Salvei o mundo milhões de vezes,
de cada vez que o salvava
achei que mais gente se juntava.
À minha volta?
Será como a canção diz
Salvei o mundo milhões de vezes,
de cada vez que o salvava
achei que mais gente se juntava.
À minha volta?
Será como a canção diz
Coopera o opErário
Esse imenso operaDor
Sem ele não temos ópera nem opeRações sem dor
Opera todas as máquinas
É muito cooperativo
Opera computaDores
Supõe-se um executivo
Funda cooperativas
Busca coopeRação
Coopera em cantigas
Paga as letras da canção
Pertence ao operariado muitas vezes sem saber
Porque tanta coopeRação não dá bem para entender
Pertence ao operariado muitas vezes sem querer
Porque tanta coopeRação só dá para empobrecer
Já foi herói proletário
Termo meio bolCHEvique
O tratamento moderno é telecomando-chip
Diz-se profissional
Técnico e funcionário
Também recurso huMano
Unidade de trabalho
Mas afinal (ele) é um grande operacional
Ele opera e coopera
Sem ele ponto final
Fica assente
Meus Senhores
O que é um operário
Sem gravata e com gravata
Morre a viver do salário
Peça da engrenagem
Produto da produção
Faz o carro e faz a estrada
Faz a mesa e faz a cama
Coopera até na morte fabricando o seu caixãoUns chamam-lhe ParafUso Outros GloBalizaçãoPoema de César Príncipe
(ler conversa anterior)
"Cuito Cuanavale foi a viragem para a luta de libertação do meu continente e de meu povo do flagelo do apartheid"
"...dia 27 de abril de 1994, os cidadãos não brancos votaram pela primeira vez com plenos direitos em eleições multirraciais que transformaram Mandela, líder do partido Congresso Nacional Africano (CNA), no primeiro presidente negro do país."
...
Quando eu finalmente eu quis saber
Se ainda vale a pena tanto crer
Eu olhei para ti
Então eu entendi
É um lindo sonho para viver
Quando toda a gente assim quiser
...
Hoje foi um dia cheio. Foi um correr. Eu, Minha Alma e Meu Contrário, nenhum se deu parado. Daqui para ali e de lá para cá, entre um e outro lugar. Dizíamos brincando, num interregno para rápidas compras: "Para ser Deu só me falta o poder da omnipresença". A senhora estendeu-me o saco do pão e sorriu, sem perguntar o que eu queria dizer (o autocolante, ao peito, era esclarecedor). E tudo começou pela manhã:
Primeiro, foi no Teatro Eunice Munõz, preso pelo que diziam 7 jovens. Uma jovem, mais velha, entrevistava e, enquanto duas mal tinham forças para erguer o micro, ouviamos e ovacionávamos o que aos outros ouvíamos. Embora nem tudo fosse digno de aplauso, aplaudíamos. Aplaudiamos até o embaraço de estar em palco. Ao lado, um púlpito descaracterizado de cravos de falseada cor, completava o cenário. Este, veio depois servir para muitos e diversos discursos. Uns a merecer aqueles cravos descorados, outros a merece-los mais vivos, vermelhos. Sampaio da Nóvoa, esteve sintonizado (ou mais que isso) discorrendo sobre o "dia inicial inteiro e limpo" com a veemência que fez com que Minha Alma me segredasse ao ouvido "lindo!" Depois foi um desenrolar de testemunhos de juventude caracterizando o Estado Novo. Quase me arrebatava, quando no final do discurso estragou tudo.
E foram mais, e outros. Até que alguém, sério, disse assim:
«Evocar o 25 de Abril é também evocar a alternativa.
Porque não toleramos viver prisioneiros no nosso próprio país, porque não toleramos que a soberania do povo continue a ser profanada, apelamos aos portugueses para que assumam o compromisso de tudo fazerem para que Portugal se liberte das amarras que o prendem e assim possamos retomar a caminhada por um “Portugal soberano e desenvolvido» - Carlos Coutinho/ Deputado Municipal da CDU.
De tarde, não foi o banho de multidão que surpreendeu, mas a idade. Juventude que, por simpatia, me fez vencer o cansaço da longa espera, enquanto Minha Alma me ia colocando mais, e mais cravos, na lapela...
Começam a haver sinais de que se irá votar em equilíbrio com as nossas possibilidades...
Já de regresso, em Santo Amaro, paro. Saio e atravesso o jardim. De um e do outro lado, um cravo. Muitos cravos, perfilados. Em baixo uma folha de papel era apontada. Escritos, todos os direitos constitucionais. Um casal de idosos, aponta e parou para ler. Eu fui ver. Conferi o que há muito tinha percebido: "O povo unido, jamais será vencido!"
Sem suspiros
submissos,
Hermínia conta, não o sonho tido,
mas a realidade vivida.
Sonhando por a reviver.
Talvez num outro dia,
inteiro e limpo,
Talvez... num outro amanhecer
Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.»
