Arremedo de poema, com salva ao fundo
ROSAS AMARELAS
(Arremedo de poema, com salva ao fundo)
Esvaziadas do momento
as pedras, mantêm memória
de um outro tempo
alheando-se deste
enquanto este se alheia delas
das pedras
Nem a erosão dos salinos ventos
apagam vestígios dos mares nunca dantes navegados
e dos arrojados mareantes que deram
como foi escrito, tantos mundos ao Mundo
Outros são os tempos
onde, Portugal, que já foi o centro do Mundo
hoje se assume como periferia
orgulhosamente
ao invés do que tanto podia ser
nesta Europa de mal-lhe-querer
As pedras não exultam
perante tratados e pactos
nem reclamam
se tais actos rompem
a iconografia, o imaginário
o sonho
de um povo
Os claustros não choram
perante fúnebres exéquias
São pedras,
(com povos dentro)
Entre um tempo e outro
pelo caminho ficou o sonho
da Jangada de Pedra
Que aconteceu aqui?
O olhe que não,
olhe que não
passou
a um olhe que sim,
olhe que sim
A terra voltou a deixar de pertencer a quem a trabalha
E a Democracia
passou a ser essa, esta
que dia a dia se suicida
Ai Portugal, Portugal
Onde os cravos da nossa esperança?
Podem rosas amarelas
por serem belas
tomarem o lugar da flor de Abril?
(A resposta é uma salva de 21 tiros)
Gostei do poema, mas acho-o muito desencantado, Rogério.
ResponderEliminarDe novo censura, lápis azul? Só se nós deixarmos.
Não deixe que a força de esvaia, camarada.
Se o 'olhe que sim' resultar, porque não, porque não, mudar o paradigma e continuar a lutar? Se a luta continua, há que lutar.
Ânimo, Rogério, o caminho faz-se caminhando e olhando em frente.
Um abraço.
Excelente o poema.
ResponderEliminarA resposta? Decididamente não.
Um abraço
Não sabendo como te responder melhor, respondo-te com outro poema, do qual nunca me esqueci, embora sendo muito pouco dada a memorizar tudo o que escrevo...
ResponderEliminarAbraço!
DEMOCRACIA(S)
(Soneto em decassílabo heróico)
Que capa ostentas tu, Democracia?
Conforme à “barricada” lhe convém,
assim te vais vestindo de ousadia,
ou de odalisca presa em pleno harém
Pois se, acaso, te abraça a tirania,
a capa desbotada é que irá bem
com essa com que a astuta oligarquia
disfarça a escravatura em que te tem
Mas, sendo uma questão de perspectiva,
dizer que és mesmo tu, vendo-te assim,
louvada por alguns, quando cativa,
Não sei, Democracia, se és, pr`a mim,
mera lembrança de outra que vi, viva,
vestida de vermelho e... livre, enfim!
Maria João Brito de Sousa, 16.07.2015 – 15.04h
Que vivam os cravos vermelhos
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