30 novembro, 2020

«...E nada há de mais divino para o homem do que meditar na sua mortalidade …. perceber que o nosso corpo não é uma morada fixa, mas uma estalagem onde só se pode permanecer por breve tempo…..»

 «A virtude subdivide-se em quatro aspectos: refrear os desejos, dominar o medo, tomar as decisões adequadas, dar a cada um o que lhe é devido. Concebemos assim as noções de temperança, de coragem, de prudência e de justiça, cada qual comportando os seus deveres específicos. A partir de quê, então, concebemos nós a virtude? O que no-la revela é a ordem por ela própria estabelecida, o decoro, a firmeza de princípios, a total harmonia de todos os seus actos, a grandeza que a eleva acima de todas as contingências. A partir daqui concebemos o ideal de uma vida feliz, fluindo segundo um curso inalterável, com total domínio sobre si mesma. E como é que este ideal aparece aos nossos olhos? Vou dizer-te.

O homem perfeito, possuidor da virtude, nunca se queixa da fortuna, nunca aceita os acontecimentos de mau humor, pelo contrário, convicto de ser um cidadão do universo, um soldado pronto a tudo, aceita as dificuldades como uma missão que lhes é confiada. Não se revolta ante as desgraças como se elas fossem um mal originado pelo azar, mas como uma tarefa de que ele é encarregado. «Suceda o que suceder», — diz ele — «o caso é comigo; por muito áspera e dura que seja a situação, tenho de dar o meu melhor!» Um homem que nunca se queixa dos seus males nem se lamenta do destino, temos forçosamente de julgá-lo um grande homem! Tal homem dá a conhecer a muitos outros a massa de que é feito, brilha tal como um archote no meio das trevas, atrai para junto de si todas as almas, dada a sua impassível tranquilidade, a sua completa equanimidade para com o divino e o humano. Tal homem possui uma alma perfeita, levada ao máximo das suas potencialidades, tal que acima dela nada há senão a inteligência divina, uma parte da qual, aliás, transitou até este peito mortal. E nada há de mais divino para o homem do que meditar na sua mortalidade, consciencializar-se de que o homem nasce para ao fim de algum tempo deixar esta vida, perceber que o nosso corpo não é uma morada fixa, mas uma estalagem onde só se pode permanecer por breve tempo, uma estalagem de que é preciso sair quando percebemos que estamos a ser pesados ao estalajadeiro.»

Séneca, in “Cartas a Lucílio”

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Nota: Este post é cópia quase integral do que foi publicado no Bulimunda's Blog, espaço que sigo há muito!

29 novembro, 2020

João, avança! Com toda a confiança!

Mas a verdade é que João Ferreira já há tempos que avançou, com a confiança que no vídeo é patente. O João, desde que deu conta de ir avançar, não tem parado, num lufa-lufa que, no entanto, parece não ter acontecido, pois a imprensa não mostra. E porque a imprensa não mostra? Aqui vai a resposta:

28 novembro, 2020

Eu, saloio, não escondo que o sou...

...mas reparo que no muito que já disse e escrevi neste espaço apenas por uma vez manifestei o meu orgulho em ser saloio. Por sorte, eis que alguém o veio fazer por mim, assim:

«Houve até um desses iluminados que, a propósito da realização do Congresso do PCP, falou em “habilidade saloia”.

Aqui temos muito orgulho na raiz saloia da nossa cultura, de gente empenhada há séculos na produção agrícola. A que se acrescentaram depois milhares de operários na cintura industrial e depois gentes de todo o país e de todo o mundo, à procura de uma vida melhor.»

26 novembro, 2020

Não, não sou nem serei um "novo normal"

Estão a ver a terceira fila, a contar de trás? E aquela segunda cadeira, a contar da esquerda? Talvez seja esse o meu lugar, confirmarei quando lá chegar. Terei o cuidado que normalmente sigo, e foi tudo normalmente preparado para que possa seguir as regras que normalmente são definidas pela Direcção Geral de Saúde... Assim, estarei onde há 5 anos atrás estive...

Ocorreu-me escrever este texto depois de ouvir a tertúlia entre Júlio Machado Vaz e Sobrinho Simões. Não, não estavam a falar sobre o Congresso, apenas referiram, um e outro, que detestam o "novo normal"... 
 

