30 janeiro, 2017

Trump? Falemos também de outros muros...


E se Trump fosse um cromo que apenas desse empolamento ao seu feito, sendo o que o diz ir fazer já é trabalho mais que avançado?
Ficava como eu fiquei: com cara de parvo!

Falemos então de outros muros, de que "ninguém" fala:

29 janeiro, 2017

O Público espalha a intriga e tenta "meter o pau na roda" da «Geringoça». Envenena-a...


Segundo o "Público", o PCP (que até é o Partido mais previsível do espectro partidário nacional) vem surpreender o PS. E dá a entender, na peça jornalística e também no editorial, que com uma surpreendente iniciativa parlamentar o PCP irá avacalhar a "Geringonça", quiçá romper com a coisa e arrebentar com o Governo.
Azar daquele "jornal de referência", pois vem logo de seguida o desmentido: afinal de contas o PS não está nada surpreendido (e eu ainda menos) e até se afirma aberto ao diálogo com PCP sobre a Carris.

Uma das questões colocadas pelos comunistas (entre outras), e que dará oportuna discussão, é  que “nas áreas metropolitanas os transportes devem ter uma resposta metropolitana” e não municipal – tanto mais que a Carris serve directamente outros concelhos (Almada, Loures, Amadora, Odivelas e Oeiras). 

Não percebe nada de transportes nem de áreas metropolitanas?
Não se incomode nem se iniba. Já ouviu falar de Barcelona?
Veja a solução!
Que tal?

28 janeiro, 2017

Poesia (uma por dia) - 89

pés debarro.jpeg
PÉS DE BARRO
Dar-vos-ia o que tenho, nada tendo;
O intenso travo a sal do mar que sou,
A fonte de onde o verso me brotou,
As mãos com que costuro e me remendo,

A dúvida, a certeza e quanto entendo
De uns dotes com que a vida me dotou,
A beleza que tive e já murchou,
A musicalidade a que me prendo,

A rosa, o espinho, a força, o estro, a chama
E tudo, tudo aquilo a que me agarro
Pr`a manter-me de pé, fugindo à cama...

Poeta sobre humanos "pés-de-barro",
- que mil vezes prefiro a ´mãos com lama`...
Eu dar-vos-ia o céu... por um cigarro!
Maria João de Sousa
in "poetaporkedeusker"

27 janeiro, 2017

A Academia, o "acordo" e o que pensa Mia Couto


Segundo percebo dos propósitos da Academia as  suas sugestões sabem a pouco.
É o que eu percebo, até por leituras muitas e tantas e esta, de Mia Couto:

«Venho brincar aqui no Português, a língua. Não aquela que outros embandeiram. Mas a língua nossa, essa que dá gosto a gente namorar e que nos faz a nós, moçambicanos, ficarmos mais Moçambique. Que outros pretendam cavalgar o assunto para fins de cadeira e poleiro pouco me acarreta.

26 janeiro, 2017

Poesia (uma por dia) - 88

O CEGO DAS ESQUINAS

- Digo-te a bruma coada na cidade, para êxtase do porvir. Incito-te ao levantamento do chão, onde adormecem lábios e pedras, murmúrios e salivas - só para te ver transgredir as pautas. 
- Digo-te uma luz ao fundo, numa campânula de sons em arco.
- Repara no cego.
- Repara no cão. 
Quando chega a casa- imagino um cubículo de madeira - o cego das esquinas mergulha as mãos no saco das bofetadas, retira-as para o tampo da mesa e conta o abandono a que o votaram em cada moeda coitadinha. 
- O cego das esquinas. O tempo de rastos.
- Quem anda a montar o tempo?
- São os donos dos prédios altos que fazem esquinas para cegos. 
- São os fazedores de cegos, os vendedores de concertinas.
Eufrázio Filipe
Caçador de Relâmpagos

25 janeiro, 2017

Poesia (uma por dia) - 87


Poema
No tempo em que os poemas falavam
havia uma madrugada para florir
um aroma de alecrim em cada mão
em cada olhar inocente uma prece
um povo inteiro a rogar redenção.

