Sempre que vou lá, fico... como é que eu posso explicar o meu sentir? Intimidado pelo ar solene do ambiente? Fascinado pelas cores e seus exóticos tons ? Acalmado, porque de todas as fúrias e raivas me esqueço e embalo naquele sossego de estar? Pelos suaves sons, quase me impondo a meditação? Um pequeno pouco de tudo isso? Sim, talvez um pouco de tudo eu sinta quando chego ao BANZAI. .
Acho que os portugueses, quando chegaram ao Japão, em 1543, terão tido sensações parecidas e, por isso, são reconhecidos nessas paragens. A história regista que souberam conquistar mais pela dádiva ou pela venda do que pela negociata, mais pela compreensão que pela ocupação. Chamaram-lhes namban-jin, (passando a palavra a ser sinónimo, na História da Arte japonesa, das obras de arte que surgiram após os primeiros contactos entre Japoneses e Europeus sendo que, quando se fala em Europa, é de Portugal que mais se lembram).
A espingarda foi uma das mercadorias levadas, introduzida de modo espontâneo pelos mercadores portugueses, mas o senhor de Tanegashima comprou de imediato duas armas, sem discutir sequer o preço, e ordenou a um dos seus vassalos o estudo do método de fabrico dos arcabuzes. O estudo foi bem sucedido e a fama das armas de fogo espalhou-se de Kyushu a Kyoto. Deste encontro fica ainda a imagem dos japoneses sobre esta "nova" gente, incivilizada e inofensiva, registada em 1606 na Teppo ki, a Crónica da Espingarda:
"Estes homens, bárbaros do Sudeste, são comerciantes. Compreendem até certo ponto a distinção entre superior e inferior, mas não sei se existe entre eles um sistema próprio de etiqueta. Bebem em copo sem o oferecerem aos outros; comem com os dedos, e não com os pauzinhos como nós. Mostram os seus sentimentos sem nenhum rebuço. Não compreendem o significado dos caracteres escritos. São gente que passa a vida errando de aqui para além, sem morada certa, e trocam as coisas que possuem pelas que não têm, mas no fundo são gente que não faz mal".
CONTINUA
(Este é o primeiro de uma série de 3 posts sobre as duas culturas)
Caro Rogério,
ResponderEliminarFiz link no mais recente Leituras Cruzadas lá da casa :)
Grande abraço amigo.
Há quem não saiba, mas a nossa culinária influenciou a do Japão.
ResponderEliminarMolhar os legumes em polme antes de os fritar, é uma delas.
Rogério,
ResponderEliminarDepois de curtas férias, regresso aos seus textos. Mais um bem documentado e belo. Sobre as dua culturas sabemos tão pouco. Sobre o que fomos e o que somos, pouco sabemos. Mas vamos sabendo por si e pelo Banzai.
Beijo
Muito bem Rogério.
ResponderEliminarCá fico à espera dos próximos "episódios".
:)))
Meu querido amigo:
ResponderEliminarOra aqui está uma surpresa mais do que agradável!!! ARIGATOU GOZAIMASU!! OBRIGADA!! Fico feliz por saber que o meu modesto Banzaizinho lhe proporciona alguns momentos zen...e por se lembrar de mim.
E mais do que oportuno também o seu post, uma vez que se assinalam hoje os 150 anos da assinatura do Tratado de Paz,Amizade e Comércio entre Portugal e o Japão. Os "nambam" eram os bárbaros do Sul.Pra dizer a verdade, acho que para eles, ainda hoje somos um pouco bárbaros... (risos). Há um pratinho típico duma região do Sul do Japão que se chama "Chicken Namban" o que significa literalmente "Barbarian-style chicken"...frango frito com maionese!
Vou ficar á espera dos outros posts...
ABRAÇOS GRANDES E GRATOOOOSSS!
E uam ovação de Banzais para si!
Querido Rogério!
ResponderEliminarAmigão!
Que gesto mais belo! A nossa amiga linda merece!
Muito! mesmo!
Estou tão feliz por ela e por nós. Ela é nossa amiga!!!!!!!!!!
O texto é fabuloso. Senti a mesma sensação que descreves...
Quem entra no BANZAI não sai de lá sem respirar fundo e sentir-se em paz ... em ambiente tranquilo de cultura que apraz!!!!
Adorei a definição feita sobre os Bárbaros do Sudeste!!!
Tal e qual!
Beijinhos
Ná
Na casa do Rau
Estive uma vez no Festival da Espingarda, em Tanagashima, que assinala a chegada das armas ao Japão.
ResponderEliminarFico à espera dos próximos episódios