31 março, 2019

Dominical liturgia [citando Sophia] - 11

 Hoje escolho um texto porque lhe encontro dentro um desafio, o tal que há muito venho sentindo:
Recomeçar em cada coisa
em cada manhã recomeçar o mundo
 e, passo a citar Sophia

«"O grito da cigarra ergue a tarde a seu cimo e o perfume do orégão invade a felicidade. Perdi a minha memória da morte da lacuna da perca do desastre. A omnipotência do sol rege a minha vida enquanto me recomeço em cada coisa. 

Por isso trouxe comigo o lírio da primeira praia. Ali se erguia intacta a coluna do primeiro dia – e vi o mar reflectido no seu primeiro espelho. Ingrina.



É esse o tempo a que regresso no perfume do orégão, no grito da cigarra, na omnipotência do sol. Os meus passos escutam o chão enquanto a alegria do encontro me desaltera e sacia. O meu reino é meu como um vestido que me serve. E sobre a areia sobre a cal e sobre a pedra escrevo: nesta manhã eu recomeço o mundo."
Sophia.
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

Sophia de Mello Breyner Andresen, 
in 'Livro Sexto'

30 março, 2019

28 março, 2019

Será a quadrilha quem escolhe o policia?


Escrevem, por aí, que «Carlos Costa e Vítor Constâncio marcaram 20 anos de supervisão bancária. E falharam em vários momentos cruciais. Os dois são as "estrelas" da primeira semana de audições sobre a gestão da Caixa.»

Eu já tinha escrito, por aqui, que «O sistema financeiro é um quebra-cabeças embora não se veja ninguém de cabeça partida e todos parecem gozar boa vida: os banqueiros, os grandes accionistas, os reguladores, os supervisores e o próprio Governo. A teia enleia e dela mal se percebem os contornos. Mas então, se não há respostas, formulemos perguntas. »

E elas, há muito formuladas, continuam com respostas... da treta!




27 março, 2019

O PS e coisas que a gente não esquece


A rejeição desta proposta (e de outras) retirará por certo efeito prático àquela outra de grande impacto na redução das despesas familiares... não é novidade... há coisas que a (nossa) gente não esquece.

E a palavra-de-ordem é sempre a mesma "a luta continua" ou, dizendo de outro modo,
"água mole em pedra dura, tanto dá até que fura"

...e já antes tinha acontecido
Mas... tanto deu, até que furou! 



25 março, 2019

Rio? Ria, também!

foto: sábado.pt
«O principal objetivo do PSD para as próximas legislativas, quer vença ou perca as eleições, passa por "afastar o Bloco de Esquerda e o PCP da esfera do poder"(...) só assim o país terá condições para implementar as "reformas estruturais" necessárias.»
Só de me lembrar disto, rio!
Ria também!
    ...e fico a pensar que merda de reformas estruturais quererá o Rio mais?

    24 março, 2019

    Dominical liturgia [citando Sophia] - 10

    Lembro que há tempos vos dei a notícia de ser um desenhador de sonhos. Opinei depois que, de certa forma, somos todos Desenhadores de Sonhos. Desenhamos de diferentes formas, mas a melhor é desenhar por gestos, gestos-ação, acompanhados de palavras-de-ordem, ou de cânticos, ou de protestos, ou por versos.

    Desta vez desenhámos versos, e foram tantos. Nesta liturgia não me coube a mim citar Sophia mas foram muitos o que o fizeram. Na impossibilidade de registar tudo, fica o que disseram de Sophia os nossos convidados

    Manuel Diogo e Domingos Lobo, o autor do texto

    LEMBRAR SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
    «A moral do poema não depende de nenhum código, de nenhuma lei, de nenhum programa que lhe seja exterior, mas, porque é uma realidade vivida, integra-se no tempo vivido. E o tempo em que vivemos é o tempo de uma profunda tomada de consciência. Depois de tantos séculos de pecado burguês a nossa época rejeita a herança do pecado organizado. Não aceitamos a fatalidade do mal. Como Antígona a poesia do nosso tempo diz: «Eu sou aquela que não aprendeu a ceder aos desastres». Há um desejo de rigor e de verdade que é intrínseco à íntima estrutura do poema e que não pode aceitar uma ordem falsa.

