões, incluindo a pública, o que fazer? Os antifascistas sabem o que devem fazer: continuar a sair à rua, à maneira antiga, que é sempre nova, e convencer uma a uma, um a um. Encarnar e levar as lutas de um povo à urna, em suma."

Lido isto, num espaço que nunca perco, dou este testemunho de como, à risca, seguimos a única forma de sermos ouvidos...




09 fevereiro, 2024

SEM AGRICULTORES, NÃO HÁ AGRICULTURA

A agri­cul­tura em Por­tugal

Há hoje em Por­tugal 286 191 ex­plo­ra­ções agrí­colas

Menos 5,82% do que há 10 anosMenos 52% do que em 1999

Menos 80% do que em 1989

Menos 11,6% de terras ará­veis

Mais 24,6% de cul­turas per­ma­nentes

Mais 14,9% de pas­ta­gens per­ma­nentes

Menor pro­dução de bens ali­men­tares fun­da­men­tais à ali­men­tação hu­mana: Menos 32,2% de área de ce­reais para grão re­la­ti­va­mente a 2009 (menor área se­meada de sempre); Menos 28,6% de área para pro­dução de ba­tata

Por­tugal hoje im­porta muito do que antes pro­duzia

Em 2022, ren­di­mento dos agri­cul­tores caiu 11,2% e os lu­cros da grande dis­tri­buição dis­pa­raram

os grupos Je­ró­nimo Mar­tins e Sonae al­can­çaram lu­cros de 1014 mi­lhões de euros, cerca de 3 mi­lhões por dia

O preço pago à pro­dução não com­pensa o au­mento dos custos de pro­dução (com­bus­tí­veis, ra­ções, etc.)

re­dução do nú­mero de ex­plo­ra­ções re­pre­sentou um au­mento da sua su­per­fície média, que é hoje de 13,8 hec­tares, quando em 1989 era de 6 hec­tares

Apenas 1100 ex­plo­ra­ções têm cerca de um quarto da área total 

95% das ex­plo­ra­ções são de agri­cul­tores sin­gu­lares

Mas…

Os 5% de so­ci­e­dades agrí­colas ocupam 27% da terra, detêm 41% dos efec­tivos ani­mais e uti­lizam 9% da mão-de-obra 

do tra­balho agrí­cola é feito com mão de obra fa­mi­liar 

mão-de-obra as­sa­la­riada, re­gular ou sa­zonal, re­pre­senta já 27,8% 

Com a PAC foram anun­ci­ados mi­lhares de mi­lhões de euros para o País, mas…

foram ca­na­li­zados para as mãos de uns poucos, dos grandes agrá­rios

A CEE/​UE pagou para se ar­rancar vi­deiras e oli­veiras, para se flo­restar áreas agrí­colas

pagou para que não se pro­du­zisse e, de­pois, pagou sem obri­gação de pro­duzir

7% dos be­ne­fi­ciá­rios ficam com 70% das «ajudas» da CEE/​UE 

A CEE/​UE cons­ti­tuiu-se com um co­veiro da pro­dução na­ci­onal e não só na agri­cul­tura. PS, PSD, CDS, Chega e IL, que sempre apoi­aram a PAC e as suas re­formas, são res­pon­sá­veis.

Jornal Avante - 8 de Fevereiro - pág. 5


08 fevereiro, 2024

MONTENEGRO, NA RETRANCA, CORTA-SE

A RTP, a TVI e a SIC foram confrontadas esta quarta-feira com o propósito da AD de substituir Luís Montenegro por Nuno Melo nos debates televisivos com a CDU e o LIVRE. As televisões rejeitam as alterações e asseguram a manutenção do modelo de debate aprovado inicialmente.

Entretanto, o PCP emitiu um comunicado considerando que «depois de acordado um modelo de debates entre as televisões e os partidos com representação parlamentar, o PSD e o seu presidente querem agora esconder-se e esconder o seu projecto atrás de pretextos».

Os comunistas sublinham que «Luís Montenegro sabe que o PCP não deixará esquecer o papel que assumiu enquanto presidente do grupo parlamentar do PSD no período do assalto da política da troika a direitos, salários e pensões». Por outro lado, acusam o presidente do PSD de se esquivar «a ser confrontado a partir do concreto, e para lá das promessas, com o que quer manter escondido quanto a questões decisivas como as da política salarial, valorização das pensões, direitos dos trabalhadores, direito à habitação, defesa e valorização do Serviço Nacional de Saúde».

