31 julho, 2023

COM A MARIA JOÃO ESTÁ TUDO BEM... EXCEPTO O QUE ESTÁ (muito) MAL

Embora estivesse a pensar visita-la, o encontro foi ocasional. Falámos de muita coisa e, naturalmente, da saude ou da falta dela. Entre uma coisa e outra lá fui dizendo que me iam chegando perguntas sobre o seu estado, por parte dos muitos amigos que visitavam a sua página. Ela pediu-me para a todos dizer o quanto gostaria de escrever e comentar mas que ainda não pode nem sabe quando o poderá fazer. 

Dei-lhe ânimo e ela deu-me um sorriso.

E porque falo da Poeta, nada mais me ocorre que voltar a publicar um seu belo soneto que me dedicou:

NÃO HÁ FIM PARA O SONHO. NÃO HÁ FIM...
Não há, neste planeta, mar nem céu,
Estrada longa demais, alta montanha,
Ponte suspensa sobre um medo teu
Que te trave esse sonho e, coisa estranha,

Um pouco desse sonho é também meu,
Um nada dessa chama em mim se entranha
E aonde chegar, chegarei eu,
Pois nisto ninguém perde. Só se ganha.

Não há fim para um sonho construído,
Nem haverá lugar para o vencido
Num sonho desta forma partilhado

Se, quando te pareça estar no fim,
Vês que mal começou dentro de mim
E que outros vão nascendo a nosso lado.
Maria João Brito de Sousa – 02.05.2018 
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30 julho, 2023

O LIVRO QUE VOU ESCREVENDO - Cap. 003

A sala de cozimento onde se inicia todo o processo de fabrico da cerveja

  

A SURPRESA E O APRENDIZ

 

Minha Alma há pouco me perguntava se me lembrava de quem estava, quem me recebera e me deu a descrição detalhada das minhas responsabilidades, seu âmbito e relações funcionais, aos mesmo tempo que circulávamos pelas instalações

 

A surpresa foi minha, a dele nenhuma. A avaliar pelo seu sorriso largo ele sabia. O reencontro foi um apertado e longo abraço, assim como foi longa a conversa, relembrando tempos e lutas em que participámos juntos na Direcção da Associação de Estudantes do Instituto Industrial de Lisboa a que ele presidia (eu tinha dois pelouros, a secção cultural e o das relações externas).

 

Diz-me ele, num tom entre a afirmação e a pergunta: - “Foi aquele teu texto no jornal da Associação que fez com que te suspendessem o adiamento da incorporação militar, não foi? Chegaste a ir à guerra?

– “Acho que sim! Para a incorporação compulsiva ter-se-á, também, somado ao facto de ser delegado à RIA onde quase todos eramos simpatizantes do Partido... talvez a exceção fosse a Helena Roseta mais um ou outro... quanto à guerra... fui mobilizado para Angola, onde fui enfermeiro e...”

Ele, interrompendo:

- “Olha, vem mesmo a calhar! Tudo o que fazias ou orientavas, para tratar da saúde ao pessoal, pode agora ser ajustado, em termos de conceito, ao tratar da saúde aos equipamentos. Basta fazer o paralelo; vacina ou anti palúdico não é, nem mais nem menos, que a manutenção preventiva; ferida, de queda ou tiro, passa, numa máquina, a ser a reparação de uma avaria ou seja manutenção curativa...”

Desta vez fui eu a interromper:

- “...e um ataque cardíaco?”

Resposta pronta:

- “Por falta de manutenção, as máquinas também gripam”

 

Ambos soltámos uma sonora gargalhada, posto que ele comentando que bastava de conversa, ali e naquela altura, lembrando que lhe competia mostrar-me o avanço da montagem da fábrica, para meu enquadramento.

 

Entrámos numa nave, elevada, e eu fiquei espantado com a beleza daquilo a que chamei “depósitos” que ele imediatamente corrigiu esclarecendo que se tratava de “panelas” e lá foi dizendo que era naquela sala de cozimento que todo o processo de fabrico começava.

 

Eu, o aprendiz, nunca mais o interromperia no decurso da visita.