25 novembro, 2020

Maradona, "hasta siempre compañero"!

Também eu me associo ao tanto que por aí vai. Pensei em lembrar o seu encontro com Fidel Castro e juntar a sua entrevista onde fala e apoia o presidente Maduro para explicar que a grande adesão à sua imagem não se deve unicamente à sua genialidade nos relvados, ao seu poder de finta e ao domínio de bola. 

Desisto e opto pela canção a "Vida Tombola", de  Manu Chao.

Está lá tudo!

 


25 de Novembro, contado por quem foi personagem...


Conheci o Nuno ainda era miúdo. Ele também, pois teremos, mais ou menos a mesma idade. A confiança que tenho neste trabalho da RTP decorre do depoimento dele. Se ele não estivesse, não acreditaria no muito que aqui se diz. Não que o registo do dito não tenha sido o que se mostra. Mas, estou careca de saber, que há mil maneiras de manipular a História.
Mas porque a data merece, aqui fica um texto de um praça da armada, que esteve lá, de corpo inteiro:

24 novembro, 2020

E o programa passa já depois da uma da madrugada...

O meu neto é que me acordou...
Imagino a cena de o meu neto me ir encontrar, dormindo que nem um justo, pela certa de boca aberta, talvez pelo espanto da hora em que o programa foi para o ar ... é que já passava da uma da madrugada.
 A isso é que eu chamaria estar a gozar com que trabalha.
 

E só agora me foi dado ver... e só agora o posso mostrar

22 novembro, 2020

SETE MARES

"Sete Mares" (Jorge de Castro) ao lado do "Mar Arável"

A imagem está datada e é para mim memorável pois refere-se ao lançamento do meu livro e onde "Sete Mares" foi minha voz, fazendo leituras por "Sete Mares" escolhidas para lançar letras minhas.

Jorge de Castro (Sete Mares), lança agora (mais) um livro seu. A notícia deu-me ele, esta manhã, quase em simultâneo com um telefonema do meu camarada e amigo Cid Simões (Voar Fora da Asa) a pedir-me algumas notas biográficas do Jorge.

Uma coisa de cada vez:

Primeiro - O livro, de que respigo do seu prefácio: «Os tempos que vivemos são estranhos à vida. Demasiado torpes pela mão do ser humano, que vem povoando o mundo com jeitos de mal viver e sem qualquer engenho ou arte manifesta para inverter a corrente dominante.
Este meu livro tem a veleidade de pretender fotografar esse mundo fugaz e episodicamente, através das imagens que nos estão geograficamente mais próximas. E, apesar dos pesares, com a réstia de esperança necessária, imperiosa e sempre urgente
.» já está à venda e este é caminho para poder adquiri-lo.

Segundo - das notas biográficas pedidas pelo Cid diria, para já que de Jorge de Castro poderei dizer que, tendo começado a andar pelos seus pés com a idade de um ano, ainda não parou. 

Mas ele diz, de si, um pouco mais:

21 novembro, 2020

No outro lado do Mundo há outro Mundo (quando li isto, fiquei com os olhos em bico)

Mulheres da etnia Miao numa aula de programa de treino de mandarim na aldeia de Wuying, na Região Autónoma Zhuang de Guangxi, têm razão para estar sorridentes, é que nessa região (Sul da China) se...

"...conseguiu varrer a pobreza dos seus 54 distritos, depois de eliminar o fenómeno nos últimos oito onde persistia, segundo anunciou o governo regional esta sexta-feira."

Mas não só, também na província de Sichuan, onde...

"...As autoridades desta região no Sudoeste da China, cujas zonas montanhosas foram durante muito tempo uma «cidadela de pobreza extrema», declararam na passada terça-feira que tinham conseguido libertar deste flagelo todo o seu território.

O governo provincial de Sichuan indicou que sete distritos da Prefeitura Autónoma Yi de Liangshan foram os últimos da província a sair da lista nacional de pobreza. Em Liangshan vive o grupo mais numeroso da comunidade Yi em toda a China. Dos 5,3 milhões de habitantes, 2,8 milhões pertencem a esse grupo, refere a Xinhua.

