31 julho, 2021

Como vos tinha dito: já esgotámos os recursos naturais da Terra para 2021, E AGORA?

O escrito de ontem era demasiado curto para esgotar o assunto. Ora aqui vai mais uma achega:

«Uma das principais bandeiras da suposta superioridade do capitalismo, com que seduziu e seduz multidões para as quais consumir representaria liberdade. O que finalmente encontram foi insegurança nas suas vidas, instabilidade pessoal e social, marginalidade.

Nos países capitalistas ricos o consumo foi publicitado como uma marca de superioridade e uma montra contra o socialismo. Um desejo de consumir transformando as pessoas de cidadãos em “consumidores”, objetivo do fascizante “fim das ideologias”. Um consumo que porém tinha e tem como contrapartida exploração, fome e opressão nos países dominados noutras partes do mundo.

Agora o mundo toma consciência das alterações climáticas e a doutrina oficial do sistema é a “descarbonização”. Não vamos abordar esta temática que nos parece distorcida nas suas premissas. (ver "A descarbonização e os seus alibis")

Um estudo no Reino Unido aborda a redução das emissões de gases de efeito estufa, pois é o que cientistas do clima (alguns…) dizem e o que os manifestantes pedem. Mas o que isto envolve? De facto, em tanto ruído sobre a “descarbonização” nada se diz sobre o que teria de ser realizado em termos de consumo. No essencial fica-se pelas viaturas elétricas, como parte da destruição criadora que o capital necessita periodicamente. Por exemplo, a Tesla (viaturas elétricas) teve de lucro perto de 1 000 milhões de dólares.

1 - Em primeiro lugar não voar e não embarcar. Embora existam ideias sobre aviões elétricos, eles não estarão a operar em escalas comerciais dentro de 30 anos. Isto significa que o transporte aéreo tem de se reduzir drasticamente. E em consequência também as viagens e o turismo terá de passar a ser local.

2 – Viagens e deslocações. Haverá que usar comboios e transportes públicos – se os houver, disponibilidade que parece muito complicada de concretizar. Quanto ao automóvel privado, as grandes potências não são compatíveis com o objetivo da “descarbonização” e a escolha terá de ser de viaturas elétricas. Como se também não constituíssem um problema ambiental.

3 - Quanto ao transporte marítimo, atualmente não há nenhum grande navio mercante elétrico ou nuclear, porém o “comércio livre” depende fortemente do transporte marítimo para alimentos e produtos importados. Navios de cruzeiro, barcos de pesca, barcos de recreio a motor (em particular os iates de luxo) também são grandes emissores de CO2. Que alternativas estão previstas?

4 - Alimentos. Também teremos de deixar de comer carne bovina (os famosos hamburgers...) e de outros ruminantes que libertam metano na sua digestão - e adotar dietas mais vegetarianas. Note-se que do ponto de vista do efeito de estufa o metano tem um um potencial 60 vezes superior ao do CO2. Terão também de ser reduzidos ou eliminados os alimentos processados e congelados dadas as necessidades em energia elétrica. Os alimentos deverão portanto ser de origem local, reduzindo as distâncias entre local de produção e local de consumo, que atualmente exige milhares de quilómetros de grandes veículos, navios, mesmo aviões. Não será admissível alimentos transportados por via aérea.

5 – Agricultura. A agricultura industrial é responsável pela destruição de florestas para pastagens, soja, óleo de palma. A adubação intensiva liberta óxido nitroso com potencial de efeito de estufa quase 300 vezes superior ao CO2.

6 – Cimento. Fazer cimento liberta emissões, atualmente não há opções alternativas disponíveis em escala industrial.

7 - Siderurgia: Todas as formas existentes de produção em alto-forno não são compatíveis com emissões zero. Tanto os fornos elétricos, como as indústrias metalúrgicas são altamente consumidoras de energia.