Continua

27 julho, 2023

O LIVRO QUE VOU ESCREVENDO - CAP. 002

Esta foi uma das fontes que sequei


PRODUZIR CERVEJA SEM ÁGUA

 

O meu primeiro dia de trabalho foi o da minha apresentação e ficou para sempre registado na memória da Minha Alma que assim me recorda: “Lembras-te de teres chegado atrasado por a entrada estar bloqueada por manobras de um camião gigante carregado de equipamentos para a implantação da fábrica? Lembras-te da surpresa de teres sido recebido por um teu companheiro de lutas antigas, que te explicou o desafio, as tarefas prioritárias até ao arranque da fábrica? Lembras-te?

 

Claro que me lembrava. A entrada, para a Quinta do Grajal, era servida por uma florida azinhaga que partia da Estrada da Carregueira e terminava no portão de acesso à quinta centenária e a atravessava. A pouca distância, do lado esquerdo, uma casa apalaçada, onde funcionavam os serviços administrativos da empresa, dois ou três gabinetes destinados às chefias e, ainda um refeitório. Do lado direito da azinhaga, a uma maior distância, ficava um estábulo, uma vacaria e um casarão que servia de dormitório ao pessoal que trabalhava na quinta.

 

Alegóricamente, estava perante um real caso de como a indústria invadia o espaço rural, violando-lhe a bucólica vivência e cultura. 

 

Mais tarde, uns poucos meses, deixei de levar para a família, diariamente, o leite da última ordenha da tarde, pois os animais ou foram abatidos ou vendidos e todo o pessoal dispensado.

 

Talvez porque sofri com isso, por raiva minha, passado pouco mais de um ano, a fábrica encerraria e a marca Cergal passou a ser produzida pela Sociedade Central de Cervejas.

 

Sim, a culpa foi minha, pois sequei todas as fontes ali e à volta em toda a serra e ... sem água não há cerveja.


Continua

 

 


 

26 julho, 2023

"NÃO CULPEM MAIS NINGUÉM, SOU EU O CULPADO" - O livro que estou escrevendo Cap. 001

 OPÇÃO DE CARREIRA 

 

Corria o ano de 1972, já liberto da guerra colonial, sem que Minha Alma se tenha detido fardada e ainda pairassem sobre mim memórias recentes de afetos, angústias e medos tidos e vividos por terras de Angola, fiz-me à vida.

 

 Fiz-me à vida com alma renascida e com a convicção de o caminho a percorrer deveria ser escolha minha, meditada e assumida em cada passo que viesse a dar.

Familiar próximo e querido, intercedeu no sentido de encontrar emprego e assim aconteceu. Recebi dois vencimentos, mas não cheguei a receber o terceiro pois num dado momento, folheando um jornal diário, encontrei um anúncio ocupando um quarto da página destacando, em título, “PROGRAMADOR DE MANUTENÇÃO FABRIL – ADMITE-SE” e acrescentava, em pedagógica redação, o perfil da função bem como os requisitos que delimitavam o âmbito das respostas por parte dos candidatos. 

 

Meu Contrário (que para quem não saiba, é meu juízo) de pronto me deixou o incentivo: “Parece esgalhado para ti, força!”

 

Minha Alma reforçou: “Responde. Sempre sonhaste com ambiente operário e depois, programar é ordenar e quem ordena manda, fundamentando tal mandar!”

 

Assim aconselhado, respondi ao que se pedia e de pronto entrei em processo de recrutamento. Manipulei ao meu jeito os testes psicotécnicos. Nas entrevistas “pintei a manta” falando do meu passado como se me vendesse e na entrevista final, conduzida por um dos sócios da firma de consultoria subcontratada para o recrutamento, respondi a todas perguntas de modo argumentado e, por convincente, fui informado, passados alguns dias, que fora admitido.

 

A empresa? 


Fábrica em construção, na Venda Seca (Belas), e que viria a ser a CERGAL – Cervejas de Portugal, SARL 


Continua

 

 

24 julho, 2023

NUMA JORNADA, PREPARANDO A FESTA (aquela que não há outra como ela)


Foi ontem, domingo, depois de em jornada anterior se ter dado condições ao grande armazém para ali se fazer a refeição, ela ali se deu.