Calam-se agora os poetas ao verem
paradas as naus, e o mesmo povo
contente, co’ a liberdade de dar
aos vampiros de sempre,
sua carne, seu sangue em dádiva
consciente.

Cale-se então o poeta
que estrangeiro se sente
no seio da própria gente.
 Lídia Borges
"Seara de Versos"

24 janeiro, 2017

Para reflectir amanhã. Hoje é dia do tal 1º aniversário e, por sinal, bem assinalado

Assistimos hoje a festejos, bem assinalados. Foi o primeiro aniversário de um mandato presidencial e importa não estragar a festa.
Por isso, o que aqui escrevo hoje é para ser meditado amanhã.


Diz-se, em  título deste espaço, que não nos faltam palavras-adubo, palavras-semente... não nos faltam sequer ideias... o que nos falta é deixarmos de ser rendeiros da nossa própria terra. Acrescento: O que nos falta é deixar de pagar "dízimos" como antes não se pagavam, pois eram as leis menos severas do que as que hoje são ditadas por Bruxelas e agravadas pelos seus acólitos
«Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se fartem.»

23 janeiro, 2017

Aos governantes prepontentes não basta que o sejam, também terão que parecer que o são...


Lembra o titulo o lema aplicado à "mulher de César", coisa por mim rebuscada por este meu gosto de brincar com as palavras. Mas aplica-se. Todos os governantes da maior potencia mundial tinham um ar simpático e uma presença cordial. Era assim Clinton, era assim Bush, foi assim Obama cuja administração sai maculada por responsabilidades enormes na continuação da (des)ordem mundial, nos enriquecimentos ilícitos que terão aprofundado o fosso das desigualdades, na continuação de Guantanamo e na eternização das guerras, conflitos e tensões. 
Trump tem uma coisa rara, não esconde nada. Tem a alma na cara.
Mas... seria pobre este meu apontamento caso se limitasse a apontar o facto. 
O principal interesse deste meu escrito é chamar a atenção para textos de reflexão. Estes:

“Eu cá não sou de vinganças, mas quem mas fizer paga-mas!”

Fez ontem uma semana que terminou o 4º Congresso dos Jornalistas. É, portanto, cedo para podermos avaliar impactos, efeitos e consequências de tão importante evento...


(ler tudo, no Tornado)  

22 janeiro, 2017

O Mundo que estava péssimo, piorou. A questão é que me falta o adjectivo mais ajustado para lhe definir o estado

É conhecida a minha admiração pelo traço, pela sensibilidade e pela capacidade de, associando uma coisa a outra, fazer passar a mensagem. Esta* é de uma violência inaudita mesmo se retida e mostrada, numa qualquer artéria pacata, longe dos terrores da Síria, Israel, Iraque, Líbia e de outros tantos lados menos falados.
Se quiserem saber como este mundo pacífico não o estava sendo  "escutem" Banksy, onde a imagem vale mais que mil discursos, vale mais que mil empolgantes palavras.
Trump?
Com a vossa omissão e tolerância, esperavam o quê?
* streetart, 2014, num dos acessos ao Festival de Glastonbury .

21 janeiro, 2017

Trump, os Marretas e a minha improvável "estrela Michelin"


Perguntarão, ao ler o título, o que terá o cu a ver com as calças. Não há nada que não tenha explicação e eu dou-a: apesar da mais que evidente ausência de sectores relevantes da sociedade americana no apoio a Trump, ele fez-se eleger presidente; mesmo confrontado com o cerrado ataque dos democratas e de Hillary, ele venceu; mesmo com o elevado, sofisticado e bem criativo exposto do ridículo, ele ganhou o apoio do povo... 
O que se passou? Eu explico com um exemplo. E é assim:
Hoje, cozinhei para gente, muita gente, do meu partido lá no Centro de Trabalho. Tivesse o criativo The Muppets me ridicularizado o acto e comparado o meu desempenho ao do louco cozinheiro sueco e é muito provável que estivesse agora a receber uma Estrela Michelin. 
Isto é: Trump talvez não fosse presidente se lhe tivessem pegado pela parte em que era válido ter sido atacado. O pior é que eu não sei se haveria muitas...

20 janeiro, 2017

Chegou o susto! E agora?

