30 novembro, 2018

VACINAÇÃO - Depois das touradas, touradas, a tourada em torno da vacinação


Anda p´aí um alarido...

Escreve o "Público"
«O Parlamento aprovou nesta terça-feira, com os votos contra do PS e a abstenção do CDS, a proposta do PCP que introduz no Programa Nacional de Vacinação (PNV) as vacinas contra o rotavírus, que é responsável por gastroenterites, e contra a meningite B, actualmente dada gratuitamente a crianças em situações clínicas muito graves. Para além disso, alargou a vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) aos rapazes. Esta já faz parte do PNV, só que apenas para as raparigas. Mas são os deputados as pessoas mais indicadas para aprovar vacinas?»
Repito o final «Mas são os deputados as pessoas mais indicadas para aprovar vacinas?» pois esta escrita tem sofisma. 

Na realidade quem aprova a entrada no mercado de qualquer fármaco é o INFARMED num processo complexo e exigente que também se aplica, naturalmente, às vacinas*. 

Ora as vacinas foram aprovadas e até poderão aceder aqui às suas "tabelas técnicas" referindo a eficácia, a segurança e o preço da vacina a que se juntam as "últimas recomendações fresquinhas da Sociedade Portuguesa de Pediatria".

Os deputados ao aprovarem a proposta do PCP visando a integração das três vacinas no Programa Nacional de Vacinação não interferiram em qualquer competência técnica.
Se cavalgaram as competência políticas? 
Claro que que sim!
Mas... é para isso mesmo que serve a Assembleia da República!

E quanto ao PCP ter cedido ao lobby da industria farmacêutica...  deixem-me rir (até parece anedota contada pela minha amiga Janita)
_______________
* Entidades envolvidas no procedimento de aprovação das vacinas:
  • www.infarmed.pt/web/infarmed/institucional/documentacao_e_informacao/publicacoes/prontuario-terapeutico, preços das vacinas consultados a 5 de Março de 2018
  • Centers for Disease Control and Prevention, acesso em www.cdc.gov/ entre 5 e 16 de Março de 2018
  • Sociedade Portuguesa de Pediatria, acesso em www.spp.pt
  • World Health Organization: WHO, acesso em www.who.int/en

28 novembro, 2018

Hoje, os deputados decidiram sobre cada artigo... e o resultado não é bonito...

«Face às projeções da proposta de Orçamento do Estado para 2018, é de assinalar, (...), que se deteta um agravamento dos encargos com as PPP – Parcerias Público-Privadas no ano em curso em 83 milhões de euros. Uma subida de 1.691 para 1.774 milhões de euros.»

Eram 1.691 e passam para 1.774 milhões de euros? Tanta massa?
Veja-se, só, para o que é que dava (se tivesse dado)


27 novembro, 2018

Amanhã, os deputados vão decidir sobre cada artigo, mas também sobre cada uma das quase mil propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2019 (OE2019).


Não, não estou a fazer um balanço, mas há matérias já encerradas:
«Bloco central» trava solução definitiva para a contagem do tempo de serviço

«Bloco central» trava solução definitiva para a contagem do tempo de serviço

 O Parlamento reafirmou que o Governo tem que negociar o «prazo e o modo» de concretização do descongelamento das carreiras, mas o «bloco central» travou a proposta que garantia todos os direitos.(ler aqui)

PS volta a virar costas à Cultura

Ao mesmo tempo que foram aprovados reforços ao apoio público à Cultura, o objectivo de alcançar 1% do Orçamento do Estado foi inviabilizado pelo PS e pelo PSD. (ler aqui)

Avanços na Segurança Social, apesar do PS

Na Segurança Social, os deputados confirmaram que ninguém vai perder direitos com o novo regime de reforma antecipada para longas carreiras. O abono pré-natal vai ser alargado em 2019. (ler aqui)

PS chumba reforço de meios para Transtejo e Soflusa

O PS travou a proposta de reforço de 5,25 milhões de euros para o transporte fluvial no Tejo; o PSD e o CDS-PP abstiveram-se. A degradação do serviço é tal que até afectou a discussão do Orçamento.(ler aqui)

Apesar da travagem e interrupção das políticas de retrocesso e desastre económico que foi possível conseguir-se com a nova solução política saída das últimas eleições legislativas de Outubro de 2015 e que permitiu a formação de um Governo minoritário do PS. A verdade é que os graves problemas estruturais do nosso país continuam por resolver e vão-se agravando (ler aqui ou ver o vídeo)

26 novembro, 2018

Morreu Bertolucci? Quem disse?

