28 abril, 2019

Dominical liturgia [citando Sophia] - 15


A celebração do 45º Aniversário da Revolução continua, com esta imagem de rua. 
Há muitas, de Sophia. 
Ela própria, ou a sua poesia, ou a sua luta... 
Hoje, destaco aspectos menos referidos da sua coerência. Sophia abominava a demagogia e não foi fácil ver-se livre dela. 
Fê-lo, não apenas por (com) poema, mas por gestos. 
E estes estão datados:
- em 1976, escreve o poema com fúria e raiva
- em 1978, desabafa em carta a Jorge de Sena
- Meses depois de tal carta, demite-se do PS
- em 1988 divorciar-se de Francisco Sousa Tavares
de tudo isto se fala, por insuspeitos testemunhos, que nem de tal se envergonham, como se tudo fosse natural... e foi.

7 comentários:

  1. Neste vídeo, as palavras de Sophia e a intervenção de todos quantos dela falaram, dá para perceber que o cansaço e o desânimo dela, o que a fez afastar-se da política, foi a tremenda hipocrisia de que se reveste tudo o que é palavra balofa, sem sentido nem sentimento, um outro tipo de demagogia.
    Nada disso é pertença do passado, pois ainda hoje está muito presente, nos discursos dos políticos.

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  2. Quando as palavras deixam de ser sagradas, tudo se desmorona dentro uma alma simples e pura.

    Lídia

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  3. Não sei. Não sei e continuo sem saber se Sophia desanimou e desistiu ou se se divorciou do exercício público da política numa atitude de activo repúdio...

    Abraço,


    Maria João

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  4. Janita

    Sophia não se afastou da intervenção política, afastou-se sim dos demagogos...

    Lídia

    Em Sophia, nada se desmoronou e foi com palavras sagradas que escreveu até ao seu último poema

    João,

    Que te fique a certeza, Sophia nunca desistiu da intervenção política. Ela nunca desistiu de nada... apenas se afastou a quem a desiludiu. No vídeo, as cenas do massacre do cemitério de Stª Cruz de Dili, em 1991, é lido o poema "Timor-Tão Grande Dor" em que Sophia faz denuncia sobre o silêncio do Governo face à situação. Escreve ela:

    «Timor
    Dever que não foi cumprido e que por isso dói

    Depois vieram notícias desgarradas
    Raras e confusas
    Violências mortes crueldade
    E anos após ano
    Ia crescendo sempre a atrocidade
    E dia a dia -espanto prodígio assombro –
    Cresceu a valentia
    Do povo e da guerrilha
    Evanescente nas brumas da montanha

    Timor cercado por um bruto silêncio
    Mais pesado e mais espesso do que o muro
    De Berlim que foi sempre falado

    Porque não era um muro mas um cerco
    Que por segundo cerco era cercado

    O cerco da surdez dos consumistas
    Tão cheios de jornais e de notícias

    Mas como se fosse o milagre pedido
    Pelo rio da prece ao som das balas
    As imagens do massacre foram salvas
    As imagens romperam os cercos do silêncio
    Irromperam nos écrans e os surdos viram
    A evidência nua das imagens»

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  5. Obrigada pela tua resposta Rogério.

    Começo a considerar que aquela que fui enquanto o coração me irrigava eficientemente o cérebro, tem alguns pontos em comum com Sophia.

    Outro abraço

    Mª João

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  6. Que falta faz agora Sophia... e outras como ela !

    Meu caro, boa semana


    ABRIL SEMPRE!!

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  7. Admirável a dedicação a Sophia!
    Eu era uma miúda e cresci a lê-la, a estudá-la, a ouvir as intervenções dela... a amá-la.
    Bom reencontrá-la aqui.

    Beijo

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