31 outubro, 2016

Dia D. Dia de Drummond. Dia Bom

Poema da Necessidade 


É preciso casar João,
é preciso suportar António,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir nós todos.

É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.

É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbedo,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.

É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar o FIM DO MUNDO.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Sentimento do Mundo'

(veja aqui)

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Actualizado a 1.Novembro 17h00

 

30 outubro, 2016

Geração sentada, conversando na esplanada - 91 ("o empreendedorismo em conversa acalorada")

 (ler conversa anterior)

«Não se pode fazer da Educação um acordeão de romaria que se abre e se fecha ao sabor das ideologias e dos interesses dos "pensadores" de meia tigela sedentos de eternidade. É um crime!»
Lídia Borges, num comentário à "Redacção do Rogérito...
«El emprendimiento es una actitud, y por eso sugerimos que sea considerado un eje transversal en la formación del individuo a lo largo de la vida, empezando desde la escuela primaria.» 
na XXV Cimeira Ibero-americana? que merda é esta?  


Não tive presente a mudança de hora e fui o primeiro a chegar. Passado pouco mais de uma hora chegaram as professoras, uma após a outra, mas todas me cumprimentaram, cada a qual à sua maneira e a Gaby nem se inibiu de me vir dar um beijo e dizer-me quase em segredo "Tenho lido tudo o que escreve e até aquilo para que remete. Obrigada". Ainda mal me tinha refeito do inesperado agradecimento, saltou-me o rafeiro e logo seguido o cumprimento efusivo do velho engenheiro. 
- "Há quanto tempo, meu caro. Há mais de um ano?" 
- "Sim, mais ou menos!"
- "Sabe?, tanto tanto eu como o meu cão sentimos a sua ausência. Temos poucas pessoas com quem falar... "
E desatámos a recuperar o tempo perdido, não recordando por que tema começámos. Ia-mos nós lançados quando uma voz nos interrompeu. Era a Gaby que pedia para se sentar, de ipad na mão, sentou-se sem esperar pela autorização e lançou-me uma pergunta directa ao mesmo tempo que estendia a "página" já aberta.
- "Porque no seu texto de ontem não incluiu isto? Posso ler?"
E leu:
«A criança que se desenvolva em ambiente normal manifesta, cedo, criatividade. Gosta de jogos de faz de conta, troca nada por coisa nenhuma, e até acha graça. Oiça, se apanhar qualquer miúdo a andar de bicicleta, mande-o parar, fingindo ser policia, peça a documentação, a carta de condução. Primeiro, reage com espanto, depois é muito provável que finja procurar no bolsito o que lhe tenha pedido, e depois lhe estenda nada, que você terá que receber. Finja o que faz qualquer policia. Depois passe-lhe uma multa, sem lhe passar coisa nenhuma. Ele a receberá esse nada, com um sorriso. Gosta disso. Se esta brincadeira não resultar, experimente outra, ele reconhece o estilo e pega logo. 

Faço isso com o meu neto... que é esperto. E por vezes é ele que toma a iniciativa e a lidera. Os jogos colectivos (para ele) são um castigo, quer impor regras estranhas e ganhar sempre. Ele faz para a semana cinco anitos e contamos com a escola para desenvolver a socialização, o ser cooperativo, o respeito pelo outro e aprender a ser menos maroto...»
- Porque não fez link para isto? É que é tão exactamente assim!...
- Porque guardava esse texto para dar força a um outro onde me insurgia que merda seria aquela!
- Não percebo!
- Não? Eu leio... e é uma esperança, talvez uma pequena passagem que merece todo o "manifiesto": 
«Apostamos por un emprendimiento inclusivo, sostenible y social, un emprendimiento en equipo, alejado de los modelos individualistas y egocéntricos del pasado. El viejo estereotipo del emprendedor solitario en contra de las adversidades del mundo ha dejado de ser válido. El emprendimiento en el siglo XXI se hace en equipos multi-disciplinarios, multiculturales e intergeneracionales.»
- Quer dizer que espera que na escola primária se ensine o cooperativismo?
- Isso!

