22 setembro, 2010

O Diário de Notícias trata Cavaco Silva como um "namban-jin" e, a continuar assim, terá a eleição assegurada...

Quando olho o mar, por força deste, o meu pensamento recua a séculos passados. A minha capacidade de ver nesses tempos, dá-me o nítido detalhe das águas a abraçar cascos de esquadras de todo o tipo de navios de construção lusa, partindo de portos fervilhando de gentes. Eramos os agentes da primeira globalização, os "japões" chamavam-nos namban-jin...

Folheio ainda distraídamente o Diário de Notícias de hoje, apenas atento a uma ou outra foto. Paro numa página, onde o título me belisca como que dizendo, "pá, isto é material para o teu post de hoje". Por cima de uma foto institucional do Presidente da Républica", leio: "PR quer investimento nos portos e auto-estradas do mar". Com as minha antenas despertas, leio a notícia:

  • "Portugal tem tudo a ganhar em influenciar Bruxelas e a Comissão neste domínio", sublinhou, referindo igualmente a necessidade dos portos nacionais se modernizarem e praticarem taxas de utilização mais competitivas".
  • "... os problemas crónicos de organização e competitividade dos portos portugueses ainda não estão verdadeiramente solucionados e há ainda "muito trabalho a fazer". Cavaco defendeu novos rumos que permitam a "exploração cabal" do mar, com políticas públicas destinadas a fomentar o investimento privado nos sectores marítimos, com novos investimentos no cluster marítimo e com mais investigação. "

Mas então sempre nos podemos virar para o mar? A jornalista não contextualiza? Não dá uma panorâmica de cada um dos sub-sectores? Faz passar o discurso de alguém que andou por aquelas andanças sempre de costas viradas para o Atlantico, assim?. Eu até acho que olhou para o mar, pois foi a partir de 1982/3 que começou o declinio de todas as nossas frotas...

Não. Este não é homem de olhar para o nosso passado e o merecer. Este não é aquele reune condições para seguir o conselho do embaixador Akira Miwa para fazer-mos uma vaquinha com o Japão, Brasil e Angola. Este não é um namban-jin. Ou será? O DN, não esclarecendo, faz o pagode acreditar que seja. Assim, terá a eleição assegurada. Para o nele se votar, nada como falar do mar...

O gráfico representa o número de embarcações totais registadas. Portugal
terá perdido, em 29 anos, quase 60% da frota total (pesqueira e de transportes) - fonte:PorData

15 comentários:

  1. Amigo Rogério!

    Cavaco? Ohmigosh!!!
    Diz-me que não, por favor!!! Já chega!!!
    Será que este povo não abre os olhos, nem só de vez em quando???

    Vou dormir e depois desta leitura, sei que terei um sono agitado.
    Vejo vampiros!!!

    Beijinhos

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  2. Caro Rogério

    Ainda bem que se dedica, a lembrar, assuntos desta natureza. Foi de facto na década de 80 que começaram a vir dinheiro às paletes, para Portugal mas não de barco. Foi criminoso o que se fez. Pagou-se para deizar de pescar e reduzir outras actividades ligados ao mar. Claro que não se ficou por aí. ainda me lembros dos seus "giracídios"

    A questão é quem estava nos governos e quem os chefiava? Eu lembro-me bem de alguns. Será que a memórias dos povos é assim tão curta?
    Temos mesmo que "vir para a rua gritar" usando os meios à nossa disposição.
    Abraço

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  3. É o problema com o mar: quem não sabe nadar afunda-se!

    Há outro problema: os cintos-de-salvação ´vão sempre para os mesmos...

    Abraço,
    António

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  4. Pois é ...
    Será que ele se esqueceu que pagou para abater as frotas, as fabricas e deixar as nossas terras terras ao abandono...??
    Não acredito em uma só destas frases para iludir o Zé Povinho.
    Há-de pagar no inferno por muitos males que nos fez e continua.......

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  5. Amigo Rogério:
    Será que ainda alguém acredita nele?
    Ainda à pouco tempo falava da agricultura, agora do mar...eu que até nem percebo nada de politica, sei que ele foi um dos causadores do estado actual da nossa agricultura e pesca.
    O homem anda completamente alucinado e pior, pensa que somos todos parvos.
    Não conhecia esta expressão "namban-jin" as coisas que eu aqui aprendo.

    Beijinhos

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  6. Ele quer olhar o mar, mas só não sabe como porque isto de ficar... a ver navios, isso já sabemos e estamos habituados ;)

    Bjos

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  7. Meu caro Rogério,
    Infelizmente só um cataclismo faria com que Cavaco não fosse reeleito. Gostava que não, mas vai ser um passeio...

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  8. Tem razão Rogério, até parece que toda a imprensa está com ele. Os textos são favoráveis e as fotos parecem encomendadas.A capanha está-lhe a correr de feição!

    Não vejo ninguém denúnciar isso.

    Beijo

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  9. Faltam alguns meses meus amigos. Comigo em campo, não há imprensa que lhe valha...

    A questão é que ele está a tocar em aspectos sensiveis. A economia do mar está aí e pouco ou nada foi feito...

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  10. E se nós os namban-jin, nos fizéssemos samurais?
    Talvez assim o citado elemento e mais uns quantos, tivessem a dignidade de cometer seppuku...ou pelo menos de se afogar...no mar.
    Abraço

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  11. Cavaco?

    Mais desejado por Sócrates

    que por Passos Coelho

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  12. lolipop

    Nomeio-a minha conselheira. Nunca pensei chegar a desejar seguir tal conselho: ser samurai

    Beijo

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  13. Puma,

    A principio, custava-me a admitir a hipótese. Custa-me menos agora...

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  14. Caro Rogério

    O pior que podia ter acontecido a este país foi ter tido o CS como primeiro ministro naquela altura. Teria sido sempre mau, mas naquela altura, foi péssimo. A sua reconfirmação no cargo de PR é sintoma do estado a que isto chegou.

    :)))

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  15. Que injustiça...
    O homem merece um lugar no vaticano, se não fosse ele e os vassalos da politica dele, o que seria de nós...
    Era uma chatisse olharmos para o mar e ver barcos a vir da pesca, olhar para o campo e ver os campos cultivados... entrar em um supermermercado e ver produtos produzidos em Portugal, ver carruagens fabricadas pela sorefame em portugal (agora é mais giro, vem tudo da Alemanha, produzido pelas empresas que fizeram a falência da Sorefame, é muito mais in)...
    Que chatisse que seria...
    Não aguentaria ver as empresas que foram privatizadas, com um custo simbolico, a gerar lucros para o estado e a poupar oa bolsos ao povão...
    Mas alguma vez conseguiriamos viver sem ver as nossas estradas cheias de camiões estrangeiros, a entrarem no oasis do nosso Pais carregadinhos de divida externa...
    Este Pais seria um enorme tédio...

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