 
A imagem acima é de um filme que vi, pouco depois de chegado da guerra.
Parece hoje
O vídeo abaixo é do mesmo filme.
Parece hoje

25 novembro, 2018

Dias d´água

Dias d´água

A gota d´água
Pode ser o orvalho
Ou a lágrima
Uma cai da face
A outra
da folha

A gota d´água
Pode ser chuva
Ou a parte ínfima
da espuma
que se solta
da onda
Em dias d´água
espero a gota que extravasa

Pois tudo tem um limite

Rogério Pereira
(hoje, a esta hora)

24 novembro, 2018

Sobre como (realmente) vai o Mundo, ler tudo no "LADO OCULTO" - 12


O NAZI-FASCISMO ANDA AÍ

O nazi-fascismo anda aí, mais activo, organizado, transfronteiriço e ambicioso do que nunca depois de derrotado na Segunda Guerra Mundial.
Desconfia? Não acredita? Mas se ler a edição Nº12 de O Lado Oculto, já online, provavelmente ficará com outra ideia, e talvez mais desperto para o que fervilha.

A Ucrânia resultante do golpe de Estado promovido pelos Estados Unidos, com apoio da União Europeia, é hoje a meca dos fascismos e nazismos mundiais - e de Portugal também. Ali encontram treino - com armas fornecidas pelos Estados Unidos, doutrinação e reforçam laços com correligionários de todo o mundo. O maior centro de acolhimento ucraniano é o Batalhão Azov, organização política, militar, paramilitar e dotada com um corpo de milícias urbanas que se transformou na organização mais poderosa do país, à qual o governo de Kiev obedece porque, mesmo que quisesse, não lhe resta outra alternativa para sobreviver.

Depois há todo um universo de redes globais integrando governos, a NATO, as maiores empresas transnacionais, falsas ONG's e afins, que se revê cada vez mais no fascismo. Aplicar e difundir ditatorialmente, sob disfarce democrático, a ortodoxia neoliberal é a sua função. Porém, como temos vindo a perceber, o neoliberalismo chegou a uma situação de crise institucionalizada que implica o recurso à ditadura terrorista pura e dura. Bolsonaro, Macri, Paraguai, Ucrânia, Honduras, Israel são exemplos que não enganam.

De tal modo, recorda-se , que se assiste em Israel, pela voz do seu mais alto governante, Benjamin Netanyahu, a um branqueamento do próprio Hitler. "Ele só queria expulsar os judeus", o Grande Mufti de Jerusalém é que defendeu o extermínio, alega o primeiro ministro sem se preocupar em desmentir tudo o que está provado historicamente.

Exemplos da crescente organização dos aparelhos fascistas, sem contar as situações na Europa em que já estão no governo, são dados por sucessivas notícias sobre infiltrações, sobretudo em corpos militares. É o caso da descoberta de uma conspiração na Alemanha, através de centenas de soldados que conseguiram entrar nas forças militares de elite (KSK). O complot foi detectado pela polícia criminal, mas os responsáveis não sofreram punições porque receberam um aviso de um alto oficial dos serviços secretos.

Mas há muito mais para ler nesta edição de O Lado Oculto. Sobre a corrida ao ouro de cada vez mais países para se livrarem da dependência do dólar e da economia norte-americana; o plano que os Estados Unidos entregaram à família real saudita para que esta possa sair por cima no casi do assassínio de Jamal Khashoggi: que seja um inocente a pagar em vez do príncipe herdeiro; ainda as sequelas do fascismo militar aplicado pela NATO na Líbia; e também o jogo sujo, ofensivo do próprio funcionamento do mercado, usado pelos Estados Unidos e seus satélites para que o gasoduto NordStream 2, nascido da cooperação entre a Alemanha e a Rússia, não transporte gás natural para a Europa de maneira muito mais estável e a mais baixos preços.