29 outubro, 2016

A XXV Conferência Ibero-americana, o empreendedorismo e a doença senil do capitalismo

 
 Projecto de empreendedorismo na Escola Básica Integrada Padre Vítor Melícias (ver aqui)

«O empreendedorismo é um conceito que floresce e se dá bem na selva. Aí o mais empreendedor se afirma com as suas competências, qualidades individuais e outras coisas que tais... mas num deserto? Cavaco foi o esperto...»
 in "O empreendedorismo está na moda - 1"/ 8.Jan.2013 

«O empreendedorismo está na moda. A moda vem e passa. Mas enquanto não passa a moda faz mossa. E a mossa que deixa é uma mossa composta. Composta de duas violentas mazelas. Uma é na mente de muita gente que fica ciente que está no acto culto, rasgado, voluntarista e ousado a resolução dos problemas da vida, da economia e, assim, é saída para o tormento que vamos vivendo. A outra mazela é na memória, fazendo querer que o sonho de Abril passou definitivamente à história. É que os valores de Abril apelavam ao esforço colectivo, enquanto a doutrina agora vendida proclama que a salvação é possível para quem tenha ganas, garras unhas e guitarras e o sucesso de uma nação é o resultado do somatório dos sucessos individuais. Sucesso individual das pessoas, das empresas e das organizações.»
in "O empreendedorismo está na moda - 2"/ 9.Jan.2013 

«Quando em post anterior me interrogava sobre se as escolas das nossas crianças se estariam transformando em sítios de "fabricar" amorins e belmiros, estava longe de supor que estavam mesmo. E não foram apenas as palavras de Cavaco a darem-me o alerta ("É dessa forma que nós vamos conseguir renovar a classe empresarial portuguesa"), foi depois a pesquisa feita. Andei de um para outro lado e fiquei assustado pois, sobre o tema, são muitos os que se "fecham em copas", mas lá dei com o texto do "5 dias" e com um outro...»
in "O empreendedorismo, doença senil do capitalismo - 1"/ 2.Ag.2014
«A organização* assegura “voluntários oriundos do mundo empresarial”. Estes seguem  um programa que lhe embalará a alma, que a encaixará e transportará num molde comum e normalizado. O modelo, mete medo, os voluntários ensinarão "o que são as profissões, as finanças, ao desenvolverem ideias, construírem o primeiro plano de negócios, gerirem as suas próprias mini-empresas, os alunos aprendem a tornar-se empreendedores a partir dos 6 anos”. Em cerca de 500 escolas, são já 200 mil os meninos que se visa transformar em quadros escravos dos Soares do Santos, Amorins e Belmiros. Escandaliza-se o mundo com o transporte de um menino dentro de uma mala. Não se escandaliza se lhe é transportada a alma?»
 in "O empreendedorismo, doença senil do capitalismo - 2"/ 10.Maio.2015

«Em Janeiro de 2013, julgava ser o empreendedorismo uma moda. Mas temia o risco de ela se instalar, e escrevia: "A moda do empreendedorismo nasce de mãos dadas com o neoliberalismo, ambos se fundamentam no mito que o valor do homem apenas está no «valor que o "mercado" lhe dá». Por isso é preciso que a moda não passe com a tranquilidade com que as modas passam de moda. O que é preciso, necessário, urgente é que acabemos com ela. É preciso acabar com a moda, agora!" Em Agosto de 2014, confirmava a suspeita de o empreendedorismo se ter imposto, o DN dava-lhe rosto, dedicando-lhe página inteira divulgando o projecto "EmpCriança". Então, pensei "Vai ser muito difícil sair desta selva". Hoje, percebi que na selva o "neoliberalismo" teria já ultimado o efeito predador. Estamos próximos do que a escola já fora, embora com outros métodos e bandeiras. Recordam-se disto
in "O empreendedorismo, doença senil do capitalismo - 3"/ 11.Maio.2015

«Cuestionamos la idea de enmarcar el espíritu emprendedor como una asignatura más. El emprendimiento es una actitud, y por eso sugerimos que sea considerado un eje transversal en la formación del individuo a lo largo de la vida, empezando desde la escuela primaria.»
 na XXV Cimeira Ibero-americana?
que merda é esta?

Marcelo, Fidel e o carisma...