    Nem essa "ordem falsa", nem as injustiças foram aceites por Sophia. Católica, vinda de uma família da grande burguesia, rica e culta, Sophia não deixou de se solidarizar com os mais frágeis, de erguer a sua voz cívica e sem artifícios contra um tempo injusto, para nos dizer Que não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência mas que somos, por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser.

    Uma poesia que tem esta força, esta determinante humanista, está viva, tem uma perenidade que a torna exigência singular da arte da palavra - e atrela-se ao futuro.»

    Extrato do trabalho de Domingos Lobo
    segue, texto integral

    23 março, 2019

    Venezuela e o que (não) se diz dela! - VII

    A Venezuela e o seu povo estão a ser submetidos a profundas e prolongadas faltas de energia eléctrica que afectam milhões de pessoas e o funcionamento dos serviços essenciais, como os de alimentação e saúde. As investigações sobre as causas do fenómeno conduzem, sem qualquer dúvida, à ocorrência de uma nova fase da guerra terrorista conduzida contra a Venezuela pelos Estados Unidos e os seus agentes internos, à cabeça dos quais se encontra o “presidente interino” Juan Guaidó. A ocasião parece propícia para desvendar a existência do projecto de agressão imperial conhecido pelo nome de código “Nitro Zeus”*.
    Whitney Webb, MintPress

    A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros tem em seu poder, há nove meses, cartas de observadores internacionais das últimas eleições presidenciais venezuelanas invalidando toda a argumentação de Bruxelas e de governos de Estados membros sobre a suposta falta de legitimidade da consulta popular. As posições europeias contra o governo de Caracas “têm apenas motivações políticas, porque não podem ser suportadas por alegadas incorrecções eleitorais, que não existiram”, afirma-se no próprio departamento chefiado pela italiana Federica Mogherini.
    Pilar Camacho, Bruxelas

    A Organização das Nações Unidas ignora até hoje o relatório sobre a situação na Venezuela apresentado em Setembro por um especialista independente enviado pela própria ONU ao país sob bloqueio económico dos Estados Unidos desde 2013. Primeiro emissário da ONU no país latino-americano em 21 anos, Alfred de Zayas acredita que as suas conclusões num relatório sobre a Promoção da Ordem Internacional Democrática e Equitativa não foram analisadas porque vão contra a narrativa dominante de que a Venezuela precisa de uma mudança de regime. O próprio Conselho dos Direitos Humanos não fez mais que breves considerações sobre o trabalho.
    Carlos Drummond, Desacato

    A estratégia golpista na Venezuela segue um guião que não é de hoje e tem quase tanto tempo de vida como a Revolução Bolivariana. E que não hesita em tirar proveito do sofrimento de milhões de pessoas. A organização CANVAS, financiada pelos Estados Unidos e que treinou Juan Guaidó e os seus aliados, elaborou um memorando em 2010 dedicado à exploração de apagões eléctricos, instando as oposições a regimes independentes dos Estados Unidos a “aproveitar a situação… como resposta às suas necessidades”.
    Max Blumenthal, Grayzone Project
    PODE LER ISTO TUDO
    O LADO OCULTO
    clique aqui 
    __________________________
    *Em 2016, Estados Unidos teriam um plano elaborado para um ataque cibernético massivo às principais infraestruturas do Irão, logo nos primeiros dias da administração Obama tomar posse. A notícia era do New York Times e também do Buzzfeed. Já nessa altura o plano tinha o nome de código ‘Nitro Zeus’.

    22 março, 2019

    Eu, a Maria João e a "Pedra Filosofal"


    Chegara ali apoiada em mim e por quem mais a isso se prestara, amparando seu andar trôpego, mas firme. Entre a porta de entrada e a sala parámos algumas vezes. Sentou-se na fila da frente. O inicio da sessão foi, como se esperava, pleno de silencioso respeito.