"A Terra rebentará, podemos tê-lo por seguro, mas não será para amanhã. Do que estamos a necessitar é de um bom susto. Talvez despertássemos para a acção salvadora." 
José Saramago

Que a imagem seja viral! E o texto um apelo ao antivírus

(este post é cópia quase fiel deste, do Mar Arável)


CONTRA O MEDO
O colossal perigo para o mundo será Trump nacionalista assumir a vertigem do poder pessoal, por cima das instituições dentro e fora do seu país. 
No seu discurso de posse, pato bravo ignorou a Constituição, os direitos humanos e até os seus adversãrios. 
Populista imprevisível, perigosa criatura, prometeu o descalabro, o crescimento da temperatura e da desordem internacional. 
A menos que um novo David assuma a pedra nas ruas, 
contra o medo.

19 janeiro, 2017

"Reabilitação ou comercialização de 30 monumentos nacionais? " - O caso do Paço e da Quinta Real de Caxias


Trazer aquela coisa, de tantos anos passados, a trabalhar nestes anos que vão passando não terá sido "pêra doce". Nem tento reconstruir a descrição do Professor Beloto, aquando da nossa vista, nos pormenores do restauro, do que foi preciso, nisto e mais naquilo. Lá que a "Cascata Real" funciona, funciona. Prova-o a imagem e serão testemunhas os mirones, jovens interessados no património histórico... até por sermos a memória que temos.

Mas porque vem isto a propósito? Vamos por datas:

Ary? Ele anda por aí, de punho erguido contra o medo, declamando seus poemas com versos pintados de fresco

(reeditado)

A cidade é um chão de palavras pisadas

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

José Carlos Ary dos Santos

17 janeiro, 2017

Redacções do Rogérito (35) - "A minha visita à Assembleia da Freguesia"

Tema da redacção: A Assembleia da União das Freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias

Eu gostei muito da ideia da stora em ir fazer uma visita àquela sessão e estar de corpo presente a assistir a uma demonstração de democracia que foi poder ver e ouvir tim tim por tim tim o que os nossos eleitos diziam dos problemas locais e de como eram apresentadas as queixas de quem lá estava para se queixar e de como eram dadas as respostas às queixas apresentadas e de como estas também não eram dadas pois o poder da freguesia é um poder poucochinho a crer num senhor que estava sentado que dizia até não mais se calar que fazia mails para a câmara até se cansar só que a outro executivo não executava o que este executivo por lei devia ser ele a executar como disse um senhor que lá estava e que eu até gostei muito de ouvir pois até falou numa lei que estava ainda por cumprir.
Gostei muito de aprender muitas coisas só não gostei foi que a Assembleia  se iniciasse a hora tão tardia e eu quando lá cheguei a sala estivesse vazia e só começasse a encher à hora de eu me ir deitar pois já minha mãezinha me dizia que deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer e assim eu acho que ou há mais disciplina de horário ou aquela gente nem fica saudável nem cresce.
Eu gostei muito do diálogo entre diferentes mas só não gostei de perceber que entre os iguais havia gente que falava demais e fazia um barulho do caraças muito perturbador sem que o presidente pusesse ordem naquela gente nem nele próprio pois metia os pés pelas mãos sem que percebesse que eu estava ali para aprender como é que uma assembleia funciona e se não fosse a stora a dizer-me que as coisas se passam noutros lados de outra maneira eu ficava com uma ideia da democracia pouco lisonjeira.
Eu gosto muito de coisas bem combinadas e fiquei com a impressão de que há gente ali que se combina coisas entre elas não o sabem fazer como se combinam noutras assembleias tais como naquelas em que as unanimidades se conseguem sem confusões nem grandes abdicações como parece ter acontecido com aquele senhor há poucos dias falecido num voto de pesar que ainda vai dar muito que falar que espero não dê muito que falar pois há remédio para tudo menos para a morte.
Eu gosto muito de viver num município que é muito bonito e que dizem ser muito rico pois há aqui muita gente educada graduada e de posse elevada só não gostei de saber que entre a malta o pessoal que para a junta trabalha há muita gente precária.
Quando eu for crescido quero dar volta a isto!
Tenho dito, e me assino
Rogérito
 _____________
Nota: Ocorreu-me este texto pelo facto de um grupo de alunos da Escola Secundária Quinta do Marquês ter estado ontem a assistir à Assembleia de Freguesia na qual sou eleito. Qualquer leitura que possa levar o leitor a pensar que os jovens presentes pensaram como este escrito é mera especulação (ou talvez não)

Congresso do jornalismo, o que na verdade me inquieta...