A propósito da atitude de Bolsonaro ao provocar a saída dos médicos cubanos que cuidavam do povo brasileiro não perca uma reflexão oportuna sobre revolução tecnológica e a tecnologia da revolução. Não deixe também conhecer como se desfaz o falso mito segundo o qual a indústria têxtil portuguesa foi vítima dos baixos salários praticados no Oriente. Verá que não foi: tratou-se de falta de visão da generalidade dos empresários portugueses, que perderam o comboio da modernização da produção, das novas tecnologias, dos têxteis inteligentes.

23 novembro, 2018

Tourada? Gosto de todas!

Gosto desta 
e desta
  
e desta
 

Mas há outras touradas, não cantadas e apenas refiro as "ruas e praças" que me surgem à mente, a começar por Alcochete.

Surgem depois, muitas mais, essas tais:
Azambuja; Benavente; Cartaxo, Chamusca, Coruche, Moita, Salvaterra de Magos , Santarém, Vila Franca de Xira, Amareleja, Beja, Évora, Monsaraz, Moura, Portel, Reguengos, Sousel, Vendas Novas, Vila Viçosa
Dessas Festas Bravas...
gosto?
não gosto?
que importa gosto
meu asco,
desprezo ou desgosto
se estão enraizadas no povo?

A educação
começa
na mão que embala o berço
no banco da escola
e é malcriado
o despropositado o decreto
que contraria tradição e o credo!

 

22 novembro, 2018

«Qualquer que seja o resultado desta greve dos estivadores, eles já ganharam.»


«Qualquer que seja o resultado desta greve dos estivadores, eles já ganharam. Ganharam a estima e solidariedade dos outros trabalhadores, ganharam o respeito de colegas que não são precários, ganharam a inveja daqueles que precisam de entrar escoltados, num autocarro com vidros escuros, que os esconde a eles mas não esconde a sua vergonha. Ganharam consciência de classe.»

21 novembro, 2018

PELA PAZ, PELA SEGURANÇA, PELO FUTURO DA HUMANIDADE


Não vai acontecer neste espaço falar sobre "Os Malefícios do Tabaco" fazendo plágio do tão conhecido monólogo de Anton Tchékhov. Apenas aconteceu coincidência entre a montagem da exposição e o "Dia Do Não Fumador", lembrado lá na Escola Secundária Luís de Freitas Branco (sede do Agrupamento Escolar de Paço de Arcos). 
Aliás, dia em que aconteceu, também, ter espremido o meu vício a cerca de metade do meu consumo normal. Nada mal

Mas... Exposição? Que exposição?
O título deste post diz tudo:
«PELA PAZ, PELA SEGURANÇA, 
PELO FUTURO DA HUMANIDADE»
Na imagem ao lado, estou eu, ladeado pelos alunos Pedro e Tiago, segue-se a Professora Manuela Esteves (Centro Qualifica) e o Engº Amílcar Campos (CPPC).

A iniciativa decorre de uma parceria entre a Associação Desenhando Sonhos e o CPPC - Conselho Português para a Paz e Cooperação e o Centro Qualifica e vem dar sequência ao "Apelo à defesa da paz" lido no final do grande Encontro pela Paz* que decorreu no passado dia 20 de Outubro, no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures, com a participação de mais de 700 pessoas de norte a sul do país e representantes de mais de 50 organizações e entidades. 

Fica a informação:
  • A exposição estará patente na Escola Luís de Freitas Branco até dia 30 de Novembro.
  • No dia 29 de Novembro, pelas 19h30, realizar-se-á uma sessão/debate, no Auditório da Escola.

20 novembro, 2018

Há muito que não dava notícias do país irmão? Então... cá vão!

CÁ VÃO NOTICIAS...