    Sob a projecção da imagem de Sophia, ia acontecendo o alinhamento programado da sessão, e nele coube Domingos Lobo apresentar trabalho seu sobre a obra, a poetisa, a cidadã, a mulher e sobre "a fala cúmplice, essa necessidade de relação com o outro, com Jorge de Sena, porventura o mais prolongado diálogo epistolar da nossa Literatura. Jorge de Sena enviando a Sophia um exemplar  da sua Pedra Filosofal». Quando de seguida, Domingos Lobo, passou a ler a missiva de Jorge a Sophia, olhei a testa franzida e incrédula dela. Não sei se a minha também não estaria assim, eu que me confesso pouco conhecedor da obra de Jorge de Sena...

    A sessão continuou e foi como no próximo domingo contarei. No fim, comentámos a nossa incredulidade sobre a autoria da Pedra Filosofal, e a coisa ficou por aqui não sem antes termos trocado eufóricos adjectivos sobre a sessão.

    Chegado a casa, fui tirar a limpo, e dei com este poema de Jorge de  Sena que certamente Sophia também terá lido:
    BALADA DAS COISAS E NÃO

    Há coisas na vida mais belas que a vida
    coisas terríveis tão belas ocultas
    que coisas não são
    sabemos acaso os nomes o gesto
    da incerta presença
    sorriso mais vago
    perfume sonhado
    sombras solenes
    luzeiros tremendo
    ah não
    sentir não sentimos
    pensar não pensamos
    nem mesmo que é nada
    se é belo ou não belo
    se parte se fica
    se é excesso ou se é resto
    há coisa terríveis
    estranhas não são
    alheias dispersas
    talvez também não
    mais belas que a vida
    que a vida perdida
    ansiosa ou maldita
    diremos acaso que nomes que gesto
    mas quais e porquê?...
    Ah não.

    JORGE DE SENA, 
    in PEDRA FILOSOFAL (1950),
     

    21 março, 2019

    Talvez a mensagem mais bela, deixada numa sala cheia


    A mensagem... (ouvida em mandarim, é linda)


    A sala cheia
    Depois conto, na próxima "Dominical Homilia (citando Sophia)"
    Para já, ficam imagens expressivas
    E muitos agradecimentos
    por tão belos momentos...

    20 março, 2019

    Irmandades... II

    Há irmandades sem avaliações entre os interesses de quem se irmana, o que ao nível das relações entre nações pode ser mau, mas não é péssimo.
    Na irmandade entre Trump e Bolsonaro houve quem pesasse (ver vídeo abaixo)... e Marcelo terá de reconhecer que Portugal ainda irá pagar pelos estilhaços... é que aquilo que acontece a "irmãos" tarde ou cedo atinge toda a família...

    19 março, 2019

    DIA DO SOGRO...

    Ainda me lembro de como recebia, cartõezinhos com desenhinhos: uns a lápis de cor, outros com colagens misturadas com pinturas a guache, outros ainda a aguarelas. Todos com dizeres. Recebia-os de todas elas, acompanhados de beijinhos, abraços e com corações desenhados.
    Gostei até de um troféu que (quase) me convenceu que era o melhor pai do mundo.
    Acho que, sem lhes dar grande importância, fui gostando e até guardando. Mas há tempos mudei de opinião. Achei que, para manter a família coesa, para quem é pai de filhas, que se devia proclamar dia 19, exéquo, dia do pai e do sogro. Foi então o por mim proposto. Agora se assim não for, que assim não seja. Mas cá em casa continua na mesma.
    Mantém-se assim, como então decretado.
    E fica o assunto encerrado. 


    Na envolvente, a câmara captou sons de pequena gente...
    eram os netos 
    (esse video continua tecnicamente uma desgraça, mas passa.
     O assunto é sério... )

    17 março, 2019

    Dominical liturgia [citando Sophia] - 9


    RETRATO DE UMA PRINCESA DESCONHECIDA*
    Para que ela tivesse um pescoço tão fino
    Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
    Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
    Para que a sua espinha fosse tão direita
    E ela usasse a cabeça tão erguida
    Com uma tão simples claridade sobre a testa
    Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
    De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
    Servindo sucessivas gerações de príncipes
    Ainda um pouco toscos e grosseiros
    Ávidos cruéis e fraudulentos
    Foi um imenso desperdiçar de gente
    Para que ela fosse aquela perfeição
    Solitária exilada sem destino
    Sophia de Mello Breyner Andresen, Dual, 1972
    _________________________
    *Poema que tinha destinado ao Dia Internacional da Mulher mas que por razões conhecidas adiei para hoje...