Antonio Gramsci (1891-1937) - "Os Indiferentes", Fevereiro de 1917 (ler tudo em "VOAR FORA DA ASA)
«...Esse apoio, concertado no parlamento da antiga RFA, saía directamente do orçamento federal e era, depois, atribuído às duas grandes fundações ligadas aos dois maiores partidos alemães. A Friedrich Ebert, do SPD, apoiava o PS português; a Konrad Adenauer, da CDU, o partido da actual chanceler Angela Merkel, apoiava o então PPD, actual PSD. “Esse apoio tinha de ser sigiloso. Era suspeito. Era visto como uma tentativa de influenciar o processo político português»Claro que votar abaixo das nossas possibilidades não é algo que se faça de graça. Dá provento no orçamento, e está a dar (ainda) mais neste momento!
“Não é só agora que a Constituição está a ser violada”, sublinhou, acrescentando que “a Constituição começou a ser violada muito cedo, praticamente logo a seguir, com o primeiro governo constitucional”.
“O ser alienado não procura um mundo autêntico. Isto provoca uma nostalgia: deseja outro país e lamenta ter nascido no seu. Tem vergonha da sua realidade.” - Paulo Freire
...Oferecer amêndoas
cumprindo a regra da quadra
é uma fuga ao jogo sem regras
Por isso, toque na oferta
pois a regra é tirar uma
e a regra do saborear
faz parte deste jogo manso
A alma?
Ah, meus amigos
se ela existe, vive na excepção
A minha, em cada momento
determina-me os actos,
contrariando todas as regras
Rogério Pereira
«Estranhem o que não for estranho. Tomem por inexplicável o habitual. Sintam-se perplexos ante o cotidiano. Tratem de achar um remédio para o abuso. Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra»
Bertolt Brecht
« ...
A uma criança, daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha.
Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, os homens… Aprendi que todos querem viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a rampa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta, com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do pai, tem-no prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
...»
Gabriel García Marquéz, in Carta de Despedida
REMBRANDT - "A expulsão dos vendilhões do Templo" |
«Ora, estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém; e encontrou no templo muitos vendendo bois, ovelhas, pombas, e os cambistas sentados (às suas mesas). E, tendo feito um como que azorrague de cordas, expulsou-os a todos do templo, e as ovelhas e os bois, e deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou as mesas. E aos que vendiam pombas, disse: Tirai daqui isto, e não façais da casa de meu Pai, casa de negócios. Então lembraram-se seus discípulos do que está escrito: O zelo da tua casa devorou-me. Tomaram então a palavra os judeus, e disseram-lhe: Com que sinal nos mostras tu que tens autoridade para fazer estas coisas? Jesus respondeu-lhes, e disse: Desfazei este templo, e eu o reedificarei em três dias.» (Envangelho, segundo São João 2, 13-22)
“A economia, é uma ciência humana, distinta da biologia, da física. É uma ciência humana e não depende de mais nada, que não seja da política seguida. E as que foram seguidas desde a criação (1951) da Comunidade Europeia de Ferro e do Aço até à União Europeia, passando pela CEE, são as do domínio dos mais ricos e poderosos. Mas há alternativas”.
"O administrador do hospital de S. João da Madeira confirmou o fim da cardiologia" - Noticia em 10 de Janeiro de 2008
"Hospital da Horta perde três importantes valências: oncologia, urologia e cuidados intensivos." - Noticia de 13 de Maio de 2013
"O Centro Hospitalar de São João anunciou hoje que, com efeito a partir de ontem, o atendimento pediátrico de urgência do Hospital de Valongo passou a ser feito no Porto." - Noticia em 27 de Agosto de 2013
"O Hospital de Portimão vai perder a maioria das especialidades médico-cirúrgicas e corre o risco de se transformar numa espécie de centro de saúde." - Notícia em 16 de Setembro de 2013
"O Hospital Padre Américo, Vale do Sousa (Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, EPE), vai perder várias valências, das quais se destaca a especialidade de urologia e cirurgia vascular." - Notícia em 10 de Abril de 2014
"O Hospital de Guimarães foi desclassificado e perdeu três serviços: obstetrícia, urologia e cirurgia - Notícia de 10 de Abril de 2014
"O Ministério da Saúde propõe o fim da cirurgia cardiotorácia no hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, e no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, segundo um despacho publicado em Dário da República." - Noticia em 11 de Abril de 2014
"Entre 2002 e 2012, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde perderam três mil camas para internamento, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativamente à área da saúde, enquanto os privados ganharam mais 1400."
"Os tempos
Apagaram as Rosas dos Ventos
Destruíram mapas dos mares
Sextantes antigos, modernos radares
E outros apetrechos mareantes
Hoje, e esse hoje tem muitos ontens,
Diz-se haver um só caminho
E que fora dele o desastre é certo
Como se não fosse certo o desastre dentro dele"
Rogério Pereira,
in "Salazarentos destinos, com o Povo ao fundo..."