E ESTA, NOTÍCIA, AINDA

Nota sobre o programa Mais Médicos e a saída dos profissionais cubanos do país
A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) lamentam a interrupção da cooperação técnica entre a organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o governo de Cuba, que possibilitava o trabalho de cerca de 8.500 médicos no Programa Mais Médicos. Com a decisão do Ministério da Saúde de Cuba, anunciada nesta quarta-feira, 14, de rescindir a parceria, mais de 29 milhões de brasileiros serão desassistidos.

Os cubanos representam, atualmente, mais da metade dos médicos do programa. Por isso, a rescisão repentina desses contratos aponta para um cenário desastroso em, pelo menos, 3.243 municípios. Dos 5.570 municípios do país, 3.228 (79,5%) só têm médico pelo programa e 90% dos atendimentos da população indígena é feito por profissionais de Cuba.
Além disso, o Mais Médicos é amplamente aprovado pelos usuários, 85% afirma que a assistência em saúde melhorou com o programa. Nos municípios, também é possível verificar maior permanência desses profissionais nas equipes de saúde da família e sua fixação na localidade onde estão inseridos.
Cabe destacar que o programa é uma conquista dos municípios brasileiros em resposta à campanha “Cadê o Médico?”, liderada pela FNP, em 2013. Na ocasião, prefeitas e prefeitos evidenciaram a dificuldade de contratar e fixar profissionais no interior do país e na periferia das grandes cidades.
Com a missão de trabalhar na atenção primária e na prevenção de doenças, a interrupção abrupta da cooperação com o governo de Cuba impactará negativamente no sistema de saúde, aumentando as demandas por atendimentos nas redes de média e alta complexidade, além de agravar as desigualdades regionais.
Para o g100, grupo de cidades populosas, com alta vulnerabilidade socioeconômica, a situação é ainda mais devastadora. Com o objetivo de reduzir a carência por serviços de atenção básica nessas cidades, o g100 é utilizado como critério para priorizar o recebimento desses profissionais.
Diante disso, a FNP e o Conasems alertam o Governo recém-eleito para os iminentes e irreparáveis prejuízos à saúde da população, inclusive para a parcela que não é atendida pelo Mais Médicos.
Sendo assim, a FNP e o Conasems pedem a revisão do posicionamento do novo Governo, que sinalizou mudanças drásticas nas regras do programa, o que foi determinante para a decisão do governo de Cuba. Em caráter emergencial, sugerem a manutenção das condições atuais de contratação, repactuadas em 2016, pelo governo Michel Temer, e confirmadas pelo Supremo Tribunal Federal, em 2017.
O cancelamento abrupto dos contratos em vigor representará perda cruel para toda a população, especialmente para os mais pobres. Não podemos abrir mão do princípio constitucional da universalização do direito à saúde, nem compactuar com esse retrocesso.
Frente Nacional de Prefeitos (FNP)
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)

19 novembro, 2018

Nunca antes tinha falado do Bloco...

Com excepção de uma ou outra menção de passagem, nunca antes tinha falado do BE a não ser para deixar positivas expectativas num balanço de fim de ano apesar do tal um murro na mesa dado pela Catarina, que já na altura se recusava a colocar, em cima da mesa onde dera o referido murro, a questão da renegociação da dívida...

Nunca tinha falado sobre o Bloco, nem agora falo. Passo  palavra a alguém que o faça:
«A arrogância política do Bloco de Esquerda é um dos limites naturais ao seu crescimento, porque inquina as suas posições e as torna sempre demasiado ofegantes e self-righteous, logo excessivas. A esta arrogância política acresce a arrogância moral que encalhou com sérios estragos no caso Robles. Mas o Bloco tem um papel na vida política portuguesa que é ser o PS de esquerda, o equivalente ao antigo PSU em França e ao PSIUP em Itália, o que torna essa fronteira entre o Bloco e o PS uma linha da frente de todas as batalhas.
(...)
A comunicação social, toda colada uma à outra partilhando a mesma “narrativa” sem diferenciação, diz -nos que o Bloco mudou, está preparado para ir para o governo, “amadureceu”, aburguesou-se”, des-radicalizou-se. Na verdade, esta mudança já se deu há muitos anos...»
 Pacheco Pereira, (ler tudo aqui)
Em tempos, e depois de o Tsipras ter caído em desgraça, o Bloco "casou-se" com o Pablo, do Podemos.