Eu sentei-me onde calhou me sentar. A cozinha foi cinco estrelas (deixei o meu merecido aplauso), comi farinheira julgando ser alheira e o prato a preceito estava um espanto e tanto. 

Dispensei a sobremesa (doces, não!, pois o meu pâncreas reage mal...)


A tertúlia foi também de cinco estrelas e me emocionei com a terna amizade de tantos, tantos camaradas... (tal momento passou a fazer parte da terapia, do meu tratamento).

A conversa, contudo, não se prolongou pois no terreno a obra não esperou e lá foram seguindo para as tarefas esperadas.

Eu, por razões conhecidas e compreendidas, fiquei por ali... mas ainda deu para colher esta bela imagem.




 

23 julho, 2023

O PRESIDENTE MARCELO (o que eu escreveria sobre ele se eu soubesse assim escrever...)


Este texto até nem é meu, embora por vezes até pareça, mas... de seu a seu dono:
"ele é omnipresente: onde houver desgraça ele leva um abraço, onde houver festa ele leva um foguete, onde houver escuridão ele leva holofotes, onde houver assunto ele leva opinião e nunca declina.

ele é o único ator desta novela: faz de amante, de amado, de herói e de vítima, faz de conta, chora e ri, fala como se fosse autêntico e também declara.

ele é o único artista deste circo: anda no trapézio, seguro por redes e cordas, preso por cordões transparentes faz equilíbrio,  é palhaço, é macaco, é dromedário e também declama.

ele é doutor: nunca sujou as mãos e está sempre a lavá-las, lava também o corpo e o seu passado todos os dias, nasceu de barriga para o ar e de barriga para o ar há de morrer e nunca defeca.

o espetador escolheu-o e gosta dele quando já enjoa, faz que acredita nele quando sabe que mente, vê-o sempre branco mesmo que troque as tintas, bate-lhe palmas quando não lhe acha graça e vai em sua defesa.

só nos faltava este, nascido e criado pela Outra Senhora, nunca foi esquecido nem se deixou esquecer, ei-lo em toda a parte, ei-lo ator, artista, professor doutor.
- senhor espetador apresento-vos ao vivo, por cabo, por antena e internet: Carmona, Craveiro, Tomás, Spínola, Costa, Gomes, Eanes, Soares, Sampaio, Cavaco, Silva num só, o omnipresente e impotente presidente... do conselho - Marcelo!

in O Rei dos Leittões 



 

22 julho, 2023

HÁ 35 ANOS ATRÁS... NINGUÉM ME RECONHECEU! (nem eu)


Não fui eu que, vaidosamente, me fui procurar no tempo. Foi o Artur, elemento da minha equipa na C&L, que me enviou o vídeo para documentar uma página do livro que estou escrevendo. 

Quando publiquei isto, não sei se muita gente viu ( e foram apenas dois os comentários), aposto que ninguém me reconheceu. Passaram-se 35 anos, usava óculos da moda, gravata, fina fatiota e tinha mais peso (o corpo, não a consciência).

Se isto que aqui lembro é importante? Claro que não! Mas o contexto e o acontecimento, sim (e não os esqueço)!
 

21 julho, 2023

PORTUGAL!


Depois do símbolo nacional
ser hasteado ao contrário* 
pela mão de Cavaco 
celebra-se o rumo 
que há muito
nunca bateu certo

(*) Foi neste mesmo dia, há dez anos atrás

19 julho, 2023

MINISTRO EMUDECIDO FAZ TEATRINHO COMIGO (em 1988)


Teatrinho: peça curta, em só um acto, pois o Ministro tem passo rápido.
Palco: espaço de exposições da EXPONOR com um turbilhão de gente de um lado para o outro
Figurantes: sócios da empresa que divulgava trabalho sério, alguns consultores e um grupo de gente importante que fazia parte da comitiva do Ministro.
Sobe o pano: 
Eu (em tom cerimonioso) - Por aqui, Sr. Ministro!
Ministro (mudo abanando a cabeça em sentido afirmativo)
Eu (apontando um quadro) - Este projecto vai ser um sucesso, pois vai resultar na redução do tempo de fabricação!
Ministro (mudo abanando a cabeça em sentido afirmativo)
Eu (apontando outro quadro) - Este outro projecto, nesta multinacional, irá propiciar, além da redução do tempo de fabrico, reduções muito significativas de quantidades de produtos em espera e de incorporação de mão-de-obra!
Ministro (mudo abanando a cabeça em sentido afirmativo)
Eu (aproveitando a paragem do Ministro olhando um outro quadro): Esse projecto é já um "case Study" que está a ser apresentado na Universidade!
Ministro (abanando a cabeça em sentido afirmativo) - Muito bem (e estendeu-me a mão, em gesto de despedida) 
Cai o pano!