A psicanálise teve os seus dias e Freud teria, certamente, explicação quase cientifica para explicar o sorriso escarrachado de Marcelo (ou seria do Presidente?) e o brilho vivo mas tranquilo de Castro (ou seria do revolucionário que nunca se dá por reformado?).  As regras do protocolo de Estado não exigiria ao Presidente que se encontrasse com Fidel já que, certamente, determinaria a forma com que se deveria encontrar com o outro Castro. Mas nestas coisas que dizem respeito a velhas raposas, fica a perdurar no ar a dúvida de se foi o Presidente a querer aparecer na foto ao lado de Fidel, ou se a iniciativa partiu de Marcelo, como aliás este pareceu fazer crer...
Coisas menores, de países pequenos, mas com carisma.
Não, certamente, desse carisma que saiu à liça num livro (daqueles que estão na lista dos que nunca lerei  quando tiver tempo). É que o autor, fixa-se no carisma das personalidades  e o meu lema é que os verdadeiros protagonistas da história são os povos.
Falemos então de povos e, por prioridade diplomática, falemos do povo cubano. Aquele que, não por acaso, tem vivido de acordo com as suas possibilidades...


Nota importante: Topei este vídeo em 25 de abril de 2012 às 11:33 e respondeu-me ela a um comentário lá deixado
Olá Rogério

Aqui em Famalicão houve de facto reacções muito estranhas... e esta sessão de documentários teve menos pessoas que as duas anteriores. Houve quem me dissesse que não ia nem divulgava porque era uma "apologia" do comunismo. Quando se fala sem conhecimento, dá nisto, pois a ignorância é muito atrevida.

De qualquer modo, este exemplo vai servir a quem o quiser conhecer para enfrentar a escassez de combustíveis. Aprender com os outros, evitar os erros que cometeram, faz parte do modo de funcionar das sociedades inteligentes. Mais ainda se se atuar atempadamente!

28 outubro, 2016

Em dia de aniversário... era desnecessário!


Pois querida filha, a minha primeira reacção foi "#*&#"@€$!!", mas depois... pensei, pensei, pensei que teu amigo estava era a ser bom contigo:
nem botox marado, nem plásticas mal amanhadas. 
Mantém-te assim bonita para o resto da tua vida (como o teu pai)...
(Luís Azevedo, desta vez está desculpado

26 outubro, 2016

Redacções do Rogérito (32) - "O que eu penso do orçamento"

 

Não sei o que passou pela cabeça da stora para ter dado por tema uma coisa que até faz dor de cabeça a tanta gente e a outra tanta até lhe dá esperança mas eu até julgo que stora aproveita a aula para poder a partir da nossa redacção passar a ter a sua própria opinião pois ela tem andado muito estranha com esta inesperada mudança e do senhor Nuno Crato andar muito calado e ter ido parar a local desconhecido.
Sobre o que eu penso do orçamento não é uma ideia lá muito clara pois há muito tempo que oiço dizer que a seguir ao pão vem em educação e é na educação que se deve fazer o maior investimento e no entanto essa coisa da educação eu não entendo que seja classificada como despesa na elaboração do orçamento.
A ser assim eu passo a gostar muito da despesa pois gosto da minha escola e não gosto nada da receita pois ela é recolhida a partir de comportamentos censuráveis como beber até até cair para o lado como fumar até fartar ou andar aos fins de semana a passear de carro na marginal de um para o outro lado para combater o stress acumulado e gastando gasosa à doida.
Só não percebo porque é que o marido da vizinha do quarto andar anda sempre a vociferar porque os impostos isto e porque os impostos mais aquilo e anda sempre com uma mini atrelada e desse modo a assegurar que a parte da receita seja viabilizada o que me parece ser uma grande contradição pois ele até nem tem património por aí além e assim nem se lhe aplica muito imposto.
Ah e a Dona Esmeralda anda também toda contente pois os livros novos do filho dela não custaram dinheiro nenhum e nisso partilhamos a alegria pois sobra-me a mim uns eurozitos que eu não sei se gaste ou se amealhe.   
Me assino
 Rogérito, 
(1º ano. 1º Ciclo)

25 outubro, 2016

Voa Miguel, voa! (Na vida, há uma única oportunidade para se fazer 18 anos)


Miguel, tens a encabeçar a tua página, uma bela máxima assinada por Dali, que eu li. Li e corrigi. Não para te refrear aspirações, mas para te alertar que a ambição está mais associada a esperteza e que quer a ambição quer a esperteza não incluem qualquer sentido moral.
À inteligência sim. Aplica-a. Usa-a.
Voa Miguel, voa!
E parabéns, pelas asas que tens!

