A celebração do 45º Aniversário da Revolução continua, com esta imagem de rua.
Há muitas, de Sophia.
Ela própria, ou a sua poesia, ou a sua luta...
Hoje, destaco aspectos menos referidos da sua coerência. Sophia abominava a demagogia e não foi fácil ver-se livre dela.
Fê-lo, não apenas por (com) poema, mas por gestos.
E estes estão datados:
- em 1976, escreve o poema com fúria e raiva
- em 1978, desabafa em carta a Jorge de Sena
- Meses depois de tal carta, demite-se do PS
- em 1988 divorciar-se de Francisco Sousa Tavares
de tudo isto se fala, por insuspeitos testemunhos, que nem de tal se envergonham, como se tudo fosse natural... e foi.
Neste vídeo, as palavras de Sophia e a intervenção de todos quantos dela falaram, dá para perceber que o cansaço e o desânimo dela, o que a fez afastar-se da política, foi a tremenda hipocrisia de que se reveste tudo o que é palavra balofa, sem sentido nem sentimento, um outro tipo de demagogia.
ResponderEliminarNada disso é pertença do passado, pois ainda hoje está muito presente, nos discursos dos políticos.
ResponderEliminarQuando as palavras deixam de ser sagradas, tudo se desmorona dentro uma alma simples e pura.
Lídia
Não sei. Não sei e continuo sem saber se Sophia desanimou e desistiu ou se se divorciou do exercício público da política numa atitude de activo repúdio...
ResponderEliminarAbraço,
Maria João
Janita
ResponderEliminarSophia não se afastou da intervenção política, afastou-se sim dos demagogos...
Lídia
Em Sophia, nada se desmoronou e foi com palavras sagradas que escreveu até ao seu último poema
João,
Que te fique a certeza, Sophia nunca desistiu da intervenção política. Ela nunca desistiu de nada... apenas se afastou a quem a desiludiu. No vídeo, as cenas do massacre do cemitério de Stª Cruz de Dili, em 1991, é lido o poema "Timor-Tão Grande Dor" em que Sophia faz denuncia sobre o silêncio do Governo face à situação. Escreve ela:
«Timor
Dever que não foi cumprido e que por isso dói
Depois vieram notícias desgarradas
Raras e confusas
Violências mortes crueldade
E anos após ano
Ia crescendo sempre a atrocidade
E dia a dia -espanto prodígio assombro –
Cresceu a valentia
Do povo e da guerrilha
Evanescente nas brumas da montanha
Timor cercado por um bruto silêncio
Mais pesado e mais espesso do que o muro
De Berlim que foi sempre falado
Porque não era um muro mas um cerco
Que por segundo cerco era cercado
O cerco da surdez dos consumistas
Tão cheios de jornais e de notícias
Mas como se fosse o milagre pedido
Pelo rio da prece ao som das balas
As imagens do massacre foram salvas
As imagens romperam os cercos do silêncio
Irromperam nos écrans e os surdos viram
A evidência nua das imagens»
Obrigada pela tua resposta Rogério.
ResponderEliminarComeço a considerar que aquela que fui enquanto o coração me irrigava eficientemente o cérebro, tem alguns pontos em comum com Sophia.
Outro abraço
Mª João
Que falta faz agora Sophia... e outras como ela !
ResponderEliminarMeu caro, boa semana
ABRIL SEMPRE!!
Admirável a dedicação a Sophia!
ResponderEliminarEu era uma miúda e cresci a lê-la, a estudá-la, a ouvir as intervenções dela... a amá-la.
Bom reencontrá-la aqui.
Beijo