Em suma: 
Diz-me com quem tens andado, dir-te-ei o que serás (se o ditado não é assim, é parecido)

18 novembro, 2018

UMA HIPÓTESE DE HUMANIDADE


"Talvez a história do homem seja um enorme movimento que nos leve à humanização. Talvez não sejamos mais que uma hipótese de humanidade e talvez se possa chegar a um dia, e esta é a utopia máxima, em que o ser humano respeite o ser humano..."
José Saramago, in “Escribí para saber si hay una forma más humana de vivir que no sea la crueldad”,
La Voz de Lanzarote, Lanzarote, 25 de Junho de 1996

Lembro de ter recolhido, em 2010, este escrito numa homilia minha. Ao ver o vídeo acima ocorre-me que a esperança de ver realizada a utopia máxima,  referida por Saramago, se reforça. É que quanto mais observo os animais, mais gosto dos seres humanos e fico convicto que o reconhecimento é o sentimento que um dia nos salvará a todos…O reconhecimento só pode acontecer quando alguém foi bondoso, tanto, que força como resposta um gesto belo humano (mesmo partindo de um símio), um acto solidário (que se espera humano).

17 novembro, 2018

General Loureiro dos Santos, in memoriam (1936-2018)


Citei o General uma única vez neste meu espaço, em 2015, dando ao meu texto um título extenso, assim: «O General Loureiro dos Santos embora nunca tenha estado em Bilderberg sabe bem o que lá se passa e está mais que vacinado contra os comentadores de aviário.» E citava-o eu quando ele, contrariando o entrevistador, afirmava não considerar Bashar Al Assad um ditador e alertava para os riscos de a Síria se poder converter num novo Vietname.

Podia tê-lo citado por mais uma boa porção de opiniões e alertas. O DN refere algumas delas, desde o nome dado ao seu gato até à consideração de ser "esquizofrénica" a proposta da chanceler alemã Angela Merkel de a Europa assumir a sua defesa, num momento em que a crise mostra que a solidariedade entre europeus é um "mito". 

Podia tê-lo citado ainda numa conversa telefónica tida com o então primeiro-ministro Durão Barroso, sobre a existência de armas químicas no Iraque de Saddam Hussein: "Pois se viu as provas, não acredito nelas", disse o general "em tom afirmativo e numa pouco habitual voz alta". 

Hoje faleceu um homem sério. Paz à sua alma

16 novembro, 2018

Sobre como (realmente) vai o Mundo, ler tudo no "LADO OCULTO" - 11

 

UM SILÊNCIO ASSUSTADOR

Há silêncios aterradores. E que são imperdoáveis. Por exemplo, o que o mundo continua a guardar, praticamente sem excepções, perante a permanente guerra brutal de Israel contra o território palestiniano da Faixa de Gaza; sobretudo agora, depois de Benjamin Netanyahu ter concluído solenemente que "não há solução diplomática" para o problema, o que poderá significar que já tem uma solução final pronta aplicar e que só poderá ser extermínio de dois milhões de pessoas ou uma limpeza ética provocada por uma chacina militar. O mundo escutou estas palavras, proferidas numa "Cimeira da Paz" e nada disse, anestesiado e impotente perante os desmandos do fascismo sionista.

Fascismo é, no fundo, o grande projecto que se esconde por detrás das negociações e actuações silenciosas que caracterizam a implantação dos vários acordos de comércio livre, provando que deixou de haver qualquer compatibilidade entre neoliberalismo e democracia, mesmo a fingir. Foi também em silêncio e opacidade que a União Europeia decidiu dar 125 milhões de euros extraídos dos nossos bolsos ao consórcio mercenário Amarante-Garda para guardar as suas instalações e pessoal no Afeganistão - país ocupado pela NATO. Mas como a Garda não tem "boa imagem" perante as autoridades afegãs, que chegaram a prender o seu executivo local - a tarefa é "terceirizada" ao exército de mercenários da britânica Aegis Services, que nem se apresentou a concurso.