Não sei ao certo quantos jornalistas haverá, nem quantos foram os que passaram por lá, os que intervieram e o que disseram.
O que me inquieta nem é tanto o que por lá foi dito, mas o pouco interesse que o público leitor lhe dedicou. O que me inquieta é a pouca solidariedade de classe...
Vejam só, para uma amostragem desses quatro vídeos editados no youtube, o que elejo, tinha (às 2h30 do dia 17 de Janeiro) apenas 83 visualizações (e os outros vídeos não estavam melhor, antes pelo contrário).

Vale a coragem de quem não se cala... e se a classe se une...

15 janeiro, 2017

"Depois do pão, a educação é a primeira necessidade do povo" – disse Danton no tempo da Revolução Francesa, em 1793


Embora Danton não tenha tido a oportunidade de estar presente, ele se sente honrado pelo disposto no § 11º da resolução final do congresso, aprovada na sessão de encerramento, sem votos contra e sem abstenções.
1. O 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses concluiu que as condições em que se exerce hoje o jornalismo, pilar da democracia, comprometem o direito constitucional à informação, indispensável para o exercício pleno da cidadania.
2. As condições de trabalho – dimensão reduzida das redações com os despedimentos, precariedade, baixos salários e falta de tempo – estão a ter efeitos na qualidade do jornalismo e condicionam a independência dos jornalistas.
3. A profunda mudança no enquadramento do setor está a afetar a credibilidade do jornalismo. O contributo dos jornalistas é determinante para ultrapassar as ameaças e desafios que se colocam à viabilidade da informação de qualidade.
4. A legislação laboral tem de ser cumprida em Portugal no setor do jornalismo, sendo urgente uma ação rápida e eficaz da Autoridade para as Condições de Trabalho para acabar com os falsos estágios, os falsos recibos verdes e os falsos contratos de prestação de serviço.
5. A autorregulação tem de ser reforçada e a regulação tem de ser eficaz.
6. Os jornalistas têm de ter maior peso e presença nas entidades reguladoras. É necessário iniciar um processo de revisão legislativa que torne essas entidades mais eficazes e mais participadas pelos jornalistas.
7. Os princípios éticos e deontológicos têm de ser reforçados, têm de abranger todos os jornalistas e têm de ser aplicados com eficácia.
8. Os conselhos de redação têm de ter um papel ativo, o que exige a proteção legal dos jornalistas que neles participam. Os pareceres dos conselhos de redação têm de ser vinculativos, nomeadamente para os cargos de direção e chefias.
9. É crucial que os jornalistas reforcem as estruturas próprias da classe, desde logo o Sindicato dos Jornalistas e a sua presença nas redações com uma agenda própria, para a defesa dos direitos dos jornalistas e a afirmação do jornalismo.
10. É fundamental avaliar, melhorar e fortalecer a relação do setor com as instituições de ensino superior e outras entidades formativas devidamente credenciadas.
11. É urgente promover a literacia mediática, com iniciativas no domínio da educação pré-universitária e junto da população em geral.
12. Os jornalistas, reunidos no 4.º Congresso dos Jornalistas Portugueses, assumem o compromisso de cumprir os deveres e as responsabilidades decorrentes dos princípios ético-deontológicos do jornalismo e das melhores práticas do exercício e regulação da profissão.
Lisboa, 15 de Janeiro de 2017
O vídeo? Ah, este foi uma promessa feita e com um poema a propósito!

13 janeiro, 2017

Que merda é esta? Deixem sossegadas as crianças... II

Se disserem que sou contra o empreendedorismo eu desminto. Agora, não concordo é com isto.
Há uma idade adequada para tudo... as crianças brincam, os adolescentes descobrem-se a si mesmos e os jovens vão à luta. Tudo tem seu tempo. E se Oeiras se orgulha do elevado nível de vida que tem, porque não adopta as práticas de países avançados?
Não pode? Faça por isso! Eu, por mim, alinho!

