23 fevereiro, 2010

As “Fontes sofisticadas de informação” e a liberdade de imprensa


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“Fontes sofisticadas de informação”

O estudo: O quadro acima, construído a partir da investigação do jornalista Vasco Ribeiro (que é uma das minhas testemunhas para provar a existência do PiG), é elucidativo quanto à existência ou não de liberdade de imprensa. Os dados referem-se a um período onde ainda não se reflecte a governação de Sócrates (1990 – 2005) e analisa 4 jornais diários (Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Público). Vasco Ribeiro apresenta quadros mais extensos, com dados comparativos que reúnem 31 fontes e faz ainda a análise do meio em que as fontes operam. Eu simplifiquei, limitei-me a seleccionar 11 fontes e negligenciei 20 das consideradas no estudo.

Leitura do Quadro – Não se referindo a conteúdos dos textos, mas apenas às suas fontes, é possível concluir que “quem não chora, não mama”. Os jornais referidos dão mama aos interesses do poder e dos partidos. Os partidos da oposição, com peso relevante no que toca a fornecer notícia, não estão analisados. Contudo, não custa acreditar que, alguns, por muito que chorem, não mamam nada. O Poder Local praticamente não existe (a não ser em períodos eleitorais para se retirarem conclusões de luta pelo poder). A universidade, o poder associativo e estudantil não existem enquanto realidades que vão influenciar a nossa vida futura. As ONG? O que é isso? Podem os trabalhadores, através das suas organizações sindicais, influenciar os factores de crise? São o problema? Têm propostas para superar desigualdades sociais?
Conclusão surpreendente (do autor do estudo) - passo a transcrever, da página 117: “ A conclusão mais surpreendente deste estudo é, porém, a circunstância de um terço do produto jornalístico dos diários estudados ser produzido por iniciativa das redacções. Mais de 60% das notícias resultam, pois, de uma acção de indução por parte de assessores de imprensa, relações públicas, consultores de comunicação, porta-vozes e outros peritos de spin doctoring."(*)

(*) No glossário da BBC: Spin DoctorsMarqueteiros: Nome dado àqueles que buscam manipular a mensagem dos partidos e dos políticos junto à imprensa, dando uma interpretação favorável ao partido em determinadas notícias. A tentativa de manipular a mensagem é conhecida como "Spin". No seu livro, Vasco Ribeiro, detalha esta actividade e desenvolve a prática dessa gente.

Liberdade de imprensa
Conclusões nada surpreendentes (do autor deste blog) - Em 2005, os jornalistas terão tido um terço da liberdade que deveriam ter. Hoje, com o "Face Oculta", essa parte estará reduzida. As "Fontes Ocultas" terão aumentado a sua influência na construção de uma opinião pública que volta as costas às questões do país (aquele país que não tem spin doctors a representar os seus interesses).

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