    16 março, 2019

    Redacções do Rogerito (44) - [Carta aberta à Greta]

    Querida Menina Greta tal como prometi à Teresa aqui vai esta carta aberta para toda a gente ler depois de fazerem gazeta a que chamam greve para fazer pressão sobre nem sei bem quem porque fazer pressão é a melhor coisa para o planeta ter salvação.

    Querida Greta ouvi por aí que vai ser proposta para ser nobelizada mas então eu não entendo o que é que a paz tem a ver com a pegada ecológica embora saiba que a guerra anda amarrada à tal pegada pois onde há petróleo por certo anda guerra perto.

    Querida Menina Greta nós aqui temos uma pegada tramada e eu que tenho muito lido sobre tudo isso explico que um porco que é animal que todos nós comemos tem uma pegada elevada mas é diferente se o porco vem de Espanha ou se é criado ao pé da gente e veja Querida Greta a quantidade de petróleo que é preciso refinar para produzir o gasóleo necessário para trazer para o pingo doce uma vara de porcos e também trazer  os morangos os tomates os pepinos os pimentos e os brócolos de espanha ou trazer o feijão verde de marrocos ou trazer as batatas e as cebolas de frança o que me faz pensar se o destino de Alqueva não será o de vir a ser um grande tanque de águas residuais o que será um desperdício ecológico.

    Em próxima manifestação que esta seja convocada para a porta de uma grande superfície com desfile para o ministério da agricultura e que a palavra de ordem seja 
    "a bem do equilíbrio ambiental queremos mais produção nacional" 
    ou então 
    "para salvar o ambiente queremos uma horta ao pé d´gente".
    Faça o mesmo lá na suécia e faça-o depressa!


    Me assino
    Rogerito

       ____________________

    Clique aqui na galeria e descubra de que forma as suas escolhas alimentares têm impacto no ambiente. Não se esqueça de acrescentar depois o impacto do transporte do prado ao prato.
     

    15 março, 2019

    Carta aberta aos milhares de estudantes portugueses na rua em defesa do clima


    Caros jovens, caros estudantes manifestantes,

    Escrevo esta carta sem a expectativa de esta vir a ser por vós lida. Assim, é para mim quase uma descarga de peso de consciência, pois, verdade se diga, eu próprio estou fazendo pouco para inverter a situação.
    Mas essa vossa manifestação também não.

    Se é alerta, é tardio e mal dirigido. É tardio, pois tudo tem a ver com o petróleo e este não tarda a acabar. É mal dirigido, pois a manifestação deveria ser assertiva e centrar-se na promoção de  comportamentos exemplares a começar por vós, vossos pais, tios e avós.

    Como comportamentos exemplares cito o povo cubano e o que pode o poder da comunidade em contrariar tudo aquilo que agora, meus caros jovens manifestantes, estão a alertar quanto às alterações climáticas, quanto à  disponibilidade de água potável, quanto à desflorestação, quanto à diminuição do número de mamíferos e quanto às emissões de gases com efeito de estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis.

    Dizem, meus caros, que aquelas questões estão todas “no vermelho”, sendo que as medidas para as mitigar são dececionantes e dizem ainda que “A humanidade não está a fazer o que deve ser feito urgentemente para salvaguardar a biosfera ameaçada”. E gritam "A Terra esgotou a sua paciência e nós também", "Justiça climática já", ou ainda "Estado de Emergência", os jovens gritam palavras de ordem entre as quais a mais reclamada é: "Não há Planeta B".

    Meus caros estudantes manifestantes,

    Que tal fazer com que o mundo assuma que o petróleo no próximo ano pumba, nicles, já não há! Que tal fazer de Cuba um "case study" para o tal "Planeta B"? Eu sei, eu sei. Virão dizer que o pico petrolífero (ainda) não se confirma e que vai continuar a haver petróleo a rodos... que Cuba é isto e mais aquilo... Pois!