Os silêncios têm as mentiras como companheiras. É assim que o maxi-radar MUOS, do Pentágono e da NATO, apresentado como um engenho defensivo, tem sobretudo uma missão agressiva pois permitirá controlar e coordenador acções militares e imperiais simultâneas em qualquer lugar do mundo. Sendo que, articulado por um sistema de satélites, tem 16 vezes mais capacidade do que qualquer radar existente. Também não é verdade que os Estados Unidos desejem a paz no Iémen num prazo de 30 dias. Quando essas palavras soaram, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos lançaram uma ofensiva estratégica em cujo planeamento Washington participou. Como se a paz pudesse nascer da guerra.

Ainda outra mentira da Washington continua a ser a "guerra contra o terrorismo", principalmente a que diz desenvolver na Síria contra o Daesh. À medida que se reabrem sucessivas valas comuns prova-se que as vítimas são civis - oito mil até agora - enquanto a CIA mantém a operação de salvar comandos desse mesmo Daesh e seus subordinados.

A frente de guerra imperial contra a Venezuela não conhece fronteiras nem decência. O governo de Londres recusa-se a enviar para Caracas 14 toneladas do ouro venezuelano que está guardado no Banco de Inglaterra, invocando razões absurdas para não devolver o seu a seu dono.

Não abrandam também as ameaças de Washington contra a China. Agora que Pequim e Bangkok estão de acordo em construir um canal interoceânico no Istmo de Kra, alternativo à passagem do Estreito de Malaca, as pressões de Washington e Londres sobre os governos da região não abrandam. E talvez não seja por acaso que o terrorismo e o separatismo estão em alta na zona.

Por estas e outras razões, o imperialismo vai nu; acompanhado por uma cada vez mais ameaçadora dívida soberana dos Estados Unidos que o neoliberalismo multiplicou por 28 desde que se instalou pela mão de Ronald Reagan, há 38 anos.

15 novembro, 2018

Poesia (uma por dia) - 95



QUE FIZESTE DAS NOSSAS FLORES?

As árvores viajam
na sombra dos verdes
um sussurro de folhas
e tu foges dos ramos

amanheces tão distante
que nem os meus olhos
descobrem os teus gestos

as árvores viajam
onde acontece a cor do fruto
no chão
e os pássaros sem amos
deixam que a sombra se rebente

meu povo
que fizeste das nossas flores?

eufrázio filipe, no "MAR ARÁVEL"

14 novembro, 2018

A CIA anda-me em cima! Alguém duvida?










Mania da perseguição? Porque não? Hoje o medo é a melhor forma de manter o rabo entre as pernas e fazer com que se faça o chamado bater a bola baixa. O absurdo é que seja eu a estar na berlinda. Sabemos que todos os profissionais terão as suas limitações, que todas as máquinas e sistemas terão as suas falhas e, assim, pode ter acontecido ter sido eu mal escolhido para ser tão vigiado (ou o tal algoritmo estar mal desenhado).

Mas como não me interrogar? É certo que me exponho mas, como escrevia um dia
«...estou na lista. Se depois disto tudo me sinto seguro? Claro que não, mas se pensam que deserto por medo, “tirem o cavalinho da chuva”… Escrevo até que me doa o dedo!»
e de seguida, escrevia que não só me roubam links, como me espiam a escrita...

Mas a que vem tudo isto a propósito se meu blog é eclético, aberto, tanto falo de flores, como de versos, de memórias de mortos que insistem em não morrer, de memórias de vivos que insistem em fazer que dormem. Falo de tudo, escrevo sobre tudo (por vezes sobre nada) e, de quando em quando, lembro, que este meu espaço é um acto de cidadania...

Vem tudo isto a propósito desse quadro que mostro ao lado. Topam?

Bom, hoje mesmo fui metralhado por cerca de 5 mil visitas (ontem mais de 3 mil)  E donde, pasmem, dos Estados Unidos. Só de lá (e hoje) 4828 visitas.

Se não é a CIA são os servidores deles. São os algoritmos deles. São os olhos deles. Servidores, algoritmos, olhos...

Fica como nota final que nem fiquei nervoso. Reduzi a metade o consumo de tabaco (e amanhã vou ver se consigo consumo ainda mais baixo). Boa?