8 - Sector mineiro e fornecimento de materiais. Será necessário uma transição rápida nos materiais usados e uma redução significativa na procura da maioria dos minérios agora utilizados. Não há neste momento alternativas compatíveis nem com a descarbonização. O uso de plásticos ou de madeiras não pode ser considerado, pelo que a redução destes consumos tem de ser muito significativa.

9 - Veículos rodoviários: a transição para os carros elétricos está em andamento. Porém não está garantida a eletricidade necessária para abastecer uma frota equivalente à atualmente em uso.

10 - Indústrias de combustíveis fósseis (carvão, gás e petróleo) terão (ou teriam…) de se encaminhar para o fecho nas próximas três dezenas de anos.

11 - Habitações. Para além dos tipos de arquitetura e materiais a utilizar de modo a conservar a energia e isolar do ambiente externo, os aparelhos de condicionado, aquecimento, etc., têm de ser usados o menos tempo possível e as pessoas usarem roupas mais quentes no inverno. O que fazer nos edifícios menos recentes?

12 - A produção e consumo de eletricidade sem emitir gases de efeito de estufa é um sector muito nebuloso. Como garantir disponibilidade permanente de energia elétrica e que consumos industriais, de serviços e domésticos, podem ser satisfeitos com energias ditas “verdes”? »

artigo publicado no FOICEBOOK

30 julho, 2021

Hoje esgotámos os recursos naturais da Terra para 2021

Li, aqui, que «Este ano, apenas foram necessários sete meses para que a humanidade esgotasse os recursos naturais que o planeta Terra consegue produzir num ano. A partir de hoje estamos a viver acima da biocapacidade da Terra...» e logo me ocorreu a expressão ontem do Vitor, quando me dizia "Já reparou?, nenhum partido ou movimento ligado às questões ambientais, faz uma abordagem pela perspectiva económica!" 

Dei-lhe razão, mas depois fiquei a pensar se eu próprio já não o teria feito. Quem se lembra deste meu escrito

«403 mil toneladas de laranjas saíram dos pomares portugueses em 2018. Portugal teve, no último ano, a maior produção de laranjas dos últimos 33 anos. Contudo, o aumento da produção trouxe excesso de citrinos ao mercado e fez cair 20% o preço no produtor. Enquanto isso acontece, o Pingo Doce vende laranja importada, e não se importa nada. Quem distraidamente lê o rótulo julga tratar-se de laranja do Algarve, mas em boa verdade, esta laranja chegou de fora, da vizinha Espanha, transportada com elevada pegada ecológica...
Mas não se pense que a coisa fica por aqui. Outro caso. Uma garrafa de água num país onde ainda a vai havendo, não se dando prova de que não haja falta, é importada de... França e percorre inimaginável distância.
Se é verdade que o sector dos transportes continua a ser um dos sectores de actividade com maior consumo de energia ele também é, em consequência, um dos que mais contribui para as emissões de gases com efeito de estufa. 
E não se pense que fui à procura de casos extremos. Eles apenas ilustram duas situações extremas de como as grandes superfícies não só concorrem para agravar as condições da produção nacional não a escoando, como também, com as suas politicas comerciais, concorrem  para o aquecimento global. 

Se a COP25 está à beira "do desastre completo"? Quem esperava outra coisa nunca olhou para as prateleiras  de um supermercado com olhos de ver.


29 julho, 2021

HOJE OCORREU A ENTREGA DAS LISTAS E DEPOIS FUI APRESENTADO... SE FOR ELEITO SERÁ O MEU ÚLTIMO MANDATO

... de manhã foi a entrega das candidaturas em Tribunal... Na parte da tarde fomos apresentados. A minha intervenção não chegou ao fim... a dada altura a emoção tomou conta do mim (essa parte, está arredada do texto).

E a parte do que eu disse, fica aqui escrita:

«O “nós CDU” do meu discurso significa e continuará a significar que me ligo a um colectivo, e que cada agendamento, que cada moção, proposta ou requerimento a apresentar serão previamente discutidos ou irão passar pelo escrutínio ou conselho dos elementos que integraram a nossa candidatura.