A mesma fonte indica que a prefeitura combatia há muito a pobreza extrema – uma tarefa dificultada pelo terreno montanhoso. Em 2013, a região registava 881 mil pessoas em situação de pobreza.

Nos últimos cinco anos, a prefeitura levou a cabo uma grande campanha contra a pobreza, construindo mais de 10 mil quilómetros de caminhos rurais, mudando 350 mil habitantes para novas casas, financiadas pelo governo, e ajudando 215 aldeias a desenvolver a sua economia colectiva."

20 novembro, 2020

O meu quarto levou, tal como a minha vida, uma volta...

Tal como a minha vida, meu quarto levou uma volta. Quero lá tudo. O que fui, o que fomos e o que me motiva, apesar de tudo, a continuar a vida.

Quero, quando lá entrar e enquanto lá estiver, ter todas as memórias perto de mim. Tê-las próximas. A imagem dá o exemplo de uma parte do quarto, a menos íntima. Os objectos foram escolhidos demoradamente. Todos têm o seu significado: à direita, as minhas sucessivas passagens por África (Angola, Argélia, Moçambique e Guiné); à esquerda, o peso que o mar tem no meu percurso de vida. Representam, de algum modo, um projecto iniciado com o meu livro e que, de modo nenhum, se esgota nele. E essa é a mensagem que está expressa no quadro (que muitos já reconheceram a autoria). É que:

As árvores velhas - mesmo quando tristes - também dão frutos

 


19 novembro, 2020

Veio um bilhete postal do Bonfim...


Não vou repetir o que vos tenho dito. Mas há um erro que tenho de corrigir. Na verdade não fui um LyS.O pela simples razão que os repúblicos de hoje, mais de 40 anos depois, ainda me reconhecem como tal. 

E veja a imagem. Reuniram para me mandar a mensagem.

Abraço, pessoal e parabéns por mais um centenário!

18 novembro, 2020

Mais uma comovente mensagem

 

Muitos foram os textos sob a etiqueta Educação e Jovens que publiquei neste meu espaço. Este não é mais um. Dedico-o a todos os professores e lanço-lhes um desafio:

Repliquem a lição nas vossas aulas. Sigam o guião e depois abram discussão e fomentem o diálogo!

E porque os professores não são os únicos a quem compete dar educação, sigam todos a lição e transmitam-na a filhos, netos, afilhados e sobrinhos.

Eu, por mim, já venho fazendo isso!

17 novembro, 2020

Vhils sabia onde fica a "praia da minha vida"...


Vhils*, até parece que me conhece, que sabe os caminhos que tenho percorrido, pelo que passei e passo. Vhils até parece que conhece o meu passado, que sou saramaguiano até ao tutano e que amiúde o vou lembrando. 

Assim, será por acaso que escolheu "a  praia da minha vida" onde mora o melhor da minha memória, em sua última morada? Será por acaso que terá escolhido Saramago para o colocar a morar no mesmo mar?

E as palavras de Saramago, por ele escolhidas para apresentar a sua genial obra, parecem-me ser dirigidas, ou me sinto como sendo seu destino:

"Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira, pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular, como os espojinhos que atravessam o campo levantando poeira, folhas secas, insignificâncias, que para mais não lhes chegam as forças, bem melhor seria vivermos em terra de tufões.”
José Saramago, A Jangada de Pedra

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* As imagens acima resultam de uma montagem minha a partir do vídeo que se encontra no facebook de Vhils

16 novembro, 2020

Mesa Redonda (11) - Tema: A blogosfera, desistir ou continuar nela?

Apresentação, contar da esquerda: Eu, Meu Contrário e Minha Alma

Eu (virado para a assistência, com a sala quase vazia): Esta Mesa Redonda é decisiva. Ou fecho esta janela ou continuo nela. A decisão é pesada, nada fácil, pois há 10 anos que ando nisto e estou com a sensação que o tempo gasto nesta, me impede de abrir mais janelas p´ro Mundo. Por isso vos convoquei para que me ajudem na decisão. Quem quer tomar a palavra?

Minha Alma (pensativa): Julgo que foste precipitado a fazer pré-anuncio de fechares este espaço sem nos teres escutado. Lembra-te, que mais que tu só, somos um colectivo...