12 janeiro, 2017

Da precaridade que grassa nas redacções, fomos já sabendo. Mas e as fontes, senhores? E as fontes?



“Fontes sofisticadas de informação”

O estudo, editado em 2010, é um trabalho de investigação do jornalista Vasco Ribeiro (que é uma das minhas testemunhas para provar que o PiG anda por aí), e é elucidativo quanto à existência ou não de liberdade de imprensa.

Nesse estudo há uma conclusão surpreendente do autor que, então transcrevi, da página 117:  
“ A conclusão mais surpreendente deste estudo é, porém, a circunstância de um terço do produto jornalístico dos diários estudados ser produzido por iniciativa das redacções. Mais de 60% das notícias resultam, pois, de uma acção de indução por parte de assessores de imprensa, relações públicas, consultores de comunicação, porta-vozes e outros peritos de spin doctoring."(*)

(*) No glossário da BBC: Spin DoctorsMarqueteiros: Nome dado àqueles que buscam manipular a mensagem dos partidos e dos políticos junto à imprensa, dando uma interpretação favorável ao partido em determinadas notícias. A tentativa de manipular a mensagem é conhecida como "Spin". No seu livro, Vasco Ribeiro, detalha esta actividade e desenvolve a prática dessa gente.
Senhores jornalistas reunidos em congresso, não seria oportuno saber como funcionam as redacções, hoje?


10 janeiro, 2017

Arremedo de poema, com salva ao fundo

ROSAS AMARELAS
(Arremedo de poema, com salva ao fundo)
Esvaziadas do momento
as pedras, mantêm memória
de um outro tempo
alheando-se deste
enquanto este se alheia delas
das pedras

Nem a erosão dos salinos ventos
apagam vestígios dos mares nunca dantes navegados
e dos arrojados mareantes que deram
como foi escrito, tantos mundos ao Mundo

Outros são os tempos 
onde, Portugal, que já foi o centro do Mundo
hoje se assume como periferia
orgulhosamente
ao invés do que tanto podia ser
nesta Europa de mal-lhe-querer

As pedras não exultam
perante tratados e pactos
nem reclamam
se tais actos rompem 
a iconografia, o imaginário
o sonho
de um povo

Os claustros não choram
perante fúnebres exéquias
São pedras,
(com povos dentro)

Entre um tempo e outro
pelo caminho ficou o sonho
da Jangada de Pedra

Que aconteceu aqui?

O olhe que não,
olhe que não
passou
a um olhe que sim,
olhe que sim
A terra voltou a deixar de pertencer a quem a trabalha
E a Democracia
passou a ser essa, esta
que dia a dia se suicida 

Ai Portugal, Portugal
Onde os cravos da nossa esperança?

Podem rosas amarelas
por serem belas
tomarem o lugar da flor de Abril?
(A resposta é uma salva de 21 tiros)
Rogério Pereira

08 janeiro, 2017

A nota "Face ao falecimento do Dr. Mário Soares" e o que por aí vai...


Contava manter-me no recato. O meu Partido, em nota contida, possível de ser dividida em três partes, está a dar que falar.
No facebook um post entra em choque e tem já mais de uma centena de likes e dezenas de comentários. Escreve o chocado:
Das coisas que reterei na memória. A falta de grandeza da nota do secretariado do CC do PCP «Face ao falecimento do Dr. Mário Soares»: extemporaneamente ressabiada e sectária, inútil e inoportuna.
Vamos por partes, às três partes da nota:
Primeira - A parte das condolências: "O Partido Comunista Português, face ao falecimento do Dr. Mário Soares já apresentou directamente ao Partido Socialista e à família as suas condolências." esta parte dá conta de que o PCP fez o que sentiu que devia ter feito, antes de vir a público
Segunda - A parte do elogio póstumo que lhe achou devido: "Mário Soares, fundador do Partido Socialista, seu Secretário-geral, personalidade relevante da vida política nacional, participante no combate à ditadura fascista, no apoio aos presos políticos, desempenhou após o 25 de Abril os mais altos cargos políticos, designadamente como Primeiro-Ministro, como Presidente da República e membro do Conselho de Estado."   
Terceira - A parte em que separa o elogiado da sua intervenção politica: "Lembrando o seu passado de antifascista, o PCP regista as profundas e conhecidas divergências que marcaram as relações do PCP com o Dr. Mário Soares, designadamente pelo seu papel destacado no combate ao rumo emancipador da Revolução de Abril e às suas conquistas, incluindo a soberania nacional."
Tivesse o Secretariado do CC do PCP entrado nos detalhes do combate de Soares ao "rumo emancipador da Revolução de Abril" então sim, nesse contexto, a nota seria excessiva (ou talvez não).

