01 fevereiro, 2024

A AGRICULTURA SAI À RUA... E TEM VITORIA CURTA NESTA SUA LUTA


O protesto e luta dos agricultores centra-se na reclamação de apoios prometidos e depois retirados e depois, com pálidas promessas, de serem pagos quando... ou quando... A luta, já ao cair da noite, deu como resultado algo de escrito e tudo regressa à anormal normalidade. 

Falou-se do agravamento dos custos de produção, falou-se das imposições da Política Agricola Comum que favorece a concorrência por parte de países fora da Comunidade Europeia (p.e. da Ucrânia) e impõe regras despropositadas e o protesto vai a esse ponto, reclamando a sua revisão. Falou-se do que era necessário falar, mas não se falou do que era indispensável que se falasse. Só Paulo Raimundo, que tivesse dado conta, denunciou de como a grande distribuição esmaga o preço dos produtos que compra. Falar em "ditadura da distribuição" não é excessivo...

Mas há algo mais de que ninguém fala. Só o PCP fala do papel dos grandes agrários, do latifúndio, do cultivo intensivo e  da desertificação. E não se limita a falar pois todos esses aspectos constam do seu programa eleitoral. No Programa, o PCP põe o dedo na ferida, defendendo o regresso à reforma agrária, ora leia:

Partido Comunista Português (PCP), que concorre às eleições legislativas antecipadas de 10 de Março de 2024, em coligação com o Partido Ecologista Os Verdes (PEV), na CDU – Coligação Democrática Unitária, apresentou o seu programa eleitoral no passado dia 25 de Janeiro. E apresenta como opção estratégica “uma política agrícola que, a par da racionalização fundiária pelo livre associativismo no Norte e Centro, tenha por eixo central uma profunda alteração fundiária que concretize, nas actuais condições, uma reforma agrária nos campos do Sul, liquidando a propriedade de dimensão latifundiária“.

Os comunistas defendem ainda que se “condicione por lei o acesso à terra pelo capital estrangeiro”, uma política agrícola que “trave a exploração intensiva, predadora dos solos e das reservas de água (superficiais e aquíferos), e a especulação imobiliária “turística” e assegure o bom aproveitamento das potencialidades agrícolas do Alqueva e de outros regadios e obras de engenharia agrícola, tais como o Azibo, Vale da Vilariça, Vouga, Mondego, Lis e Cova da Beira, com a concretização de um outro plano nacional de regadios que assegure disponibilidades de água para a produção de alimentos, com a definição de regras concretas nas novas áreas a regar, culturas, formas de exploração, tipologia de investimentos e investidores, que garanta ao mundo rural o acesso às redes de telecomunicações (incluindo Internet) indispensáveis à concretização dos seus projectos” 

Do texto publicado no site "Agricultura e Mar"



7 comentários:

  1. E esta proposta configura a mais eficaz solução para os grandes problemas com que se confrontam os agricultores portugueses, embora vá fazer ressuscitar muitos fantasmas nos que se posicionam à nossa direita.

    Um abraço, Rogério!

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    1. Ressuscitar fantasmas? Mas... eles andem aí!

      Abraço enraivecido
      (mas não contigo)

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    2. Tens razão, eles andam por aí e tentam fazer-se passar por santos... O estranho é que alguns consigam mesmo o que pretendem.

      Outro abraço!

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  2. A terra e o trabalho agrícola é um sector fundamental para a conquista de direitos contra o poder dos que dominam a distribuição. Unidos mostram a força que têm.

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    1. Tais direitos vão-se perdendo à medida
      que a classe mingua...
      Hoje a classe tem capacidade de luta, ainda
      Amanhã ninguém não a tem garantida

      Triste rima, malvada sina

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    2. "ninguém a tem garantida"

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  3. Magra vitória... e, se grão a grão enche a galinha o papo, ninguém quererá ter um aviário dado que o preço do grão é um custo insuportável

    Abraço entristecido
    (mas não contigo)

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