Falando do que se escreve, vê e fala, percebemos que as mensagens são polarizadas em nomes e caras. Tudo é fulanizado. Os dias contarão para a história, correndo-se o risco de o nosso presente vir a ser escrito como o foi no passado, em que os avanços civilizacionais eram devidos a heróis e os retrocessos eram imputados a ditadores, traidores ou a pouco dotados: os odiados. Nos retrocessos sentidos, apontam-se os odiados, ridicularizam-se os discursos, reproduzem-se as caricaturas e pouco se fala, escreve, analisa e aprofunda o odioso . No dia em que um nome, uma cara, saia da ribalta ninguém garante que se esteja perante o fim do quer que seja e quem chega protege-se dos tiques e falas do destituído. Odiou-se Salazar, mal discutindo o salazarismo. Odeia-se Passos, mal discutindo o neoliberalismo. Aprontam-se cabeças cheias de sentenças, como se dependesse a mudança de algum bem-pensante, como se a alternância fosse mudança:
«As causas de todas as mudanças sociais e de todas as revoluções
políticas, não as devemos procurar na cabeça dos homens, em seu
entendimento progressivo da verdade e da justiça eternas, mas na vida
material da sociedade, no encaminhamento da produção e das trocas.»
A fulanização como escreve, e bem, é uma das formas que a narrativa neoliberal desenvolveu para ocultar o cerne das contradições da história social do ser humano: a luta de classes.
ResponderEliminarSe todo um debate se concentra no fulano, cicrano e beltrano, então é leviano e desprovido de análise concreta. Não levanta as reais questões.
Um grande abraço
Eu também já acreditei nessas palavras de Marx mas...
ResponderEliminarA fulanização é incontornável. Por muito que custe admitir, as pessoas não votam em modelos de sociedade, mas sim em pessoas. E isso, sabe tão bem como eu, tem uma explicação muito simples...
Carlos, o que diz não desacredita Marx, O que ele diz é que, sendo como diz o Carlos, não há mudança! A menos que o meu amigo passe a acreditar que um qq D. Sebastião venha mudar ou fazer a revolução...
ResponderEliminarah, e não há explicações simples para situações tão complexas quanto estas!
Tremenda, esta crescente "fulanização"! Subscrevo o comentário do C-Zero!
ResponderEliminarAbraço!
É um erro comum que resulta na ilusão de se pensar que as políticas são consequência de um indivíduo, e não de uma estrutura e dinâmica social concreta.
ResponderEliminarAssim será, enquanto a dinâmica social que promove tais políticas e (seus) indivíduos não mudar.
beijinho e bom fim de semana
Concordo,se a fulanização tem o mérito de no imediato expôr concretamente protagonistas de politicas e ancorá-los a elas, tem no entanto a desvantagem de secundarizar as doutrinas que lhes assistem,impedindo de certa forma um entendimento maior.
ResponderEliminarAbraço
Horizonte XXI
não haverá uma relação dialética entre as "condições materiais" que determinam as políticas e os homens que as realizam?
ResponderEliminarenfim, perguntas de um "herético"...
abraço, meu caro Rogério