O PCP considera que os debates foram organizados sobre determinados pressupostos e que, independentemente da avaliação crítica sobre o modelo, não será pela sua parte nem da CDU «que esse momento clarificador de debate não se realizará».



07 fevereiro, 2024

A VERDADEIRA MEMÓRIA DAS COISAS DA VIDA


Tenho usado e abusado de algumas frases feitas, tais como "a memória é selectiva" e "somos a memória que temos". Não as contradizendo, é preciso que se diga que elas não traduzem, ou até mesmo esquecem, que a verdadeira memória das coisas constrói-se a partir de elementos tão simples como uma fotografia, um odor, um poema há muito escrito... 
E diria mais, puxar pela memória é um exercício recomendável para quem queira dar sentido à vida.

06 fevereiro, 2024

HOJE, MAIS UMA VEZ, NÃO VAI HAVER O QUE SEMPRE HOUVE

Logo, ao jantar,
não haverá o que sempre houve,
não haverá à volta da mesa:
a alegria costumada
não rirás
não rirei
não rirão
não riremos
Não haverá velas num bolo,
troca de olhares
e flashes 
Não cantaremos
(os miúdos não vão poder apagar
as velas, nem também cantar)
Depois,
depois não fará sentido voltar a dizer
Ah, quanto te quero bem...
Ou, saudoso, talvez ainda diga
aquela frase batida
assim
Se não fosses tu
não sei o que seria de mim
 Disse-lhe um dia 
"O melhor de mim, somos nós"
...e assim será, para o resto

da vida que me resta 

Rogério Pereira/6Fev2024 

04 fevereiro, 2024

SONDAGENS: FIZ UMA SONDAGEM AOS SONDADOS... VERDADE!

Fiz uma sondagem aos sondados. Os da classe alta estão encantados. Os outros andam a ler a ficha técnica a ver se entendem esta merda.

". Ficha técnica 

Este relatório baseia-se numa sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 16 e 25 de janeiro de 2024. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Iscte - Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris (...)  A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto em eleições legislativas recolhida de duas formas, aleatoriamente atribuídas: simulação de voto em urna e em tablet, em ambos os casos sem o inquirido revelar a sua resposta ao inquiridor. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos com os dois métodos. Foram contactados 2984 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 804 entrevistas válidas (taxa de resposta de 27%, taxa de cooperação de 39%). O trabalho de campo foi realizado por 35 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós- estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes no Continente, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 10). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 803 inquiridos é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%. 


 https://sondagens-ics-ul.iscte-iul.pt/wp-content/uploads/2024/02/Sondagem-ICS_ISCTE_jan-fev-2024_final.pdf

03 fevereiro, 2024

OS AGRICULTORES CONTINUAM EM PROTESTO.... E O PCP ATÉ JÁ FALOU EM "DITADURA DA DISTRIBUIÇÃO"

A propósito da luta que continua e relembrando uma publicação recente retomo uma outra de 2019 (que teve 18 comentários), onde deixava um caso concreto ilustrando o que pode a "ditadura da distribuição" e os impactos maléficos que deixa. Aí, escrevia assim:
"403 mil toneladas de laranjas saíram dos pomares portugueses em 2018. Portugal teve, no último ano, a maior produção de laranjas dos últimos 33 anos. Contudo, o aumento da produção trouxe excesso de citrinos ao mercado e fez cair 20% o preço no produtor. Enquanto isso acontece, o Pingo Doce vende laranja importada, e não se importa nada. Quem distraidamente lê o rótulo julga tratar-se de laranja do Algarve, mas em boa verdade, esta laranja chegou de fora, da vizinha Espanha, transportada com elevada pegada ecológica...


Mas não se pense que a coisa fica por aqui. Outro caso. Uma garrafa de água num país onde ainda a vai havendo, não se dando prova de que não haja falta, é importada de... França e percorre inimaginável distância.

Se é verdade que o sector dos transportes continua a ser um dos sectores de actividade com maior consumo de energia ele também é, em consequência, um dos que mais contribui para as emissões de gases com efeito de estufa. 
E não se pense que fui à procura de casos extremos. Eles apenas ilustram duas situações extremas de como as grandes superfícies não só concorrem para agravar as condições da produção nacional não a escoando, como também, com as suas políticas comerciais, concorrem  para o aquecimento global. 