26 julho, 2021

NESTE DIA DOS AVÓS... RECORDO OS MEUS!

Joaquim Bento e Mariana
O aroma da lenha somado ao do café funcionava como um despertador para Mariana e ambos, após o pequeno matinal repasto, saiam para as lides da quinta, ela para tratar da criação, ele para os afazeres agrícolas com excepção da vaca que ele tinha por sua conta, na missão de levar-lhe a palha. "Vai lá tu, Joaquim, ela gosta mais de ti" disse-lhe Mariana, um dia, apontando o estábulo improvisado e já a caminho da pequena pocilga para tratar da porca, e depois dos gansos, e depois das galinhas, e depois aos pombos e só no fim os coelhos, quando ele trouxesse a erva que chegasse.

Todos os animais da quinta tinham nome, mas só me lembro do dado ao cão, o "Naice" (assim escrito, conforme dito) e receio trocar os dos outros todos. Coisa imperdoável seria trocar o nome dado à porca por aquele que fora dado à vaca...  

Aquela quinta** dava tudo pois Joaquim Bento e Mariana assim o garantiam. Desde cereais a frutos, toda a espécie de hortícolas e tubérculos, vinho e até azeite. Tudo trabalhado a braço e a estrume, pois os animais além de boa carne, com exceção de um ou outro caso*, também garantiam o adubo orgânico que bastasse...

Esta rotina, só era alterada nas férias, quando a quinta era invadida pela alargada família e Ti Joaquim Bento e Mariana, se por um lado tinham redobrada ajuda, por outro eram chamados a outras tarefas. Ele era solicitado a contar histórias***, ela a embalar sorrisos.

Numa dessas férias, o meu tio Maurício, impressionado pelo que vira deixou a promessa de aligeirar o esforço de meu avô no levantar a pulso dezenas de baldes do poço, na tarefa empenhada na rega do pomar.  "Não pode ser, num homem daquela idade".

Promessa feita, promessa cumprida. E sem que já ninguém se lembrasse que a tinha feito, meses depois, meu tio trouxe uma bomba de água, provida de um pequeno moto-compressor e em segredo montou-o no poço. Chamou-o para lhe dar a surpresa e ele foi. 

Olhou a aparelhagem, muito sério. Meu tio, julgando que o seu ar seria porque se intimidara em lidar com a tecnologia, avançou com um "não custa nada!" e explicou tim-tim-por-tim como se fazia:
"Aqui, liga o motor. Depois ferra a bomba, assim. E de seguida puxa este botão para cima". E repetiu  tudo o que dissera, pondo a bomba a bombear. E bem  depressa se enchia o tanque de rega.
- "Está a ver?"
- "Estou, mas não posso usar isso!"
Surpreendido, questionou com um desiludido por quê. A resposta surgiu pronta.
- "Sabes que levo meia-manhã a fazer tudo isso que esse zingarelho faz em minutos? Que faria nesse entretempo? E depois enquanto o faço, a braço-a-braço, recordo quando era grumete e baldeava o convés, com um balde que é tão parecido com este. Quando o elevo agora parece que volto a sentir a brisa do mar a desalinhar-me os cabelos. Este esforço que faço agora ajuda-me a fazer perdurar tal memória. Se isso se for, vou eu atrás!" 

Meu tio e todos nós mal tínhamos presente que Joaquim Bento fora marujo e nem nos passava pela mente que era com memórias de mar que ele tão bem cultivava a terra.
_______________________
* "Este Natal não há peru"
** "Escolas da minha vida: a quintinha dos meus avós"
*** "A Flauta (aquela que agora me faz tanta falta)"


 

 

25 julho, 2021

OTELO SARAIVA DE CARVALHO, in memorian (1936-2021)

Dos feitos é que reza a História e de quem os fez também. Se determinado método de escrever a História se polariza nos protagonistas (teoria heróica), ignorando o contexto e o papel do povo, a humanidade não aprenderá nada.