 Mais de 30 anos depois percebi a mudez do Ministro... ela preconizava já o que veio a acontecer. Só uma pequena parte daquelas empresas sobreviveu a outra, não morreu, mataram-na!

NOTA: 1988 seria o ano em que tudo começou (ora leia na página 33 o que lá se escreve):


18 julho, 2023

"NÃO CULPEM MAIS NINGUÉM, SOU EU O CULPADO!" (o meu livro já tem guião)

Há uns dias, assumi o compromisso, escrever mais um livro. Explicava então o que me levara a isso e dizia mais:

"...sobre o meu projecto que já tem título provisório: "Não culpem mais ninguém, sou eu o culpado!" e o tema tem a ver com a desindustrialização do nosso País, pois a grande maioria das empresas por onde deixei rasto, ou fecharam ou ficaram reduzidas a quase nada ou foram vendidas a multinacionais que levaram para outros países as suas sedes e, por arrastamento, seus chorudos lucros."

Quem tramou a CIMPOR? Ora quem haveria de ser?... eu!
(claro que esta minha confissão é uma trágica ironia, ora leia)
 

17 julho, 2023

SERÁ MESMO SOBRE O AEROPORTO? EU CÁ ACHO QUE SE TRATA MAIS DE OUTRA PROMOÇÃO


Sim, eu acho que se trata, de forma indirecta, da promoção da venda da TAP. O Ministro diz não haver pressa na pressa que tem...
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.» 
José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148

 

15 julho, 2023

SÁBADO, UM DIA CHEIO DE FORTES EMOÇÕES

 

A meio da semana, o João M. Freitas Branco ligou-me a dar a notícia: o Rui Andrade tinha tido um AVC e entrara em coma induzido e com prognóstico muito reservado. No dia seguinte deu-me a triste notícia. Ontem, decorreu o velório. Hoje de manhã deu-se a cremação e participei, emocionado, à prestação das merecidas homenagens dizendo de mim para mim "os nossos mortos não morrem"...

Quem era o Rui? Um camarada que comigo fora eleito pela CDU, em 2017, para representar esta força política na Assembleia da minha Freguesia. Um camarada que, por estarmos juntos a defender os interesses das populações e a lutar por reclamações antigas, fiquei a conhecer em toda a sua dimensão, quer na humana quer na honestidade política, aprofundando uma relação de sincera amizade.

Até sempre, camarada!

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Mas as emoções deste sábado não se ficaram por aqui e as vividas, de tarde, foram no sentido de reforçar o meu ânimo. Desde as canções que trago dentro de mim, até às palavras gritadas com determinação, tudo isso mexeu comigo e me provocou grande emoção. 

A sala principal da Voz do Operário não chegou. Foi preciso montar um ecrã gigante noutro recinto para acolher todos os que quiseram participar no ato de solidariedade "Juntos por Cuba", com a presença do Presidente Miguel Diaz-Canel.

Das intervenções ouvidas reforço a convicção:

MUDAR O MUNDO NÃO CUSTA MUITO, LEVA É TEMPO E REQUER EMPENHAMENTO



14 julho, 2023

TENHO EM MIM... SONHOS ASSIM!


Se tenho em mim o que Fernando tem nele? Sim, tenho! 
E mais declaro, usando as palavras de Saramago (outro sonhador)

"Dentro ou fora de mim, todos os dias acontece algo que me surpreende, algo que me comove, desde a possibilidade do impossível a todos os sonhos e ilusões. É essa a matéria da minha escrita, por isso escrevo e por isso me sinto tão bem a escrever aquilo que sinto."