23 outubro, 2016

Parábola de Outono

Foto minha/Rio Vouga-São Pedro do Sul
«O rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. 
Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. 
"Bertolt Brecht"
 Parábola de Outono
Não se peça ao rio que esteja revolto
se seu caminho segue o curso certo
e se as margens se aquietaram
e se os tons verdes
se reflectem
em milhares de folhas
que não amarelecem
como se fossem esperança
Apesar de incerto Outono
não se peça ao rio que esteja revolto
Rogério Pereira
 

21 outubro, 2016

A entrevista de Passos, a mão que dança e um texto para ser lido na "Aula Magna"

Passos é um desmiolado, felizmente apeado e (hoje) já sem espaço. Desmiolado pois lhe falta a memória, aquela que a mim me sobra. Por isso lembro um texto antigo onde falo de uma mão que dança (e que não me sai da lembrança).

É este, reeditado:
"...Os gestos úteis e rápidos da mão mergulhados na máquina não são danças - por muito que, ao longe, se assemelhem; de facto, os dedos na fábrica são necessários (são os dedos da necessidade) e bem diferentes são dos dedos inúteis de quem dança. Mão necessária e mão desnecessária em termos funcionais. Só os olhos de quem vê é que precisam da mão que dança. Porque essa mão não faz nada, só se mostra."
Gonçalo M. Tavares, in Noticias Magazine

O engenheiro estava a conversar com o seu cão rafeiro à falta de ter com quem conversar. Quando cheguei não interrompeu logo aquela conversa que tinha como resposta orelhas espetadas e abanar de cauda. Um cumprimento de leve aceno e lá continuou deixando que eu bebesse o café e desse uma olhada pelo jornal. Depois avançou:
- Então? Hoje o puzzle foi de fácil resolução? "Mão necessária e mão desnecessária"... mais directo, não?
- Sim, um pouco! Permite uma leitura, e eu fiz a minha!
- Qual?
- A leitura de ser a mão que pertence ao corpo que dança a mais visível e a mais mostrada! A outra, a mão necessária, mesmo quando se olha não se vê. O que não se mostra não existe. O Marcelo também o disse. Mas dá para pensar que não existe mesmo. Não existem dedos que se metam na máquina. Ou melhor, deixaram de existir máquinas onde se metam os dedos. Eu próprio o disse, e mais: disse ser eu o responsável por isso.
- Lembro-me desse escrito. Perfeita a sua ironia... foram todas aquelas empresas? A lista é tremenda: Siderurgia Nacional; SAPEC; MAGUE; Companhia Portuguesa do Cobre; MJO; Fundição de Oeiras; a Reguladora; a IPETEX; a J.B. Corsino; a Companhia Portuguesa de Trefilaria; a Sociedade Portuguesa dos Sabões?
- Foram todas essas e mais aquelas que agora nos dariam jeito ter para lá meter a mão...
- Por exemplo?
- A Sorefame; a Equimetal; a Metalsines... também nessas os dedos rápidos deixaram de mergulhar nas máquinas... Se quisermos fazer andar os comboios temos que ir ter com mãos necessárias aos alemães, enquanto as nossas dançam... e são mostradas.
- E aquela alusão à família?
- "Uma família é estável quando se contabilizam as energias internas e se percebe que não há cortes de energia entre pais e irmãos, entre a avó e a sua lenta cadeira de baloiço." Refere-se a esta? 
- Refiro-me a essa, exactamente!
- As mãos necessárias aos alemães são as mãos que partiram daqui, percebo que só faz sentido que o Gonçalo nos queira dizer que se está perdendo a estabilidade da família e que a contabilidade da energia interna dos afectos está sendo cortada...
- E aquela alusão às facas? 
- É um aviso, uma ameaça velada, um apelo à violência perante o risco do retrocesso!
- Quer então dizer que o escrito de hoje mais parecia um discurso para ser lido na sessão da "Aula Magna"? Nem sei como viu tudo isso no escrito...
- Cada um vai buscar a uma metáfora o que consegue extrair dela...
- Mas o Gonçalo podia ser mais claro...
- Podia ser mais claro! Acaba por dar inteira impunidade à mão que dança!