Otelo teve um papel relevante, mas foi a saída do povo à rua que fez com que um golpe militar se transformasse em Revolução.

Que descanse em paz!

24 julho, 2021

A VERDADEIRA CULTURA...


A verdadeira cultura é muito mais que a partilha do conhecimento. É o que se faz com o conhecimento (ou sentimento) partilhado.

22 julho, 2021

QUANDO ALGUÉM JÁ DISSE, MELHOR DO QUE EU DIRIA, NADA MAIS PRÁTICO QUE CITÁ-LO


A riqueza supérflua só pode comprar coisas supérfluas (Henry David Thoreau)

«Confesso que não gosto de ricos. Nunca gostei. Até já uma vez expliquei porquê, aqui.

Jeff Bezos é o mais rico de todos. Jeff Bezos foi ao espaço e voltou. A Jeff Bezos já não lhe chega o planeta. O espaço é o próximo alvo para a sua avidez. Trata-se de um ser verdadeiramente repugnante. Quase tão repugnante como a “peça” que a SIC transmitiu uma destas noites, como se fosse um trabalho jornalístico, durante o serviço noticioso apresentado por Clara de Sousa (a quem também já me referi aqui).

Durante imensos, penosos e inacreditáveis minutos, uma propaganda descarada, eivada daquele fascínio pascácio pela extravagância dos ricos, foi instruindo as massas no catecismo da senhora Thatcher, segundo o qual “a ganância é um bem“ – fazendo passar a ideia de que a acumulação gananciosa e obsessiva, a fraude fiscal sistemática e a exploração implacável do trabalho dos outros em condições medievais são exemplos de procedimento e de que um filho-da-puta destes é um modelo a seguir. A bancada da iniciativa liberal teve um delíquio - foi a consagração da sua moral doutrinária em hora nobre.

No fim, Clara de Sousa suspirou, deu mais uma notícia e, imperturbada, despediu-se sem perder a compostura ou, sequer, vomitar. Mais uma noite bem passada, e bem remunerada, na baiuca do jornalismo de merda.»

                                                       Fernando Campos, aqui

 

21 julho, 2021

A MARIA JOÃO LIGOU-ME...

O telemóvel tocou e atendi de pronto. Do outro lado, numa voz com entoação que fazia adivinhar o que ia ouvir, ela começou "Rogério, tenho uma boa notícia!" e sem esperar que eu dissesse o quer que fosse avançou que tinha marcada para dia 27 a consulta com o anestesista e que a operação às cataratas deverá ocorrer alguns dias depois. A conversa prosseguiu já nem recordo em que sentido, no fim bati-lhe e disse-lhe "Menina, tem juízo. Escreve apenas passada a convalescença" (não vá ela forçar!)

E quem dá boas noticias, quem?

A VERDADEIRA PAIXÃO...


A verdadeira paixão é sempre efémera. Nasce forte mas passa depressa, podendo acontecer degenerar em amor ou esfuma-se dando lugar a outra paixão. Há quem viva apaixonadamente sem nunca ter conhecido o amor...

19 julho, 2021

O VERDADEIRO AMOR...


Hoje vive-se apaixonadamente. Nada mais errado. Devia-se ter amor à vida. O amor é perene. A paixão não.

 

18 julho, 2021

QUANDO NADA TENHO QUE FAZER... FAÇO COISAS

 

Vai sem som. Procurei o murmúrio do rio ou mar, sem encontrar. Procurei o grasnar daquela gaivota, minha namorada, e nada. Procurei o sibilar do  vento e respondeu-me a acalmia. Quando encontrar o quer que seja que rime com o Tejo, reedito com banda sonora. Agora vai assim...

NÃO USAREI MAIS PALAVRAS... SOAM A OCAS

 

Não usarei mais as palavras. Não esta ou aquela. Todas. As palavras tendem em cair em desuso. O monossílabo vale para tudo, excepto para o discurso que, naturalmente, carece de palavras...