13 julho, 2023

O ESTADO DA NAÇÃO (QUASE IGUAL AO ESTADO EM QUE ESTAVA HÁ 11 ANOS)

(Reeditado do post publicado em 13/07/2012


No prédio do Rogérito, a Dª Esmeralda e a vizinha do 4º andar, a conversar..

Vizinha do 4º andar (muito nervosa) - Sabe lá, ontem foi a minha filha a pedir-me para vir para cá, que a escola não tem lugar para ela e o marido... olhe nem percebo. O que sei e que os dois estão sem trabalho... e hoje, ainda agora... (e desata a chorar)
Dona Esmeralda - Ó vizinha tem de se acalmar!
Vizinha do 4º andar - Acalmar, acalmar... como me posso acalmar se o parvo do meu marido acabou de dizer ao meu cunhado que o vai ajudar a pagar o IVA, lá daquilo, que ele abriu... e que o que ganha nem dá para mandar cantar um cego...  Eu bem disse que aquela coisa, lá do turismo, lá no meio do mato, só iria ter procura de gente humilde e sem poder dar o dinheirão que eles estão a pedir...
Dona Esmeralda (para a consolar) - Deixe lá... isto tem de mudar. Isto vai mudar!
Vizinha do 4º andar (parando de chorar) - A sério? Acha mesmo? Mas como? Mesmo que o governo acerte as contas eu fico com uma casa cheia de gente desempregada, sem pé-de-meia, só com dívidas...
Dona Esmeralda (agora com voz convicta) - Isto vai levar uma volta. A dívida vai ser renegociada. Vai ser renegociada nos montantes, nos prazos e nas condições... vamos pagando um valor que não se ultrapasse o valor de uma determinada percentagem das exportações. Isso já foi feito quando a Alemanha, depois da guerra, estava de tampanas. Só assim será possível evitar o descalabro da sua vida, da dos seus filhos e da dos seus netos. É que só assim é possível libertar os recursos necessários ao crescimento do país, à criação de emprego, ao desenvolvimento.
Vizinha do 4º andar (pensativa) - Quem disse?  Isso de ir pagando à medida do que formos produzindo, faz sentido. Quem disse isso?
Rogérito (gritando da janela) - Quer ouvir? Quer ouvir? Então oiça... oiça até ao fim (e pôs o computador à janela, para que o som chegasse até ela)



11 julho, 2023

A MINHA PRÓXIMA OBRA TERÁ NOVE MESES DE GESTAÇÃO


PANORÂMICA DA MINHA "UNIVERSIDADE" (Siderurgia Nacional - Seixal 1974/75)

Partilho hoje convosco um compromisso, recentemente assumido: escrever (mais) um livro. Ontem mostrei essa intimidade onde a gestação vai acontecer, com prazo igualmente assumido. 

Eis algumas explicações e, de certo modo, a sinopse do que vou dar à letra:

Primeiro, explico como me lancei nisto. Nada como fazê-lo de forma documentada: começou assim (ler aqui) e foi reforçado com a oferta de um poema que me foi dedicado (ler aqui).

Segundo, dou estas "dicas" sobre o meu projecto que já tem título provisório: "Não culpem mais ninguém, sou eu o culpado!" e o tema tem a ver com a desindustrialização do nosso País, pois a grande maioria das empresas por onde deixei rasto, ou fecharam ou ficaram reduzidas a quase nada ou foram vendidas a multinacionais que levaram para outros países as suas sedes e, por arrastamento, seus chorudos lucros.
Não pensem que o estilo irá ser pesado! Nada disso! Minha escrita terá a ironia ajustada e cada prosa será escrita com a oralidade com que se conta um conto a uma criança. 

Tal compromisso, vai ser um sarilho em termos de trabalho aturado, designadamente quanto ao tempo que levarei nos arquivos da Direcção Geral da Indústria a recolher dados, para depois poder construir a fundamentada narrativa, trabalho a desenvolver na intimidade onde agora vivo!

Este é o meu compromisso ! Sereis vós os seus juízes perante tão grande culpa!