13 novembro, 2018

ORDENADO MÍNIMO E DESEMPREGO: MITOS E REALIDADES


As posições tomadas hoje pela CIP e CCP a propósito do salário mínimo leva-me até leitura recente. Trata-se  do artigo escrito por Jorge Fonseca de Almeida*, em colaboração especial para O Lado Oculto, um verdadeiro "antídoto para a propaganda global". Passo a transcrever para este meu espaço a introdução e as conclusões. (pode ler tudo, aqui).
«A teoria neoliberal professa que a subida de salários gera uma imediata e consequente subida do desemprego. Mais afirma que qualquer direito laboral acrescenta custos e, desta forma, desemprego. Nesta lógica, a luta dos trabalhadores por melhores salários e mais direitos laborais traduzir-se-ia por uma luta entre trabalhadores procurando uns expulsar os outros do mercado de trabalho. Os sindicatos seriam, assim, um malefício para os trabalhadores desempregados. Esta é a ladainha que nos vendem todos os dias.

No entanto, os países onde os salários são mais baixos e os direitos nulos ou inexistentes são aqueles em que o desemprego é, em geral, superior.

Naturalmente o desemprego é mais baixo no Reino Unido, onde o ordenado mínimo se situa nos 1.463 euros por mês, do que no Mali, onde se fica por 43 euros por mês. Ou seja, é necessário ao trabalhador maliano trabalhar dois anos e 10 meses para receber o mesmo que o trabalhador inglês num mês! Serão os empregadores totalmente irracionais? Não deveria o Reino Unido enfrentar um desemprego tremendo e o Mali não ter um único desempregado?

A verdade, contudo, é que a teoria neoliberal sobre os salários, por não levar em conta factores como a qualidade das infraestruturas, a proximidade ao mercado consumidor, a segurança, os níveis educacionais da população, a estabilidade política e social, os níveis de corrupção, a cultura, e focando-se apenas no valor dos salários, não consegue dar uma visão correcta da dinâmica do mercado de trabalho.

Insistir, contra toda a evidência, que aumentar os salários gera desemprego, é simplesmente propaganda patronal disfarçada de teoria económica.»
Conclusões

12 novembro, 2018

Acho que não estou a morrer, mas tudo pode acontecer...


Peguei nos resultados de todos os exames feitos e juntei-os. Todos os resultados, sangue, urina, pólipos da colonoscopia, tudo dentro do que era considerado normal. 

O único não verificado jazia inacessível num CD que o meu portátil insistia em não abrir. Pensei para comigo, ela (a médica de família) logo vê.

À hora marcada, no Centro de Saúde, sem grande espera (eu era a primeira consulta) fui chamado. A minha médica é mas complacente comigo que a minha Teresa, embora uma e outra me digam a mesma coisa: "Pois Rogério, ah esse tabaquinho..." e acompanhava a censura com um  sorriso e acrescentava "Não me passa pela ideia que, com essa idade, deixe de fumar, mas reduza..." e enquanto dizia isso ia passando em revista os resultados das análises até pegar no CD...  "Ora vamos lá ver..." e não viu.

O CD não abriu. "Vamos ultrapassar isto, essa sua respiração recomenda que façamos..." e lá foi explicando o que era recomendável passar a fazer, prescrevendo-me outros exames e indicando-me onde ia conseguir que mos fizessem.

De saída, ia-me roendo o hermético CD. Em casa, peguei em mim, e fui (virtualmente) direitinho ao portal do hospital (privado, claro). Ia a entrar e não entrei. Liguei para o número da assistente ao sistema e ela, de voz simpática, explicava que, por segurança, a minha palavra-passe  não chegava. Era necessária outra deles, antes da minha, e essa só me seria dada se me fizesse presente. E lá fui. No atendimento expliquei ao que ia e a funcionária, diligente, disse-me "Pronto, sr. Rogério Pereira, já seguiu para o seu e-mail. Também tem lá todas as instruções para aceder. Qualquer dificuldade, tem lá o nº para onde ligar". E assim aconteceu, entrei no portal do utente. Cliquei em "resultados dos exames" e depois em "imagiologia" e de seguida a pesquisa entre datas... e... nada.