20 outubro, 2016

O desaparecimento de Rogério Pereira


Este título é uma treta, pois todos os interessados sabem por onde ando e sabendo onde estou saberão também o que faço. Mas aí reside um engano pois ninguém imagina que tenha despendido parte do dia a descobrir por onde o Mário Nogueira andaria. Isto a partir de um título provocatório de um "jornalista" que dava por certo «O desaparecimento de Mário Nogueira». Fui verificar se o homem mexe. E mexe. Voltei a pesquisar e voltei a confirmar que continua a mexer... 
Conclusões tiradas e nada precipitadas sobre o articulista:
  1. Não será sindicalizado, do que não virá daí mal ao mundo, nem é pecado
  2. Ao assinar como jornalista* não cumpre com §1 do Código Deontológico
E já agora, uma citação:
O jornalista pertence a uma espécie de casta de párias, que é sempre estimada pela ‘sociedade’ em termos de seu representante eticamente mais baixo. Daí as estranhas noções sobre o jornalista e seu trabalho. Nem todos compreendem que a realização jornalística exige pelo menos tanto ‘génio’ quanto a realização erudita, especialmente devido à necessidade de produzir imediatamente, e de ‘encomenda’, devido à necessidade de ser eficiente, na verdade, em condições de produção totalmente diferentes
(Max Weber, A política como vocação).
 Quanto a mim... quando regressar aviso

13 outubro, 2016

Nobel a Bob Dylan?, pela memória justificativa até Quim Barreiros o merecia

 
«Bob Dylan, Prémio Nobel da Literatura 2016...?!
Bem, eu aprecio bastante o moçoilo, mormente por quanto nos legou nas suas canções dos idos de 60 e de 70. 
O argumento justificativo da Academia, aliás, vai muito nesse sentido: for having created new poetic expressions within the great American song tradition, que é como quem diz por ter criado novas expressões poéticas na grande tradição da canção americana...
É de mim ou isto parece-me assim a modos que poucochinho?
De repente, ocorrem-me para cima de 475.322 nomes que, ao nível mundial, se notabilizam ou notabilizaram, na poesia, pela criação de «new poetic expressions», que é como quem diz novas expressões poéticas o que, por sinal, é coisa que distingue, geralmente, os poetas e não raros prosadores nos mais desvairados âmbitos e não apenas na «great American song tradition» que, como se sabe, é como quem diz a grande tradição da canção americana... 
Por esta senda, já algo confusa na atribuição dos nobelizados da Paz, não percamos a esperança de virmos a ter o Quim Barreiros, com as devidas proporções mas inevitáveis equivalências, também nobelizável, pelo seu contributo na criação de new poetic expressions within the great Portuguese song tradition, que é como quem diz novas expressões poéticas na grande tradição da canção portuguesa!»

12 outubro, 2016

Imagine que Lenine...


Imagine que está no ano de 1924, o que não será com esforço dado que às vezes até parece.
Agora imagine que alguém lhe dava a notícia de que Lenine ia aparecer lá pelos lados da Trindade.
Você ia lá?
Ia?
Então vá!
Agora imagine que não tem imaginação e com 90 anos de atraso Lenine estava mesmo lá. Não acredita? Então confirme! Bóra lá!

11 outubro, 2016

Haiti, Haiti, ai de ti...

Haverá zonas onde a ajuda tarda, não tenho dúvida. Também não tenho dúvida que quem se debate com os mesmos (mas menos) dramáticos efeitos mobilizou-se para ajudar. A solidariedade, a verdadeira, é assim. Só não percebo a omissão, quando a notícia (imagem acima) esconde o acto solidário. Profissional competente, telegénico e que não se despede com insinuantes piscadelas d´olho mas apenas com um sorriso, Carlos Daniel limita-se a ler o papel. É para isso que lhe pagam bem. 

Não sei se Obama fará alguma coisa em socorro dos haitianos ou entregará a decisão, como fez em 2010, ao US Southern Command (SOUTHCOM). 

Quanto à omissão do apoio dado, como é que eu soube e a televisão até parece que não?  Ora, só quem não quiser é que não fica a saber...