© JOSé SARAMAGO
In Os Poemas Possíveis, 1966
Está a ver aquela imagem de museu? não, não é um fogão. É uma fábrica de cozer, hortaliças, batatas e feijão. Opera-se lá laboriosamente: coloca-se álcool desnaturado naquele pequeno prato, deita-se fogo e espera-se que a cabeça aqueça um pouco, depois dá-se umas bombadas e se o espalhador estiver como deve ser, a máquina passa à função de cozer.Está a ver a outra imagem? não, não é um foguetão. É outra fábrica de cozer, hortaliças, batatas e feijão. Para chegar à função de cozer, basta carregar no botão.Ah, atenção, compare os tempos de confecção!Duas fábricas, produzindo o mesmo produto...O que é que isto tem a ver com o título? Tem, e muito!
Produtividade dos cozinheiros? Que culpas para os que trabalham com fogareiros?...
O estranho é que um ministro, sabendo de tudo isto, não o soube explicar (por inteiro) ao seu "primeiro"
"A CDU defende a revogação do Tratado Orçamental (TO)?
Nós defendemos a institucionalização da possibilidade da revogação dos tratados, não apenas do TO. O TO não é, em rigor, um tratado da UE.
Pode ser revogado unilateralmente pelos países.
Há países da UE que não o subscreveram. A desvinculação do TO é uma necessidade, como é a reversão dos tratados da própria UE, concretamente do Tratado de Lisboa, que é profundamente antidemocrático. O Tratado de Lisboa começou com a elaboração do projecto de tratado constitucional, que foi rejeitado, e que foi, de alguma forma, recauchutado em Tratado de Lisboa. Em Portugal, o primeiro governo do PS de Sócrates, prometeu em campanha eleitoral, e depois incluiu no programa de governo, um referendo ao futuro tratado da UE. É interessante recuperar essa formulação do programa de governo do PS, considerando que outra solução não era aceitável, que o processo tinha um défice de legitimidade democrática.
Na altura, foi uma condição negociada que os países abdicassem do referendo para que houvesse acordo...
Nada pode impedir o povo português, se for essa a sua vontade soberana, de se desvincular desse tratado.
Mesmo se isso tiver como consequência possível a desvinculação da própria UE?
As rupturas que defendemos como necessárias com a UE pressupõem uma acção articulada com outros países, começando naqueles que enfrentam dificuldades semelhantes. Sendo certo que não fazemos depender as rupturas necessárias ao país dessa convergência. Mas naturalmente que importa procurá-las."
Ler tudo na entrevista do Público, aqui
O wrestling continua... o golpe de Sócrates fez corar as imensas orelhas do contendor... o público aclamou e o povo assistente rejubilou! Depois, no outro ringue, as audiências aumentaram, é que o estimado público saiu a correr, o professor é de não perder... É o espectáculo da política em sessão contínua.
Longe das televisões, há quem teime em se fazer ouvir. Um discurso sério:
Falando do que se escreve, vê e fala, percebemos que as mensagens são polarizadas em nomes e caras. Tudo é fulanizado. Os dias contarão para a história, correndo-se o risco de o nosso presente vir a ser escrito como o foi no passado, em que os avanços civilizacionais eram devidos a heróis e os retrocessos eram imputados a ditadores, traidores ou a pouco dotados: os odiados. Nos retrocessos sentidos, apontam-se os odiados, ridicularizam-se os discursos, reproduzem-se as caricaturas e pouco se fala, escreve, analisa e aprofunda o odioso . No dia em que um nome, uma cara, saia da ribalta ninguém garante que se esteja perante o fim do quer que seja e quem chega protege-se dos tiques e falas do destituído. Odiou-se Salazar, mal discutindo o salazarismo. Odeia-se Passos, mal discutindo o neoliberalismo. Aprontam-se cabeças cheias de sentenças, como se dependesse a mudança de algum bem-pensante, como se a alternância fosse mudança:
«As causas de todas as mudanças sociais e de todas as revoluções políticas, não as devemos procurar na cabeça dos homens, em seu entendimento progressivo da verdade e da justiça eternas, mas na vida material da sociedade, no encaminhamento da produção e das trocas.»Karl Marx, no prefácio de "Crítica da Economia Política"
Vizinha do 4º andar (começando a conversar) - Dona Esmeralda, já mentiu hoje? Eu menti, e muito! Aquelas mentiras sem importância nenhuma, só para assinalar a data...Dona Esmeralda (exaltada) - A data que devia ser assinalada deveria ser dedicada às verdades... Pelo menos haver um dia! Não suporto tanta mentira, tanta conversa da treta, tanta peta!Rogérito (interrompendo, nesse preciso momento) - Não há é paciência para os que acreditam, por estupidez ou conveniência! Pior que o mentiroso é o que da mentira tira proveito, sossego ou gozo!