02 fevereiro, 2024

NA AGRICULTURA, A LUTA CONTINUA

 CNA e Filiadas convocam «Marcha Lenta de Tractores e Agricultores» em Vila Real

O Governo está a procurar colocar água na fervura, mas não responde às exigências dos agricultores. Como tal, a luta continua e no dia 7 de Janeiro irá realizar uma marcha lenta de tratores e agricultores para Vila Real. 


Na senda do que tem sido a demonstração de insatisfação o Governo tem feito o que sempre fez: prometer. O problema é que não cumpre e os seus compromissos estão bem alinhados com os interesses da grande distribuição e do agronegócio, antagónicos aos interesses dos agricultores. 

Esta semana o Governo lembrou-se de acenar com uns milhões para ver se continha a insatisfação. A questão é que, assim como a CNA afirma, os agricultores «só vêem tostões». É a realidade que assim o confirma, uma vez que «a única medida que poderá entrar em vigor de imediato é o desconto do ISP no gasóleo e tudo o resto não passa de um caderno de encargos para o próximo Governo». 

Ficando por resolver todos os problemas, a única forma dos agricultores estarem é a lutar. Por isso mesmo, a CNA, com as suas Filiadas, vai realizar, na próxima quarta-feira, 7 de Fevereiro, pelas 10h30, uma manifestação em Vila Real, por melhores rendimentos e preços justos à produção, na defesa da produção nacional, da Agricultura Familiar e dos Baldios.
 

Artigo publicado pelo AbrilAbril



01 fevereiro, 2024

A AGRICULTURA SAI À RUA... E TEM VITORIA CURTA NESTA SUA LUTA


O protesto e luta dos agricultores centra-se na reclamação de apoios prometidos e depois retirados e depois, com pálidas promessas, de serem pagos quando... ou quando... A luta, já ao cair da noite, deu como resultado algo de escrito e tudo regressa à anormal normalidade. 

Falou-se do agravamento dos custos de produção, falou-se das imposições da Política Agricola Comum que favorece a concorrência por parte de países fora da Comunidade Europeia (p.e. da Ucrânia) e impõe regras despropositadas e o protesto vai a esse ponto, reclamando a sua revisão. Falou-se do que era necessário falar, mas não se falou do que era indispensável que se falasse. Só Paulo Raimundo, que tivesse dado conta, denunciou de como a grande distribuição esmaga o preço dos produtos que compra. Falar em "ditadura da distribuição" não é excessivo...

Mas há algo mais de que ninguém fala. Só o PCP fala do papel dos grandes agrários, do latifúndio, do cultivo intensivo e  da desertificação. E não se limita a falar pois todos esses aspectos constam do seu programa eleitoral. No Programa, o PCP põe o dedo na ferida, defendendo o regresso à reforma agrária, ora leia:

Partido Comunista Português (PCP), que concorre às eleições legislativas antecipadas de 10 de Março de 2024, em coligação com o Partido Ecologista Os Verdes (PEV), na CDU – Coligação Democrática Unitária, apresentou o seu programa eleitoral no passado dia 25 de Janeiro. E apresenta como opção estratégica “uma política agrícola que, a par da racionalização fundiária pelo livre associativismo no Norte e Centro, tenha por eixo central uma profunda alteração fundiária que concretize, nas actuais condições, uma reforma agrária nos campos do Sul, liquidando a propriedade de dimensão latifundiária“.

Os comunistas defendem ainda que se “condicione por lei o acesso à terra pelo capital estrangeiro”, uma política agrícola que “trave a exploração intensiva, predadora dos solos e das reservas de água (superficiais e aquíferos), e a especulação imobiliária “turística” e assegure o bom aproveitamento das potencialidades agrícolas do Alqueva e de outros regadios e obras de engenharia agrícola, tais como o Azibo, Vale da Vilariça, Vouga, Mondego, Lis e Cova da Beira, com a concretização de um outro plano nacional de regadios que assegure disponibilidades de água para a produção de alimentos, com a definição de regras concretas nas novas áreas a regar, culturas, formas de exploração, tipologia de investimentos e investidores, que garanta ao mundo rural o acesso às redes de telecomunicações (incluindo Internet) indispensáveis à concretização dos seus projectos” 

Do texto publicado no site "Agricultura e Mar"