09 outubro, 2016

Com miados de leões e rugidos de ratos se espantam os gatos (ou os países não se medem aos palmos)


São hoje tempos em que os leões miam deixando confusos os domésticos gatos que, de fraca memória, já nem recordam a história que contava ter havido tempos em que um pequeno condado rugiu ao poderoso dono do mundo.
Li o livro que ergueu a genial metáfora, ainda era eu adolescente. Resume-se assim:
 "A economia de Fenwick (minúsculo país inventado) está na bancarrota, pois o vinho, seu único produto de exportação, sofre a concorrência de um produto similar mais barato criado nos Estados Unidos da América, seus antigos importadores. Então a governante do país, a Duquesa Gloriana XII, é convencida pelo primeiro-ministro Mountjoy a declarar guerra aos americanos, com o único propósito de perder e depois conseguir financiamento para a "reconstrução", numa referência satírica ao Plano Marshall.
Mountjoy incumbe o Marechal Tully Bascomb de liderar a força de ataque, que invade Nova Iorque. A invasão é completamente ignorada pelas autoridades americanas, pois a declaração de guerra de Fenwick(que anteriormente havia sido até motivo de riso para o ministro americano das relações exteriores) se extraviara no meio da papelada diplomática. Em Nova Iorque, todos estão ocultos sob abrigos subterrâneos por causa do teste de uma nova bomba superpoderosa. Sem ninguém para combater, os 22 arqueiros vagueiam pelas ruas e por mero acaso encontram o cientista responsável pelo desenvolvimento da bomba e sua filha, sequestrando-os e levando-os com o poderoso artefato para Fenwick, juntamente com alguns oficiais do exército americano.
Ao retornar ao país Bascomb conta à incrédula Duquesa sobre a mudança de planos e que Fenwick havia "vencido a guerra". De fato, ao saber que a poderosíssima Bomba "Q", capaz de destruir todo um continente, estava em poder do diminuto e quase desconhecido país, as autoridades americanas vêem que não lhes resta alternativa a não ser render-se a Fenwick.
O país, por fim, acaba impondo aos Estados Unidos algumas sanções, como o pagamento de um milhão de dólares e a retomada do mercado americano para seu vinho, além do completo armistício mundial."
«O Rato Que Ruge», sinopse*
Porque me ocorreu isto?
Sei  lá! Talvez porque seja domingo...
___________
* o filme quase que mata a obra original

08 outubro, 2016

A TODOS OS PORTUGUESES


Seria da mais elementar injustiça não referir que se trata da primeira página de "A BOLA". Capa da passada quinta-feira. Não li o jornal, nem trago para esta página analogias entre o futebol e a política (e por vezes dava jeito). Venho ampliar o apelo: "Por favor, não falem dos outros". E aos que lhes custa abandonar o vício mexeriqueiro sugiro: não fale dos outros, limite-se a apontar o que eles fazem, ou deixam de fazer. É o caminho mais curto de fazer um juízo de si próprio, da sua família, do seu clube, do seu partido, do seu lugar, do seu emprego, da escola do seu filho ou do seu neto, da sua câmara municipal ou do seu governo. 
Personalizar a questão é fazer que ela perdure com outros nomes e depois dá-se conta que estará a dizer as mesmas coisas sobre pessoas diferentes. Concentre-se nas coisas e se achar necessário dar "os nomes aos bois" faça-o, mas só depois.

07 outubro, 2016

Serão inconsequentes os líderes se os liderados não só não cooperarem como agirem subvertendo os percursos traçados...

Reconhece-se que os aplausos são merecidos e a aclamação é o corolário de um processo que chegou a estar ameaçado. 
O eleito reúne (admito) todos os qualificativos exigidos e te-los-há provado durante anos. Mas tenho como certeza que se confrontará com pressões e, além delas, se cruzará com jogadas alinhadas com o objectivo de esvaziar a eficácia da sua liderança. Barroso não escondeu totalmente o que pensa quando refere (no Público de ontem) a importância de outros fóruns internacionais: «É disso exemplo o G20, onde  tive a honra de participar, que é hoje o mais importante fórum de decisão a nível económico no plano global». Não se sabe quanto se terá contido para não dizer do G7 algo muito parecido. Tresanda, pois, a cinismo as felicitações dirigidas a Guterres pois o que Barroso julga é que há fóruns mais importantes que a ONU...
Acresce, que não se deverá ignorar que a Europa fica mal em todas as fotografias, mesmo se haja pessoas que considerem Merkel com alguma fotogenia. 
Assim, há mesmo riscos elevados de serem inconsequentes as virtudes do eleito... 

