03 agosto, 2010

In Memoriam: Mário Bettencourt Resendes


Leio o DN, desde 1990, ano em que o Diário de Lisboa desapareceu. Passar do Diário de Lisboa para o DN não foi fácil, ligava-me àquele vespertino alguns meses de trabalho nos seus quadros, tempo suficiente para me sentir daquela família. Mas lá me habituei e, desde aí, mantive-me fiel à sua leitura. Nem sempre me agradou ler o DN, no seu todo. Dos jornais, de todos, tenho razões para imaginar que será cada vez mais difícil ser-se jornalista.
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A existência deste blogue, a sua génese e os meus objectivos, são a medida dessa reserva e, também, do que penso serem coisas que é preciso mudar na nossa informação e na imprensa escrita em particular. Na morte de Mário Bettencourt Resendes relembro tudo isso.
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Escolho para minha voz, as palavras do próprio DN, de onde retiro não só o texto seguinte, como também o testemunho de um jornalista (que aliás tem sina de ser arrolado por mim, para testemunhar tudo, até este meu acto de blogar).Eis as palavras, que transcrevo do DN, sobre Mário Bettencourt Resendes:

“Em 1986, torna-se, com Helena Marques, director adjunto de Dinis de Abreu, que substituíra Mário Mesquita. Menos de um ano após a privatização do DN, em Março de 1992, passa a director, cargo que iria exercer nos 12 anos seguintes.Atravessa os períodos de controlo da Lusomundo e da PT com a independência possível, tornando-se o primeiro defensor da Redacção quando sucessivas administrações acenam com a sugestão de despedimentos. Evita rupturas e prova os méritos de negociador nato no relançamento do DN. Em meados dos anos 90, o jornal está de novo em alta (em credibilidade e em vendas) e quando passa o testemunho, em 2004, pode orgulhar-se da obra feita.”

Extracto do artigo “A sua herança é um jornal livre e independente”, do DN de hoje

Nesta data, pode também lembrar este meu post de Fevereiro

10 comentários:

  1. Estive a falar até agora com uma familiar portuguesa, sendo o tema principal da conversa a morte de Mário Bettencourt Resendes.
    Ela estava de tal maneira consternada como se ele fosse da nossa família.
    Falou horas seguidas sobre ele, concluindo que ele foi "Le grand Seigneur" do jornalismo em Portugal.

    Eu cá não ando a passear pela praia de Moledo, Rogério, eu continuo numa grande depressão.
    Vamos lá ver se vêm dias melhores.

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  2. Caro Rogério

    Sempre acreditei que a sociedade Portuguesa tem no seu seio, grandes valores, em muitos campos. Na Arte e nas suas muitas manifestações, no Jornalismo, no trabalho, no mundo empresarial e até na politica. etc... etc.

    Mas a lei da vida (não sei bem quem a fez, mas que está mal feita, está) faz com que alguns dos melhores partam prematuramente. Dos que vão ficando, só lamento que os melhores não estejam (muitos) nos sítios certos, porque esses mesmos sítios estão ocupados (muita vez) pelos piores.
    Abraço

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  3. Amigo Rogério!

    Obrigada por não teres deixado de prestar o teu tributo ao grande jornalista, homem de bem (coisa cada vez mais rara) que foi Mário Bettencourt Resendes.

    Beijinhos

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  4. Boa homenagem ao jornalista digno do nome e da pena com que nos surpreendia pelos seus trabalhos.
    Até sempre Mário Bettencourt.

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  5. Rogério

    Já habituada à intensidade com que defende as suas ideias, acho-o muito contido neste seu texto. Pressinto que tem reservas. È isso?

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  6. Rogério

    Os links, no final do texto, não vão dar a lado nenhum...
    :)))

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  7. Ariel,

    Obrigado pelo aviso. Vou já ver o que se passa...

    (em paraticular, o último link tinha a resposta ao comentário da Maiuka...)

    Já venho

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  8. Meus Caros,

    Os links já funcionam. Já podem perceber como respondo à questão da Maiuka, sobre as reservas que percebeu o meu texto:

    1º - Não há qq reserva em entender que a afirmação dessa herança de liberdade e independencia é uma afirmação de vontade futura

    2º - Há reserva quanto ao que o DN tem sido. Reserva fundamentada no estudo em que baseio o meu post de Fevereiro...

    Contudo, o DN é o meu jornal e isso também se deve a ele...

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  9. Também guardo boas memórias do Diário de Lisboa, pelos muitos amigos que lá tinha, embora eu trabalhasse na concorrência.
    Não tenho "um jornal", mas compro normalmente "o Público", porque o DN perdeu muita qualidade nos últimos anos. Precisamente desde que o Mário deixou de ser Director( Não é culpa dos jornalistas que lá trabalham, porque aquela redacção está recheada de excelentes profissionais mas sim das mudanças operdas na comunicação social.
    Quanto ao Mário, que conheci em adolescente, quando ele "frequentava" Economia e eu Direito, foi um excelente profissional mas, acima de tudo, era um grande Homem.

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  10. Caro Carlos, sem malícia e sem qualquer tipo de comentário mordaz,
    explique-me
    como é que essas mudanças fizeram regredir a qualidade do DN...
    É capaz?

    Abraço

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