Ah, e o poema que continua a viver delas. 

Ainda, um dia, escreverei um poema! 

(O vídeo nada tem a ver com isto? Quem disse?)

 

 

16 julho, 2021

CLOTILDE MOREIRA, in memorian (1936-2021)

Há palavras ditas que dizem mais de alguém que qualquer extensa biografia. A Clotilde, que conta em poucos minutos a sua história de vida, era mesmo a Clotilde que eu trago aqui. Amante da vida e das causas a que se dedicava, contávamos sempre com ela para dizer poemas de Abril. Fazia-o quer nas iniciativas do meu Partido quer nos eventos da CDU, onde era dedicada activista. À Clotilde, ninguém a dava parada, mas ainda tinha tempo para publicar pequenas crónicas na imprensa, designadamente no "Público" e no "A Costa do Sol".

Partiu hoje. Soube-o há pouco.

Até sempre minha amiga!

(a imagem acima consta do cabeçalho da Desenhando Sonhos, na sua página do facebook)


15 julho, 2021

A FESTA (aquela que não há outra como ela)

Estive tempos infinitos sem saber a ponta por onde pegar, se voltar ao tema Cuba, ser fazer balanço do por mim feito neste prolongado entretanto, se falar hoje do meu jantar (que a minha-mai-nova decidiu pagar).

A decisão incide sobre o que está à vista... na Festa (aquela que não há outra como ela) onde não perderei o momento!

12 julho, 2021

HÁ SEIS DÉCADAS QUE DURA... III (oiçam o que o Presidente mexicano diz de Cuba)

 
 
Acompanhei os noticiários, Antena 1, RTP e não sei quantos outros mais telejornais... Dizem que os cubanos isto e aquilo e mais não sei o quê.. Só tenho uma certeza: o Joe Biden terá ficado furioso ao saber o que disse hoje o Presidente mexicano sobre o seu apoio ao povo (e ao governo) cubano...

11 julho, 2021

NA SERRA, EM DEFESA DELA (com tempo para falar de netos)

 

Essa foto é-me madrasta. Apanha-me de costas. Acontece sempre, por uma razão ou outra, eu não aparecer. A maior parte das vezes é por ser eu a operar. Noutras, não calha. Azar.

Mas vale a pena dar evidência a quem aparece em primeiro plano, à Ester L. Cid, minha amiga e camarada de longa data. Vive na Escócia, está cá de férias. Enquanto esperávamos para subir a  Serra de Carnaxide (em luta antiga), falámos dos nossos netos e da importância dos avós.  Mostrou-me,  no seu iphone, o Harris (8 anitos) a contar-lhe uma história em inglês, para a adormecer.

Perguntei-lhe se o Harris falava português. Porque a resposta foi positiva, há pouco mandei-lhe um meu conto. Talvez o seu Harris lho conte.

10 julho, 2021

NOTÍCIAS DA NOSSA SONETISTA

Em finais do mês passado, acenava e sorria. Estava ocupado, mas deu para falarmos um pouco. A Maria João queixava-se de dores aqui e ali mas comentou que já se tinha habituado a lidar com tal desconforto.

Dias depois piorou. Julga que se terá repetido a fractura da córnea. Vê muito pouco e as dores foram intensas, mas melhorou dessa mazela, sem, contudo sair dela. Mas há outras, e não são poucas, não a largam. Foi vista, fez análises e passou a estar medicada (mais do que já estava). Hoje sentia-se um pouco melhor...

Vamos ver se na próxima semana a vamos ter entre nós! A manifestar o desejo que tudo se resolva, volto a deixar o soneto que um dia me foi dedicado.