09 julho, 2023

UM DIA... SENTI-ME PALMA... HOJE VOLTO A RECORDAR ESSE DIA (na esperança de que se repita)

(reedição)


Pelos ternos afectos
De filhas, genros
Compadres e netos
Sinto-me Palma

Pelos sorrisos
E doces mimos
Ofertas de vizinhos
Sinto-me Palma

Porque onde me abasteço
Da padaria ao supermercado
Me ofertam sorriso rasgado
Sinto-me Palma

Porque no meu partido
Em cada camarada
Tenho um solidário amigo
Sinto-me Palma

Porque em frente da minha janela
Se ergue uma árvore
Respeitada por toda a comunidade
Sinto-me Palma

É verdade, sim
Hoje me senti assim
Depois de me sentir
Frágil

Encosta-te a mim!
Faz-me sentir como o Jorge!

08 julho, 2023

ENQUANTO HOUVER ESTRADA P´RA ANDAR, EU NÃO VOU PARAR!


5o anos de carreira não é brincadeira. Dessas tantas canções, entre outras que me fizeram sentir Palma (a ponto de me inspirar um poema), trago esta outra. E trago-a, não só porque me entrou na alma mas, sobretudo, porque me dá ânimo. Ora reparem:

Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem á batota
Chega a onde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada pra andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
A liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo

Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada pra andar

A gente vai continuar
Enquanto houver estrada pra andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar

Enquanto houver ventos e mar

Jorge Palma

 Amanhã, domingo a partir das 14h, não perca (ele até cita Saramago)

07 julho, 2023

O SNS JÁ TEM METASTASES ESPALHADAS POR TODO O LADO... (NÃO SEI SE SE SALVA)


Se estão lembrados, tive a sorte de, à data, ainda o SNS funcionava e o cancro foi-me diagnosticado a tempo. Agora, o SNS (que está sem médico de família) já tem metastases espalhadas pelo seu magro corpo sem que se lhe descubra o núcleo. Cá para mim, este situa-se nas polícias que têm vindo a ser seguidas. Ora vejam este relatório clínico com todo o histórico do que vem criando, e agravando, tão maléfica doença:

"Passados 44 anos sobre aquele momento fundador em que o PSD votou contra o SNS, o projecto de reforma do SNS apresentado pelo PSD de Montenegro omite informação sobre o seu passado político. 

O PSD de Pinto Balsemão tentou rebentar com o SNS ao aprovar do decreto-lei nº254/82 que pretendia esvaziar de tal forma o SNS, que este desapareceria. Este episódio é contado num dos programas da série da RTP comemorativa da existência do Tribunal Constitucional. O então presidente da República, Ramalho Eanes, remeteu o diploma para apreciação da sua constitucionalidade e ... o TC chumbou-o! Porquê? Por pôr em causa o SNS constitucionalmente garantido. Ver aqui. 

O PSD de Cavaco Silva, com as suas duas maiorias absolutas no Parlamento, aprovou uma Lei de Bases da Saúde que colocou o SNS em concorrência com o sector privado da Saúde e obrigou o Estado - paradoxalmente - a ter como missão incentivar precisamente esse sector privado, em detrimento e prejuízo do SNS público. Ou seja, o velho projecto do PSD e dos donos do sector privado. 

Pior do que isso: a política económica seguida - primeiro com vista à adesão à moeda única e depois já sob as suas regras institucionais, aliás partilhadas com o PS, com efeitos de afastamento entre a periferia e o centro europeu - justificou desde os anos 90 uma política orçamental restritiva, que curiosamente se traduziu num subfinanciamento crónico do SNS, o qual foi desincentivando a permanência de pessoal, desarticulou serviços, reduziu a capacidade do serviço público cujos efeitos cumulativos hoje são visíveis.   

O PSD de Pedro Passos Coelho acentuou esta deriva ao adoptar o programa da troika - hoje tão criticado pelo próprio PSD, como obra do Governo Sócrates - para aplicar o seu programa neoliberal. Reduziu-se, cortou-se, drásticamente o investimento público, nomeadamente no SNS. 