    Se me lerem, atuem. Comecem por impor a discussão do tema. Verão que vale a pena.
    Rogério Pereira
    _______________________________

    Este texto foi inspirado num post antigo da Manuela Araújo em "Sustentabilidade é Acção"

    14 março, 2019

    É que está mesmo na hora dos EUA serem invadidos pelos estados unidos!

    Marcha anti-Trump

    Porque "As palavras são armas", vamos lá medi-las e avalia-las:
    «Os Estados Unidos são uma terra de fortes contrastes?
    - São!
    É uma das sociedades mais ricas do mundo?,
    - Sim, é!
    ... mas a sua imensa riqueza e especialização contrastam de forma chocante com as condições em que vive um grande número dos seus cidadãos?
    - Ok, contrasta!
    Cerca de 40 milhões vivem na pobreza, 18,5 milhões em extrema pobreza e 5,3 milhões vivem em condições de pobreza absoluta como no Terceiro Mundo?
    - Ah!... sim, e depois?
    Tem a maior pobreza juvenil e as maiores taxas de mortalidade infantil dos países da OCDE.
    - O quê?
    A longevidade dos seus cidadãos é das mais curtas e o estado de saúde dos mais peníveis em comparação com todas as outras democracias ricas
    - Uhm!?
    ...as doenças são cada vez mais prevalecentes, e tem a maior taxa de encarceramento do mundo…
    - Porra, e eu a pensar que o meu patrono exagerava (é que brasileiro é dado a exagero, né?)...

    13 março, 2019

    Até sempre camarada Armando Caldas


    «Alguns historiadores de teatro podem ser tentados a escrever uma História sobre o Teatro, e não uma História do Teatro, registando apenas a acção dos seus génios, para o que não faltarão exemplos ilustrativos; no entanto, a História do Teatro não é feita apenas destes génios, há que registar os que eu apelido de obreiros, sejam autores, encenadores, actores, musicólogos, técnicos das mais variadas especialidades, …, e que em Portugal, como naturalmente em outros países, são os mais esquecidos. Falemos de um: Armando Caldas.»
     Assim falou (e foi falando) quem lhe conhecia a obra, a capacidade de luta, a persistência colocada na defesa da cultura...

    Eu lembro-o como meu camarada

    Partiu a noite passada.
    Até sempre, Armando!
    ______________________________
    Velório, hoje dia 13 de Março, a partir das 16h40, nas Capelas Mortuárias dos Jerónimos. Amanhã, dia 14 de Março, funeral a partir das 15h45, em direcção ao Cemitério de Barcarena, para ser cremado.

    12 março, 2019

    A fotografia é na Venezuela ou na Síria?


    A fotografia tanto pode ser de Caracas como de Damasco.
    Esta, por acaso, não é Damasco.
    Sobre o apagão na Síria, escrevia-se, em 2016, nesta notícia:
    «A rede de energia foi cortada em todos os distritos do país” (...)“Já estão em andamento ações para tentar descobrir as causas do corte no fornecimento.” 
    Sobre o apagão na Síria, Edward Snowden não tem papas na língua. Sobre o da Venezuela, há versões diversas. Mas eu partilho da opinião que se trata da mesma mão e da mesma intenção, e o que tuitava Rubio prova isso...

    Que o mundo se erga contra a ameaça! Venezuela quer paz!

    11 março, 2019

    Venezuela e o que (não) se diz dela! - VI

    Federica Mogherini, a União Europeia arrastada na estratégia de Pompeo para a Venezuela, fechando os olhos à realidade

    OBSERVADORES NA VENEZUELA ACUSAM UE DE “FALSIFICAÇÃO”

    (vem tudo, no Lado Oculto
    A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros tem em seu poder, há nove meses, cartas de observadores internacionais das últimas eleições presidenciais venezuelanas invalidando toda a argumentação de Bruxelas e de governos de Estados membros sobre a suposta falta de legitimidade da consulta popular. As posições europeias contra o governo de Caracas “têm apenas motivações políticas, porque não podem ser suportadas por alegadas incorrecções eleitorais, que não existiram”, afirma-se no próprio departamento chefiado pela italiana Federica Mogherini.