Voltei ao hospital e expliquei tudo, do principio ao fim, para depois ouvir, incrédulo, que o médico radiologista fizera o "exame sem relatório".  

Porque é que este texto é mais longo que a minha reclamação hoje deixada, no respectivo livro de reclamações, no Hospital da Luz, em Oeiras? 

Sei lá! Um gajo pode não saber responder a tudo!

11 novembro, 2018

São Martinho, o santo arrependido


Conta a lenda que São Martinho terá com sua espada cortado a sua capa e com ela, compadecido, coberto os ombros de um mendigo, que quase jazia sob os efeitos de hipotermia. Ao reconhecimento do gesto de São Martinho, descobriu-se um sol como nunca então se vira e de pronto, por três dias, se viu suspenso o Outono. 

Tem sido assim, desde o ano de 337 até hoje, dia em que recebi um sms do Santo, que assim me escrevia, arrependido:
É pá, vê se descobres o mendigo
Ele que me devolva a meia-capa
Por aqui morre-se de frio
E não é com lendas que a gente escapa
(hoje em dia os milagres já não são o que já foram)

09 novembro, 2018

Sobre como (realmente) vai o Mundo, ler tudo no "LADO OCULTO" - 10

 

QUE FOTOGÉNICA É A GUERRA!

A guerra é, de facto, muito fotogénica. Abrilhanta manchetes, torna apelativas as imagens, é um grande negócio para a comunicação social transformada em negócio. E se as fotos forem de chacinas com munições proibidas, como Israel faz em Gaza e os Estados Unidos na Síria, objectivo atinge o alvo em cheio.

No Nº 10 de O Lado Oculto, já online, damos conta de como a banalização da guerra e a sua exploração em múltiplas plataformas mediáticas  parece estar a suscitar uma nostalgia, no mínimo um conformismo com a sua inevitabilidade, reforçado quando se comemora um armistício de uma matança promovendo intermináveis desfiles militares, como quem diz que está pronto para outra. De guerra falamos ainda da intenção norte-americana de instalar na Europa as mais perigosas armas nucleares já fabricadas; sendo que um dos destinos é a Itália, país que continua a procurar a compatibilidade impossível: "excelentes" relações com a Rússia enquanto acolhe armas de destruição massiva para usar contra a Rússia.

A propósito de Itália, e não só,  também abordamos a vaga fascista que assola o mundo. Por exemplo, de como Steve Bannon, o homem que fez de Trump o presidente norte-americano, se instalou em Bruxelas para dirigir, através de uma rede de "salas de guerra" distribuídas por vários países, a campanha eleitoral dos partidos fascistas e afins, de modo a conquistarem um terço do Parlamento Europeu, 250 deputados. Assim procede quem acusa outros de ingerências em terras alheias, precisamente como ainda agora fizeram os Estados Unidos, a NATO e União Europeia para controlar as eleições na Bósnia-Herzegovina, que não passa de um protectorado falhado. Ainda sobre a proliferação fascista, fazemos duas reflexões amadurecidas sobre a teia bolsonariana que produziu o novo presidente do Brasil, uma versão da tendência que alastra através da América Latina, conduzida pelos Estados Unidos, sempre queixando-se de ser vítima de interferências. Numa oportuna entrevista com João Pedro Stedile, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no Brasil , perspectivam-se já as lutas de resistência a travar, partindo da certeza de que, com Bolsonaro, os problemas do país irão agravar-se.

E como é de neoliberalismo que se trata, desfazemos mais um dos seus mitos. A realidade e os números demonstram que os aumentos dos salários mínimos não geram desemprego, como diz a teoria patronal, antes pelo contrário.

A  finalizar, damos nota de como a Rússia e a Índia, com apoio da China, abrem uma nova rota comercial para a Europa, não apenas para evitar o Canal de Suez mas também para contornar a influência imperial do dólar, e mesmo as sanções contra o Irão. Mais uma dos BRICS, que, por isso, estão sob fogo cerrado - de que é exemplo o golpismo no Brasil.