Meu Contrário (interrompendo): Deixa-te de tretas, ele tem o nosso mandato. Tudo o que disser, assino por baixo. E lembro que ele referiu que anunciou o fecho deste espaço salvaguardando que tal decisão não tinha carácter definitivo certamente porque nos vinha convocar. Passemos aos argumentos.    Diz tu primeiro.

Minha Alma (gaguejando): Eh pá, sei lá! É verdade que a blogosfera já não é aquilo que era. Que parece que de ti esperam eternos e repetidos interregnos para coisas belas, poemas, textos bucólicos bem construídos e  pejados de alegorias ou metáforas, e nada de actos apelando à cidadania. Mas se teu lema era "O meu acto de cidadania é um constante (e militante) apelo à resistência...", fechar esta janela é desertar de um projecto. É fechar um diário por acabar. É deixar de resistir...
Eu e Meu Contrário (em coro): Isso mesmo!

(... e os três saímos dali cheios de ânimo para continuar!)

15 novembro, 2020

Irá meu neto seguir as pisadas do meu avô?

Como já vos tinha dito, meu neto está comigo. Na hora de decidir dar rumo à sua vida, já tem alinhadas algumas ideias e acrescentei mais uma: seguir as pisadas do meu avô, que tinha sido, em tempo há muito ido, um marujo. Contactei quem sabe e pode e de pronto se fez uma conversa definindo-se possíveis horizontes. Se for assim, acontece assim. Se for de outro modo, pode ser outra a carreira. E falou-se de salários e aspectos adversos de uma vida entregue ao mar.

Ontem, antes de ir onde vos disse que fui, dei-lhe boleia até à doca de Santo Amaro (Marina de Alcântara) e ali deu inicio à primeira sessão. Contou-me depois do seu agrado e do que tinha aprendido. Para que serve e como se manobra o leme, em situações normais e nas mais apertadas. Como fazer o barco redopiar sem sair do mesmo lugar. Passou a saber dar nome à frente, chamando-lhe proa e à traseira chamando-lhe ré. Fazer rumo à esquerda, só pode ser bombordo e acelerar em frente é responder à voz de "Avante!".

Não sabe ainda se irá ser marujo no futuro. Para já, está a aprender a navegar.  Se souber quem também queira, esta é a porta a que bater e pode dizer que vai da minha parte!


 

14 novembro, 2020

Se sou eu? Sim, claro!

«Quando o senhor Primeiro-Ministro diz aos empresários da restauração que podem receber os seus clientes às 12H30 para almoçar e às 13H00 metê-los na rua, está a ser no mínimo cruel. »
(...)
«Não será com um pequeno apoio de 20%, para os dois fins-de-semana, calculado com base na média dos 44 fins-de-semana (período que engloba 10 semanas de encerramento ou actividade reduzida), que se resolve e ultrapassa uma situação que já era difícil e que se agravou com a Pandemia.»
(...)
«A CPPME, que desde o início da pandemia, em março, apresentou um conjunto de propostas para atacar a crise económica e social que se avizinhava, lamenta que o Governo não as tenha aproveitado e colocado em prática.»
(...)
«A CPPME, com o sentido de responsabilidade que a tem orientado nestes 35 anos de existência, tem vindo a apresentar medidas estruturantes e transversais a todos os sectores de actividade, incluindo a restauração.»
(...)
«A CPPME partilha da vossa indignação e estou aqui, em sua representação, para manifestar a sua solidariedade para com os micro e pequenos empresários dos sectores que se mobilizaram para esta dramática manifestação»

Extratos da m/intervenção em representação da
CONFEDERAÇÃO PORTUGUESA DAS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS - CPPME
E, falando em dramatismo, oiça-se o dramático depoimento do chef Ljubomir Stanisic e o seu alerta: 
"Olhem para nós estamos literalmente a morrer".


13 novembro, 2020

Não há teima sem dois teimosos. Um de um lado e o outro... no outro.

Este título, um tanto esdrúxulo, tem a ver com a discussão do Orçamento de Estado. De um lado há a matéria em discussão,  e do outro as propostas de alteração. Se há propostas e se insiste nelas quem as propõe, podíamos chamar persistência, mas chamemos teimosia. Do outro lado, temos o Governo que teima em não ceder. Se a negociação falha, no essencial, o Orçamento não passa.

