14 janeiro, 2024

HOJE SINTO-ME RAIMUNDO


Depois de ver o que acabei de ouvir e ver senti-me Raimundo. E é curioso, como aquilo que eu-Raimundo aqui vou dizendo e o que eu ali estou fazendo se liga ao meu escrito quando me senti Álvaro. E continua pertinente a pergunta então deixada, de se "O PCP é ainda o partido da classe operária?"

A pergunta era (e é) pertinente dado que se dava como contexto a desindustrialização do País. Em 1991, era ainda pouco relevante o sector automóvel e temo que a Autoeuropa acabe como acabaram as empresas industriais que então enumerei. E depois de ter referido os sectores afectados e as empresas desaparecidas deixava a pergunta  de quantos milhares de postos de trabalho se terão perdido. Apurei agora com a ajuda da PORDATA. Entre 1991 e 2022, perderam-se no total de cerca de 315 mil postos de trabalho, respectivamente:
  • Indústria extrativa: perda de 9 062 postos de trabalho;
  • Indústria transformadora: perda de 305 135 postos de trabalho.
De notar que houve acréscimo de emprego. Ainda segundo a PORDATA, registaram-se, naquele mesmo período um acréscimo de mais de um milhão de postos de trabalho... só que em sectores diversos e não identificados, muitos deles onde predomina a precariedade.

Pode um Partido Comunista ser forte com uma industria agonizante? 
Pode uma Economia ser forte com uma indústria deprimida?

Ficam as respostas a vosso encargo!

19 comentários:

  1. Um sector industrial dinâmico e produtivo fortalece a Economia de qualquer país. Para que isso aconteça têm de existir investidores e empresários com poder económico. Ora com o PC sempre a fomentar greves e paralizações como podes ambicionar obter resultados positivos no sector industrial?
    Desculpa, mas distribuir panfletos e palavras vãs de conteúdo, em qualquer país com um regime democrático onde os Partidos são mais que muitos, falar no PC, como se fosse o salvador da Nação, é algo que chega a ser caricato...
    Um abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Um sector bancário dinâmico e produtivo fortalece a injustiça na distribuição da riqueza. Não foi necessário grande esforço financeiro para fechar actividades com grande importância no desenvolvimento económico. A indústria deu lugar ao comércio de importação. Desde os electrodomésticos de fabrico nacional às carruagens da CP e do Metro e aos carris onde irá deslizar o projecto da alta-velocidade, tudo será importado... a única indústria promissora é a do turismo...
      Quanto aos "panfletos" o seu conteúdo dá conta daquilo que na imprensa não passa... e quanto às palavras serem ocas só o são para as orelhas mocas... e se há salvadores da Nação esses só poderão ser os trabalhadores que muito terão a perder com a perda da influência do meu Partido.

      Beijo paciente

      Eliminar
    2. É claro que não há orelhas mocas, mas sim moucas. E são mouras porque empranham pelos ouvidos e nem ouvem que na Autoeuropa foram suspensos 300 postos de trabalho... coisa pouca...

      Outro beijo

      Eliminar
  2. A perda de votos (e não obrigatoriamente de influência social) do PCP não se deve apenas à redução de importância do sector operário, a classe trabalhadora em Portugal continua a ser proletarizada. A perda de votos deve-se à influência dos órgãos de informação e ao ambiente cultural (telenovelas, programas de TV, filmes, certa literatura, etc.) que impede o acesso do povo aos bens culturais que o valorizem e à informação justa e esclarecedora. Resulta assim que a maioria dos trabalhadores tenha vindo a perder a consciência de classe.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tens razão, a perda de votos tens razões múltiplas e complexas... mas a perda de consciência de classes passa até pela caracterização dos próprios processos de trabalho... e é na industria, nas cadeias de fabrico, nas linhas de montagem e de embalamento que a própria interdependência operacional cria laços relacionais que são o berço onde nascem aproximações de solidariedade social que são mais que meio caminho andado para a unidade em torno da defesa da classe... quanto ao papel da cultura... nem chega a 1% do valor do orçamento!

      Eliminar
  3. Teresa Palmira Hoffbauer15 de janeiro de 2024 às 00:50

    Não tencionava comentar para tu não teres a oportunidade de me contestar. Contestação ou não contestação não me impede de escrever aqui o que li num blogue do qual tu és seguidor.

    “Para impedir o crescimento da extrema-direita é preciso sair de um conflito em que a extrema-direita fala às entranhas das pessoas, enquanto do outro lado só há uma esquerda moderada que fala com o Excel.

    O drama é que populismos e fundamentalismos têm sido contestados por bons motivos mas com más respostas. Como escrevia William Butler Yeats n’O Segundo Advento, “aos melhores falta convicção e aos piores sobeja apaixonada intensidade”. Talvez fosse melhor desenterrar a luta de classes e reivindicar a parte intensa de um conflito social com coordenadas verdadeiras.”

    Nuno Ramos de Almeida

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ao Raimundo falta convicção.
      Ao Ventura sobeja apaixonada intensidade.

      Eliminar
    2. Teresa Palmira Hoffbauer15 de janeiro de 2024 às 01:04

      Lê o artigo completo, Rogério, para compreenderes o que eu te quero dizer sobre tu te sentires “Raimundo”

      https://entreasbrumasdamemoria.blogspot.com/2024/01/quando-os-pobres-votam-na-direita.html

      Eliminar
    3. Recomendas então que Raimundo estude arte teatral, a projectar empatia e comunicação social... se fosse uma boa marioneta mesmo com conversa da treta com apaixonada intensidade a mensagem mereceria o teu aplauso. Certo?

      Eliminar
    4. Pela resposta ao meu comentário compreendi que não leste o artigo do Nuno Ramos de Almeida, senão tinhas compreendido o que eu escrevi.

      A mim não me interessa a falta de carisma do Raimundo.
      Ele é o líder do teu partido e eu não me sinto “Raimundo”

      Eliminar
    5. Claro que li... ele mandou desenterrar a luta de classes e é isso mesmo o que eu estou fazendo... e quem me lê pertence à classe média que é a classe mais incerta e, normalmente, pouco solidária com a classe proletária. Né?

      Eliminar
  4. Sentes-te "Raimundo" por saberes que as palavras ditas são verdadeiras. Só não sei até que ponto elas ecoam neste país tão necessitado de vozes que a comunicação social faça ouvir.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Amiga Graça, como tu me entendes...

      Beijo agradecido

      Eliminar
  5. Não é fácil num país que se transformou numa coutada turística e deixou muita coisa para trás.

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Querida Leo, faço minhas as palavras tuas!

      Abraço agradecido

      Eliminar
  6. Claro que tens leitores, embora poucos, que te entendem, mas isso não ajuda o teu partido a ganhar eleitores.

    ResponderEliminar
  7. Teresa Palmira Hoffbauer16 de janeiro de 2024 às 13:58

    Embora eu ache o Raimundo um líder medíocre, provavelmente voto no PCP em homenagem ao ícone político: ÁLVARO CUNHAL.

    Abraço forte e solidário da burguesa muitíssimo tuga‼️

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Anota, o Partido é liderado pela Comissão Política e a verdadeira competência do Secretário Geral (do Raimundo) é criar consensos nas discussões do colectivo... que ele representa. Se não tem empatia, com a prática ganha-a...
      Será um voto útil (também em homenagem a mim próprio)

      Abraço reconhecido

      Eliminar