07 janeiro, 2017

Mário Soares «In Memoriam» (1924 - 2017)


Foi Soares o que dizem que ele terá sido. Foi Soares o que de si ele próprio disse que foi. Mas ele foi também o que dele não se diz ... Partiu. A História, que não julga, irá pôr rigor nesse percurso e dará conta de como evoluirá a sua obra. Ela, a obra, sobrevive-lhe ainda (pois marcou este regime e é sua a bandeira europeia).
Que descanse em paz.

06 janeiro, 2017

Que merda é esta? Deixem sossegadas as crianças...


Tenho dito, e agora repito, que não me incomoda nada (mesmo nada) que o Poder Local, em articulação com a Escola, defina um tanto da carga horária, influenciando os conteúdos curriculares.
Oeiras tem vida, tem instituições milenares, tem pescadores com suas artes, tem personalidades, tem história e, sobretudo, tem memória, desde o presidio de Caxias até às pedreiras que permitiram a reconstrução da Baixa Pombalina.

Oeiras tem até excelentes contadores de histórias e sítios excelentes onde essas histórias podiam (e podem) ser contadas.

Não lembra ao diabo, o que está a ser preparado depois de já ter começado
 (saiba mais, aqui)

05 janeiro, 2017

04 janeiro, 2017

É preciso que alguma coisa mude para que nada fique na mesma...


tendo o cuidado de contar uma história

Desenhei, há mais que cinco anos, esse boneco para reflectir na situação de então. Intitulei-o "Paradigma do Quadrado" associando-o a uma história. O sucesso nem foi o desenho, nem o texto, nem mesmo a história. O sucesso foi o vídeo que ilustrava a alternância, na nossa ratolândia. 
Essa fábula, hoje não passa de uma rábula. 
Há coisas que, se mudam, nada fica na mesma...  



02 janeiro, 2017

Redacções do Rogérito (34) - "A minha visita ao centro de dia"

Tema da redacção: a visita ao Centro de Dia 
Hoje fomos com a stôra  ao Centro de Dia lá da Paróquia porque a stôra dizia que era bom visitar quem estava só depois das rabanadas e das fatias paridas e das filhós muito provavelmente estariam sós o que para mim significava mais valer esse estar de que ter más companhias a acompanhar e lá fomos nós.
Chegamos lá e demos com senhoras simpáticas todas bem enfarpeladas para receber tão dignas visitas e tinham vestidos catitas e usavam chapéus muito bonitos a condizer-lhes com os sorrisos e que estes de tão abertos e vivos nem pareciam envelhecidos e se velhos são os trapos até esses pareciam estarem a ser estreados.
Estávamos nós no cházito acompanhado de bolo rei que até nem estava rijo quando a conversa sem que déssemos conta foi  parar a um tema que me levou a dizer que é preciso que alguma coisa mude para que tudo não fique na mesma e que quem luta sempre alcança e dessas coisas até sabe uma criança o que mereceu aplauso e perante a resposta em ovação eu prossegui questionando sobre aquela coisa da alternância e foi quase o fim-do-mundo pois choveu asneiredo manguitos de negação e gestos com os dedos que até a Guidinha ficou com as orelhas a arder e corada como ninguém a tinha visto nem sequer a stôra
Quando voltar a visitar um centro de dia terei de ter mais cuidado com a língua e quanto a falar do passado nem pensar. 
Rogérito