É aqui que vem à baila falar-se em responsabilidade e é aqui que passo a transcrever de um artigo que acabo de ler:

O ministro de Estado e da Economia, num canal do PS para as plataformas digitais, procurou, esta quarta-feira, atribuir aos partidos à esquerda a responsabilidade de, caso o Orçamento vir a ser chumbado, tal possa significar uma possível «entrega» do poder à direita, incluindo partidos reaccionários como Chega.

Mas, senhor ministro, onde ficam, neste quadro, as responsabilidades do PS? Num período difícil para os trabalhadores e as populações, em que o desemprego aumentou, em que se regista uma escalada no atropelo aos direitos dos trabalhadores, em que o Serviço Nacional de Saúde se debate e estica para responder a todas as solicitações em plena pandemia, as opções orçamentais do Governo serão decididas e fortes para fazer face à situação que gera desespero e descontentamento?

Estas afirmações de Siza Vieira vêm na sequência de outras que têm sido proferidas por membros do Governo e dirigentes do PS que, ao invés de procurarem trazer ao debate público as opções fundamentais que possam robustecer o país a nível económico e social para enfrentar a crise, procuram sacudir a pressão que sentem por não se desamarrarem de constrangimentos nas contas públicas, em particular vindos da União Europeia.

Para não «entregar» o futuro do País à direita, talvez o ministro de Estado e da Economia devesse pensar em como encontrar mais receitas, junto do grande capital, para dar respostas às funções sociais do Estado que gritam por mais meios técnicos e humanos; ou, entre outras, quais as medidas necessárias para defender os trabalhadores ou os reformados.

|do AbrilAbril

 

12 novembro, 2020

«VIRAM POR AÍ A DEMOCRACIA?»

Tenho, ultimamente, insistido a trazer a este meu espaço textos com sabor facebookiano numa tendência que agora refreio. Temo estar a ter um comportamento que me coloca como mais um personagem dessa sugestiva e simbólica imagem. Retiro a venda, solto a mordaça e dou voz ao escrito que bem alerta para os riscos que ameaçam o mundo. Tirem a venda, e leiam com olhos de ver. Isto. Assim:

«Que há de comum entre a farsa globalizada das eleições norte-americanas e a banalização da imposição de situações que reduzem a pouco mais que resquícios os direitos cívicos dos cidadãos a pretexto, por exemplo, da saúde pública? Na verdade, tudo. São manifestações comuns de uma maneira cada vez mais excepcional de olhar a sociedade em todo o mundo gerido pela ortodoxia neoliberal, ditada pela crise em que continua a afundar-se a própria ortodoxia neoliberal.

11 novembro, 2020

S. Martinho baralhou-se porque lhe baralhei a lenda...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conta outra lenda
(que há tempos inventei)
que foi neste dia feita rica oferenda,
a Baco, Deus verdadeiro.
(como verdadeiros são todos os deuses)
A oferenda reunia um vinho divinal
e um cesto de bela , doce e quente fruta.
Tomou o gosto ao vinho
e procurou, procurou, procurou...
Não encontrou,
no meio de tanta fruta,
que desgraça tamanha,
nem um única castanha!
Ia morrendo de raiva, de ira, de susto!
E por ter tão fraco magusto
decretou que ninguém mais nesta data
bebesse vinho, nem bom nem mau,
nem sequer zurrapa.
Seus súbditos e outros seguidores da fé
tementes a Baco, inventaram bebida estranha
que dá pelo nome: "Água-pé" 

Imagem de Baco, tirada daqui
 
(Claro que tudo isto é treta,
depois da jeropiga já nem sei o que diga...)

10 novembro, 2020

Da minha janela - 6 (ou aquilo que eu não disse ao meu neto...)

 

Estava ali especado há tanto que o Miguel não se conteve com um "Então, avô?" ao que eu lhe respondi que era frequente eu estar à janela a escrever e quanto é mais fácil, depois, ir ao meu espaço e passar a limpo.  