O projecto do PSD de Montenegro critica a gestão orçamental do PS, mas omite a que foi realizada por Passos Coelho. O único gráfico com dados estatísticos desde 2011 refere-se a... pagamento a fornecedores e a contratação de serviços médicos. Curiosamente, neste último caso, os dados fornecidos passam de 2010 para 2015, omitindo-se o mandato de Passos Coelho. 

A julgar pelo seu projecto, o PSD de Montenegro está - mais uma vez! - mais preocupado com o sector privado do que com a saúde do SNS público. Por isso, as propostas são genéricas e implicam um sobrefinanciamento - não estimado! - na contratação do sector privado.   

O problema do PSD - juntamente com toda a direita e a direita do PS - é que, apesar de elogiar sem peias o SNS, na realidade ou militam contra ele ou não têm a coragem de afrontar os poderosos interesses deste sector que, como alguém já disse, é dos mais rentáveis, a seguir ao negócio das armas. 


 

06 julho, 2023

DA MINHA NOVA JANELA VEJO UM MAR... DE CRIANÇAS


Da minha antiga janela, via o mar através dela, desta vejo um mar de crianças e... verde, muito verde!
Na minha comunidade antiga mantenho uma comunidade amiga, nesta agora já tenho mil vizinhos amigos.
De uma janela a outra, de uma comunidade a outra, vai o salto de uma cobra: se for a passo, em 15 minutos chego; se não for a passo e for de carro, são 3 minutos com que o faço. Ora olhem só o caminho! 




 

05 julho, 2023

A DOAÇÃO DE LUIS RODRIGUES QUE FICARÁ NA MEMÓRIA DE QUEM VENHA A CONHECER A SUA OBRA...

"As árvores velhas... mesmo quando tristes... também dão frutos"
Esta a dedicatória que o autor me deixara no triplico 

O Luis enviou a notícia do seu nobre gesto. Li atentamente a dúzia de páginas que me enviara e comuniquei-lhe a minha decisão: "Vou publicar a tua obra (imagem colhida no meu jardim mas que irá parar a uma parede do meu quarto). Quanto ao texto, será tirado da tua entrevista à CGTP Cultura."
Deixem-me primeiro dizer-vos que, como reconhecimento, a CGTP não se limitou ao agradecimento pela oferta de um significativo conjunto de obras, foi mais longe: dedicou-lhe todo o conteúdo do Boletim, na sua edição de Maio de 2023, com honras de capa.
A páginas tantas, lá, Luis Rodrigues escreveu assim:
"Sobre a Arte, o que posso dizer é que no último encontro que tive com ela confessou-me friamente que já nada podia fazer por mim, que teria que ser eu a fazer alguma coisa por ela"

04 julho, 2023

TENHO A HONRA DE VOS APRESENTAR A MINHA NOVA SENHORIA! EI-LA!


Conheço-a e somos camaradas há mais de 50 anos, mas foi em Outubro de 2016 que esta cerimónia ocorreu, no Auditório da Biblioteca Municipal de Oeiras, ao ser-lhe atribuído o galardão de mérito honorifico, por um vogal da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Oeiras e S. Julião da Barra, paço de Arcos e Caxias:

a) Entidade/pessoa proposta: Maria Gabriela Bessa Tavares

b) Resumo curricular: Possui o bacharelato em Psicologia (Instituto Português de Psicologia); frequentou vários cursos de formação como monitora designadamente na Liga de Deficientes Motores, com especialização no trabalho com invisuais na Liga de Cegos João de Deus. A sua carreira profissional foi totalmente dedicada a assistir pessoas com deficiência, como Monitora do Ensino Especial no Centro Nuno Belmar da Costa (Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral).
Entre 2005 e 2013 foi eleita, pela CDU, na Assembleia da Freguesia de Oeiras e S. Julião da Barra, tendo, nesse período de dois mandatos, integrado a Comissão Social da Freguesia. Nos últimos meses, como suplente dos eleitos da CDU à Assembleia Municipal de Oeiras, tem vindo a participar, com regularidade, naquele órgão do Poder Local. Actualmente preside à Direcção da recentemente constituída associação “Desenhando Sonhos” - Associação de Reformados Pensionistas e Idosos da Freguesia de Oeiras e São Julião da Barra.
c) Fundamentação da proposta: A Gabriela Tavares, depois de uma vida profissional intensa e nos últimos anos desta, dedicou-se, em paralelo com a sua atividade no Centro Nuno Belmar da Costa, ao meritoso apoio aos idosos, desenvolvendo trabalho regular nas instituições sociais sediadas na Freguesia de Oeiras, designadamente no Centro Paroquial St. º António de Nova Oeiras, Centro Social e Paroquial de S. Julião da Barra (Medrosa) e no Centro de dia Oeiras S.Julião (Bairro do Pombal). Desse trabalho, junto das camadas socialmente mais vulneráveis, a Gabriela Tavares, em resposta a iniciativas da autarquia (Comissão de Apoio ao Idoso e Comissão de Educação e Cultura da Assembleia de Freguesia de Oeiras e S. Julião da Barra) apoiou a organização e foi a principal dinamizadora entre os grupos de idosos daquelas instituições, de projectos realizados em comum, com destaque para “Espantalhos, dê-lhes vida”, “Janelas Abertas a Oeiras”, “Vamos dar Asas a Oeiras” e mais recentemente, “Corações do Natal”. Destas iniciativas, merece relevância o projecto “Vamos dar Asas a Oeiras” pelas preocupações intergeracionais, ao colocar os idosos a colaborar com os alunos de “Artes”, do 11º ano da Escola Secundária Sebastião e Silva na reconstituição de pássaros e respectivos ninhos e na sua posterior exposição nas árvores do Jardim Almirante Gago Coutinho, em Santo Amaro de Oeiras. Por considerarmos que esta actividade da Gabriela, foi não só meritória pelos efeitos em relação à população a quem foi dirigida como também contribuir para a maior sensibilização e desenvolvimento da solidariedade da comunidade oeirense para com a situação do idoso na Freguesia.
d) Identificação de quem propõe: Eleitos da bancada da CDU Coligação Democrática Unitária
Rogério Vidal Pereira Rui Capão Andrade

03 julho, 2023

HOJE, FORAM ELAS QUE ANDARAM NUM LUFA-LUFA!

A "minha-do-meio" foi incansável. A "minha-mai-nova" incansável foi. E foi todo o dia num lufa-lufa que me vai deixar este meu novo ninho num paraíso. Se não tivesse umas filhas assim, era assim que eu gostaria que fossem as minhas filhas... 

Amanhã vem cá aquele meu ex-vizinho e "fiel jardineiro"... vai tudo ficar num mimo!

(Será que mereço tanto?)
 

02 julho, 2023

OUTRO DIA HISTÓRICO (estes são os meus novos vizinhos)


Entrar numa nova comunidade não sei se é difícil ou fácil (há mais de 53 anos que não me acontece) mas nada melhor que saber entrar e ser bem correspondido nessa diligência. Foi o caso deste jovem casal, que são os meus novos vizinhos e que habitam aqui ao lado há menos de um ano. Receberam com um largo sorriso a oferta do meu livro...

A foto foi tirada pelo pequeno Artur (terá cerca de sete anitos) e deixou este pedido:
- "Pai, logo contas-me um conto desse livrinho tão lindo?"
- "Artur, conto-te o livro todo, se te portares com juízo! Ah, e serás tu a contar um conto às tuas irmãs!"
Nada mal, para começar esta minha imersão no meu novo ninho, onde hoje, pela primeira vez, vou ficar com ainda muita coisa por arrumar...

 

01 julho, 2023

UM DIA HISTÓRICO (este é o meu inquilino)

Depois de ter vivido mais de 53 anos na mesma casa, hoje, ao a deixar, fizemos uma simbólica cerimónia: a entrega da chave a este, meu inquilino. Aclésio (de seu nome) e a sua já grande e simpática família já estão a instalar-se naquele que foi o ninho da minha querida prole...

Mas a minha comunidade não me perde e eu não a perco a ela. Podia lá ser? Não foi por acaso que escolhi a minha nova morada a dois passos desta.

As minhas filhas opuseram-se à venda e eu nem discuti. Até tive a sorte de a alugar inteiramente mobilada e, assim, não de desfiz de um património de tão rica e ternurenta memória. 

À saída até as paredes não reprimiram lágrimas...