05 outubro, 2016

ONU, ONU, para que nos serves tu? - II


A pergunta nem é cínica nem tem sofisma, nem sequer significa, neste momento, qualquer discordância ou hesitação quanto à necessidade de que os objectivos expressos na "Carta da ONU" permaneçam. Estão mais actuais que nunca. O candidato melhor posicionado (e que, tudo aponta, poderá ser seu líder) terá afirmado que a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS é mais progressista de qualquer uma outra hoje que se sujeitasse ao escrutínio dos seus membros actuais. Não podia estar mais de acordo! E não é um mero acordo formal, pois juro que tenho as minhas cotizações anuais para a UNICEF em dia.
Mas...
Olhando a imagem escolhida para este texto a declaro, essa sim, cínica. O mundo hoje gira em sentido retrógrado. Talvez Guterres seja o líder necessário, mas ocorre-me repetir a máxima que encima esta minha "Conversa":
«De individualidades se faz um percurso,
mas o verdadeiro protagonismo pertence aos povos»   
NOTA: Não perde nada em ler o post anterior

04 outubro, 2016

Um ano de "geringonça"? Boa! Falemos então de esperança...


De há muito que sinto que chamar esperança à esperança é suficientemente confuso e complexo para lhe chamar assim. E não chega ter presente o dizer do nosso povo que diz ser a última coisa a morrer, para perder a relutância em lhe pronunciar o nome. Começa por me soar a atitude passiva, de esperar, e termina  naquela repetida exclamação, "queira Deus que me saia" enquanto se esgravata a "raspadinha" com aquela "fezada" dos já sem esperança em mais nada. Evitando referir-me a ela directamente vou-a referindo em frases batidas, tais como "Mudar o Mundo não custa muito, leva é tempo" ou "O impossível é tão só e apenas aquilo que ainda não aconteceu" não confessando ter a esperança que aconteça...

Em dia do primeiro aniversário da "geringonça" dou por mim a falar daquilo que gosto menos de prenunciar: a esperança. A culpada foi a Marisa Liz, quando diz:
«As pessoas que têm um sonho e vão atrás dele, inspiram-me. Dão-me esperança. (...)
A esperança está em tudo aquilo que consegues fazer, quando tudo à tua volta te diz que não consegues.»

03 outubro, 2016

ONU, ONU, para que nos serves tu?


Tenho acompanhado as notícias, posições e declarações e venho ao tema não para demonstrar repúdio ou dar previsões quanto ao desfecho da disputa.
A minha questão é de fundo: está a ONU em condições para resolver os problemas do Mundo e cumprir a sua missão? Que pode tal organização para além do que é decidido em Bindelberg? E no G7? E no G20? E em outros areópagos onde a concertação passa pelos interesses de um número reduzido de grandes e poderosos e à margem dos seus povos? Qualquer cimeira entre essa gente esvazia de sentido qualquer outro caminho e passa a valer o "deles".
Quem?
Boa pergunta!

01 outubro, 2016

Os ensinamentos do Prof. Marcelo - hoje os jornalistas leva-os a peito!

Resultado de imagem para conversa avinagrada o que a televisão não mostra não aconteceu

A lição teórica de Marcelo é antiga e desde ela sucederam-se, até à exaustão, as aulas práticas. As práticas estão assimiladas como se prova quando procurei, procurei, procurei e não encontrei
Mas o que a imprensa não mostra vai acontecendo. E, neste caso, aconteceu. Juro! eu vi com estes dois olhinhos que a terra há-de comer ou o crematório transformar em cinzas. Vi-os chegar durante os cantares alentejanos, pousar o tripé e sobre ele a pesada (?) câmara onde se lia "RTP". Enquanto ele regulava os parâmetros da máquina, ela passava os olhos pelo texto do discurso escrito e ambos esperaram. Ele chegou entre palmas e punhos erguidos e a sua voz ecoou, bem timbrada e projectada pela instalação sonora e pela boa acústica da sala. A equipa iniciou a recolha de imagem e a captura do som. Acho que terão feito tudo perfeito.  
Perfeito. Contudo omisso, tal como ensinou Marcelo.

NOTA: A TVI terá dado qualquer coisa