Apetecia-me dizer-lhe que contrariamente ao que ele poderá pensar, as janelas não servem só à contemplação. Apetecia-me dizer-lhe o que é possível ver de uma janela. O que nos diz uma rua, uma praceta, mil telhados e a sarjeta. Dizer-lhe como nos fala uma trepadeira, o que nos canta uma árvore e como nos sussurra a palmeira. Apontar-lhe o rio que me passa diante do pensamento e que raramente transborda as margens físicas, de tão acalmado correr e explicar-lhe que o meu pensamento não é assim tão calmo e sossegado pois frequentemente me inunda o sonho e, embarcando nele, como chego muito para lá do horizonte...

Ia a dizer tudo isso ao Miguel mas contive-me a tempo... É cedo para que entenda e aprenda a ver da minha janela. 

Talvez amanhã...

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Texto reescrito a partir de um outro que conta mais de dez anos

09 novembro, 2020

«NOVO IMPERADOR, VELHO IMPÉRIO» - II

 
 
Vem este vídeo, a propósito, ilustrar o texto de ontem. Parco em comentários (apesar das muitas espreitadelas), sustento que tal rarefacção se deverá à  benevolência com que muitos dos meus seguidores aceitarão, resignados, que o Diabo tenha escolhido o mal menor. Mas, repito, o mal menor é mesmo mau... e estou convicto como então ficou dito
"...os Estados Unidos continuarão a portar-se internacionalmente como um país fora de lei..."

08 novembro, 2020

«NOVO IMPERADOR, VELHO IMPÉRIO»

Disse, a tempo para ser dito, que viesse o Diabo e escolhesse. Veio o Diabo, e escolheu. Escolheu, do mal, o mal menor mas o mal menor é mau mesmo. Parece, isto que agora digo, uma heresia. Seria. Seria, não fosse a História. Seria, não fosse este passar a pente fino de uma trajectória e, assim...

"...os Estados Unidos continuarão a portar-se internacionalmente como um país fora de lei enquanto, internamente, lidarão com uma degradação social cada vez mais difícil de disfarçar. Os partidos financiados pelo Big Business fizeram o seu jogo quadrienal, mas em relação a isso há um aspecto que salta aos olhos de todos: a consulta eleitoral sofreu de todos os males que Washington costuma denunciar noutros países e que servem para justificar mudanças de regime, golpes de Estado ou mesmo invasões militares. É a lei do império, mas um império em decadência: atentem nos dois candidatos a imperadores.

Editorial de Strategic Culture/Adaptação O Lado Oculto

07 novembro, 2020

Sem cerimónia ou ritual, o momento da entrega da chave...

Ontem a azáfama foi intensa e hoje, sábado, foi ao mesmo ritmo. As filhas vieram e qual fadas puseram cada coisa em seu lugar depois de descobrir um lugar para cada coisa. A despensa, o armário do corredor, o quarto do meio e os dos fundos, um o meu, o outro para o meu neto. É verdade, o Miguel veio viver comigo!

Sem cerimónia ou ritual, a entrega da chave assinala, todavia, ser hoje o primeiro dia do resto da minha vida! O mesmo é dizer ser igualmente o primeiro dia do resto da vida dele!

Vamos ver!...

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06 novembro, 2020

Às vezes me pergunto se entre nações também não deveria ser assim...

A "Cuca" não é uma conquista minha. É sim o fruto de uma aproximação reciproca. Quando nos conhecemos a coisa parecia não ir dar certo. Ela ladrou-me e teria rosnado se soubesse, na sua tenra idade, como seria esse manifestar de hostilidade. Passei-lhe ao lado e passei o serão sem lhe dar atenção. Nos dias que se seguiram a relação foi sendo a mesma mas tendencialmente mais amistosa até que deixou de me ladrar e eu, de vez enquanto, estendia-lhe a mão que ela ia farejando até que surgiu a lambidela correspondida com uma festa.

Hoje consumou-se a confiança reciproca. Sou seu amigo e ela, Cuca, é minha amiga.

 

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05 novembro, 2020

Recuo e cedo!, de facto que dizer que gostava dos americanos (todos) era exagero...

Corrijo o meu engano, por quem nutro simpatia é pelo povo americano. E, por lá, há muito saramaguiano

Quanto ao gosto pelas canções. Gosto! É através de muitas delas que fico a conhecer melhor o seu povo, os esquecidos, os humilhados e ofendidos de que já dei, há tempo, um claro exemplo... e fico na canção a conhecer também quem persegue, humilha e ofende...