NÃO HÁ FIM PARA O SONHO. NÃO HÁ FIM...
Não há, neste planeta, mar nem céu,
Estrada longa demais, alta montanha,
Ponte suspensa sobre um medo teu
Que te trave esse sonho e, coisa estranha,

Um pouco desse sonho é também meu,
Um nada dessa chama em mim se entranha
E aonde chegar, chegarei eu,
Pois nisto ninguém perde. Só se ganha.

Não há fim para um sonho construído,
Nem haverá lugar para o vencido
Num sonho desta forma partilhado

Se, quando te pareça estar no fim,
Vês que mal começou dentro de mim
E que outros vão nascendo a nosso lado.
Maria João Brito de Sousa – 02.05.2018

09 julho, 2021

E ELA DEU A NOTÍCIA MAIS QUERIDA A TODA A FAMÍLIA

A última vez que escrevi sobre ela foi para lhe definir o perfil. Hoje deu a notícia a toda a família. De pronto lhe prometi ir dar-lhe um beijo. E fui! E dei-lho!


08 julho, 2021

DIÁLOGO COM A MINHA PRÓSTATA

Ela (a próstata) - Olha, desculpa interromper, podemos falar?

Eu - Olá! Sim! Diz lá!

Ela (a próstata) - Depois da biopsia, passados estes três dias sobre os doze tiros com que fui metralhada e depois de ter sido apalpada, queria saber como estavas...

Eu - Acabo de falar com o coração que continua a bater ao ritmo certo, mas recomendou que eu tenha cuidado com as emoções. Queixa-se que o faço bater demasiado. Falei antes com os pulmões, com os dois. Estão zangados comigo e disseram em coro, que ou paro com o cigarro ou eu me apago. Já tinha falado com o fígado e o gajo anda à rasca, embora admita que a cirrose (por enquanto) está fora de hipótese...

Ela (a próstata, interrompendo) - Pára, carago! Eu só queria saber sobre o teu estado! De como estás na compreensão da minha função. Se tens ardor ou dor, se mijas bem, se sangras, se sangras muito...

Eu (a tentar fechar o diálogo) - O meu estado? Isto é uma consulta? Agora deste em urologista?

Ela (a próstata, com voz sentenciosa) - Não brinques. Bem sabes que o equilíbrio do ser humano resulta da capacidade de cada um interpretar os sinais do seu corpo.

Eu (rematando) - Há bocadinho, a urina ainda me saiu com vestígios do teu sangue. É normal! Por tanto... estou ótimo!

PS: A consulta ficou marcada para 30 de agosto. Aguardo calmo.

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04 julho, 2021

LIÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA


 LIÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Não, as pétalas não são as mesmas
As que estavam morreram
E vieram outras, e outras, e outras
Que não sobreviveram

O pequeno tronco
Mirrado, seco, despido
Parecia ter tido igual destino
E então quase dado por morto

Não resignado
O jardineiro ia regando, regando
Sem desanimo
Até que aconteceu, irem brotando

Irá vingar, crescer, florir, dar fruto?
Ninguém sabe
Nem tudo depende da força da seiva
Nem da bondade da terra

Ah, como eu sei isso!

Rogério Pereira
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Desde Janeiro que a luta empenhada permitiu que tantos meses depois ainda se mantenha a esperança. Fica para memória futura o meu reconhecimento à Dona Lurdes, ao Joaquim e, muito especialmente, ao meu vizinho Pedro, pela persistência. Direi como então disse:

«Seremos todos jardineiros, disponíveis para cuidar e prontos para colher os primeiros frutos que haverão de ter um doce sabor a saudade...»

02 julho, 2021

A VERDADEIRA CULTURA (Uma definição, em contexto de sua prática)

 

Em Março passado aconteceu um acontecimento que fizemos acontecer. "Fizemos acontecer", fixem a frase pois é ela a chave para a definição do que é a verdadeira cultura.

Na passada terça-feira relembrámos a tertúlia acabando por repetir o formato...

E já agora uma adivinha: qual foi a surpresa dada no final? 

(Não, não foi o livro pensado e querido, mas impossível de materializar...)