    Quanto a cartas, uma (de muitas) assim reza
    sem qualquer resposta:

    10 março, 2019

    Fernando Midões, in memoriam (1933-2019)


    Partiu Fernando Midões, meu camarada e amigo. Não há muito, escrevi sobre ele através da pena de quem, conhecendo-lhe o carácter, lhe rendia homenagem. Partiu o seu sorriso tímido. Apagou-se aquele brilhozinho nos olhos. Fica-me a memória de um homem inteiro e o orgulho de ter feito parte do seu passado e de ele ter feito parte do meu.

    Até sempre, Fernando!


    O velório irá decorrer, a partir de amanhã, dia 11 pelas 18h00
    no Centro Funerário Santa Joana Princesa
    Rua Lagares D'el Rei, nº 24 , 1700-268  Lisboa

    09 março, 2019

    As mulheres não desistem!


    Hoje cravos vermelhos percorreram as ruas
    As mulheres não desistem!
    Ao muito conquistado em Abril, há muito ainda por que lutar...

    08 março, 2019

    As Geribérias irão devorar os Cravos?


    As Geribérias
    são belas
    São belas
    as Geribérias
    Mas se a moda pega
    Adeus memória

    Hoje, dia histórico
    com memórias de Abril
    ficaram os Cravos
    onde os querem esquecidos

    amanhã estarei na rua
    de cravo vermelho
    em punho! Contra as Geribérias
    que são tão belas

    Elas!

    05 março, 2019

    "Os telemóveis" e Camões...


    Segundo dados da PORDATA teriam sido matriculados, em 2017, nos 2º, 3º ciclos e no ensino secundário, mais de 800 000 alunos. Para o meu juízo, os do ensino superior serão já caso perdido...

    A que me refiro? Não à canção, nem ao seu canta-autor, mas ao incómodo de Camões quando o poeta, depois do festival assistiu ao monologo (abaixo) e logo desabafou, usando um telemóvel: "Rogério, para a nossa criançada, não há gramática que lhes valha, o Conan acabou com a esperança que restava" Retorqui, com pouca convicção "Talvez venha a ser no Cairo, o próximo Festival da Canção"

    04 março, 2019

    João Lourenço, outro guerreiro?


    Oiço e vejo João Lourenço.
    Recuso-me a comentar a entrevista. Limito-me a recomendar que seja ouvida e vista. Se aqui venho é para me identificar com sentimentos comuns quanto a exemplos: um, o de Agostinho Neto, o Moisés de Angola, que levou o seu povo à Terra Prometida; o outro, Nelson Mandela, por tudo o que ele disse e por mais aquilo que eu já aqui, um dia, vim dizer.

    Também ao ouvir e a ver me levou a memórias tidas (e escritas) sobre um discurso do guerreiro e da minha resposta, da qual transcrevo meus últimos versos:
    «Sabes? Se semeámos futuros de ódio, de tribalismo e de guerra
    haverá colheita de horrores e de mais miséria
    A independência é apenas o regresso
    é tão só e apenas o assegurar de um recomeço
    Faz o que tens de fazer
    Teu povo o irá agradecer
    Mas será ainda longa a sua luta.»

    Rogério Pereira

    03 março, 2019

    Dominical liturgia [citando Sophia] - 8


    Hoje estou confuso, não sei que máscara usar nem a máscara que uso...
    ...como usar a máscara mais adequada ao tempo em que vivemos?
    Data

    Tempo de solidão e de incerteza
    Tempo de medo e tempo de traição
    Tempo de injustiça e de vileza
    Tempo de negação

    Tempo de covardia e tempo de ira
    Tempo de mascarada e de mentira
    Tempo de escravidão

    Tempo dos coniventes sem cadastro
    Tempo de silêncio e de mordaça
    Tempo onde o sangue não tem rasto
    Tempo da ameaça.

    Sophia de Mello Breyner Andersen

    02 março, 2019

    Eu (palhaço), o corso e um acto inesperado


    Eu digo do palhaço
    o que qualquer palhaço diz de mim
    Se é carnaval
    apalhaçar, ninguém leva a mal

    Melhor,
    meu neto gosta!
    Talvez por isso
    me ofereceu
    inesperada prenda