Mas há quem goste de outro modo, e fique até apanhado. Ora veja o caso

04 novembro, 2020

Ontem citei, hoje cito também (...e ainda dizem que não gosto dos americanos...)

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Quando estiveres triste Quando estiveres solitário E não tiveres nenhum amigo Lembra-te que a morte não é o fim
Bob Dylan

Anti-americano, eu? Olha-me esta!

Foi uma acusação que me foi dirigida. Pode-se considerar ser contra um povo quem, como eu, não se cansou em trazer a este espaço os vultos grandes da sua cultura popular?

E não sou apanhadinho pelo Bruce, apesar do lugar de destaque que lhe tenho dado. Mas desde autores que marcaram a minha infância (Tom Sawer)  até àquele  que ganhou um surpreendente Prémio Nobel (Bob Dylan) não tenho feito omissões sobre as minhas influências e esta outra não terá sido menor.

A noite eleitoral vai ser tão longa, que não se esgotará nela. 

Mas, ganhe quem ganhar, vai tudo continuar igual. Entre um e outro, venha o Diabo... e escolha.

02 novembro, 2020

UM ASSUSTADOR DUELO DE SOCIOPATAS

Hoje, mais uma vez, faço o papel de intermediário sem acrescentar nada meu. Mas sinto, dado o momento, que é preciso. Não é tempo para fazer apelo ao ato distraído de assobiar para o lado. Nem é tempo para, mesmo através de um texto criativo, ignorar que o que se passa é mesmo assustador... como a seguir se dá testemunho:

É comum ouvir dizer que Donald Trump não aceitará os resultados das eleições norte-americanas de terça-feira no caso de não lhe serem favoráveis. O que frequentemente se omite é que acontece exactamente o mesmo do lado democrata, onde Hillary Clinton apela a retomar a Casa Branca através de qualquer meio e em quaisquer circunstâncias. Intenção poucas vezes recordada porque é “politicamente correcto” ser-se democrata ou porque a vantagem atribuída pelas sondagens vai esfumando esse cenário. Seja como for, não está garantido que as eleições sejam pacíficas, democráticas e conclusivas no país que pretende ser a luz da democracia. Um país onde a escolha dos eleitores - mas com repercussões em todo o mundo – está restringida a dois sociopatas, ambos carregando assassínios além-fronteiras às suas costas. Estas eleições não seriam, portanto, um caso de política mas sim de polícia se o mundo estivesse nas mãos de gente docente. Mas não: os sociopatas é que mandam – um ou outro, escolha o leitor se conseguir ou achar que neste cenário ainda há lugar para o mal menor.  

Pepe Escobar, Asia Times/Adaptação O Lado Oculto

O que acontecerá dentro de horas, a 3 de Novembro? Como replay mais real que a vida da famosa máxima hollywoodiana: "Ninguém conhece todos os factos."

Pronto!, entrei na campanha...

Não há muito lancei o anúncio, porventura já esperado, do meu apoio à candidatura e deixei, então, a promessa de voltar ao tema... e como não há promessa que não cumpra aqui estou...  e deixo o desafio para que vejam/oiçam tudo de-fio-a-pavio.

01 novembro, 2020

As Vinhas da Ira - O Fantasma da América Moderna



Símbolo de indignação e revolta, 'As Vinhas da Ira' de John Steinbeck, publicado em 1939, causou grande escândalo. 80 anos depois, os temas abordados passam a ter uma actualidade mais que evidente.

Romance de indignação e revolta, um livro de culto que se tornou profético

Símbolo de indignação e revolta, "As Vinhas da Ira" de John Steinbeck, publicado em 1939, causou grande escândalo. 80 anos depois, os temas abordados no romance são mais actuais do que nunca: trabalho, justiça, devastação capitalista, financiamento da economia, migrantes...

Através de excertos de filmes, vídeos inéditos e correspondência do arquivo pessoal do escritor norte-americano, testemunhos de historiadores, especialistas em Steinbeck, economistas e escritores, o documentário de Priscilla Pizzato analisa um livro de culto que se tornou profético.