22 abril, 2019

Gaivota-filha, filhota daquela outra gaivota


- Olá!, grasnou ela. 
- Olá!, respondi-lhe eu, surpreendido pela presença inusitada passeando por cima do tejadilho do meu carro e olhando-me como me olhava aquela outra que não me sai da memória mas com diferenças que não deixei de assinalar
- Tu não és... A pequena gaivota não me deixou acabar a frase.
- Não, não sou. A mãe-gaivota falou-me de ti e quis conhecer-te. Contou-me como lhe deste de comer. Contou-me a despedida e o agradecimento que agora renovo...
- Agradecimento?
- Sim! Não são muitos os homens que alimentam a liberdade nestes dias em que ela continua em perigo.
Contrariamente ao que fizera sua mãe, ficou quieta disfarçando a emoção. Eu também fiquei assim, olhando-a. Foram largos segundos, ali parados, mudos, até que a pequena gaivota quebrou o silêncio.
- Vai! Quero te ver voar. 
Percebendo que eu hesitava, insistiu como só as gaivotas o sabem fazer. Só então obedeci e voei para me juntar ao meu bando.
_______________
Podem julgar que este diálogo é inventado. Não contrario tal julgamento mas a imagem é prova de que, se não existiu, bem podia ter existido depois daquele outro a recordar o primeiro.

12 comentários:

  1. Se o sonho nos comanda a vida,
    que mal pode ter se às gaivotas,
    que andam por terra, dermos comida?

    O diálogo existiu, sim, mentalmente mas existiu! Se não como poderia esta pequena filhota-de-gaivota, ter voltado justamente ao lugar onde sua mãe antes havia estado comido e, depois, voado?

    Não há coincidências, isto foi tudo programado, por elas, as gaivotas, claro!

    De coisas belas, gosto eu delas.

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  2. Janita
    Não ligue ao texto
    ele é pretexto
    de quem vai alimentando a liberdade

    Gaivotas em terra é tempestade?
    Que seja
    Precisamos dela

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  3. Lindas as tuas histórias de gaivotas, metaforicamente falando sobre solidariedade para com os outros:-*

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  4. Alimente-se então a liberdade, como tu no-lo descreves, ainda que as gaivotas sejam um elemento metafórico ou um pretexto para recordar Abril.

    Parece-me bem real, essa que te pousou sobre o carro, Rogério. Depois voará... "Uma gaivota voava, voava/Asas de vento, coração de mar/Como ela, somos livres, somos livres de voar"

    Abraço,


    Maria João

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  5. Teresa

    É isso mesmo
    o que penso!

    Maria João,
    se me permites
    altero
    o último verso
    da canção

    "Como ela, somos livres, somos livres de sonhar"

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  6. Por aqui não temos gaivotas mas alimento rolas, melros e outros animais alados!
    Gostei da gaivota-mãe e da sua filhota!

    Abraço

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  7. Rosa
    à falta de gaivota
    serve qualquer asa
    desde que nos diga para voar

    Mar
    foi tão só e apenas o inicio
    estamos com outros voos entre mãos
    (depois conto...)

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  8. Que dizer desta histórias que os anteriores leitores já não tenham dito?
    Abraço

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  9. Elvira
    Não digas
    Voa
    Ou melhor
    Sonha

    (se possível, por gestos)

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  10. Alimentemos sempre a liberdade!

    Beijinhos, Rogério :)

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  11. O "prémio" de voar livre é um dos mais valiosos em conjunto com a saúde, apesar desta (a saúde) valer de pouco se não for em liberdade.

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