UM SILÊNCIO ASSUSTADOR
Há silêncios aterradores. E que são
imperdoáveis. Por exemplo, o que o mundo continua a guardar,
praticamente sem excepções, perante a permanente guerra brutal de Israel
contra o território palestiniano da Faixa de Gaza; sobretudo agora,
depois de Benjamin Netanyahu ter concluído solenemente que "não há
solução diplomática" para o problema, o que poderá significar que já tem
uma solução final pronta
aplicar e que só poderá ser extermínio de dois milhões de pessoas ou
uma limpeza ética provocada por uma chacina militar. O mundo escutou
estas palavras, proferidas numa "Cimeira da Paz" e nada disse,
anestesiado e impotente perante os desmandos do fascismo sionista.
Fascismo é, no fundo, o grande projecto que se esconde por detrás das negociações e
actuações silenciosas que caracterizam a implantação dos vários acordos de comércio livre,
provando que deixou de haver qualquer compatibilidade entre
neoliberalismo e democracia, mesmo a fingir. Foi também em silêncio e
opacidade que a União Europeia decidiu dar 125 milhões de euros
extraídos dos nossos bolsos ao consórcio mercenário Amarante-Garda para
guardar as suas instalações e pessoal no Afeganistão - país ocupado
pela NATO. Mas como a Garda não tem "boa imagem" perante as autoridades
afegãs, que chegaram a prender o seu executivo local - a tarefa é
"terceirizada" ao exército de mercenários da britânica Aegis Services,
que nem se apresentou a concurso.
Os silêncios têm as mentiras como companheiras. É assim que o maxi-radar MUOS, do
Pentágono e da NATO,
apresentado como um engenho defensivo, tem sobretudo uma missão
agressiva pois permitirá controlar e coordenador acções militares e
imperiais simultâneas em qualquer lugar do mundo. Sendo que, articulado
por um sistema de satélites, tem 16 vezes mais capacidade do que
qualquer radar existente. Também não é verdade que os Estados Unidos
desejem a paz no Iémen num prazo de 30 dias. Quando essas palavras
soaram, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos lançaram uma ofensiva estratégica em cujo planeamento Washington participou. Como se a paz pudesse nascer da guerra.
Ainda
outra mentira da Washington continua a ser a "guerra contra o
terrorismo", principalmente a que diz desenvolver na Síria contra o
Daesh. À medida que se reabrem sucessivas valas comuns prova-se que as
vítimas são civis - oito mil até agora - enquanto a CIA mantém a
operação de salvar comandos desse mesmo Daesh e seus subordinados.
A frente de guerra imperial contra a Venezuela não conhece fronteiras nem decência. O governo de Londres recusa-se a enviar para Caracas 14 toneladas do ouro venezuelano que está guardado no Banco de Inglaterra, invocando razões absurdas para não devolver o seu a seu dono.
Não abrandam também as ameaças de Washington contra a China. Agora que Pequim e Bangkok estão de acordo em construir um canal interoceânico no Istmo de Kra,
alternativo à passagem do Estreito de Malaca, as pressões de Washington
e Londres sobre os governos da região não abrandam. E talvez não seja
por acaso que o terrorismo e o separatismo estão em alta na zona.
Por estas e outras razões, o imperialismo vai nu; acompanhado por uma cada vez mais ameaçadora dívida soberana dos Estados Unidos que o neoliberalismo multiplicou por 28 desde que se instalou pela mão de Ronald Reagan, há 38 anos.
Tentarei terminar ainda hoje a leitura do Lado Oculto. O restante trabalho segue de vento em popa, ainda que enfrentando caminhos de má visibilidade provocada por densos nevoeiros oftalmo-meteorológicos :)
ResponderEliminarForte abraço.
TRabalhar esse texto será até de teu agrado
ResponderEliminarObrigado
pelo teu trabalho voluntário
agradeço-te eu
e o Zé Saramago
A Pilar, essa, anda muito distraida...
Não me agradeças, o prazer é todo meu. Quase me atrevo a dizer que Saramago também é meu irmão :)
ResponderEliminarGostei de ver este texto por aqui ;-) de factk O Lado Oculto já é uma refer&ncia na informação internacional.
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